Bernardo Mello Franco: Clima de idolatria marca lançamento de Bolsonaro ao Planalto

"Mito! Mito! Mito!". O grito de guerra animou os militantes que lotaram a convenção do PSL. O clima de idolatria dominou o encontro, que lançou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Mito! Mito! Mito!”. O grito de guerra animou os militantes que lotaram a convenção do PSL. O clima de idolatria dominou o encontro, que lançou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.

— Este homem, para mim, é um herói nacional — derramou-se o presidente do partido nanico, Gustavo Bebianno. — Ele não prega a correção, ele é o exemplo de correção. Posso dizer que sou, de forma hétero, apaixonado por Bolsonaro — disse.

Um a um, os oradores cultuavam a personalidade do presidenciável.

— Ele é sincero. Correto. Patriota — elogiou o conselheiro Paulo Guedes, antes de autorizar o candidato a “matar as aulas de economia para caçar voto”.

— O Brasil quer um homem que tenha sangue nos olhos para emparedar vagabundo. Você tem — emendou o senador Magno Malta (PR-ES), que rejeitou a vaga de vice, mas prometeu pedir votos para o capitão.

Na entrada do centro de convenções, um boneco inflável de Bolsonaro saudava os militantes. No auditório, sua imagem se multiplicava em faixas e camisetas. Um fã mais empolgado desfilava com uma tatuagem do deputado na perna direita.

No palanque, as loas ao candidato só rivalizavam com a pregação contra a esquerda. No retrato pintado pelos bolsonaristas, o Brasil parece ser um país a dois passos de se converter ao comunismo.

— Os ladrões esquerdopatas estão roubando o nosso Brasil — bradou o deputado Major Olímpio (PSL-SP), um dos líderes da bancada da bala na Câmara.

— Dominaram as escolas com militantes disfarçados para pregar a ideologia de gênero — emendou o deputado Delegado Francischini (PSL-PR).

O general Augusto Heleno, que também recusou a vice de Bolsonaro, atacou o passado de Dilma Rousseff na luta contra a ditadura militar. A plateia engrenou um coro de “terrorista” para a ex-presidente.

Depois de onze homens discursarem, a advogada Janaína Paschoal foi à tribuna como representante solitária das mulheres. Ela começou atacando o “totalitarismo petista”, mas surpreendeu ao criticar o “pensamento único” dos fãs do capitão.

— Reflitam se não estamos correndo o risco de fazer um PT ao contrário — pediu.

Ao contrário dos outros, foi mais aplaudida antes do que depois de falar.

Bolsonaro começou em tom humilde, rejeitando o rótulo de “salvador da pátria”. No fim do discurso, já se apresentava como um “escolhido” para subir a rampa do Planalto.

— Para quem jurou dar a vida pela pátria, o que é dar a vida pelo mandato? — perguntou, para delírio dos seguidores.

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