Na semana final da eleição, a Lava-Jato arremessou duas bombas contra a campanha do PT. A última foi lançada a poucas horas do debate na TV Globo
A República de Curitiba não repousa mais em berço esplêndido. Depois de um período sonolento, a Lava-Jato parece ter despertado às vésperas da eleição. A poucos dias do primeiro turno, a operação arremessou duas bombas contra a campanha do PT.
Na segunda-feira, o juiz Sergio Moro liberou um trecho da delação de Antonio Palocci. O depoimento foi gravado em abril e passou quase seis meses na gaveta. Como o ex-presidente já está preso, a conta política será paga pelo candidato Fernando Haddad.
Ontem a força-tarefa da Lava-Jato reforçou a ofensiva do juiz. A três dias da eleição, o Ministério Público Federal pediu uma nova condenação de Lula. A manchete foi produzida horas antes do último debate dos presidenciáveis, na TV Globo.
Em entrevista publicada ontem pela Folha de S.Paulo, o chefe da força-tarefa da Lava-Jato defendeu Moro da acusação de interferência no processo eleitoral. “O tempo da Justiça e o da política não podem ser confundidos”, pontificou Deltan Dallagnol.
Faltou combinar com o juiz. Em agosto, Moro adiou um depoimento de Lula que estava marcado para o dia 11 de setembro. Ao justificar a decisão, que impediu o ex-presidente de se defender publicamente, ele escreveu que pretendia “evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios”.
Como se vê, a preocupação com o calendário só valeu para um lado.
A Constituição faz 30 anos. É um bom momento para lembrar as palavras de Ulysses Guimarães ao promulgá-la, em 5 de outubro de 1988: “Traidor da Constituição é traidor da pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”.
No mesmo discurso, Ulysses afirmou: “O Estado prendeu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilella, pela Anistia, libertou e repatriou. A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram”.