Nas entrelihas: Geraldo Alckmin e Marina Silva completam Esplanada

Luiz Carlos Azedo/Correio Braziliense*

O vice-presidente Geraldo Alckmin, no Desenvolvimento, Indústria, Comércio e serviços, e a deputada Marina Silva, no Meio Ambiente, protagonizaram, ontem, as cerimônias de posse mais concorridas da Esplanada, com discursos que apontam para duas prioridades, entre outras: a reindustrialização do país, que perdeu complexidade industrial, e o combate ao desmatamento, um verdadeiro ovo de Colombo do ponto de vista ambiental. Os dois setores estão entre os mais prejudicados pela política econômica do governo Bolsonaro.

Ao lado do presidente Lula, Alckmin fez um longo discurso sobre a situação da estrutura produtiva do país e destacou que “a reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sob o único prisma que a legitima: o da justiça social”. Para Alckmin, a recriação do ministério foi necessária para “reconstruir o país e retomar o caminho do desenvolvimento”. A novidade na proposta de Alckmin, porém, é compatibilizar a retomada industrial com a economia verde, para que o Brasil possa ser um “grande protagonista do processo de descarbonização da economia global” e possa integrar às cadeias globais de valor com investimentos em inovação e novas tecnologias nas áreas onde pode ter competitividade.

Embora o discurso não agrade setores liberais, que veem na política industrial uma forma indevida de intervenção do Estado na economia, Alckmin tem razão quando afirma que o Brasil não pode prescindir da sua indústria se tiver ambições de alavancar o crescimento econômico e se desenvolver socialmente. “Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial, ou não recuperará o caminho de crescimento sustentável, gerador de empregos”, disse.

O papel de Alckmin será decisivo, também, do ponto de vista político, porque o vice-presidente da República sempre teve boas relações com o empresariado, principalmente paulista. De certa forma, seu discurso buscou um ponto de equilíbrio entre a política econômica do governo e o mercado.

Há muita especulação no mercado financeiro em relação à política econômica do governo Lula e ao desalinhamento entre os ministros, que gera mais confusão, como as declarações desastradas do ministro da Previdência, Carlos Lupi, sobre a reforma da Previdência. Alckmin será uma peça-chave na articulação da equipe econômica do governo Lula, que inclui Simone Tebet, no Planejamento, e Carlos Fávaro (PR), na Agricultura, ao atuar como algodão entre os cristais, para que a política a ser adotada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha complementariedade nas demais pastas.

Desmatamento

Outra estrela a tomar posse foi Marina, que assumiu o Ministério do Meio Ambiente com o propósito de alcançar o desmatamento zero. O impacto que isso pode ter no plano internacional é formidável, porque reduz fortemente a taxa de aquecimento global. É um verdadeiro ovo de Colombo. A primeira-dama Janja acompanhou a posse.

Há razões para otimismo. Com exceção dos últimos quatro anos, nenhum outro país reduziu tanto suas emissões de carbono como o Brasil. Nosso diferencial é a soberania sobre 60% da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Cerca de 44% de nossas emissões de gases de efeito estufa decorrem da mudança de uso da terra, ou seja, o desmatamento, principalmente na Região Amazônica.

É muito mais fácil e barato — portanto, mais eficiente — combater o desmatamento do que alterar a toque de caixa os sistemas de energia, de transporte, de padrão construtivo, de produção de alimentos, embora isso deva ocorrer. O Brasil tem expertise para isso: entre 2004 e 2012, reduziu o desmatamento na Amazônia em 84% e, consequentemente, suas emissões em 67%. A mudança de rumo no ministério, se houver cooperação e coordenação interdisciplinar com outras pastas, como anunciou Marina, pode perfeitamente tornar irrisório o desmatamento e encontrar outras formas de atender às necessidades de 38 milhões de brasileiros na Amazônia, cerca de 12% da população, em condições em geral precárias, que desejam e merecem uma vida mais próspera.

Não adianta isolar e tratar a floresta como um parque intocado. É inviável politicamente e ineficaz. A chave é combinar controle ambiental com repressão às ilegalidades e iniciativas que tornem a floresta em pé mais valiosa para a população local do que sua derrubada, como propôs Marina. Com o governo Lula, tendo Marina à frente da pasta, abre-se a possibilidade de uma nova economia da floresta, gerando produtos e tecnologia. O potencial de descobertas farmacológicas e químicas a partir da biodiversidade também é enorme e pode substituir a pecuária de baixa produtividade e o garimpo ilegal.

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Política, festa e roda - viva

Paulo Fábio Dantas Neto*, Esquerda Democrática

Tentarei explicar o que percebi, talvez impropriamente, como uma gramática identitária regendo a investidura, marcantemente festiva, de Luiz Inácio Lula da Silva no seu terceiro mandato presidencial. É um juízo impressionista. Decorre de um estado de alma que defino como alívio – pela derrota eleitoral da extrema-direita – mas desprovido de ânimo, efeito do êxito, político e moral, no campo democrático, de uma esquerda autorreferente, amarrada ao seu passado, que supõe, entre outras imodéstias, fazer o léxico identitário (de gênero, de raça, de cultura, de costumes) incidente no Brasil e em todo o Ocidente, servir a uma aventura – também identitária, mas de partido e movimento – através do túnel do tempo.

A impropriedade da minha parte talvez seja elevar esse ilusionismo semântico à categoria de gramática. A concessão traduz um sentimento de apreensão com a possibilidade de a esperteza política crescer demais, virar bicho, engolir o dono e todos os que amarramos nossos botes à deriva ao seu velho navio.

Incapaz de traduzir racionalmente esse sentimento nos limites de minhas palavras, apelo a Chico Buarque de Holanda, poeta dos maiores da nação, a grande ausente naquele woodstock de fragmentos:

Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu

A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda-viva

E carrega o destino pra lá

Expropriado por uma roda-viva: assim me senti no dia da posse. Aliás, assim me sentia desde que a dita transição arriou suas malas. Com vontade de embarcar num vapor barato, eu e uma obsessão política.

O mal-estar com a estética da festa talvez não seja assim tão relevante. Quem sabe um despiste, um pretexto, um bode expiatório para justificar um desânimo que é, antes de tudo, político, ao ver democracia e república divorciarem-se em público. Mas disso tenho falado bastante nesta coluna. O dia hoje é para falar de ultrajes sem rigor. Vamos lá:

Símbolos impressionam-me em demasia. Sei que é um erro de análise política superestimá-los assim. Com algum esforço, sou capaz de abstraí-los e aceitar uma descrição racional da festa da posse, segundo a qual os recados identitários ali presentes apareçam como adjetivo de alguma substância democrática prévia, aspectos pontuais que transmitem um quê de novo a um antigo script. Ou como um artigo indefinido, que precede o substantivo democracia para que ele fique vago a ponto de tornar-se qualquer coisa. Mas no fundo creio serem enganosos, por vezes perigosos, esses discernimentos entre forma e substância, entre traje e adereços. Creio (o verbo é esse, sem retoque) que, na real, são inseparáveis.

O populismo pairava na festa, emanado da figura central, mas curiosamente não lembro de alguém ali ter discursado sobre um povo, ou procurado mostrá-lo. Falava-se de vários “povos”, a começar pelos “originários”, passando pelo pobre, pelo preto e chegando a mil comunidades imaginadas e enumeradas por discursos negativos e agendas afirmativas. É um passo a mais em relação ao clássico "nós x eles", que tornava maniqueísta uma disputa por algo ainda pretendido, afinal, como objeto (poder) comum. Agora o ânimo bélico persiste numa estética encantada pelo termo diversidade. Todos os narcisos acham feio o que não é espelho, mas cada fragmento dessa diversidade sem alteridade não precisa, em tese, vencer adversários a cada contexto. O inimigo essencial, fixo, é qualquer noção de todo. Cada ator exibe seu pedaço como a parte que lhe cabe e basta num latifúndio social dialogicamente improdutivo. A retórica de luta de cada qual mantém o espetáculo. Arremedo estético da luta real, cotidiana, de brasileiros e brasileiras destinados a viverem juntos, misturados em suas dores e misérias, alegrias e grandezas, através de pensamentos, palavras e obras praticados na roda-viva de todo dia, através de conflitos e cooperações, decididas por conciliação ou por força maior. Como se puder e Deus quiser.

Sei que tudo isso poderia ser visto mais benignamente, com dramaticidade mais modesta, através do uso de termos politicamente menos arriscados, como sociedade e cultura. E uma vez assim visto, ser analisado, compreendido, acolhido, processado e incorporado ao acervo do tempo que anda. Sendo bossa nova, isso é muito natural. Mas a tradução disso na política é delicada. Precisamos prestar atenção porque desafinar aí pode ser fatal. Aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim!

A imagem de JK passando a faixa presidencial a Jânio Quadros e a da repetição do ato, quatro décadas depois (no meio delas uma ditadura que durou duas), seguido de um abraço caloroso entre FHC e Lula devem ser remetidas ao museu, antes desses gestos tornarem-se, de fato, prática estável, ou devem ser resgatadas sempre, para que um dia a estabilidade vire tradição? Alguma vez, após o último dia 01.01, uma foto de posse será valorizada se ao lado do presidente não houver um(a) representante dos povos ditos originários? Presidentes a serem retratado(a)s doravante serão suseranos, entre povos e poderes essencialmente distintos, não importa a carga de legitimidade política que mandatários recebam das urnas ou de alianças lúcidas e leais àquelas? A entrega da faixa por entes fixos do social e aquela linha de frente da foto são conjunturais ou são fatos consumados que vieram para ficar? São fragmentos de uma unidade que está sendo quebrada ou verdades reveladas contra uma sempre falsa unidade? Sejam uns ou outras, podem/devem ser amalgamado(a)s pela mobilidade social e política de uma democracia em processo ou podem/devem permanecer como fragmentos ou como idealizações de povos distintos?

Sem respostas conclusivas, apenas compartilho uma percepção intranquila de que o Brasil atual carece de uma consciência conservadora em cima, para que milhões de consciências conservadoras persistentes que vivem desagregados embaixo não sejam duradouramente capturados por aventureiros peritos em lançar mão de símbolos e instituições nacionais. O risco que se corre é, como na foto histórica de 01.01.23, a representatividade social querer ofuscar (no limite dispensar) a representação política da nação e dos seus cidadãos, fazendo prevalecer hierarquias imaginárias, assincréticas e idiossincráticas. Mal nos livramos, pelas urnas, do espectro destrutivo de umas e já chocamos ovos de outras, no nosso quadrado festivo que mede só 51%, mas é deslumbrante e deslumbrado.

Assumo eventuais exageros, mas no momento vejo mais perigo em silêncios do que naqueles. Exageros, nesse caso, são sequelas de vacinas buscadas contra um futuro arrependimento por coisas não ditas. Reconheço aqui, sem precisar acompanhá-lo em tudo, a atitude de um intelectual como Antônio Risério, que estica essa corda, e com ela não se enforca. Mas, de novo, é Chico Buarque quem vem em socorro (talvez sem querer, já que ele pode estar adorando essa festa, pá!) quando me sinto incapaz, como agora, de justificar os meus exageros com minhas próprias palavras:

A gente vai contra a corrente

Até não poder resistir

Na volta do barco é que sente

O quanto deixou de cumprir

Sinto-me assim implicado no que uma esquerda de horizonte republicano deixou de responder positivamente, na década dos 90, a sinais modernizadores dados pela coalizão partidária, conservadora e reformista, que chegou ao governo com o Plano Real, ainda na infância da república democrática da Carta de 1988. E implicado também no consentimento passivo que deu ao experimento político centrífugo que veio na sequência e que terminou fragmentando partidos ainda mal nascidos em facções decrépitas e oscilantes. A renúncia (ou a impossibilidade) da disputa da liderança moral da esquerda teve um preço político alto, ainda hoje cobrado, sem perdão. Sem partido e sem vontade alguma de integrar algum, sigo vendo em partidos políticos instituições imprescindíveis e não quero repetir o que considero ter sido um erro. Daí achar que exageros impressionistas e críticas precoces ao que se está fazendo – por ora em Brasília – com o mandato recebido nas urnas estão entre os menores perigos.

Para conter as críticas acena-se a uma possível brecha que elas abririam a uma oposição de extrema-direita. Sim, o perigo da extrema direita é real e eleitoral. Mas será tanto maior quanto for difusa a condescendência com o populismo e o identitarismo, que, depois de terem bloqueado o caminho de afirmação de uma esquerda republicana no Brasil, acham-se, hoje, em coalizão de veto ao nascimento do que pode vir a ser batizado de centro democrático, a Geni de todas as horas, como acabamos de ver.

Bóric, homem político centrado no novo tempo, tendo a direita do seu país nos calcanhares, está precisando recorrer à gramática cosmopolita e liberal, para – em trilha sintonizada, penso eu, com o que propõe, por exemplo, Mark Lilla, como saída duradoura para o Partido Democrata norte-americano – ir ao encontro da nação chilena e assim tentar reduzir os danos causados àquele país pela onda identitária de esquerda. Não sabemos se terá êxito, mas trata-se de um jovem vagalume que faz falta entre nós.

Lula, centro-esquerda das antigas, não presta atenção em Lilla (nem em Bóric) e também não liga para essas coisas do mundo identitário, a não ser como modo de fazer delas símbolos de outras coisas. Acha-se capaz de instrumentalizar essa “onda” para mais facilmente exercer o governo pessoal. Trata os arautos da onda como tratava antigos bolcheviques e guevaristas, nos primórdios do PT. O mútuo “me engana que eu gosto” não vai funcionar com essa turma indisposta a respeitar qualquer tradição secular e muito determinada a denunciar como maligno o próprio teatro da representação, onde Lula respira. Onde nação e sociedade respiram, mesmo ameaçadas por nacionalismos e populismos politicofóbicos.

Antes que um desquite ruidoso aconteça e seus estilhaços se espalhem, é preciso refletir – como uma das hipóteses legítimas de desdobramento da necessária transição política que ora se inicia – se o Brasil não precisará buscar, num futuro imediato (leia-se 2026), um porto fora da esquerda. Se para sair da rua estreita em que nos metemos desde 2014 e que foi dar no beco de 2018 não vai ser preciso que haja partidos e lideranças que plantem, desde já, devagar, mas sempre, o que não cairá do céu de Brasília. É ver se construir uma oposição democrática ao atual governo não está tão legitimamente na ordem do dia quanto a construção dele mesmo. Penso que sem ambos, governo e oposição democráticos, quiçá republicanos, não haverá reconstrução, muito menos pacificação de nada que se possa chamar de país.

* Cientista político e professor da UFBa

Texto publicado originalmente no Facebook da Esquerda Democrática.


© UNICEF/Brian Sokol Alina em sala de aula no Paraguai, aprendendo a ler e escrever em braile

Dia Mundial do Braille foca em direitos humanos de pessoas com deficiência

ONU News*

As Nações Unidas marcam o Dia Mundial do Braille neste 4 de janeiro. Celebrada desde 2019, a data busca conscientizar da importância desta linguagem para a realização plena dos direitos humanos de pessoas com deficiência visual.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas, no globo, vivam com alguma limitação visual que poderia ter sido evitada ou ainda não foi tratada.

Direitos das pessoas com deficiência visual

Segundo dados da ONU, pessoas com deficiência visual têm mais chance de viver na pobreza. A falta de cumprimentos dos direitos delas ou de atenção às suas necessidades tem consequências amplas: a perda da visão geralmente representa uma vida inteira de desigualdade, problemas de saúde e barreiras à educação e ao emprego.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada em 2006, considera o Braille essencial para a educação, liberdade de expressão e opinião, acesso à informação e inclusão social.

Em novembro de 2018, a Assembleia Geral proclamou 4 de janeiro como o Dia Mundial do Braille. Para o órgão da ONU, a plena realização dos direitos humanos e das liberdades fundamentais depende de uma promoção escrita inclusiva.

Braille

O Braille é uma representação tátil de símbolos alfabéticos e numéricos, usando seis pontos para representar cada letra e número, com a capacidade de comunicar até símbolos musicais, matemáticos e científicos.

O método leva o nome de seu inventor na França do século 19, Louis Braille, é usado por pessoas com diferentes níveis de deficiência visual para ler os mesmos livros e materiais impressos em uma fonte visual.

O Braille é essencial no contexto da educação, da liberdade de expressão e opinião, bem como da inclusão social, conforme refletido no segundo artigo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Texto publicado originalmente no portal ONU News.

 


Para MST e MMC, a erradicação da fome é o desafio prioritário de 2023 - Agência Brasil

"Para acabar com a fome no país, temos a solução", afirmam movimentos populares do campo

Brasil de Fato*

“Tem um trocado para me ajudar?”. A frase, cada vez mais comum nas calçadas das grandes cidades, é evidência empírica do que pesquisas atestam com números. Com quase 59% da população vivendo com algum tipo de insegurança alimentar, 2023 chega para o Brasil tendo a fome como um dos temas centrais do debate público.

“Para acabar com a fome no país, temos a solução. É a reforma agrária: desapropriação de latifúndio, produção de alimento saudável e fortalecimento da agricultura familiar”, afirma Alexandre Conceição, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

Michela Calaça, liderança do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), ressalta que o enfrentamento da fome precisa ser considerado em sua complexidade. “Às vezes parece que é só uma questão de falta de renda. Não é apenas isso. Está ligada à produção de alimentos, à construção da soberania alimentar e à defesa do território. Esse é o principal desafio do nosso momento”, avalia.  

Na opinião de Alexandre, o país precisa mudar sua matriz tecnológica de produção de alimentos, deixando de priorizar a “produção envenenada de commodities do agronegócio” para dar espaço para a agroecologia.   

De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar da Rede Penssan, a falta de comida no prato está ainda mais acentuada nas áreas rurais. Em 60% dos domicílios no campo, a insegurança alimentar é uma realidade. Em uma ironia perversa, a situação afeta mesmo aqueles que vivem do cultivo de alimentos. A fome atinge 21,8% dos lares de agricultores familiares.  

Para o MST e o MMC, movimentos que se engajaram na campanha e nas propostas de transição do novo governo petista, a reversão desse cenário passa pela via institucional. “Enquanto movimentos do campo, da floresta e das águas, temos que construir junto com o novo governo uma proposta de soberania alimentar que vá para além do acesso ao alimento”, opina Calaça.  

O novo governo 

Nos primeiros dias deste terceiro mandato presidencial de Lula (PT), o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) foi reativado por meio de Medida Provisória. O órgão, composto por dois terços de representantes da sociedade civil e um terço de representantes do governo, tem o objetivo de assessorar a presidência sobre o tema. 

Outra novidade é a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), desvinculado do Ministério da Agricultura. Este último está sob o comando do senador licenciado Carlos Fávaro (PSD), que já presidiu a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja).  

O ministro da Agricultura foi relator do texto final do PL 510/2021, que segue tramitando no Congresso Nacional e é apelidado por seus críticos como “PL da Grilagem”. Sojicultor, Fávaro chegou a postar em seu Twitter que não mediria esforços para a aprovação do PL, que seria uma “carta de alforria” para os ruralistas.

Já o MDA terá como ministro Paulo Teixeira (PT), que em outubro havia sido eleito para o seu quinto mandato como deputado federal. Em solenidade nesta terça (3), Teixeira afirmou que sua gestão trabalhará “com porta aberta” para os movimentos sociais, “acolhendo sugestões e críticas, naquela ‘amizade incômoda’. Venham para cima”.  

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ficará sob a alçada de sua pasta e não do Ministério da Agricultura, pasta a que estava vinculada até o último governo.

Expectativas 

“Nós, os movimentos rurais, estamos na expectativa de que a gente possa ter um Executivo fortalecido com a recriação do MDA, que o Incra volte a ser uma instituição voltada à desapropriação de terra e que a Conab seja fortalecida com orçamento”, avalia Conceição. "Quando o Estado compra alimentos para os estoques reguladores da Conab, ele ajuda a combater a inflação dos alimentos”, complementa o dirigente do MST. 

Na visão de Michela Calaça, “é possível e necessário integrar, defender e, ao mesmo tempo, pressionar o governo. É claro que isso não é uma postura individual, mas coletiva. Enquanto organizações sociais, enquanto povo organizado, essa é a tarefa”, diz. 

“O nosso objetivo, como MST, segue sendo o mesmo. Lutar pela terra, pela reforma agrária e pela transformação social. Para essa luta, a ocupação de terra sempre foi e será um elemento central”, salienta Alexandre. “Mas não significa que ao fazer isso, você também não possa fazer disputas institucionais”, aponta. 

“Vamos manter nossa autonomia frente ao governo”, destaca o dirigente do MST, “mas ao mesmo tempo estar junto e cobrar para que, com a reforma agrária, o governo possa de fato cumprir a missão de matar a fome do país”.

Texto publicado originalmente no Brasil de Fato.


Nas entrelinhas: Adeus reformas. Agenda possível é mais modesta

Luiz Carlos Azedo/Correio Braziliense*

O mais ambicioso programa de reformas de estrutura da história do Brasil foi o do presidente João Goulart (1961-1964), que havia assumido governo no lugar de Jânio Quadros, em meio a uma tentativa de golpe e graças a uma solução de compromisso: a adoção do parlamentarismo. Em razão das nossas desigualdades, no seu governo havia um cenário de radicalização político-ideológica e intensificação dos conflitos sociais.

Jango, como era chamado, sofria fortes pressões do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), principalmente de seu cunhado, Leonel Brizola, e de outras lideranças de esquerda, como o líder comunista Luís Carlos Prestes e Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, para realizar reformas estruturais na sociedade, entre as quais a agrária. Com a volta do presidencialismo, decidida por um plebiscito em 1963, Jango se sentiu fortalecido para levar adiante o projeto nacional-desenvolvimentista da esquerda brasileira.

As chamadas Reformas de Base abarcavam um conjunto amplo de problemas: a questão agrária, o sistema financeiro, a crise fiscal, a urbanização acelerada, o atraso burocrático e o acesso às universidades. O principal objetivo delas era combater a concentração de propriedade e de renda, além de ampliar a participação política da sociedade. Para isso, era preciso mudar a Constituição de 1946, o que exigia maioria ampla no Congresso. Pela legislação, o governo indenizaria os proprietários de terra, em caso de desapropriação, com dinheiro em espécie, mas Jango queria fazê-lo com títulos públicos e a longo prazo.

Jango também pretendia criar condições para os inquilinos comprar as residências que alugavam com títulos públicos. Também pretendia limitar a remessa de lucros ao exterior, estatizar alguns setores econômicos e expandir a Petrobras. Além disso, estava aceitando a pressão de militares de baixa patente para aumentar a sua representação política concorrendo a cargos eletivos, como os de vereadores e deputados.

Nada disso significava uma mudança de regime político, uma opção pelo socialismo. Mas assim passou a ser visto pela maioria da sociedade, após intensa campanha da oposição, liderada pelo governador da antiga Guanabara, Carlos Lacerda, o principal líder da UDN à época, que era candidato a presidente da República. No início de 1964, Jango perdeu o apoio do PSD (Partido Social Democrático), de Juscelino Kubitschek, que sonhava com a volta à Presidência nas eleições previstas para 1965. Brizola pretendia ser candidato, mesmo estando inelegível por ser cunhado do presidente da República, e Prestes articulava a reeleição de Jango nos bastidores.

O Congresso, de maioria conservadora, rejeitou as reformas de base. Jango resolveu mobilizar os trabalhadores urbanos e rurais para respaldar a adoção das reformas por decreto presidencial. No dia 13 de março de 1964, o chamado comício da Central do Brasil, reuniu cerca de 150 mil pessoas. Nele, Jango anunciou que decretaria as Reformas de Base, à revelia do Congresso.

Moral da história

A reação conservadora foi imediata: convocada por forças políticas e religiosas de direita, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na cidade de São Paulo, em 19 de março de 1964, reuniu quase 500 mil pessoas. Outras manifestações se realizaram no interior paulista e em outros estados. Em 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado, depôs Jango e deu início a 20 anos de ditadura.

No dia 2 de abril, no Rio de Janeiro, realizou-se a Marcha da Vitória. Não foram apenas o ambiente de guerra fria e a quebra de hierarquia nas Forças Armadas que viabilizaram golpe. As marchas conservadoras demonstraram que o golpe também era vitorioso na sociedade.

Qual é a moral da história? Darcy Ribeiro dizia que foi melhor ser derrotado do lado certo, pois as reformas eram necessárias. E eram mesmo, tanto que a maioria foi feita pelos militares, durante a ditadura, como o Estatuto da Terra, a estatização de empresas de infraestrutura e expansão da Petrobras, a reforma bancária e fiscal, a expansão das universidades. Alguns chamam esse processo de modernização pelo alto de “revolução passiva”, outros de “autoritarismo funcional”. Os militares que apoiaram o governo Bolsonaro sonhavam — e ainda sonham — com a ressignificação do regime militar.

O governo Jango pôs o carro à frente dos bois, ao tentar fazer as reformas de base na marra, sem aprovação do Congresso. Além disso, a esquerda considerava um retrocesso a volta de JK ao poder, o favorito nas eleições marcadas para 1965. Para se manter no poder, defendia a candidatura de Brizola, inelegível por ser cunhado do presidente da República, ou até mesmo a reeleição de Jango.

1964 serve de exemplo para o governo Lula, que precisa adotar um programa democrático, porém, mais modesto do ponto de vista das reformas. É mais exequível focar o programa de governo na gestão ambiental e nos direitos básicos e universais da população (saúde, educação, trabalho, moradia, transporte e segurança pública). É o caminho para construir uma ampla maioria no Congresso e, ao mesmo tempo, corresponder à expectativa de seus eleitores, que hoje se resume a trabalho e renda, além do respeito aos direitos humanos e o combate ao racismo estrutural.

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Pacientes com Covid-19 em macas na ala de emergência do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Medicina de Chongqing, no centro da China | Foto: Noel Celis / AFP

Imprensa oficial da China tenta minimizar novo surto após abandono da Covid zero

O Globo*

A imprensa estatal chinesa está multiplicando seus esforços e a censura está trabalhando mais para formular uma história nova e coerente, após a súbita virada na política de Pequim contra a Covid-19.

Durante anos, a máquina de propaganda chinesa saudou a estratégia de Covid zero como prova da superioridade da liderança autoritária do Partido Comunista e do presidente Xi Jinping. Mas agora ela teve que apresentar a decisão de suspender restrições estritas de viagens, quarentenas e bloqueios como uma vitória, em meio a uma onda enorme de infecções que chega a milhões por dia, segundo relatos que transparecem de fontes oficiais locais.

— A mídia estatal não formulou uma grande narrativa para legitimar totalmente a mudança repentina — disse Kecheng Fang, professor de Jornalismo da Universidade Chinesa de Hong Kong. — Isso os pegou de surpresa.

As "mensagens inconsistentes" indicam que o aparelho de propaganda pode carecer de diretrizes adequadas do partido sobre como apresentar a situação, disse ele à AFP.

Alguns meios de comunicação insinuaram que nem tudo está bem. A agência estatal Xinhua e a rede CCTV publicaram esta semana relatórios pedindo à população que use medicamentos "racionalmente" para tratar a infecção e destacaram os esforços do governo para garantir sua disponibilidade.

Mas a mídia do governo evitou relatar o lado negativo da mudança de política, procurando, em vez disso, amenizar os temores sobre a doença, apresentando a reviravolta como uma retirada lógica, controlada e triunfante das medidas.

"Olhando para os últimos três anos, travamos uma intensa batalha contra a pandemia e enfrentamos um teste árduo e histórico", publicou o Diário do Povo em um editorial.

A estratégia de Covid zero "demonstrou a superioridade do sistema socialista chinês", disse, acrescentando que "otimizar" a política agora ajudará a adaptar-se a novas variantes, "pondo a vida e a saúde do povo e das massas em primeiro lugar".

Na sexta-feira, um jornal do partido citou o secretário municipal de Saúde de Qingdao estimando que a cidade está registrando meio milhão de novas infecções por dia em "um período de rápida transmissão e se aproxima do pico". Neste sábado, a história foi editada para remover o número, de acordo com uma revisão da AFP do artigo.

O presidente Xi não comentou publicamente o colapso do que até recentemente era uma política emblemática. Um sentimento semelhante de incerteza circulou nas mídias sociais chinesas, onde os serviços de censura geralmente removem conteúdo politicamente sensível.

Vários posts na plataforma Weibo (a versão chinesa do Twitter) sobre mortes por Covid-19 parecem ter sido censurados na sexta-feira, de acordo com uma revisão de jornalistas da AFP. Várias fotos aparentemente tiradas em crematórios foram suprimidas, bem como uma postagem de uma conta que pertenceria à mãe de uma menina de 2 anos que morreu após contrair o vírus.

Postagens sobre escassez de medicamentos e manipulação de preços também foram removidas, de acordo com o monitor de censura GreatFire.org.

Usuários de mídia social postaram comentários indignados ou sarcásticos sobre o tabu em torno das mortes relacionadas à covid. Muitos aludiram à mídia estatal, que informou que Wu Guanying, criador dos mascotes dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, morreu de um "resfriado severo" aos 67 anos.

Uma pessoa comparou a frase a algo típico da Coreia do Norte, enquanto outra perguntou se “agora vai ser proibido dizer Covid?”. Outras mensagens críticas ainda foram postadas na sexta-feira, algumas das quais questionando o governo por sua aparente falta de estratégia.

“Eles realmente pensaram que poderiam erradicar o vírus com bloqueios?”, questionou um dos internautas.

Apenas uma morte oficialmente

O professor Fang observou que as autoridades chinesas "encontrarão uma maneira de apresentar tudo como uma vitória, talvez depois que as infecções se estabilizarem".

— A forma particular de contabilizar as mortes por Covid está servindo de base para isso — acrescentou, referindo-se a uma nova definição oficial de óbitos pelo vírus, que exclui muitas mortes antes contabilizadas.

Dados oficiais da Comissão Nacional de Saúde, divulgados este sábado, indicam que na véspera não houve uma única morte por Covid-19 na China e apenas 4.103 novos contágios. Há um contraste, porém, entre a versão oficial pública do governo central em Pequim e algumas autoridades locais, que deixam transparecer uma situação mais próxima da realidade, como em Qingdao.

A cidade industrial de Dongguan, no Sul, anunciou na sexta-feira que, segundo os dados recebidos, até 300 mil novas infecções estão sendo registradas a cada dia. Além disso, o ritmo "é cada vez mais rápido".

"Muitos recursos e profissionais da saúde estão enfrentando desafios muito duros e uma pressão gigantesca, algo que não tem precedentes", destacou a secretaria de Saúde da cidade de 10,5 milhões de habitantes, em comunicado.

Segundo a ata de uma reunião interna da Comissão Nacional de Saúde realizada na quarta-feira, relatada pela Bloomberg, o órgão estima que 248 milhões de pessoas, ou quase 18% da população chinesa, provavelmente contraíram o vírus nos primeiros 20 dias de dezembro.

*Texto publicado originalmente no portal O Globo.


As pessoas formaram longas filas do lado de fora do estádio de Santos | Foto: Reuters

Multidão se despede do craque Pelé no Santos

Reuters*

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estava entre os 230.000 presentes para ver o caixão aberto de Pelé em Santos, onde alguns torcedores derramaram lágrimas silenciosas e outros deram vivas ao astro do futebol brasileiro enquanto eles desfilavam pela costa estádio da cidade.

Um serviço memorial de 24 horas no estádio Vila Belmiro para Pelé, que morreu na semana passada aos 82 anos depois de lutar contra um câncer de cólon por um ano, terminou na manhã de terça-feira e seu caixão foi levado em uma procissão pela cidade para um enterro privado.

Ele parou do lado de fora da casa de sua mãe de 100 anos, onde uma multidão nas ruas aplaudiu. A irmã de Pelé assistiu em lágrimas de uma varanda.

"Pelé é incomparável, como jogador de futebol e como ser humano", disse o recém-empossado presidente Lula, que chegou de helicóptero ao estádio na manhã desta terça-feira. Ele ficou cerca de 30 minutos ao lado do caixão de Pelé, enfeitado com a bandeira do Brasil, no centro do campo de futebol.

As pessoas formaram longas filas do lado de fora do estádio de Santos, cidade onde Pelé viveu a maior parte de sua vida, e esperaram até três horas para prestar suas homenagens até durante a noite, segundo o Santos Futebol Clube.

"Viva o rei", dizia uma faixa gigante dentro do estádio. Apelidado de 'rei do futebol', Pelé jogou pelo Santos de 1956 a 1974, marcando mais de 1.000 gols.

Lula consolou os familiares de Pelé e ouviu uma cerimônia católica ao lado da primeira-dama Rosangela da Silva.

"O mais fantástico é que Pelé nunca levantou o nariz, tratava todo mundo igual", disse Lula à Santos TV.

Celebridades e autoridades também prestaram suas homenagens. O presidente da Fifa, Gianni Infantino , foi um dos primeiros a comparecer ao memorial na segunda-feira e disse que pedirá às associações de futebol de todo o mundo que nomeiem um estádio com o nome de Pelé, o único homem a vencer a Copa do Mundo três vezes como jogador.

Algumas estrelas do futebol compareceram ao velório, incluindo o ex-meio-campista Zé Roberto, que ajudou a colocar o caixão de Pelé no centro do campo na segunda-feira.

Mas apenas dois dos 67 campeões mundiais brasileiros vivos compareceram ao serviço - o vencedor da Copa do Mundo de 1994 Mauro Silva, que trabalha para a Federação Paulista de Futebol, e o campeão de 1970 Clodoaldo, que trabalha para o Santos, gerando críticas de alguns comentaristas.

Texto publicado originalmente no portal Reuters.


Nas entrelinhas: O Brasil de Pelé e o novo governo

Luiz Carlos Azedo/Correio Braziliense*

A posse dos ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ofuscada pelo velório de Edson Arantes do Nascimento. Repetiu-se o mesmo fenômeno do dia da morte do maior atleta do século passado, que será enterrado hoje. Grande massa de torcedores santistas e de outros comparece ao estádio da Vila Belmiro, em Santos, para reverenciá-lo. Personalidades do mundo esportivo nacional e internacional também. Corintiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio à montagem de seu governo e às primeiras medidas administrativas, viajará de Brasília para Santos para participar das últimas homenagens fúnebres.

Talvez o maior atleta profissional de todos os tempos, em 14 de junho de 1970, Pelé, camisa 10 do Brasil às costas, agachou-se no círculo central do gramado do estádio Jalisco, em Guadalajara, no México, sob olhar de Tostão, e amarrou pacientemente sua chuteira. Ao fazê-lo, inventou o marketing esportivo, mais ou menos como João Gilberto inventara a bossa nova em 21 de janeiro de 1962, ao cantar Chega de Saudade no Carnegie Hall, em Nova York, até então um lindo samba canção. Uma chuteira Puma continuaria igual a uma Adidas, mas o futebol mundial nunca mais seria o mesmo, com as transmissões dos jogos pela tevê.

Além de bola, camisas, meias, chuteiras, shorts e outros materiais esportivos, uma infinidade de outros produtos, como refrigerante, cervejas e complementos alimentares passaram a associar sua marca ao futebol. Os mais velhos devem se lembrar do terno de tergal da Ducal, com um paletó e duas calças, vendidos pelo crediário.

Hoje, os craques do futebol são manequins das grandes grifes mundiais. O advento da tevê a cabo e das redes de internet completou o ciclo, com o esporte ocupando o espaço nobre para suprir os novos meios de comunicação de conteúdos que aliavam audácia, beleza, criatividade, emoção, energia e resiliência, entre outros atributos positivos, de produções de grande audiência e relativamente baratas.

Pelé também simbolizou a ascensão social e econômica por uma via que até então era objeto de grande atração popular, graças à rivalidade das torcidas, mas reproduzia a exclusão social e a enorme distância entre a grande massa popular e as elites brasileiras. De 1924, quando Vasco da Gama rompeu com isso, recusando-se a dispensar 12 jogadores negros, mulatos e pardos para participar do Campeonato Carioca, aos dias atuais, foi um longo processo.

Gradativamente, o futebol se tornou uma via de ascensão social e econômica pelo talento, chegando aos dias de hoje como um dos maiores e mais bem remunerados espetáculos de massa. Os grandes atletas ganham fortunas inimagináveis (*), inclusive os brasileiros que jogam no exterior, exibindo roupas de grife e carros de luxo, além de ostentar padrões de consumo extravagantes, como comer carne folheada a ouro em restaurantes de alto luxo.

Desigualdades

Entretanto, o Brasil que Pelé projetou internacionalmente, muito mais do que qualquer outra personalidade, precisa virar a página das desigualdades e injustiças sociais, entre as quais o racismo estrutural. Pelé fecha o ciclo de profissionalização e globalização do futebol, foi protagonista dessa mudança. Entretanto, sua trajetória, em comparação com a de outros atletas de sua geração, como Mané Garrincha, desnuda essa realidade. É aí que entra em cena o novo governo Lula, ao propor um pacto na sociedade para superar a abissal distância entre os ricos e a maioria da população, com renda até 2 salários-mínimos.

Desde a eleição de Getúlio Vargas, em 1950, não tínhamos uma disputa eleitoral em que as diferenças de classe social estivessem tão demarcadas. Esse fenômeno foi agravado por uma polarização ideológica que colocou em risco a democracia e fraturou a coesão social em torno de alguns valores que estavam acima das divergências políticas, como a identidade com as cores da bandeira e o pertencimento à nação.

A posse dos ministros de Lula, em diversas áreas, especial de Camilo Santana na Educação e Nísia Trindade na Saúde, sinalizou na direção da superação dessas diferenças, com o resgate de políticas públicas universalistas, porém nossas prioridades regrediram décadas, como a alfabetização e a vacinação das crianças, por exemplo. São enormes os desafios no plano econômico e administrativo para que as condições de mobilidade e progresso social sejam oferecidas a todas as camadas sociais.

Vivemos um momento muito desafiador. Com uma coalizão de centro-esquerda, Lula pretende conduzir a frente política que o levou à Presidência pela terceira vez na direção do combate às desigualdades. Não é uma tarefa fácil. A agenda social do governo precisa ser calibrada de modo a ter amplo apoio das forças democráticas, que têm interesses econômicos diferenciados.

O principal desafio é obter o apoio do Congresso Nacional, no qual predominam forças conservadoras e velhas oligarquias políticas. Sem uma base parlamentar, não haverá combate às desigualdades; sem combate às desigualdades, não haverá mobilização popular em apoio ao novo governo.

(*) Pelé deixou uma herança de R$ 80 milhões, o que equivale ao rendimento mensal do novo contrato de Cristiano Ronaldo com o Al Nassr, da Arábia Saudita, até 2025.

https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-o-brasil-de-pele-e-o-novo-governo/

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Os manuscritos sobre a Guerra dos Palmares na Biblioteca Pública de Évora e Torre do Tombo  

Sionei Ricardo Leão, autor e jornalista*

Dois manuscritos produzidos para narrar o que aconteceu no século 17 referente aos mocambos que compuseram o Quilombo dos Palmares permanecem entre as mais significativas referências para se ter informações, de um determinado ponto de vista, sobre o que foi o quotidiano daquelas povoações que desafiaram o poder colonial e, por esse motivo, foram perseguidas e destruídas a mando da então metrópole, Portugal.  

Ambos são pérolas no que se refere a cotejar em que medida os palmarinos se destacaram na organização social, política, religiosa, militar e agrícola. Os textos servem ainda de testemunho do temor, admiração e incômodo que a vida nos mocambos e a capital, Macaco, provocavam nos governantes que estavam em Portugal e na então colônia, o Brasil. Daí, para serem perseguidos, atacados e destruídos – o que se deu cabalmente em fevereiro de 1694 –, terem se tornado uma prioridade ao sistema político vigente, que se sentiu ameaçado pelos libertos. 

As versões consideradas originais têm uma só fonte. Elas são oriundas de um texto, uma crônica, escrita no segundo semestre de 1678 – cujo nome do autor é desconhecido. Apesar de anônimo, tudo se inclina, e quanto a isso há pouca controvérsia, que o manuscrito foi redigido em Pernambuco por algum escriba a serviço de dom Pedro de Almeida, governador da província. 

O propósito do manuscrito é narrar e bajular sobre o feito da província em obter um acordo de paz junto aos palmarinos, após várias investidas militares lideradas por Fernão Carrilho, sob o jugo do governador de Pernambuco, dom Pedro de Almeida. Um dos vários trechos impactantes do texto diz respeito a impressão que os pernambucanos tiveram do governante de Palmares, Ganga Zumba. 

Veja, a seguir, galeria:

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 “Toda forma de guerra se acha neles, com todos os cabos maiores e inferiores, assim para o sucesso das pelejas, como para a assistência do rei. Reconhecem-se todos obedientes a um, que se chama o Ganga Zumba, que quer dizer senhor grande. A este tem, e veneram por seu rei e senhor, assim os naturais dos palmares como os vindos de fora. Tem palácio capaz da sua família que é grande e assistido de todas as guardas e oficiais que costumam ter as casas reais. Tratam a ele com todos os respeitos de rei, e com todas as cerimônias de senhor. Os que chegam a sua presença põem o joelho no chão e batem as palmas das mãos, sinal do seu reconhecimento e protestação da sua excelência. Falam lhe por majestade. Obedecem-lhe por admiração. Habita na cidade real, que chamam Macaco”.  

Apesar de elaborado no século 17, o manuscrito passou a ser conhecido publicamente muito tempo depois, praticamente depois de dois séculos. Em 1859, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro publicou “Relação das guerras aos Palmares de Pernambuco no tempo do governador dom Pedro de Almeida de 1675 a 1678”. O nome utilizado foi obra do conselheiro Antônio de Menezes de Vasconcellos de Drummond, que atuou como uma espécie de editor do documento. Na verdade, estudiosos avaliam que a transcrição não foi de toda fiel aos originais depositados em Évora e na Torre do Tombo.

O conselheiro Drummond, à época sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fez parte da elite intelectual e política do Segundo Reinado. Foi um dos fundadores e redatores do jornal O Tamoyo. Maçom de grande reputação, redigiu vários textos sobre o tema da história. Também contribuiu no jornal La France Chrétienne, além de figurar entre os membros fixos do Journal de Voyages.

Diplomata do Império, serviu como cônsul geral na Prússia. Teve responsabilidade de negócios do Brasil na Sardenha, em Roma e na Toscana. Notabilizou-se como o ministro residente e ministro plenipotenciário em Portugal. Drummond era, portanto, um literato e, também, uma pessoa com grande conhecimento internacional.  

Seja por todas essas credenciais do conselheiro Drummond, seja pelo valor do documento, o manuscrito passou a se tornar uma referência para os estudos sobre Palmares no século 19. O arquivo contou com novo impacto 17 anos mais tarde por intermédio de outra personalidade do mesmo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Desta vez, no ano de 1876, coube a Pedro Paulino da Fonseca uma nova atenção ao manuscrito. Ele publicou uma versão sob o título “Memória dos feitos que se deram durante os primeiros anos de guerra com os negros quilombolas dos Palmares, seu destroço e paz aceita em junho de 1678”.

A historiadora Silvia Hunold Lara, em texto apresentado em 2008, descreve que a iniciativa de Fonseca é uma recriação do texto escrito em 1678. Portanto, deve ser lido como outra obra, em lugar de uma rigorosa reprodução. 

A comparação entre o manuscrito de Évora e o texto de Fonseca confirma que ele não só acrescentou dados e alterou frases, como completou o texto, já que o manuscrito de Évora não possui título e está incompleto. Apesar de acompanhar de perto o documento, Fonseca é aqui, inequivocamente, o autor do texto. Não obstante, é fácil encontrar na bibliografia sobre Palmares quem use o texto publicado em 1859 pelo conselheiro Drummond e o de Paulino da Fonseca como se fossem fontes equivalentes ou de mesma natureza.

Importa ressaltar que, a partir dessas duas fontes, muitas análises e citações foram feitas ao manuscrito por estudiosos que não se reportaram aos originais sob a guarda de Évora ou da Torre do Tombo. Drummond e Fonseca, cada qual a sua maneira, não foram precisos ou se ativeram a um rigor acadêmico quanto à fidelidade aos originais dos documentos. 

No mesmo artigo de 2008, Silvia Hunold Lara informa que até aquele ano tinha conhecimento de sete versões diferentes da crônica:

  • O manuscrito de Évora, cuja letra é do século XVII;  
  • A cópia existente na Torre do Tombo, que também não pôde ser até agora localizada; 
  • Duas versões delas publicadas por Décio Freitas, que afirma transcrever cópias guardadas pelo Arquivo Histórico Ultramarino e pela Biblioteca Nacional de Lisboa que, apesar de vários esforços e tentativas, não foram localizadas nesses arquivos; 
  • A cópia (do século XIX) da Biblioteca Nacional; 
  • A versão publicada pelo conselheiro Drummond em 1859; 
  • A versão recriada por Pedro Paulino da Fonseca, publicada em 1879.

Em correspondência oficial com o Arquivo de Évora, recebi e-mail do instituto, assinado por João Mora, responsável pelo serviço de reservados, explicando ser muito difícil em 200 anos saber com exatidão quem teve acesso ao manuscrito. Apesar disso, enviou uma relação de nomes de 14 pessoas que assinaram um “códice” para pesquisas no arquivo, mas sem poder afirmar se elas tinham, ou não, interesse na crônica histórica. 

Évora também informou que o instituto não tem certeza sobre o autor do manuscrito, sequer sobre a proveniência antes da chegada ao arquivo. A biblioteca confidenciou inclusive estar muito interessada no conteúdo do trabalho que estava me propondo a fazer sobre o documento. 

Ao longo desses meses voltado para um estudo dos originais dos manuscritos, veio a público o lançamento, em 2022, do livro Guerra contra Palmares – o manuscrito de 1678 – da já citada historiadora Silvia Hunold Lara em parceria com o filólogo Phablo Roberto Marchis, ambos pesquisadores das Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Até então, tanto a versão de Évora quanto a da Torre do Tombo permaneciam inéditas no Brasil. 

Na obra, os autores atribuem a autoria do manuscrito que renomeiam como “Relação da ruína dos Palmares” a Antônio da Silva, vigário da matriz do Recife de 1658 a 1697. A publicação conta também com 14 documentos inéditos sobre a história dos mocambos palmarinos, produzidos entre 1671 e 1691 em Pernambuco e Lisboa.

O manuscrito teve por propósito ser um panfleto para ressaltar os feitos militares de Fernão de Carrilho na gestão do governador Pedro de Almeida contra os palmarinos, muitas das vezes descritos como bárbaros. São classificados como inimigos soberbos responsáveis por danos consideráveis a fazendas e povoados da capitania.

Este era o estado em que achou o Palmares D. Pedro de Almeida, quando tomou posse do Governo destas Capitanias de Pernambuco, e com os clamores do perigo e a queixa da insolência dos negros era geralmente lamentada de todos os moradores, logo tratou de acudir ao remédio daqueles povos, e de conquistar a soberba daqueles inimigos.

Apesar dessas intenções de valorizar os militares e o governador em detrimento dos palmarinos, na narrativa sobressai o oposto por intermédio da leitura do manuscrito. Os detalhes sobre a organização política, a farta produção agrícola, as manufaturas de todo tipo como peças de vestuário e as tantas edificações encontradas nos mocambos protagonizam o texto, apesar do objeto ser o inverso. 

São grandemente trabalhadores, singularmente prevenidos. Plantam todos os legumes da terra, de cujos frutos reservam celeiros para o tempo das guerras e do inverno.  O seu principal sustento é o milho grosso. Dele fazem várias iguarias. As caças os ajudam muito porque são aqueles matos delas abundantes.

É instigante recorrer a essa altura aos conceitos de Jacques Derrida expressos na obra Mal de arquivo – uma impressão Freudiana (2001). Nesse texto, o filósofo discorre sobre o poder político e o direito de fazer representar a lei pela prática de se decidir o que se depositar no lugar da casa oficinal ou funcional destinada a preservar a memória conveniente ao escrutínio das autoridades que ele chama de arcontes. 

Derrida disserta que esses arcontes eram responsáveis pela segurança física do depósito e do suporte. Cabia também a eles o direito e a competência hermenêutica, pois tinham o poder de interpretar os arquivos. Foi assim, nesta domiciliação, nesta obtenção consensual de domicílio, que os arquivos nasceram, escreve Derrida. 

Metaforicamente, os “arcontes”, no caso do manuscrito sobre Palmares, nos legaram informações que a guisa dos interesses da atualidade se prestam a uma interpretação no sentido totalmente oposto do ideário que propiciou a escrita e a preservação dessa crônica histórica. 

Recorro ainda a outro ícone da historiografia para grassar a relevância do manuscrito. Nesse caso, as ideias de Carlos Ginzburg, reconhecido como um dos pioneiros do estudo da micro-história. Essa vertente é considerada uma das mais importantes correntes do século 20. Pode ser caracterizada como método em que o pesquisador prioriza a “microanálise” de elementos do passado histórico em nível de escala reduzido, tendo como alvo aspectos culturais, econômicos e sociais.

No clássico sobre micro-história mitos, emblemas, sinais: Morfologia e História (1990), Ginzburg se vale de um estudo do método do crítico de arte italiano Giovanni Morelli, que escreveu uma série de artigos sobre pintura entre os anos de 1874 e 1876 para se reportar e afirmar que no século 19 emergiu nas ciências humanas um modelo epistemológico (paradigma). 

O método de Morelli, de acordo com Ginzburg, consistia em distinguir os originais das cópias sem se basear, como normalmente se faz, em características mais vistosas, portanto, mais facilmente imitáveis, dos quadros. Pelo contrário, examinar os pormenores mais negligenciáveis, e menos influenciados pelas características da escola a que o pintor pertencia: os lóbulos das orelhas, as unhas, as formas dos dedos das mãos e dos pés. 

Num dos tomos de seu estudo, Ginzburg remete a uma analogia a respeito da missão de se fazer história com as habilidades que o ser humano exerceu por milênios enquanto caçador. 

Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu a reconstruir as formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama, ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pêlos, plumas emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a fazer operações mentais complexas com rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas.

Logo a intenção de Ginzburg com a nova epistemologia, o paradigma indiciário, é de um método interpretativo centrado sobre os resíduos, sobre os dados margais, considerados reveladores. Desse modo, pormenores normalmente considerados sem importância, ou até triviais, baixos, forneciam a chave para aceder aos produtos mais elevados do espírito humano.

Uma das máximas que podem ser utilizadas para interpretarmos ao que quer chegar Ginzburg com o paradigma está contida na afirmação dele próprio sobre o conhecimento histórico ser indireto, indiciário e conjetural. Daí retornarmos ao tema do manuscrito, pois o documento se presta a nos fornecer uma visão de Palmares e seus habitantes na medida em que analisamos o conteúdo pelas pistas que o texto nos oferta. 

O manuscrito é uma fonte para reconhecermos a complexidade, a influência e o grau civilizatório que os invasores encontravam a cada investida nos mocambos que compuseram Palmares. Os habitantes dos mocambos não nos deixaram testemunhos escritos das suas experiências quotidianas, dos projetos que certamente esboçaram e dos esforços, martírios e privações a que tiveram que se submeter. 

Décio Freitas autor de Palmares: A Guerra dos Escravos, obra que se tornou referência no tema, na oportunidade de uma série de entrevistas de cunho histórico feitas pela Folha de São Paulo em 2000, respondeu a jornalista Marilene Felinto. 

Folha - O sr. acha possível encontrar, por meio da arqueologia, resquícios do quilombo?
Freitas - Eu não tenho muita fé nisso, porque Palmares era um tipo de sociedade muito precária, em termos materiais. Eles usaram pedras nas fortificações do Macaco, mas o restante eram mocambos de madeira. Então, eu não vejo possibilidade de novas descobertas por meio de escavações.

Em 2019, como servidor da Fundação Cultural Palmares, visitei a Serra da Barriga, onde se celebra anualmente a memória daqueles homens e mulheres resistentes ao jugo colonial. Contrasta a imagem que se tem hoje da região, na maior parte coberta por florestas em comparação com as descrições da pujança, complexidade e organização que os mocambos tiveram no século 17, pois praticamente não restam vestígios do que ocorreu ali. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares em Alagoas é ícone para compreendermos como pode se retirar materialmente da memória uma presença tão importante e marcante, naquele caso por meio de uma violência armada. 

Por todas essas razões, as versões dos manuscritos sob a guarda dos arquivos de Évora e da Torre do Tombo permanecem como preciosas informações sobre uma das mais destacadas resistências ao sistema escravista no Brasil, reconhecidamente, que Palmares ameaçou, enfrentou e infelizmente acabou por ser vítima da perseguição e fúria da metrópole e da colônia no século 17. 

Aliás, ao longo desse estudo, pude ter acesso a vários outros documentos inéditos que têm a ver com Palmares e outros momentos desse passado, que espero em futuro não muito distante dar conhecimento público por meio de outros trabalhos. A bem da verdade, um variado conjunto de preciosidades semelhantes aguardam por pesquisadores em arquivos europeus, brasileiros e africanos sobre a história da diáspora negra. 

Sobre o autor

* Sionei Ricardo Leão é jornalista e autor de Kamba’Race – Afrodescendências no Exército Brasileiro (2021), publicado pela editora da Fundação Astrojildo Pereira (FAP). 


Pelé faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos | Foto: TV Foco

Revista online | Nunca houve ninguém como Pelé

Henrique Brandão, jornalista e escritor*, especial para a revista Política Democrática online (50ª edição: dezembro/2022)

O dia 29 de dezembro começou todo voltado para o anúncio dos novos ministros que vão compor o governo Lula. Aí chegou a notícia de que Pelé havia morrido. Mesmo sabendo-se há dias de seu estado de saúde precário, do câncer irreversível, da morte iminente, a comoção tomou conta do Brasil e se espalhou pelo mundo na velocidade instantânea das redes sociais.

Nada mais natural, dada a dimensão gigantesca da figura que foi Pelé. Para se ter uma ideia do tamanho do mito, 183 jornais mundo afora trouxeram Pelé na capa de suas edições do dia 30 de dezembro. 

O prestígio imensurável de sua persona foi construído em uma carreira futebolística que começa profissionalmente em 1956, no Santos, e termina em 1977, no Cosmos de Nova York. Foram 21 anos encantando o mundo com jogadas geniais e gols maravilhosos (1.282 no total), marcados de diversas maneiras: de falta, de cabeça, com a perna esquerda, com a direita, de bicicleta, de voleio – fora os dribles desconcertantes que aplicava nos adversários – às vezes mais de um – antes de mandar a bola para o barbante. 

O mundo, estarrecido, submeteu-se ao Rei. Foi uma conquista que se deu não na ponta das baionetas, mas no bico das chuteiras mágicas que calçaram os pés de um garoto nascido em Três Corações, no sul de Minas Gerais, em 1940, filho de dona Celeste e de João Ramos do Nascimento, o Dondinho, jogador de futebol que levava o filho Edson Arantes do Nascimento para acompanhar os treinos. O apelido Pelé veio dessa época, uma corruptela do nome do goleiro do time de seu pai, chamado Bilé, que o garoto Edson insistia em chamar de Pilé. A chacota com o guri acabou gerando o apelido que virou sinônimo de fina realeza.

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Mesmo altas autoridades políticas mundiais, ou personagens que fizeram parte da história nos séculos XX e XXI, se curvaram ao prestígio da majestade negra, nascida pobre, apenas cinco décadas depois do fim da escravidão, em um país marcado pelo racismo e pela extrema desigualdade social.  

 “Eu sou Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos. Mas você não precisa se apresentar, porque Pelé todo mundo sabe quem é", sentenciou Reagan (1911-2004), presidente dos EUA de 1981 a 1989. Andy Wharhol (1928-1987), quando encontrou Pelé em 1978, teve que rever sua profecia: "Você é a única celebridade que, em vez de durar 15 minutos, durará 15 séculos". Pier Paolo Pasolini (1922-1975), cineasta italiano, autor de O Evangelho Segundo São Mateus (1964), disse: "No momento em que a bola chega aos pés de Pelé, o futebol se transforma em poesia".

Seus colegas de profissão corroboraram o que os pobres mortais adoradores do velho esporte bretão já sabiam. Pelé paira, soberano, acima dos demais. O técnico argentino Cesar Luiz Menotti não deixa dúvidas sobre o seu lugar no panteão das glórias esportivas: "Maradona só seria um novo Pelé se ganhasse três Copas do Mundo e marcasse mais de mil gols". Da mesma forma, o craque da seleção húngara de 1954, Ferenk Puskas (1927-2006), decretou: "O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo". Johan Cruyff, jogador e técnico holandês, foi na mesma toada"Posso ser um novo Di Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica". Sigge Parling (1930-2016), zagueiro sueco que jogou a final da Copa de 58, quando Pelé despontou para o mundo fazendo dois gols na vitória da seleção brasileira por 5 a 2, reconheceu o talento do jovem adversário: "Após o quinto gol, eu queria era aplaudí-lo".

A crônica esportiva tupiniquim, acostumada a vê-lo em ação, sempre teceu loas ao Rei. Armando Nogueira (1927-2010), cronista de mão cheia, afirmou: "Pelé certamente teria nascido bola, se não tivesse nascido gente". Nelson Rodrigues (1912-1980), outro observador perspicaz do futebol e da alma humana, foi contundente sobre sua habilidade em livrar-se dos oponentes:  "Quando ele apanha a bola e dribla um adversário é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento". João Saldanha (1917-1990), com quem Pelé teve rusgas em 1969, quando Saldanha era o técnico da seleção brasileira que viria a ser campeã em 1970, concorda que, dentro das quatro linhas, não tinha outro igual a ele: "Dentro de campo, Pelé foi um gênio, o maior que conheci. Fora do campo, é um homem comum".

Essa diferença entre o “Rei dos Gramados” e o homem comum Edson Arantes do Nascimento foi alimentada pelo próprio Pelé, que se referia a si na terceira pessoa. Se os feitos em campo são magistrais, o “mortal” Edson teve altos e baixos na vida. Nos negócios, ganhou muito dinheiro, mas perdeu muito também, por escolhas erradas de investimentos e dos eventuais sócios. Na vida privada, teve três casamentos, sete filhos, sendo que dois deles de relacionamentos extraconjugais. A filha Sandra Regina somente foi reconhecida após exames de DNA e por determinação da Justiça. Com ela, Pelé – Edson, no caso – nunca teve uma relação boa. Sandra morreu de câncer, aos 42 anos, sem estabelecer qualquer relação de afeto com ele, que sequer foi ao enterro da filha.

Na política, que nunca foi o seu forte, Pelé sofreu críticas por ter se deixado usar pela ditadura militar, que explorou a conquista da Copa de 1970. Maradona, em 1997, não o perdoou por ter participado dos esquemas da FIFA: “Pelé é um escravo. Vendeu seu coração para a FIFA. Depois, quando a FIFA o chuta, ele quer amizade conosco, os jogadores”, afirmou. 

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No entanto, teve o mérito de, quando ministro dos Esportes do governo FHC, ter abolido a lei do passe, antigo instrumento que dava aos clubes o direito sobre os jogadores, mesmo que o contrato entre as partes estivesse sido encerrado. A Lei Pelé, como ficou conhecida, é um marco na profissionalização do jogador de futebol.

É evidente que, na comparação entre o Edson de carne e osso e o ídolo Pelé, o Rei do Futebol se impõe, pela forte simbologia que representa sua trajetória: um jogador negro, de origem humilde, nascido em um país periférico, que, graças ao seu talento, consegue em poucos anos conquistar o mundo para se tornar a pessoa mais conhecida do planeta. 

As manifestações de carinho e as condolências que chegam de todas as partes não deixam dúvida: Pelé é insubstituível.

Sobre o autor

*Henrique Brandão é jornalista e escritor.

** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de dezembro/2022 (50ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na Revista Política Democrática Online são de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, as opiniões da Revista.

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Imagem: Rui Palha

O ano em que vencemos o fascismo

Outras palavras*

Toda virada de ano evoca esperanças, mas desta vez elas parecem mais palpáveis – e ao mesmo tempo mais incertas. Em uma semana, terminará o longo desconsolo, durante o qual toda ação transformadora parecia impossível e sabíamos que o pior estava ainda por vir. As janelas para um futuro melhor estarão abertas novamente. Mas os que viveram o fim da ditadura pós-64 sabem que a sensação é distinta. Nossas certezas sobre o país e o mundo são mais frágeis. Os riscos políticos e ambientais, maiores. Há enorme alívio e discreta confiança – mas não euforia. Talvez isso nos valha.

O que chamamos de presente, provoca Boaventura Santos num texto recente, “é apenas o momento de interface entre a memória do que fomos e a antecipação do que vamos ser”. Nossa Retrospectiva tem certa sintonia com este pensamento. No tênue intervalo de fim de ano, convidamos a ver, nos acontecimentos deste 2022 que termina, pistas para conhecer – e especialmente agir sobre – o que virá. O fulcro de nossa atenção, como de costume, é o Brasil. É uma satisfação notar que, após muitos anos de mera ação de resistência, surgem esforços para pensar a reconstrução do país, em novas bases. Parte dos textos que selecionamos expressa esta emergência. Ela se manifesta em torno de aspectos muito distintos da vida nacional: direito às cidades, resgate da Petrobrás e do Pré-Sal, educação, produção simbólica, ambiente, soberania digital, reforma tributária, renacionalização da Vale e tantos outros, que fizemos questão de acompanhar ao longo do ano.

Alguns deles são examinados de detalhes. Outras Palavras mantém, e aprimorou em 2022, um projeto complementar: o site Outra Saúdeque publica boletins diários com análises e atualizações sobre a luta em favor do SUS. Os melhores textos estão aqui. Mas também damos destaque especial, na Retrospectiva, à transição agroecológica e à construção de cidades para todos.

Resgatar o Brasil será árduo e complexo. Um dos obstáculos é também tema de um dos capítulos da Retrospectiva: como encarar forças claramente antidemocráticas que agora apresentam-se com duas faces – uma ultraliberal, outra abertamente fascista. Ao longo do ano, o pensamento político deu passos importantes para decifrar este enigma. Um dos insights mais instigantes é o de Bifo Berardi. Segundo ele, temos hoje um “gerontofascismo” – agora incapaz de sustentar um projeto nacional (basta ver como Bolsonaro empenhou-se em destruir as estruturas do Estado), mas igualmente ameaçador para as lutas populares.

A referência ao “gerontofascismo” remete ao cenário internacional. Em 1984, quando caiu a ditadura militar-empresarial no Brasil, dois grandes elementos o marcavam. De um lado, um “bloco socialista” que parecia sólido; de outro, “democracias ocidentais”. Estas empenhavam-se, é claro, em garantir as relações capitalistas; mas tinham compromisso com a preservação da democracia e das estruturas sociais necessárias à própria reprodução do sistema. Quatro décadas depois, o “socialismo real” dissolveu-se e o Ocidente está marcado pelo crescimento obsceno das desigualdades, pelo esvaziamento da política e pela incapacidade de enfrentar ameaças como as catástrofes climáticas e suas consequências sociais devastadoras.

Nossa Retrospectiva sugere textos para compreender os aspectos centrais desta conjuntura: crise do neoliberalismo e ameaça de novas tempestades financeiras; desgaste acelerado do eurocentrismo e do que se denominava “nova ordem internacional”; multiplicação das lutas decoloniais, em esfera global (vide a emergência da China) e no interior das sociedades (desgaste do patriarcado e do supremacismo branco); erosão do mundo do trabalho, porém com surgimento embrionário de novos sujeitos sociais antissistema; cegueira dos governos diante do colapso climático.

Quais as alternativas? Desde que surgiu, há quase treze anos, Outras Palavras coloca-se o desafio de sondá-las. Nossos textos publicados em 2022, e destacados na Retrospectivaapontam que a construção teórica e política de lógicas pós-capitalistas continuou avançando. O debate é muito mais rico que a dicotomia Revolução x Reforma, típica dos séculos passados. Aos poucos, ganham terreno propostas como a materialização do Comum em serviços públicos de excelência; a possibilidade de os Estados emitirem dinheiro para satisfazer necessidades sociais e corrigir desigualdades; a Virada Socioambiental (“Green New Deal”), que articula as lutas ecológicas com a agenda social. Também avançam reflexões como a de nossos colaboradores Eleutério Prado (que busca aproximações entre marxismo e psicanálise) ou Ladislau Dowbor (que enxerga o ocaso do capitalismo e se preocupa em disputar o que virá depois).

capítulo da Retrospectiva dedicado ao debate acima articula-se com outro, sobre o Feminismo e seus novos enfrentamentos contra o patriarcado e o capital. Em tempos tão cheios de incertezas, é reconfortante constatar que parte de ativistas e teóricas feministas instigam reflexões cruciais sobre novas lógicas sociais.

O pesadelo acabou e o caos permanece ao nosso lado. Será possível superar a crise civilizatória de modo positivo – ou seja, estabelecendo lógicas sociais que tenham em seu centro os valores da igualdade e de uma nova relação entre o ser humano e a natureza? Parece difícil – mas é impossível responder sem agir. Há quatro décadas, quando caiu a ditadura, seus opositores estavam provavelmente muito mais seguros do futuro do que nós, agora. Sua autoconfiança era ilusória, porém – como ficaria evidente em seguida. Em 2023, Outras Palavras quer continuar oferecendo informações incomuns e análises surpreendentes. É nossa forma de contribuir para que emerjam, das nossas dúvidas, novas formas de transformar o mundo. Cada vez mais efetivas e certeiras, mas sempre provisórias e prontas a despertar outras questões – porque aprendemos que a História nunca tem fim.

Texto publicado originalmente em Outras palavras.


Lula anuncia composição de seu ministério / Crédito: José Cruz/Agência Brasil

Veja quem são os 37 ministros que farão parte do governo Lula

Jota*

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva começou a anunciar os nomes para os ministérios no dia 9 de dezembro: o ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad (Fazenda); o governador da Bahia, Rui Costa (Casa Civil); o ex-governador e senador eleito Flávio Dino (Justiça); o ex-ministro José Múcio Monteiro (Defesa); e o diplomata Mauro Vieira (Relações Exteriores).

Em pronunciamento no dia 22/12, Lula anunciou mais 16 nomes. Os anunciados para compor o ministério do governo Lula de 2023 foram: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Marcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência),  Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Nísia Trindade (Saúde),  Camilo Santana (Educação), Esther Dweck (Gestão), Márcio França (Portos e Aeroportos), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Cida Gonçalves (Mulher), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Margareth Menezes (Cultura), Luiz Marinho (Trabalho), Anielle Franco (Igualdade Racial), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) e Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União).

O plantel de ministros foi completo nesta quinta-feira (29/12), com os anúncios de: general Marco Edson Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), André de Paula (Pesca), Carlos Lupi (Previdência), Jader Filho (Cidades), Juscelino Filho (Comunicações), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Ana Moser (Esporte), Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), Daniela do Waguinho (Turismo), Sônia Guajajara (Povos Originários) e Renan Filho (Transportes).

Os ministros anunciados por Lula tomam posse também no dia 1º de janeiro, em cerimônia no Palácio do Planalto. O evento ocorre depois que o próprio Lula for empossado no Congresso Nacional.

Veja quem são todos os 37 ministros do governo Lula

Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional | Foto: Reprodução/Facebook
Marco Edson Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional | Foto: Reprodução/Gov-BA
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário | Foto: Reprodução/Facebook
Ana Moser, ministra do Esporte | Foto: Reprodução/Facebook
Renan Filho, ministro dos Transportes | Foto: Reprodução/Facebook
Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social | Foto: Reprodução/Facebook
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura | Foto: Reprodução/Facebook
Juscelino Filho, ministro das Comunicações | Foto: Reprodução/Facebook
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia | Foto: Reprodução/Facebook
Daniela do Waguinho, ministra do Turismo | Foto: Reprodução/Facebook
André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura | Foto: Reprodução/Facebook
Jader Filho, ministro das Cidades | Reprodução/Facebook
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente | Foto: Reprodução/Facebook
Simone Tebet, ministra do Planejamento | Foto: Reprodução/Facebook
Carlos Lupi, ministro da Previdência Social | Foto: Reprodução/Facebook
Sônia Guajajara, ministra dos Indígenas | Foto: Reprodução/Instagram
Nísia Trindade, ministra da Saúde | Foto: Reprodução/Facebook
Camilo Santana, ministro da Educação | Foto: Reprodução/Facebook
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais | Foto: Reprodução/Facebook
Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia | Foto: Reprodução/Facebook
Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência | Foto: Reprodução/Wikipédia,
Esther Dweck, ministra de Gestão | Foto: Divulgação
Cida Gonçalves, ministra da Mulher | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social | Foto: Reprodução/Facebook
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial | Foto: Reprodução/Facebook
Jorge Messias, advogado-geral da União | Foto: Divulgação
Vinicius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União | Foto: Reprodução/LinkedIn
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos | Foto: Reprodução/Facebook
Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos | Foto: Reprodução/Facebook
Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e Comércio | Foto: Reprodução/Facebook
Fernando Haddad, ministro da Fazenda | Foto: Reprodução/Facebook
Rui Costa, ministro da Casa Civil | Foto: Reprodução/Facebook
Flávio Dino, ministro da Justiça | Foto: Reprodução/Facebook
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa | Foto: Reprodução/Wikipédia
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores | Foto: Reprodução/Wikipédia
Margareth Menezes, ministra da Cultura | Foto: Reprodução/Estúdio Gato Louco
Luiz Marinho, ministro do Trabalho | Foto: Reprodução/Facebook
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Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional | Foto: Reprodução/Facebook
Marco Edson Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional | Foto: Reprodução/Gov-BA
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário  | Foto: Reprodução/Facebook
Ana Moser, ministra do Esporte | Foto: Reprodução/Facebook
Renan Filho, ministro dos Transportes | Foto: Reprodução/Facebook
Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social  | Foto: Reprodução/Facebook
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura | Foto: Reprodução/Facebook
Juscelino Filho, ministro das Comunicações | Foto: Reprodução/Facebook
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia | Foto: Reprodução/Facebook
Daniela do Waguinho, ministra do Turismo | Foto: Reprodução/Facebook
André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura | Foto: Reprodução/Facebook
Jader Filho, ministro das Cidades | Reprodução/Facebook
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente | Foto: Reprodução/Facebook
Simone Tebet, ministra do Planejamento | Foto: Reprodução/Facebook
Carlos Lupi, ministro da Previdência Social | Foto: Reprodução/Facebook
Sônia Guajajara, ministra dos Indígenas | Foto: Reprodução/Instagram
Nísia Trindade, ministra da Saúde | Foto: Reprodução/Facebook
Camilo Santana, ministro da Educação | Foto: Reprodução/Facebook
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais | Foto: Reprodução/Facebook
Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia | Foto: Reprodução/Facebook
Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência | Foto: Reprodução/Wikipédia,
Esther Dweck, ministra de Gestão | Foto: Divulgação
Cida Gonçalves, ministra da Mulher | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social | Foto: Reprodução/Facebook
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial | Foto: Reprodução/Facebook
Jorge Messias, advogado-geral da União | Foto: Divulgação
Vinicius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União | Foto: Reprodução/LinkedIn
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos | Foto: Reprodução/Facebook
Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos | Foto: Reprodução/Facebook
Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e Comércio | Foto: Reprodução/Facebook
Fernando Haddad, ministro da Fazenda | Foto: Reprodução/Facebook
Rui Costa, ministro da Casa Civil | Foto: Reprodução/Facebook
Flávio Dino, ministro da Justiça | Foto: Reprodução/Facebook
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa | Foto: Reprodução/Wikipédia
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores | Foto: Reprodução/Wikipédia
Margareth Menezes, ministra da Cultura | Foto: Reprodução/Estúdio Gato Louco
Luiz Marinho, ministro do Trabalho | Foto: Reprodução/Facebook
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Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional

Aliado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil), o governador do Amapá Waldez Góes (PDT) foi anunciado por Lula para ser o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional. Ele deverá deixar o PDT em breve e migrar para o União Brasil. Leia o perfil de Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional.

Marco Edson Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional

O general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias será o comandante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele chefiou a segurança da presidência primeiros oito anos que o petista ocupou o cargo. Veja o perfil de Gonçalves Dias, que comandará o GSI do governo Lula.

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Reeleito em outubro para cumprir seu quinto mandato consecutivo, Teixeira é reconhecido pelo bom trânsito na área jurídica. Ele é mais um petista a ser apontado como ministro. Leia o perfil de Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário.

Ana Moser, ministra do Esporte

Ana Moser foi escolhida pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para liderar o Ministério do Esporte a partir de 2023. Ponteira da geração que trouxe a primeira medalha olímpica do vôlei feminino ao Brasil, em 1996, ela se tornou empreendedora social ao deixar as quadras. Ela integrou o grupo de trabalho do Esporte na equipe de transição. Leia o perfil de Ana Moser, ministra do Esporte do governo Lula.

Renan Filho, ministro dos Transportes

O ex-governador de Alagoas e senador eleito Renan Filho (MDB) será o novo ministro dos Transportes do governo Lula (PT). O estado alagoano está no topo do ranking das melhores rodovias públicas do país. O futuro ministro dos Transportes de Lula é filho do senador Renan Calheiros. Leia o perfil de Renan Filho, ministro dos Transportes de Lula.

Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social

Jornalista de formação, Paulo Pimenta graduou-se pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde iniciou sua trajetória política. Em 1988, foi eleito vereador em Santa Maria, tendo sido reconduzido em 1992. Chegou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 1998 e, quatro anos depois, à Câmara dos Deputados. Foi reeleito em 2006, 2010, 2014, 2018 e 2022. Leia o perfil de Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social de Lula.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura

O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) é ligado ao agronégocio. No período de 2012 a 2014, por exemplo, foi presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT). O fato o credenciou para assumir o ministério da Agricultura. Leia o perfil de Carlos Fávaro, futuro ministro da Agricultura.

Juscelino Filho, ministro das Comunicações

José Juscelino dos Santos Rezende Filho nasceu em 1984 no município de São Luís (MA). Formou-se médico pelo Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma) e é vice-líder de seu partido na Câmara dos Deputados. Atualmente, está em seu segundo mandato e foi reeleito para o terceiro nas eleições de outubro com 142.419 votos. Leia o perfil de Juscelino Filho, futuro ministro das Comunicações de Lula.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia

O senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que participou da campanha eleitoral de Lula em Minas Gerais, será o novo ministro de Minas e Energia. Coordenador da equipe de transição na área de infraestrutura, Silveira também foi relator da PEC da Transição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.  Leia o perfil de Alexandre Silveira, futuro ministro de Minas e Energia.

Daniela do Waguinho, ministra do Turismo

Pedagoga, a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) foi indicada para o Ministério do Turismo. Ela é esposa do prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, importante cabo eleitoral de Lula na Baixada Fluminense. Leia o perfil de Daniela do Waguinho.

André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura

André de Paula (PSD-PE) é deputado federal pelo estado de Pernambuco e está atualmente em seu sexto mandato. No PSD, ele exerce a função de presidente regional pelo estado em que foi eleito, e é o 2° vice-presidente da Câmara dos Deputados. Além de sua carreira política, André possui formação em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Leia o perfil de André de Paula, futuro ministro da Pesca.

Jader Filho, ministro das Cidades

O próximo ministro das Cidades será o filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA) e irmão mais velho do governador reeleito Helder Barbalho (MDB), Jader Filho. Ele é empresário do setor de comunicação e preside atualmente o diretório do MDB no Pará. Leia o perfil de Jader Filho.

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente

A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) será novamente ministra do Meio Ambiente (MMA), levando seu prestígio nacional e internacional na área para o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu zerar o desmatamento da Amazônia e dar um novo impulso à agenda climática. Leia o perfil de Marina Silva.

Simone Tebet, ministra do Planejamento

A futura ministra do Planejamento é advogada e professora. Nascida em Três Lagoas (MS), formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve o título de mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi uma aliada importante durante o segundo turno e um símbolo da frente ampla que congregou críticos ao PT para impedir a reeleição de Jair Bolsonaro. Veja o perfil de Simone Tebet.

Carlos Lupi, ministro da Previdência Social

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, foi o escolhido para comandar o Ministério da Previdência. Carlos Roberto Lupi já foi ministro de Lula. Em seu segundo mandato presidencial, o político assumiu o Ministério do Trabalho e Emprego, cargo que exerceu até 2011, durante o mandato de Dilma Rousseff (PT), quando foi acusado de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro por meios de contratos com ONGs. Leia o perfil de Carlos Lupi.

Sônia Guajajara, ministra dos Povos Originários

Primeira deputada federal indígena eleita pelo estado de São Paulo, a ativista Sônia Guajajara foi escolhida pelo presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a pasta do Ministério dos Povos Indígenas, pasta que será criada pelo novo governo. Guajajara será a primeira indígena a ocupar um ministério. Veja o perfil de Sônia Guajajara.

Nísia Trindade, ministra da Saúde

Primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e condecorada pela atuação durante a pandemia de Covid-19. É a primeira mulher a presidir o Ministério da Saúde no Brasil. Veja o perfil de Nísia Trindade.

Camilo Santana, ministro da Educação

Ex-governador do Ceará e senador eleito, ele desbanca a até então mais cotada Izolda Cela, vice na chapa dele e atual governadora. Santana, que já havia cumprido dois mandatos, atuou como articulador da candidatura de Elmano de Freitas (PT), eleito para o governo cearense nestas eleições. Também apoiou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado, mesmo tendo longa aliança com a família de Ciro Gomes (PDT).  Leia o perfil de Camilo Santana.

Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais

Atualmente deputado federal, ele foi ministro da SRI entre 2009 e 2010, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrava seu segundo mandato. Ele já trabalhava no ministério há mais tempo: começou como chefe de gabinete até galgar a chefia pasta, como o mais jovem ministro do governo, aos 38 anos. Também foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff. Leia o perfil de Alexandre Padilha. 

Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia

Vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do partido. Ela será a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar a posição de forma permanente. A engenheira foi eleita deputada federal por dois mandatos, e ocupou o cargo entre 2011 e 2019. Integrou comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Desenvolvimento Urbano e de Cultura. Veja o perfil de Luciana Santos. 

Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência

Deputado federal em fim de mandato, tem 52 anos e vai comandar um ministério importante pela proximidade com o chefe do Executivo federal. O indicado despacha dentro do Palácio do Planalto e influencia, por exemplo, na agenda do presidente. Na função, é preciso ter boa interlocução com a sociedade civil e os partidos da base, com o objetivo de dialogar e diminuir eventuais tensões. Leia o perfil de Márcio Macêdo. 

Esther Dweck, ministra de Gestão

Foi secretária do Orçamento Federal no governo de Dilma Rousseff (PT). Integrou a coordenação do grupo técnico de Planejamento, Orçamento e Gestão na transição de governo. Ela é professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisas focadas em economia do setor público, regime fiscal e participação do Estado e crescimento e desenvolvimento econômico. Leia o Perfil de Esther Dweck.

Cida Gonçalves, ministra da Mulher

Foi secretária de enfrentamento à violência contra a mulher durante o governo de Dilma Rousseff (PT), mesma função que desempenhou no governo Lula. Leia o perfil de Cida Gonçalves. 

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social

Dias foi governador do Piauí duas vezes, totalizando quatro mandatos – primeiro entre 2003 e 2010, depois novamente entre 2014 e 2022. Na última eleição, foi eleito senador, cargo que já havia ocupado no intervalo entre seus governos estaduais. Leia o perfil de Wellington Dias.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial

Jornalista e ativista feminista e antirracista, ela cofundou o Instituto Marielle Franco após o homicídio da irmã, então vereadora no Rio de Janeiro, em 2018. Hoje, ela é diretora do Instituto. Leia o perfil de Anielle Franco.

Jorge Messias, advogado-geral da União

Atualmente procurador da Fazenda Nacional, órgão do qual é funcionário de carreira, foi o nome mais sugerido para ocupar a posição por procuradores da Fazenda e advogados da União, por meio do Fórum Nacional da Advocacia Pública Federal. Leia o perfil de Jorge Messias.

Vinicius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União

Durante o governo de Dilma Rousseff, Carvalho esteve à frente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Entrou no órgão em 2008 como conselheiro. Por cerca de um ano, antes de liderar o órgão antitruste, ocupou a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, na gestão de José Eduardo Cardozo. Leia o perfil de Vinicius de Carvalho.

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos

Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.  É especialista em direitos humanos e relações raciais. Atualmente, desenvolve estudos em áreas como racismo estrutural, compliance e práticas antidiscriminatórias. Nesse tema, ele publicou o livro “Racismo Estrutural”, em 2019. Leia o perfil de Silvio Almeida.

Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos

França foi governador de São Paulo quando Geraldo Alckmin (PSB) deixou o posto para concorrer à Presidência nas eleições de 2018. Ao tentar se eleger para continuar no Palácio dos Bandeirantes, foi derrotado no segundo turno por João Doria (PSDB). Tentou se eleger senador este ano, mas perdeu a disputa para Marcos Pontes (PL). Leia o perfil de Márcio França.

Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e Comércio

A vaga foi, originalmente, oferecida a Josué Alencar, filho de José Alencar, vice de Lula durante os dois mandatos. Diante da recusa, o ex-governador de São Paulo foi o escolhido. Alckmin disputou duas vezes a Presidência da República pelo PSDB, mudou para o PSB recentemente e compôs a chapa presidencial com Lula.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ex-prefeito de São Paulo, tem fama de pragmático e é admirador de Galbraith. É visto como alguém que coloca a lealdade ao chefe acima dos seus projetos pessoais. Veja o perfil completo de Haddad. 

Rui Costa, ministro da Casa Civil

Filiado ao PT e economista formado pela Universidade Federal da Bahia, é governador da Bahia, eleito em 2014 e reeleito em 2018.  Começou a trajetória política no movimento sindical ainda na década de 1980. Foi vereador de 2000 a 2007. Também foi eleito deputado federal em 2010, mas licenciou-se para assumir o cargo de Secretário da Casa Civil da Bahia, a partir de 5 de janeiro de 2012. É próximo de Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, e foi como secretário do amigo que ganhou maior notoriedade. Veja o perfil completo de Rui Costa. 

Flávio Dino, ministro da Justiça

Ex-governador do Maranhão e senador eleito no pleito deste ano, era um dos coordenadores do grupo técnico que discute Justiça e Segurança Pública. Defendeu a revogação de decretos do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizaram o acesso a armas e também uma atuação mais restrita da Polícia Rodoviária Federal. Na entrevista em que anunciou Dino, Lula disse que o indicado tem a missão de consertar o funcionamento da Pasta da Justiça, numa referência ao que ocorreu durante a gestão no governo Bolsonaro. Veja o perfil de Flávio Dino.

José Múcio Monteiro, ministro da Defesa

Tem uma extensa carreira na vida pública. Foi deputado federal por quase duas décadas, integrou a equipe do segundo governo de Lula e presidiu o Tribunal de Contas da União (TCU). Era um dos principais cotados para a Defesa em razão de seu perfil articulador e do bom trânsito nas Forças Armadas. Veja o perfil de José Múcio Monteiro.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Um dos mais experientes diplomatas em atuação, com mais de 40 anos de carreira na área, foi chanceler no governo de Dilma Rousseff, de 2015 a 2016. Depois, foi representante do Brasil do Brasil junto às Nações Unidas. Antes foi embaixador nos Estados Unidos (2010 – 2015) e na Argentina (2004 – 2010). É um dos diplomatas mais próximos do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, conselheiro de Lula para assuntos internacionais. Veja o perfil de Mauro Vieira.

Margareth Menezes, ministra da Cultura

Já fazia parte da equipe de transição da cultura do governo Lula. A cantora nasceu em Boa Viagem, região de Salvador, em 13 de outubro de 1962. Filha de uma costureira e de um motorista, é a mais velha de cinco irmãos. Conquistou dois troféus Caymmi, quatro troféus Dodô e Osmar e foi indicada ao Grammy Awards e ao Grammy Latino. Veja o perfil de Margareth Menezes. 

Luiz Marinho, ministro do Trabalho

Ele esteve à frente do Ministério ainda no primeiro governo de Lula, entre 2005 e 2007, quando então migrou para a Previdência. Marinho é ex-prefeito de São Bernardo do Campo e foi presidente do sindicato dos metalúrgicos da região do ABC na década de 1990 e início dos anos 2000. Veja o perfil de Luiz Marinho.

Texto publicado no portal Jota.