Lobby das armas quer ganhar rótulo de "sustentável"
Kristie Pladson / DW Brasil
Há apenas alguns meses, muitas pessoas ainda acreditavam que nunca testemunhariam uma guerra no continente europeu em sua vida. Agora, cerca de 30 anos após o fim da Guerra Fria, a chance de a Rússia implantar armas nucleares na Ucrânia "não é zero", disse um estrategista nuclear ao New York Times este mês.
Mas a guerra da Rússia contra a Ucrânia também está mudando a conversa em torno de armas convencionais. As empresas de defesa têm visto seus financiamentos diminuírem nos últimos anos, devido às controvérsias em torno da indústria de armamentos. Tanto o varejo quanto os investidores institucionais preferido cada vez mais investimentos que levam em conta critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG), juntamente com o retorno financeiro.
A Comissão Europeia quer apoiar esta tendência com sua taxonomia social, que integra o Pacto Ecológico Europeu, o "Green Deal". Esta regulamentação, atualmente em desenvolvimento e provavelmente ainda a anos de sua implementação, definirá quais atividades econômicas são consideradas "verdes" e que receberão financiamento especial da União Europeia (UE).
Muitas estruturas ESG, embora não todas, utilizadas pelos fundos de investimento sustentável excluem empresas da indústria aeroespacial e de defesa, por causa de seu papel na produção de armas.
Mas a guerra na Ucrânia lançou uma nova luz sobre a indústria de armamentos. Como os governos procuram apoiar a Ucrânia sem se envolver diretamente com a Rússia, as armas de última geração tornaram-se uma das formas mais fortes de as potências militares sinalizarem este apoio. Em uma mudança radical de política, o governo alemão prometeu enviar 1.500 mísseis antitanque e antiaéreos para a Ucrânia.
Braços abertos para fabricantes de armas
O conflito no continente também levou os governos europeus a repensarem as próprias forças de defesa. Após anos de resistência à pressão americana, no mês passado a Alemanha disse que aumentaria seus gastos militares para 100 bilhões de euros em 2022, mais que o dobro do que gastou no ano passado.
"Temos que investir mais na segurança de nosso país para proteger nossa liberdade e democracia", disse o chanceler federal alemão, Olaf Scholz. na ocasião.
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Fazer download do arquivo: blob:https://www.dw.com/40670d57-8288-4121-91fd-eab324bc6b67O lobby do armamento e algumas instituições financeiras estão aproveitando o momento para argumentar que as empresas de defesa devem ser incluídas nas estruturas da ESG.
A contribuição dos fabricantes de armas para "defender os valores das democracias liberais e criar um dissuasor que preserve a paz e a estabilidade global" é um pré-requisito para tratar de outras questões sociais, argumentaram dois analistas do banco de investimento americano Citi em uma série de notas recentes.
O banco sueco SEB já ajustou uma política de sustentabilidade totalmente nova para permitir que seus fundos invistam no setor de defesa.
Mas o peixe graúdo que a indústria tem em vista é a taxonomia da UE, que a Comissão Europeia pretende que seja o "padrão ouro" que orienta o dinheiro público e privado para projetos sustentáveis.
"A invasão da Ucrânia mostra como é importante ter uma forte defesa nacional", disse à Bloomberg Hans Christoph Atzpodien, chefe do BDSV, um grupo de lobby da indústria de defesa alemã. "Apelo à UE para que reconheça a indústria de defesa como uma contribuição positiva para a 'sustentabilidade social' sob a taxonomia da ESG".
Mas muitas pessoas envolvidas com finanças sustentáveis recusam esse argumento.
O rol de críticas
"É absurdo dizer que as armas são sustentáveis", diz Christian Klein, professor de finanças sustentáveis na Universidade de Kassel, na Alemanha. "É como dizer que batatas fritas são sustentáveis porque são gostosas."
"As indústrias sustentáveis nos ajudam a nos tornar independentes de regimes totalitários", afirma Andrew Murphy, diretor da Murphy&Spitz, uma empresa de gestão de ativos sustentáveis ativa na Alemanha desde os anos 1980. Ele aponta para medidas como expandir o uso de energias renováveis e melhorar o transporte público.
"Isto é o que precisa ser promovido", afirma ele à DW. "Não a indústria de armas, não armas que matam pessoas inocentes, destroem moradias e − nas mãos erradas − permitem guerras de agressão por governantes famintos de poder".
"Se a Europa tivesse considerado as questões sustentáveis de forma muito mais consistente, não teríamos acabado na terrível situação que enfrentamos hoje", acrescenta. " O fracasso em se concentrar na forma de energia mais econômica e ecologicamente viável, a energia eólica e solar, foi o que em primeiro lugar permitiu a Putin travar guerras de agressão".
Algo entre o verde e o marrom
Klein está aberto para discutir se as empresas de defesa caem em uma zona cinza sob o aspecto ético, semelhante a onde se encontram atualmente a energia nuclear e a indústria de combustíveis fósseis.
"As pessoas frequentemente acham que o que não é sustentável é o oposto de sustentável", disse Klein. "Significa que o que não é verde é marrom. Isso é errado".
É este mal-entendido que deixa empresas frustradas com a perspectiva de serem deixadas de fora da taxonomia da UE. "Isso porque não tem nada a ver com a mudança climática", explica Klein à DW.
"No final das contas, a taxonomia trata de melhores condições de financiamento para atividades ou empresas sustentáveis", diz. "E eu realmente não entendo por que a indústria de armas deveria ter melhores condições de financiamento."
Fonte: DW Brasil
https://www.dw.com/pt-br/em-meio-%C3%A0-guerra-da-ucr%C3%A2nia-lobby-das-armas-quer-r%C3%B3tulo-de-sustent%C3%A1vel/a-61264064
Lei das fake news pode blindar 750 mil políticos e instituições
Patrícia Campos Mello / Folha de S. Paulo
Ao menos 750 mil perfis de instituições e políticos, do presidente da República até vereadores, poderão contestar na Justiça as plataformas de internet e pedir restabelecimento célere de contas ou posts que violem regras caso a lei das fake news seja aprovada conforme a proposta atual.
Se prevalecer a última versão do projeto de lei 2.630, apresentada na quarta-feira (24) pelo relator, o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), o tratamento especial será estendido para todas as contas que esses políticos mantiverem no Facebook, TikTok, Twitter, YouTube e Instagram e forem usadas para manifestações oficiais do cargo.
Ou seja, se um secretário municipal tiver dez perfis identificados no Instagram, os outros podem ter direito à mesma blindagem —por exemplo, ao violarem regras como a proibição de incitação à violência e ameaças ao sistema eleitoral.
Além disso, o texto prevê que a imunidade parlamentar se estenderá ao conteúdo veiculado por legisladores nas plataformas de internet.
Segundo Orlando, a legislação prevê a via rápida judicial, mas também cria obrigações importantes para todas essas contas de interesse público —que ficam impedidas de bloquear outras contas e de fazer monetização de seus perfis e precisam se submeter aos princípios da administração pública.
"Quem ler o texto verá que o objetivo é o contrário. Nós estabelecemos deveres que devem ser cumpridos pelas contas de interesse público. A lei não é para proteger deputado. Ela apenas dá celeridade a decisões judiciais, pois são contas que, em tese, são de interesse público", diz.
O deputado vai encaminhar o relatório para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira (29). Lira tem dito a interlocutores que quer votar a urgência da tramitação e o projeto na sequência.
O artigo que estabelece a proteção extra para contas de interesse público tem apoio tanto de governistas quanto de parlamentares da oposição.
Ele surgiu de vários projetos de lei de deputados bolsonaristas que foram apensados ao projeto 2.630 e cujo objetivo principal era proteger políticos do "efeito Trump".
O ex-presidente dos EUA Donald Trump foi banido do Twitter, Facebook, Instagram e YouTube na esteira da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, acusado de usar as redes sociais para incitar a violência ou atacar a integridade cívica.
Defensores da blindagem afirmam que se trata de uma maneira de impedir as plataformas de internet de terem poder excessivo sobre contas de interesse público, que não teriam maneiras de recorrer de decisões arbitrárias.








Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, critica a extensão da imunidade parlamentar para as redes sociais.
"Não se trata de uma mera repetição do que já está na Constituição. Abre margem para uma interpretação do Judiciário de que as plataformas são obrigadas a manter conteúdo de parlamentares, de que esse conteúdo é imune em relação às regras privadas da plataforma", diz.
"E nós sabemos que muitas vezes os parlamentares fazem publicações problemáticas nas redes sociais, que causam danos na vida real, incitam a violência."
No entanto, Cruz diz que a via rápida judicial para as contas de interesse público, ao contrário da imunidade parlamentar, é uma medida adequada.
"É uma solução inteligente pois, às vezes, as plataformas abusam de seu poder ao remover uma conta de interesse público que está sendo usada de maneira legítima."
O advogado Diogo Rais, cofundador do Instituto Liberdade Digital, afirma que o intuito de fazer contas de interesse público cumprirem os preceitos da administração pública é louvável, mas o custo será alto.
"O artigo 22 [do projeto de lei] elenca uma quantidade muito grande de pessoas, e algumas que ocupam cargos muito transitoriamente. Como apertar esse botão de liga e desliga e saber quem saiu de um cargo? Só de pensar em secretários municipais de 5.570 municípios no Brasil, muita gente no cargo por período curto... Quem vai ficar monitorando isso?", diz.
"Há também a questão da igualdade eleitoral. Todo mundo que tem cargo público passa a ter uma conta protegida e vai concorrer com pessoas que não têm esse mesmo tipo de proteção digital. Cria uma espécie de superpoder."
Outro ponto polêmico do projeto é o artigo que equipara as plataformas de internet a meios de comunicação.
As empresas e parte da sociedade civil afirmam que isso viola o Marco Civil da Internet e pode tornar inviável a atividade dos gigantes de tecnologia no Brasil.
Por influência do Supremo Tribunal Federal, o texto incorporou um artigo determinando que as plataformas passarão a ser consideradas "meios de comunicação social" para os fins da Lei da Inelegibilidade —que prevê cassação de candidatos a cargos eletivos que recorrerem à "utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social".
























O artigo incorporado remete à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no ano passado na ação que pedia a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por disparos em massa durante a campanha eleitoral em 2018, rejeitada pela corte.
Nessa decisão, assim como na que resultou na cassação do deputado estadual Fernando Francischini por fazer uma live no Facebook com alegações falsas de fraude na eleição de 2018, o tribunal equiparou as plataformas de internet a meios de comunicação.
Mas as big techs temem que isso vá contra o espírito do Marco Civil da Internet.
A legislação que regula o funcionamento da internet no Brasil estabelece, no artigo 19, que as plataformas só podem ser responsabilizadas civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomarem providências.
Ao considerar as plataformas de internet como meios de comunicação, como produtores e não apenas disseminadores de conteúdo, a lei das fake news poderia impor às plataformas as mesmas obrigações e responsabilizações que vigoram para os meios de comunicação tradicionais, como TVs e jornais.
Segundo Orlando, o texto só se aplica a esse contexto eleitoral e não viola o Marco Civil nem responsabiliza plataformas por conteúdo de terceiros.
No início do mês, os gigantes de tecnologia lançaram uma ofensiva de relações públicas contra o projeto de lei e publicaram, em diferentes veículos de comunicação, anúncios afirmando que ela traria consequências negativas às pequenas empresas que usam publicidade online em seus negócios.
O Google, além de divulgar uma carta aberta, chegou a enviar emails a anunciantes afirmando que o projeto de lei iria prejudicar empresas de todos os tamanhos.
A pressão fez efeito. O artigo 7, que poderia ser interpretado de modo a inviabilizar o uso de dados de usuários para vender anúncios direcionados a audiências específicas, teve o texto modificado.
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/lei-das-fake-news-pode-blindar-750-mil-politicos-e-instituicoes.shtml
Milton Ribeiro será ouvido pelo Senado nesta semana e tem muito a explicar
Cristiane Noberto e Taísa Medeiros / Correio Braziliense
Ao cumprir um "pedido especial do presidente da República" — como disse —, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se envolveu no que pode ser um grande escândalo de corrupção do governo de Jair Bolsonaro (PL): a denúncia é de que pastores tinham atendimento preferencial na liberação de verbas da pasta para prefeituras. O caso virou alvo de investigação da Polícia Federal e, nesta semana, Ribeiro terá de dar explicação na Comissão de Educação do Senado. A oitiva está marcada para quinta-feira.
Conforme as denúncias, dois pastores evangélicos, Arilton Moura e Gilmar Santos, teriam nas mãos o controle sobre as verbas destinadas a prefeituras via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Contudo, para que os repasses fossem feitos, ambos cobravam "apoio" nas construções de igrejas e exigiriam propinas, entre R$ 15 mil e R$ 40 mil. Até 1kg de ouro teria sido negociado — para que as verbas chegassem nas mãos dos prefeitos.
Ribeiro admitiu ter tomado ciência do esquema em 2020, mas somente há cerca de um ano — segundo afirma — reportou o caso à Controladoria-Geral da União. O órgão, por sua vez, só acionou a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF) após as denúncias da imprensa — o Estadão revelou a existência desse "gabinete paralelo" de evangélicos, e a Folha de S.Paulo obteve áudio no qual Ribeiro diz que seguia ordens de Bolsonaro.
De acordo com registros do Ministério da Educação, pelo menos 44 prefeitos foram recebidos por Milton Ribeiro em reuniões acompanhadas pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Em 15 meses, foram ao menos 19 registros públicos da agenda de Ribeiro em que constava a presença da dupla de religiosos.
A movimentação ocorria, principalmente, por meio do FNDE, detentor de uma das maiores fatias do orçamento do ministério. Entre 2019 e 2021, o Fundo, ligado à pasta, recebeu mais de R$ 50 bilhões por ano para a construção de creches e escolas, aquisição de ônibus escolares, construção ou reformas de quadras esportivas em escolas, compras de material didático, entre outros. A proposta para a realização dessas atividades é feita pelas prefeituras anualmente, dentro das condições que o MEC exige (veja arte). As medidas foram aperfeiçoadas, nos últimos anos, na tentativa de evitar fraudes.

Conivência
Mesmo com o endurecimento das regras, os repasses podem ter ocorrido por meio dos convênios entre União e municípios, as "transferências voluntárias". Secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco explicou que as propostas são analisadas pelo ministério dentro de prioridades, conveniência, oportunidade, existência ou não de creches e de escolas na região pleiteada. De acordo com o economista, são levados em consideração critérios e parâmetros técnicos.
"Não é isso que vem acontecendo. Na verdade, esses dois pastores acompanham o ministro, facilitam o contato de prefeitos com o ministro e, posteriormente, como tem sido provado em matérias feitas, essas liberações acontecem, e acontecem numa velocidade, inclusive, anormal", afirmou Castello Branco. "Esses pastores podem estar incidindo, naturalmente, com a conivência do ministro, num crime até de usurpação da função pública, porque não são funcionários do ministério", destacou.
Um dos 44 prefeitos que participaram dessas reuniões, Júnior Garimpeiro (PP), de Centro Novo (MA), já foi preso em uma investigação de garimpo ilegal, em setembro de 2021. Conforme apurado da Folha de S.Paulo, ele foi detido na Operação Curimã, da Polícia Federal, que tinha o objetivo de desarticular uma quadrilha responsável por desmatar extensas áreas de terra e transformá-las em garimpos. Antes de se entregar na Superintendência da PF em São Luís, Garimpeiro passou 13 dias foragido. Ele chegou a ser encaminhado para o presídio de Pedrinhas, mas foi liberado pela Justiça.
Outro prefeito recebido pela dupla de pastores foi Gilberto Braga (PSDB), do município de Luís Domingues (MA). Em entrevista ao Estadão, Domingues afirmou que o pastor Arilton Moura teria pedido R$ 15 mil antecipados e mais um 1kg de ouro para dar andamento às demandas da prefeitura junto ao Ministério da Educação. A conversa com o intermediador teria ocorrido em abril do ano passado. Conforme o gestor, os pastores não faziam nada escondido. "Ele (Arilton) falou, era um papo muito aberto. O negócio estava tão normal lá que ele não pediu segredo, falou no meio de todo mundo. Inclusive, tinha outros prefeitos do Pará. Ele disse: 'Olha, para esse daqui, eu já mandei tantos milhões; para outro, tantos milhões'", relatou.
Pressão
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) enfatizou que o caso merece uma investigação rigorosa. "Pode estar se caracterizando como grave desvio de função, finalidade e de recurso", frisou. "O ministro da Educação não faz o que quer. Prejudica uns e privilegia outros, gabinetes paralelos, despachos secretos e liberação de recursos sem obedecer a nenhuma política pública", criticou.
Na avaliação do presidente da Frente Parlamentar Mista de Educação, deputado Professor Israel (PV-DF), é fundamental que seja instalada uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para apurar responsabilidades. Ele protocolou o pedido de instalação na terça-feira. "Os parlamentares estão se mobilizando. Nós já estamos com o apoio de diversos partidos, tanto da oposição quanto de centro", frisou. Ele disse contar com nomes como o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM); e os senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE), Fabiano Contarato (PT-ES) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
"Mais uma vez, o governo demonstrou que tem um modus operandi que já se repetiu, no Ministério do Desenvolvimento Regional; já se repetiu no da Saúde, no caso da compra das vacinas; e, agora, mais uma vez, percebemos o mesmo tipo de atuação por meio de gabinetes paralelos no Ministério da Educação", justificou.
Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/03/4996330-milton-ribeiro-sera-ouvido-pelo-senado-nesta-semana-e-tem-muito-a-explicar.html
Leite decide ficar no PSDB e começa a avisar a aliados em telefonemas
Thiago Prado / O Globo
RIO — O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, decidiu ficar no PSDB e começou a avisar aliados em telefonemas na noite deste domingo, véspera da coletiva em que dará comunicando a sua desincompatibilização do governo do Rio Grande do Sul. Conforme O GLOBO revelou na semana passada, essa era a tendência de Leite depois de conversas com tucanos que se opõem ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), vencedor das prévias tucanas no ano passado.
Desde o convite para entrar no PSD feito pelo presidente do partido, Gilberto Kassab, uma ofensiva para manter o governador gaúcho foi realizada pelo senador Tasso Jereissati e o deputado federal, Aécio Neves. Leite havia sinalizado que deixaria o PSDB para disputar o Planalto, mas mudou de ideia ao longo da última semana analisando argumentos apresentados por aliados. O principal deles, o fato do PSD nos estados ter candidatos a governador alinhados ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula.
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A negativa de Leite impõe o desafio a Kassab de buscar uma nova alternativa para a disputa ao Planalto. No ano passado, o plano A do presidente do PSD era a candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que deixou o DEM, mas acabou recuando de participar da corrida como opção da terceira via. Kassab chegou a abrir conversas com Lula e o PT, mas insiste que o partido que comanda terá candidatura própria e, assim, começou a negociar com Leite.
Doria fala em 'golpe'
Neste domingo, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a existência de qualquer articulação no PSDB para retirá-lo das eleições presidenciais configura um “golpe”. A declaração foi dada após a movimentação de parte dos tucanos para ignorar as prévias realizadas em novembro — com vitória de Doria — em prol de uma candidatura de Eduardo Leite, derrotado no pleito interno.
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— Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB —afirmou João Doria, durante coletiva para anunciar uma nova etapa da vacinação da quarta dose contra Covid, ao ser questionado sobre a articulação de integrantes do partido para não reconhecer as prévias da sigla.
O PSDB saiu rachado das prévias e, quatro meses depois, Doria não conseguiu unir o partido. O pleito foi marcado por idas e vindas, e chegou a ser adiado após um episódio de suspeita de ataque hacker ao sistema de votação. Ao fim das eleições internas, João Doria recebeu 53,99% dos votos, e derrotou Eduardo Leite, que somou 44,66%, e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que teve apenas 1,35%.
Além do desafio interno, Doria precisa aplacar uma rejeição de 30% dos eleitores, de acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada. Trata-se de uma média inferior somente à de Bolsonaro, sob a recusa de voto de 55% dos eleitores, e de Lula, com 37%. Além de um cenário que aponta para uma missão complicada no primeiro turno, Doria viu crescer a concorrência interna com Leite, um nome também ventilado para a chamada terceira via.
Aliados que ajudaram a convencer Leite a ficar no PSDB dizem que a convenção da sigla vai homologar o nome do candidato a presidente, independente do resultado das prévias. Avaliam ainda que os demais partidos que negociam com os tucanos — União Brasil, MDB e Cidadania —são simpáticos ao governador gaúcho e que a aliança estaria acima da disputa das primárias do PSDB.
Na última pesquisa Datafolha, Doria e Leite aparecem virtualmente empatados, ainda que não tenham sido testados juntos. Em um cenário sem Leite, Doria soma 2%. Na situação sem o governador paulista, o colega gaúcho tem 1%.
Igor Gielow: Bolsonaro mira disputa com Lula em discurso vazio e messiânico
Igor Gielow / Folha de S. Paulo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou oficialmente sua campanha à reeleição com um discurso no qual desenhou um embate direto com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) baseado em critérios emocionais. Vazia e messiânica, a fala foi uma versão resumida de todos os temas caros ao bolsonarismo nesses pouco mais de quatro anos no poder.
Foi um lançamento ilegal também, mas até aí qualquer presidente sentado na cadeira está em campanha permanente. Vejamos como agirá o Tribunal Superior Eleitoral, bastante eficaz ao admoestar atrações de festivais de música pop, mas ao fim será ao máximo uma multa de trânsito de uma corrida na penúltima volta.
Olhando a forma, o palco do evento de filiação do PL, ou algo assim, era uma espécie de consolidação do Bolsonaro pós-apoplexia golpista de 2021.
Estavam lá elementos clássicos da safra 2018, como o militarismo de pijama (general Augusto Heleno), o indefectível deputado Hélio Lopes, o oportunismo do ministro-astronauta, o clima de culto na fala da primeira-dama, o sentido de clã na presença do filho Flávio.
Mas brilhavam mesmo os adereços do modelo 2022: a fina flor do centrão, Valdemar Costa Neto à frente com Fernando Collor —espera-se que o presidente não seja supersticioso.
No conteúdo, uma amarração depurada das paranoias do bolsonarismo, mas com um tom distintamente comedido. O ataque a Lula, seu adversário ideal para o segundo turno (os petistas pensam o mesmo com sinal inverso), foi feito como a culminação de uma daquelas jornadas do herói esmiuçadas por Joseph Campbell.
Em resumo, Bolsonaro se mostra como um predestinado (ele chegou perto de dizer que foi Deus que o mandou se candidatar), cuja vida deixou de pertencer a si mesmo, que enfrentou a morte e foi salvo por um milagre no atentado de 2018 e que agora enfrenta tudo e todos em nome de um futuro melhor.
"Não é uma luta entre esquerda e direita. É entre o bem e o mal", disse, inferindo a plateia de que lado o "mito", aspas compulsórias, está.

Discutir políticas públicas, preço dos combustíveis, pastores do MEC, obras que sejam, nada disso está no cardápio de forma assertiva. Politicamente, é o melhor caminho para o presidente, dado que política é emoção. O que importa é demonizar o adversário, uma atualização do que o próprio Lula fez no poder, quando berrava o "nós contra eles" —eles sendo a tal elite que tanto se deu bem em suas gestões.
Houve espaço para Bolsonaro repetir suas ideias obscuras sobre democracia e liberdade, usualmente associadas a armar a população. O Judiciário de Alexandre de Moraes foi devidamente criticado, sem nomes colocados, e uma sugestão incompreensível de "muito lá na frente" entregar o poder "com transparência" foi feita.
Entenda-se o que quiser aqui, dada a dissonância cognitiva usual do raciocínio presidencial, mas o desejo no coração do bolsonarismo sempre foi o de perpetuação tribal. Nenhuma novidade, portanto.
O interessante da fala vazia de sentido é que ela requenta temas de 2018 como se o governo do PT não tivesse acabado em 2016, sob as ruínas econômica e política de Dilma Rousseff. É nesse antipetismo mais gutural que o presidente se agarra, e a relativa melhoria de sua avaliação e sua intenção de voto na classe média mostram que é uma tática com eficácia.
Se será suficiente para sobreviver à turbulência de um ano em que se fala até em guerra nuclear, é incerto, mas pode o ser para garantir o segundo turno dos sonhos de Lula e Bolsonaro.
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/bolsonaro-mira-disputa-com-lula-em-discurso-vazio-e-messianico.shtml
Bolsonaro eleva pressão sobre TSE com clima de campanha e Lollapalooza
Marcelo Rocha / Folha de S. Paulo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de evento partidário em clima de comício antecipado neste domingo (27), apesar das orientações da equipe jurídica diante dos riscos de se enquadrar em crime eleitoral.
Com ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro discursou como candidato, um dia após anunciar que esse encontro do PL seria como um lançamento de sua pré-candidatura à reeleição.
A conduta do presidente elevou a pressão sobre integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) diante das restrições legais, no mesmo fim de semana em que seu partido questionou suposta propaganda eleitoral irregular em benefício de Lula no festival do Lollapalooza.
O ministro Raul Araújo, do TSE, concedeu liminar classificando como propaganda eleitoral as manifestações políticas de Pabllo Vittar e da cantora galesa Marina e determinou multa de R$ 50 mil para a organização do evento se houver outras. Advogados do PT, por sua vez, recorreram ao tribunal contra a decisão.
A legislação eleitoral só permite campanha a partir de 16 de agosto. Comícios não são autorizados até lá. Eventos públicos de lançamento de pré-candidatura, situação não prevista na lei e semelhante ao de Bolsonaro neste domingo, também são vetados.
Especialistas ouvidos pela Folha, incluindo um ex-ministro do TSE que pediu anonimato, identificaram no evento deste domingo com Bolsonaro elementos de campanha antecipada.
Para eles, apresentar-se como candidato, fazer menções ao pleito e a seu principal adversário e pedir apoio da plateia são elementos que, fora do cronograma eleitoral, configuram a campanha extemporânea.
O evento pode motivar apuração por abuso de poder econômico, procedimento que, embora improvável na prática, em tese poderia ser capaz de inviabilizar uma candidatura e ser avaliado em conjunto com outros atos de Bolsonaro típicos de campanha ao longo dos últimos meses, como as motociatas.
No encontro deste domingo, Bolsonaro disse que a eleição de outubro não é luta da esquerda contra a direita, mas "do bem contra o mal", em referência a Lula, à frente nas pesquisas de intenção de voto.
"O nosso inimigo não é externo, é interno. Não é luta da esquerda contra a direita, é do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta, porque estarei sempre na frente de vocês", disse.
O chefe do Executivo fez um discurso com roupagem de candidato à reeleição, ainda que isso não tenha sido mencionado.
"Se é para defender a democracia, a liberdade, eu tomarei a decisão contra quem quer que seja. E a certeza do sucesso é que eu tenho o exército ao meu lado. Este exército é composto de cada um de vocês", disse.
Em outro momento, Bolsonaro afirmou que, às vezes, "embrulha o estômago ter que jogar dentro das quatro linhas [da Constituição]", mas que o faz.
"Por vezes, me embrulha o estômago ter que jogar dentro das quatro linhas [da Constituição], mas eu joguei e não foi da boca para fora. E aqueles que estão do meu lado, todos, em especial os 23 ministros, eu digo isso, vocês têm a obrigação de, juntamente comigo, fazer com que quem esteja fora das quatro linhas seja obrigado a voltar para dentro."
Esta não é a primeira vez que ele fala sobre quem atua fora da Constituição. Costuma usar a expressão como referência velada a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Realizado em Brasília no Centro de Convenções Internacional do Brasil, que se apresenta como o maior centro de convenções da América Latina, o evento do PL contou com a presença de parlamentares, ministros e apoiadores do presidente.
Em meio à crise que envolve a atuação de pastores na liberação de verbas do MEC (Ministério da Educação), Bolsonaro não fez menções diretas ao ministro Milton Ribeiro, alvo de investigação, mas afirmou que "buscam qualquer gota d'água para transformar num tsunami".
"Todos nós somos humanos. Podemos errar. Quem nunca errou que está na plataforma neste momento?", disse no palanque.
No fundo do palco havia uma foto do presidente entre apoiadores com os dizeres: "Capitão do povo". O slogan "É com ele que eu vou" também foi explorado no ato.
Se há quatro anos Bolsonaro fez campanha com menos recursos, o evento deste domingo serviu para mostrar que, em 2022, ele contará com outra realidade. O ato desta manhã foi organizado e teve estrutura diferente do passado.
A expectativa dos apoiadores era a de que chegasse a 5.000 convidados, mas o salão tinha alguns locais esvaziados. O apresentador era Cuiabano Lima, locutor de rodeio e simpatizante do mandatário.
Como a Folha mostrou, a campanha do chefe de Bolsonaro chegou a mudar o anúncio do evento, que inicialmente seria o lançamento da pré-candidatura, após o sinal vermelho da equipe jurídica.
Os organizadores alteraram o material de divulgação e passaram a chamar o evento de "Movimento Filia Brasil".
Mesmo assim, Bolsonaro disse no sábado (26) o evento seria "o lançamento da pré-candidatura", indicando o clima de campanha adotado neste domingo.
Para ex-ministro Carlos Velloso, que presidiu o TSE, a propaganda eleitoral sempre foi tema de muita polêmica na corte. "Numa interpretação pessoal, eu acho que a lei é muito rigorosa, mas fugir da lei é pior. Fora da lei não há salvação", disse.
Velloso afirmou que o tribunal deve se manifestar, por exemplo, sobre o Lollapalooza, caso que já está judicializado no TSE. "Para que venha a ser usado [como parâmetro] daqui por diante. Por ora, temos uma decisão monocrática", afirmou.
Também ex-ministro do tribunal, o advogado Joelson Dias disse que as leis e a jurisprudência do TSE caminham rumo a uma maior liberdade, mas ele entende que a corte eleitoral —e também o STF (Supremo Tribunal Federal) — deve avançar na "sintonia fina" do tema.
Sem comentar casos concretos por não conhecer todos os detalhes envolvidos em cada um, Dias afirmou que as restrições aos "players políticos" nesse período pré-eleitoral serão sempre maiores, até por envolver recursos públicos, como o dinheiro do fundo partidário.
Neste domingo, quando Bolsonaro discursou, o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) estava ao seu lado. O militar e bolsonarista de primeira hora foi amplamente utilizado na campanha de 2018.
"Eu sou chefe da segurança institucional, a segurança institucional que já foi ofendida, já foi jogada pela janela várias vezes. Estou quieto. Vamos aguardar o fim deste filme, que eu tenho certeza que, graças a vocês, será glorioso", disse Heleno.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana mostrou que Bolsonaro recuperou fôlego na corrida pelo Planalto, mas continua atrás de Lula. Segundo o levantamento, o mandatário tem 26% de intenções de voto, contra 43% do petista.
"Vocês já ouviram no passado, ouvem ainda, dizer que uma mentira repetida mil vezes transforma-se numa verdade. Vou dizer para vocês agora, uma pesquisa mentirosa publicada mil vezes não fará um presidente da República", afirmou Bolsonaro.
Todos os discursos tiveram como tônica a crítica mais ou menos velada aos governos petistas. Em gesto aos jovens, preocupação das campanhas neste ano, Bolsonaro pediu que suas famílias contassem como era a vida delas antes.
"Não podemos esquecer o nosso passado, porque aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Os mais jovens podem não conhecê-lo, os seus pais e avós têm a obrigação de mostrar para eles para onde o Brasil estava indo, bem como vivem os jovens em outros países, como por exemplo a Venezuela."
Como costuma fazer em outros discursos, Bolsonaro começou a contar sua trajetória desde 2014. Ao falar daquele ano, disse que o país elegeu uma pessoa "que não tinha qualquer carisma, que a gente não consegue entender como teve dentro do TSE tanto voto".
Ele se referia à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu um processo de impeachment em 2016. O PSDB, que perdeu no segundo turno para ela, pediu auditoria das urnas eletrônicas, questionando a vitória da petista.
O resultado da auditoria tucana saiu em 2015, concluindo que não houve fraude no processo.
Bolsonaro relembrou ainda o que declarou durante a votação na Câmara para destituir Dilma. Na ocasião, ele, então deputado, exaltou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão durante a ditadura militar, chamando-o de um "velho amigo" que "lutou pela democracia".
O presidente também reformulou a frase que será tema de sua campanha: em vez do versículo bíblico "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", repetido por ele desde 2018, Bolsonaro adotou o "nada temais, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna".
No começo de sua fala, o presidente passou o microfone para a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e para a primeira-dama, Michelle. Esta última, como a Folha mostrou, deve aparecer mais durante a campanha neste ano, após aliados do presidente identificarem que ela pode ajudar a reverter a rejeição dele entre as mulheres.
A primeira-dama, que não costuma discursar, falou rapidamente. "Sei que, assim como Ele [Deus] foi fiel em 2019, será em 2022."
Cotado a vice na chapa do presidente, o ministro da Defesa, Braga Netto, não participou do evento.
Filiaram-se à legenda neste domingo os ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e João Roma (Cidadania), além do senador Eduardo Gomes (TO).
Antes de o presidente discursar, falaram os ministros Roma, Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura). Respectivamente, eles devem se candidatar aos governos da Bahia, de São Paulo e ao Senado pelo Mato Grosso do Sul.
Os três fizeram falas em contraponto aos governos petistas. Tarcísio disse que Bolsonaro está construindo um caminho "sem corrupção" e "que levou água para o nordeste, libertou as pessoas do carro-pipa".




























Roma, por sua vez, mencionou programas de distribuição de renda e disse que o governo Bolsonaro não usurpa direitos e liberdades.
Ministros também estiveram no evento do PL, como Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Onyx (Trabalho), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Fábio Faria (Comunicações), Anderson Torres (Justiça), Gilson Machado (Turismo), Marcelo Queiroga (Saúde) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, envolvido em um escândalo sobre a atuação de pastores na liberação de verbas da pasta, não esteve no evento. Um inquérito da Procuradoria-Geral da República apura suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/bolsonaro-eleva-pressao-sobre-tse-com-clima-de-campanha-e-lollapalooza.shtml
Centrão quer mais espaço no governo Bolsonaro e já mira MEC e Petrobras
Daniel Gullino, Dimitrius Dantas, Paula Ferreira e Renata Mariz / O Globo
BRASÍLIA — Depois de ocupar um espaço inédito no governo, incluindo o núcleo duro do Palácio do Planalto, com a Casa Civil e a Secretaria de Governo, o Centrão volta seus olhos para o Ministério da Educação (MEC), um dos maiores orçamentos da Esplanada e considerado uma máquina de votos por sua capacidade de investimento nos rincões do país. As suspeitas de cobrança de propina na pasta são vistas pelo grupo conhecido pelo pragmatismo político-eleitoral como oportunidade de emplacar um substituto no lugar do ministro Milton Ribeiro, que balança no cargo.
Desconectados da política? Para jovens, candidatos não se empenham na conquista de seus votos
O bloco de parlamentares que há anos dá as cartas no Congresso tenta avançar ainda no Ministério da Ciência e Tecnologia, que deve ficar vago com a saída do ministro Marcos Pontes para disputar as eleições. A pasta interessa ao PP, partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. A cobiça também envolve a Petrobras, cujo presidente, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, é alvo de insatisfações no Palácio do Planalto e no Congresso após reajustar o preço do combustível. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão, é um dos principais críticos da política atual da empresa, que deixou de abrigar indicados da base aliada do governo desde o início da Operação Lava-Jato, em 2014.
No último dia 10, Lira postou em seu perfil no Twitter: “Me causou espanto a insensibilidade da Petrobras com os brasileiros — os verdadeiros donos da companhia. O aumento de hoje foi um tapa na cara de um país que luta para voltar a crescer.”
Desde quando assumiu o cargo, Silva e Luna já precisou ir à Câmara duas vezes para explicar aumentos nos combustíveis e uma no Senado. Agora, terá que voltar ao Congresso para justificar a mais recente alta dos preços. Ainda não há data para a nova audiência.

Lira e Nogueira também já mostraram que gostariam de ter alguém mais político em cargos de comando da estatal, quando chancelaram o nome de Rodolfo Landim — uma escolha do presidente Jair Bolsonaro — para comandar o Conselho de Administração da Petrobras. Segundo a colunista Malu Gaspar, os caciques do PP consideram que o executivo pode abrir um “canal de interlocução livre de dogmas” com a direção da empresa.
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Apesar de ter participado de todos os governos desde a redemocratização, o Centrão nunca teve tanto espaço como agora. Além da Casa Civil (Ciro Nogueira) e da Secretaria de Governo (Flávia Arruda), os três principais partidos que dão sustentação política ao governo do presidente Jair Bolsonaro — PP, Republicanos e PL — mantém o controle dos ministérios da Cidadania (João Roma) e Comunicações (Fábio Faria). As três legendas acumulam ainda dezenas de cargos-chave de segundo e terceiro escalões da administração pública federal.
É o Ministério da Educação, contudo, a “galinha dos ovos de ouro”. Com orçamento de R$ 159,58 bilhões em 2022 — o quinto maior da Esplanada —, a pasta atrai o interesse de políticos pela capilaridade com que esse dinheiro pode ser ser empregado em seus redutos eleitorais. Cabe ao MEC, por exemplo, decidir quais cidades vão receber recursos para construir escolas, creches, além da gestão do ensino superior do país, ativos políticos estratégicos para angariar votos neste ano.
Embora boa parte das despesas do ministério seja engessada — como pagamentos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e alimentação escolar, entre outras —, há um montante relevante para ser repassado aos municípios por critérios políticos. É o caso do Programa de Ações Articuladas (PAR). que prevê assistências técnica e financeira aos municípios para comprar material didático, realização de obras, aquisição de veículos, realização de formação de professores e de eventos.
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De 2018 a 2021, o MEC distribuiu por meio do PAR verbas para 3.772 cidades, ou seja, quase 70% dos municípios brasileiros. Ao longo desses anos foram cerca de R$ 4 bilhões destinados a estados e municípios com o dinheiro usado como trunfo pelos pastores que nesta semana passaram a ser investigados pela Polícia Federal.
Segundo prefeitos ouvidos pelo GLOBO, pastores com trânsito livre na pasta vendiam facilidades para liberar esses recursos para municípios em troca de propinas que poderiam ser pagas até por meio de aquisição de bíblias.
Além do cofre cheio, a pasta é a segunda em número de servidores, com mais de 373 mil funcionários, perdendo apenas para o Ministério da Defesa, e tem a maior folha de pagamento de toda a Esplanada. De olho no comando do ministério, o Centrão já administra o principal órgão da pasta, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável por executar boa parte do orçamento do órgão: R$ 64,78 bilhões.
O presidente do fundo é Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, do PP, um dos cotados para assumir a pasta em caso de demissão de Milton Ribeiro. Já o diretor de Ações Educacionais é Garigham Amarante Pinto, próximo de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.
Poder pulverizado
Pesquisador da área educacional da Fundação Getulio Vargas, João Marcelo Borges aponta que as cifras que dependem da caneta do ministro da Educação representam “muito poder” na ponta quando são pulverizadas em forma de inauguração de quadra de esporte, lançamento da pedra fundamental de uma creche ou abertura de um laboratório de ciências.
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— A educação é uma política de longa exposição: são 40 milhões de crianças e jovens que vão todos os dias para a escola, só na educação básica. Há um olhar da política pública, mas também da política eleitoral. Todas essas crianças têm pais que são eleitores — analisa.
O simbolismo de um feito na educação também é outro fator importante nos ativos políticos.
— O político vai na inauguração do hospital, mas não fica capitalizando ao longo do tempo, porque é um lugar de doença. Já a quadra de esporte em determinados lugares vai servir para se fazer festas da cidade, jogos, shows. E não há equipamento público mais numeroso no país que a escola. Ela está em todos os municípios do Brasil — afirma Borges.
Mas não são apenas os vultosos recursos que chamam a atenção de políticos de Brasília. Ao emplacar aliados em cargos de direção do MEC ou do FNDE, esses partidos recebem também a possibilidade de acelerar ou atrasar a liberação de valores.
— O MEC é um pouco “prefeiturizado”, de alguma forma, porque repassa direto a estados e municípios. E essa relação direta é um dos pontos que torna a pasta atraente aos políticos — diz Lucas Hoogerbrugge, do movimento Todos pela Educação.
Orçamento secreto
Outro motivo da cobiça do Centrão pelo MEC se deve à possibilidade de controlar os repasses via orçamento secreto. Por esse mecanismo, recursos públicos são enviados a estados e municípios sem critérios objetivos e sem a identificação do parlamentar responsável por destinar o dinheiro. Segundo um levantamento feito pelo GLOBO, quase meio bilhão de reais do orçamento secreto passaram pelo FNDE no ano passado.
As altas cifras sob o comando da pasta explicam a movimentação intensa de prefeitos, que costumam ir a Brasília com o pires na mão atrás da verba federal. Ao serem atendidos, não poupam na propagada, transformando a reforma de uma escola ou a entrega de ônibus escolar em trunfo eleitoral.
Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/centrao-quer-mais-espaco-no-governo-bolsonaro-ja-mira-mec-epetrobras-25450394
Luiz Carlos Azedo: Semana decisiva para a candidatura de Eduardo Leite
Luiz Carlos Azedo / Nas entrelinhas / Correio Braziliense
Na semana em que se intensifica o troca-troca de partidos políticos, em razão da montagem de chapas majoritárias e proporcionais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, deve definir o rumo que pretende tomar: primeiro, se permanece no cargo ou se desincompatibiliza; segundo, se troca o PSDB pelo PSD, ou não. São decisões difíceis e muito estratégicas, que envolvem alianças políticas locais e nacionais e o alcance de suas ambições políticas.
Dependendo do que decidir, será um fato político novo num cenário eleitoral polarizado, que está se cristalizando, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de opinião, e o presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição com a vantagem estratégica de permanecer no cargo.
Como todo cenário complexo, a melhor maneira de tratar o assunto é desagregar suas variáveis. Comecemos pelo Rio Grande do Sul. Desde sua campanha ao governo gaúcho, Leite anunciou que não disputaria a reeleição, como já havia feito na Prefeitura de Pelotas. Esse é um compromisso de campanha que corrobora a superstição de que existe uma maldição no Palácio Piratini, que impede a reeleição de qualquer governador.
Seu desempenho administrativo é considerado muito bom, mas a crise fiscal gaúcha é uma das mais graves do país, rivaliza com as do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Leite cancelou uma viagem que faria a Buenos Aires e marcou uma entrevista para amanhã, às 14h, na qual deve anunciar sua saída do governo.
A desincompatibilização pauta um problema na retaguarda de Leite: a escolha do candidato das forças que o apoiam ao governo do Rio Grande do Sul, que estava congelada. O deputado estadual Gabriel Souza (MDB) é o nome preferido de Leite, mas não unifica sua coalizão política.
A briga começa dentro do próprio MDB, no qual o atual secretário de Planejamento de Porto Alegre, Cezar Schirmer, resolveu se lançar candidato e pretende disputar a convenção do partido, neste domingo. Gabriel, porém, tem apoio do ex-governador José Ivo Sartori e conseguiu remover da disputa o deputado Alceu Moreira.
A disputa dentro do MDB favoreceu uma candidatura própria do PSDB. O vice-governador Ranolfo Vieira Jr., que assumirá o cargo no lugar de Leite, pretende concorrer à reeleição. Secretário de Segurança do estado, já trabalha com a expectativa de poder para ganhar a convenção tucana.
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, que pleiteava a indicação, não conseguiu apoio suficiente na legenda. Eduardo Leite terá muitas dificuldades para demover Ranolfo e garantir apoio ao seu candidato do MDB, Gabriel Souza, ainda mais porque o MDB está dividido.
O cenário eleitoral gaúcho passa, também, pela disputa à Presidência da República. A indefinição de Leite dificulta a vida de seus aliados e facilita a dos adversários locais: Luís Carlos Heinze (PP) e Onyx Lorenzoni (PL) buscam o apoio do presidente Jair Bolsonaro, enquanto Beto Albuquerque (PSB) e Edegar Pretto (PT) querem ser o candidato do ex-presidente Lula. Caso a candidatura de Leite se confirme, porém, essa polarização pode ser quebrada, porque haverá um deslocamento natural de eleitores gaúchos para o tucano.
Ficar ou sair, eis a questão
Na sexta-feira, Eduardo Leite foi novamente assediado pelo presidente do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, para se filiar ao partido. Dessa vez, teve todas as garantias de que terá legenda e recursos para sua campanha. Resolvida a desincompatibilização, essa é a segunda decisão estratégica. Se optar pelo PSD de Kassab, cria um fato novo no cenário político, viabiliza mais sua candidatura sem depender da conspiração para remover João Doria, que o derrotou nas prévias do PSDB.
Nesse caso, sua prioridade, agora, seria atrair o União Brasil, o que lhe garantiria ainda mais capilaridade. O segundo movimento seria atrair o MDB, convencendo Simone Tebet (MS) a aceitar ser vice na chapa. Ela é a noiva dos sonhos de todos os candidatos da terceira via, mas já disse que não pretende renunciar à candidatura para ser vice de outro candidato.
Resta o cenário mais difícil e, ao mesmo tempo, mais instigante: permanecer no PSDB e aguardar em Pelotas o desfecho da conspiração tucana para remover a candidatura de João Doria. Hoje, deve ser efetivada a federação do PSDB com o Cidadania. Apesar de vitoriosa nas prévias, a candidatura de Doria precisa ser homologada pela convenção.
A cúpula da federação é majoritariamente tucana, mas a correlação de forças pode se alterar em favor de Leite, em razão da divisão do PSDB e dos representantes do Cidadania, que serão uma espécie de fiel da balança. Caso Eduardo Leite permaneça no PSDB, é bom João Doria pôr suas barbas de molho. Cidadania, MDB e União Brasil estão dispostos a pedir que Doria desista em favor de Eduardo Leite.
Alon Feuerwerke: A vaga em disputa
Alon Feuerwerker / Análise Política
As possibilidades eleitorais de Jair Bolsonaro estão bastante vinculadas à sensibilidade popular sobre a economia. Qual é risco principal para o presidente? Um repique inflacionário provocado pelos efeitos globais da crise russo-ucraniana. Isso levaria o Banco Central a um reaperto na política monetária e chegaríamos às eleições com a atividade em provável retração ou estagnação.
E com a possibilidade real de uma combinação momentânea de pasmaceira econômica e forte pressão nos preços. Um cenário ideal para quem está na oposição e representa a mudança.
Seria menos complicado para Bolsonaro se ele tivesse gordura eleitoral para queimar. Não é o caso. Hoje, quem pode se dar ao luxo é Luiz Inácio Lula da Silva, cujo principal oxigênio é o “no tempo dele eu vivia melhor”. O que tampouco teria o mesmo impacto caso o atual presidente estivesse mais bem apetrechado para argumentar que enfrentou, e ainda vem enfrentando, mais de dois anos de pandemia e agora uma guerra na Europa com repercussão planetária.
Perto disso a crise de 2008/09 foi, agora sim, uma marolinha.
Bolsonaro está até o momento contido no eleitorado mais fiel, suficiente para levá-lo ao segundo turno mas não para ganhar. Um eleitor oscilante, que certo dia votou no PT e em 2018 mudou de ideia, anda aparentemente tentado a fazer o caminho de volta. A dúvida é o que levaria esse voto a reverter a tendência momentânea e reafirmar a opção adotada em 2018. É a pergunta, como se diz, de um milhão.
Se Bolsonaro deixar a pressão dos preços dos combustíveis correr livre, com a óbvia repercussão inflacionária, estará concretando a estrada para Lula. Verdade que as pesquisas mostram um eleitor dividido quanto à responsabilidade pela alta na gasolina e no diesel, mas não importa: governos existem para resolver problemas, os criados por ele próprio ou por terceiros. Se o time tem dificuldades, a culpa será sempre do treinador.
Vamos ver como o presidente se sai. Lula continua tentando abocanhar ex-adversários e trazer de volta quem um dia foi aliado e deixou de ser. A favor da tática, as dificuldades do incumbente. Mas, como este não está fora da disputa e ainda por cima detém o governo, não é tão simples assim. Os profissionais da política, inclusive o próprio Lula, têm plena consciência de um jogo ainda sendo jogado.
E os demais? Continuam presos à armadilha de acreditar que há um largo contingente de votos “nem Lula, nem Bolsonaro”. Todas as pesquisas mostram que essa fatia gira em torno de 15%, mas quando a fé é forte os fatos objetivos enfrentam alguma dificuldade para prevalecer. O resultado prático é que a terceira via, ao insistir na tática, deixa aberto para o presidente o caminho de apresentar-se como o único e autêntico “anti-Lula”.
Pois a vaga em disputa para ir ao segundo turno não é a do “nem-nem”, é a dos que não querem a volta do ex-presidente. A chance de um terceiro está em provar que se sairá melhor que Bolsonaro no mano a mano com Lula.
Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação
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Publicado na revista Veja de 30 de março de 2022, edição nº 2.782
Fonte: Análise Política
http://www.alon.jor.br/2022/03/a-vaga-em-disputa.html
Evandro Milet: sociedade hiperconectada pede comunicação integrada
Evandro Milet / A Gazeta
O mundo digital ampliou muito as formas de comunicação de uma empresa com o seu público, tanto em quantidade de opções de meios, como na transformação do que era unidirecional para bidirecional. O público não apenas assiste, ouve ou lê como antes, ele agora fala e emite opinião. São 165 milhões de internautas no Brasil - cidadãos conectados. A atenção dos consumidores está sendo disputada por uma infinidade de demandantes, obrigando as empresas a uma dedicação muito maior para conseguir se comunicar com seu público.
Até o início desse novo século a comunicação era muito concentrada no Brasil, muito mais do que já era nos EUA na época. O Jornal Nacional tinha 60% de audiência, hoje está na casa dos 20%. Bastava que as empresas colocassem anúncio na TV, no rádio e no jornal e aguardasse a chegada do consumidor. Agora, houve uma verdadeira fragmentação nas formas de comunicação, na tentativa de encontrar o consumidor em um dos nichos onde ele convive e tentar o seu engajamento com a empresa de forma que ele mesmo passe a divulgar a empresa nas suas redes. Gerar conteúdo para cada nicho passa a ser obrigatório para quem quiser engajar o consumidor.
Desse modo, a comunicação das empresas deve abranger hoje várias ferramentas como: televisão, rádio, mídias sociais, eventos, publicações, sites, lives, newsletters, blogs, outdoors, chats, atendentes humanos, avatares, robôs, email marketing. E também várias atividades: relações públicas ou institucionais, publicidade, assessoria de imprensa, enfim uma infinidade de formas de apresentação.
Nas mídias sociais convivem diferentes linguagens. Facebook, Twitter, Instagram, TikTok, YouTube, WhatsApp e outros, com diferentes propostas de comunicação. Uns focam em vídeos, outros em fotos, outros em mensagens curtas, outros em grupos fechados, uns em públicos mais jovens ou mais técnicos ou mais conservadores e obrigam as empresas a manter equipes especializadas em aparecer bem, oferecer conteúdo relevante e também antenadas no que é comentado a seu respeito, principalmente se for algo negativo que pode gerar boicotes ou cancelamentos.
Não faz mais sentido essas equipes ficarem separadas. Devem estar juntas, uma única equipe, dentro de uma mesma estratégia, passando uma imagem única da empresa para fora e para dentro em todos os canais simultaneamente.
Há várias linhas de comunicação na empresa e todas devem estar alinhadas, falando a mesma língua: horizonta l- a comunicação entre os departamentos de uma empresa; vertical - a comunicação alinhada ao objetivo da empresa; interna - a comunicação entre todo o time de colaboradores; externa - a comunicação com clientes, fornecedores e terceiros.
O cenário é de fragmentação maior da comunicação, aumento da conectividade, respostas ágeis, consistentes e simultâneas em todas as plataformas de relacionamento. Isso vale para empresas e vale também para governos, todos têm de se comunicar com seu público.
Não faz mais sentido cursos universitários separados para cada tipo de profissional que atua nesse meio. Tudo tem que estar junto e misturado.
O mercado batizou como “Comunicação Integrada de Marketing” ou CIM, essa inovação de gestão integrada e simultânea de todas as ferramentas mercadológicas, com melhor aproveitamento de recursos e gerando consistência à marca.
Não é só a tecnologia que evolui, com ela todas as formas de gestão também mudam.
Fonte: A Gazeta
https://www.agazeta.com.br/colunas/evandro-milet/sociedade-hiperconectada-pede-comunicacao-integrada-de-marketing-0322
Cristovam Buarque: Os putins brasileiros e a Ucrânia silenciosa ao nosso redor
Cristovam Buarque / Blog do Noblat / Metrópoles
Há 30 dias, assistimos perplexos e horrorizados as imagens das consequências das bombas jogadas por Putin na Ucrânia. Choramos e nos indignamos com esta violência que destrói prédios, força migração, mata civis, inclusive crianças e mulheres. Nem todos, porém, lembramos da nossa Ucrânia silenciosa e permanente ao nosso redor.
Há décadas, milhões de brasileiros, sobretudo do Nordeste, são forçados a abandonarem suas casas, em busca de sobrevivência em outras partes. As casas não serão destruídas por bombas e mísseis, mas já eram tão degradadas que pareciam bombardeadas por dentro, durante a própria construção precária. Nossos migrantes são chamados de pau de arara, mas de fato são nossos ucranianos.
Vinte milhões destes ucranianos brasileiros sofrem hoje a violência da fome. Dormem sem comer, com a geladeira e armários vazios. E ainda sofrem a violência de acordarem sem ter o que comer, mas assistindo pela televisão programas de conversas ao redor de mesa farta de comida. Depois, com os olhos ávidos e os estômagos vazios, assistem programas de culinária e gastronomia, que ensinam como fazer comidas com suculentos filés e apetitosas sobremesas.
Nossa Ucrânia é violenta ao exportar comida e deixar nosso povo como fome, e ainda tripudiar ou ignorar quem passa fome assistindo a abundância e até o desperdício de comida transmitido pela televisão. Esta realidade é violenta contra as mães que têm seus filhos com fome, e sobre as crianças que não entendem o porque de serem excluídas. As crianças da outra Ucrânia pelo menos sabem que a culpa é da guerra, da Rússia, de Putin. À violência da fome, soma-se a violência do espetáculo da culinária tão perto e tão longe de suas pobres casas, sem o risco de mísseis e explosões, para explicar porque são tão despossuídos.
Os ucranianos europeus são todos migrantes e despossuídos, a violência é sobre todos, os ucranianos brasileiros sabem que as bombas e as necessidades pesam apenas sobre alguns escolhidos para não sofrerem. Protegidos contra os putins brasileiros. A violência é dupla: pela pobreza que sofrem e pela percepção da riqueza ao lado. Os abrigos de Kiev são trágicos, mas são democráticos. E são passageiros
Nossas crianças vivem em uma Ucrânia apartada, silenciosa e permanente, não menos malvada e com menos explicação. Em alguns bairros de algumas cidades, sem uma guerra que explique, nossas crianças são vítimas de balas perdidas, como se estivessem ao redor de Kiev.
Se conseguem chegar, suas escolas estão melhores do que as ucranianas destruídas por bombas. Mas as crianças da Ucrânia têm a esperança de que a guerra vai um dia terminar e elas voltarão a suas escolas bonitas, enquanto às nossas continuarão degradadas, semi-escolas, permanentemente. Não por bombas momentâneas enviadas por um autocrata estrangeiro irresponsável e perverso, mas pela perversa omissão histórica, como nossos governantes tratam as crianças pobres do Brasil. Temos uma Ucrânia brasileira e temos putins brasileiros.
Cristovam Buarque foi senador, governador e ministro
Fonte: Blog do Noblat / Metrópoles
https://www.metropoles.com/blog-do-noblat/artigos/os-putins-brasileiros-por-cristovam-buarque
Paulo Fábio Dantas Neto: Sinais amarelos e conversas de cozinha
Em artigo publicado há poucos dias na revista Política Democrática, n.41 transmiti, de modo sucinto, três impressões. Primeiro a de que pesquisas recentes indicam que se forma uma nova conjuntura pré-eleitoral, na qual reacendem-se, para Jair Bolsonaro, algumas esperanças, ainda que oscilantes, de reeleição; segundo a de que as oposições (tanto a de esquerda quanto aquela que tenta se colocar como “terceira via”) ainda não reagiram a esses sinais, seja por uma aproximação entre ambas para formar uma unidade já no primeiro turno, ou por uma efetiva e resoluta política de “conquista do centro” por parte de Lula, duas variantes do que poderia ser uma estratégia voltada a sepultar, no primeiro turno, as chances de reeleição do presidente. Menos ainda se vê esboço de sucesso de um sempre ensaiado processo, no chamado centro e na centro-direita, de entendimentos agregadores com vistas a uma candidatura convergente própria - cada dia mais improvável – capaz de tirar Bolsonaro do até aqui confortável segundo lugar, ou pelo menos, de impedir que chegue ao segundo turno em posição competitiva.
A terceira impressão é a de que a lenta e ainda incerta recuperação de Bolsonaro - combinada à conservação desse “ponto morto” oposicionista na disputa presidencial - aponta a uma consequência que suponho ser a mais temível para forças políticas e sociais comprometidas em salvaguardar o processo eleitoral e a própria democracia. Refiro-me, é óbvio, ao “segundo turno sangrento” entre direita e esquerda, embate de extrema tensão (por falta de um centro moderador influente, mesmo como força coadjuvante) e de resultado imponderável, entre Lula e Bolsonaro, com o país cindido de cima a baixo, isto é, da elite política ao eleitorado. Nessas condições específicas, a vitória de Lula poderia evitar o desfecho, digamos, mais trágico. Mas o imponderável se transferiria ao exercício do governo, tanto na hipótese de Lula tentar cumprir o que tem dito até aqui na pré-campanha, quanto na dele manter esse dito na campanha e tentar fazer o não-dito no governo. A aventura populista e o estelionato eleitoral seriam atitudes igualmente temerárias e conversíveis em fatores tendentes, na melhor das hipóteses (a da célebre habilidade do presidente evitar a pura e simples ingovernabilidade), a prolongar, por mais quatro anos, a crise de múltiplos níveis em que o país foi metido desde 2013/2014.
Os sobressaltos trazidos pela terceira impressão não se resumem, contudo, ao longo prazo, no qual um governo instável e contestado seria a conquista possível, até uma benção, se comparado à letalidade de um segundo mandato de Bolsonaro, para a democracia brasileira. Ainda durante as eleições, se o quadro atual ganhar força inercial, estaremos de novo expostos, tal qual no último setembro, ao risco de uma tentativa de assalto golpista ao nosso Capitólio e/ou às nossas Cortes judiciárias. O requisito para essa hipótese voltar à cena política - da qual anda afastada pela domesticação do autocrata por artes do que impropriamente chamamos Centrão – é a mistura incandescente da suposição, por parte de apoiadores e eleitores-raiz de Bolsonaro, de que a reeleição é possível, com a convicção dos chefes de que as urnas a negarão.
Desdobrarei cada uma dessas impressões que enunciei em alusão ao artigo da PD. Sobre a insinuada recuperação de Bolsonaro ressalta a incerteza sobre tendências após contato com diferentes pesquisas e com séries de cada instituto relevante. Nos últimos dias três delas têm permitido elocubrações em distintas direções. A do Instituto Ideia justifica os sobressaltos. Comentários do seu fundador, Maurício Moura, emitem sinais amarelíssimos para quem teme a reeleição de Bolsonaro (ou sua ida ao segundo turno em condições competitivas), não no sentido de aponta-la como provável, porém, como mais possível do que parecia ser há alguns meses. Suas prospecções estão mais ou menos em linha com a pesquisa mais recente do Datafolha sendo que essa última aponta, ao menos, dois terrenos em que a hipótese de recuperação se sustenta. Intenções de voto e avaliações mais positivas de Bolsonaro estariam avançando no eleitorado da chamada baixa renda, afetado pelo Auxílio Brasil, bem como se nota movimentos migratórios relevantes de retorno do voto evangélico ao capital eleitoral do presidente. Uma questão importante é saber até onde esses achados são fotografias de conjuntura ou tendências preditoras de cenários futuros.
Nesse ponto o cientista político Antônio Lavareda, responsável por uma terceira pesquisa, a do Ipespe, comparece sugerindo que se tratou de movimento sazonal a talvez se esgotar no impacto inicial do Auxilio Brasil e a talvez se reverter nas previsíveis dificuldades econômicas do país. Além disso a pesquisa do Ipespe insinua movimento no voto evangélico senão oposto, ao menos distinto daquele captado pelo Datafolha. Agrados governamentais, assim como esforços de diálogo por parte da campanha de Lula não têm faltado e configuram uma intensa corte eleitoral a esse segmento, o que empresta força argumentativa às conjecturas de ambos os institutos. Seja como for repara-se que os argumentos de Lavareda a partir da pesquisa que coordenou não exprimem tanto uma discrepância de dados quanto um prognóstico distinto, feito a partir de uma interpretação a respeito das possibilidades de evolução da situação econômica e social que molda as preferências de políticos e eleitores a cada momento, fazendo com que possam mudar ao longo do ano.
Pelo lado dos dados, tomados em seu conjunto, as três pesquisas convergem para mostrar que a reeleição saiu do armário porque, a partir da foto do momento, está mais difícil supor vitória de Lula no primeiro turno e mais difícil ainda vislumbrar espaço para que surja uma novidade que mereça o nome de terceira via. Daqui a uma semana, com o fim do prazo de filiações, saberemos bem mais do que sabemos hoje, embora certo grau de incerteza sobre o cardápio eleitoral possa se manter até junho, época das convenções. Mas pesquisas mostram que a velocidade com que a polarização se consolida não respeita o calendário dos partidos, que obrarão bem se andarem mais depressa.
Cabe ainda uma última nota sobre a primeira das três impressões, que não é boa notícia para a oposição. A rejeição a Bolsonaro e seu governo é menos rígida do que se pensava semanas atrás. A performance da economia afeta-a de uma maneira um tanto estúpida, no sentido de que variações na rejeição acompanham variações da economia mesmo que essas estejam longe de se firmarem como tendências. Podem se alterar de modo pendular, sem precisar seguir a marcha lenta de um pêndulo. A sugestão é mais de um movimento de iô-iô, que pode pregar peças se manejado por mãos hábeis. Quem apostar muito na memória dos eleitores sobre as maldades bolsonaristas no tempo da pandemia ou sobre as suas aventuras golpistas pode ter uma má surpresa. Isso não quer dizer que essas maldades e crimes não devam ser incansavelmente lembrados pela oposição. Quer dizer é que sem um discurso econômico consistente a memória pode virar éter, apesar de esforços em contrário.
Sobre a segunda impressão – o que interpreto como atual ponto morto das oposições – não é possível contornar maus presságios oriundos da observação, por mais que essa seja feita com a simpatia política de quem enxerga derrota de Bolsonaro e vitória da democracia como equivalentes. Começando pelos partidos e pré-candidatos da chamada terceira via, sua incapacidade de agregação decorre, no caso dos pré-candidatos Ciro Gomes e João Dória (deixo de mencionar Sergio Moro por não o ver como opção da chamada terceira via e sim como dissidente do esquema bolsonarista que não se define politicamente), de uma incompatibilidade entre a ideia da unidade e seus modos voluntaristas de inserção na cena política. O modo sollo de agir não é opção disponível numa cena tão densamente ocupada por Lula e Bolsonaro. E como eles não parecem saber agir em concerto, patinam e assim tendem a ficar se forem até o final e enfrentarem a lógica implacável do voto útil.
No caso dos partidos de centro e centro-direita - noves fora os do núcleo duro do centrão, que parece não querer se afastar do palácio tão cedo – poder-se-ia esperar apresentações de candidaturas mais “orgânicas”. Mas à dificuldade que passaram a ter, desde os anos Lula, de transitar pela arena plebiscitária da disputa presidencial, somam-se agora novos fatores de ordem institucional e de interação política. Filhos do Poder Legislativo, é da sua natureza priorizar eleição de deputados, em especial num momento em que mudanças de regras eleitorais conjugadas à desestruturação do presidencialismo de coalizão acirraram a competição interpartidária por ampliação de bancadas e elevaram o poder decisório da Câmara dos Deputados, do que são exemplo cabal, mas não isolado, os novos modos de estipulação, controle e gestão de verbas orçamentárias. Esse novo padrão interativo, anti-presidencialista tem sido mal analisado como se fosse apenas um expediente fisiológico desprovido de fundamentos institucionais. Parece estar vindo para ficar e promete implicar mesmo, a médio prazo, em novo sistema de governo. Não é crível que se consolide como privilégio do centrão. Voltam-se a ele olhos de todos os partidos ao lançarem mão do fundo partidário. Dividi-lo, neste momento, com candidaturas presidenciais, assumindo altos custos de viabilizá-las numa arena plebiscitária, é mais problema do que solução. Disso são reféns projetos de pré-candidaturas como a de Simone Tebet e Eduardo Leite. E caso extremo é o do União Brasil, que nem pré-candidato tem. O PT é ponto fora da curva por ter cumprido, com Lula, a rota plebiscitária.
A outra face do ponto morto das oposições desenha-se na esquerda e expressa-se na ambiguidade extrema da candidatura de Lula no que diz respeito a realizar uma rota em direção ao centro ou seguir aquela ditada pela natureza autárquica do PT, para a qual a frente de esquerda é o limite de alteridade suportado. No seu auge, Lula mantinha essa “natureza” petista sob pressão do seu pragmatismo político e nos momentos de baixa soltava os gênios das garrafas para lembrar ao país qual era a identidade da sua esquerda eleitoralmente relevante. Fez isso quando a Lava-jato lhe alcançou e a militância foi quase tudo nos tempos da campanha do Lula Livre. Agora que o cheiro do poder volta a testar seu faro, está tendo dificuldades crescentes para fazer os gênios voltarem ao interior das garrafas. Os embaraços ao comando pessoal são hoje mais sólidos, apesar das pesquisas.
Num quadro de grande incerteza política, garantir respeito aos resultados das urnas é desafio de todos os democratas, mas dos petistas em particular, pois é do seu partido o líder popular que se encontra em posição de ser a mais provável solução política para encerrar a aventura bolsonarista. Nesse sentido, o exemplo dado na Bahia provoca desorientação ao seguir a opção autárquica. Assim como no caso dos partidos de centro e centro-direita, existe uma racionalidade na solução adotada se se pensa no estrito interesse do partido. Acontece que o PT ocupa a arena plebiscitária da eleição presidencial e termina sendo altamente disfuncional o partido se comportar como os demais. É um equívoco descolar a campanha de Lula de um perfil de ampla frente democrática. Lula decide nas urnas, mas não a ponto de ser um artilheiro na banheira para aproveitar os erros da zaga adversária e colher os frutos do caos. Sem meio de campo a bola não chega nele. O endereço do caos é a direita. Se Lula não desafiar o PT para buscar jogo no meio de campo pode morrer na banheira, como em 1994. Só que agora, do outro lado vai ter coisa bem diferente de votos no Plano Real e em FHC. Para momento tão delicado, Alckmin não basta, mas nem o PT nem Lula dão sinais de que pensam assim.
Algumas soluções estaduais são imprudentes. Para não me repetir falando da Bahia, há no Paraná o tom da fala de Lula ao saudar Requião, o candidato agora petista. Reafirmação dos tempos mais intrépidos do Nós X Eles: “Vamos ter que eleger muitos deputados e senadores que pensem igual a gente, a gente não pode votar colocando raposa no nosso galinheiro, a desgraçada da raposa vai comer nossas galinhas”. Então, empresa privada é raposa em galinheiro. Noutro momento promete dar “cabeçada” na Petrobras para baixar o preço da gasolina. Presidencialismo forte, nacionalismo, estatismo, populismo, com essa gramática não há ida ao centro. Em São Paulo o acordo com o PSOL pode levar a esquerda a brilhar na capital e acionar Alckmin para disputar o interior. O que pode ser um exemplo, naquele Estado, de combinação dialética de táticas distintas numa estratégia realista e feliz não dispensa o PT e Lula de responderem à seguinte questão: país afora, é possível adotar por osmose a sinalização da solução paulistana? Como a resposta parece ser não, advém outra pergunta: qual a sinalização nacional? Sem que se veja alguma, Lula parece crer que dançará qualquer música. Por mais estreito que seja o arranjo estadual para eleger deputados a popularidade de Lula resolverá embaixo o que se interditar em cima. Midas de urna, seu toque fará de cada limão uma limonada.
Há mesmo quem se anime a ter essa fé e a confiar nessa mística. Mas quem foi politicamente treinado no agnosticismo (meu caso) não consegue acreditar que o iceberg no caminho é uma oportunidade. Esse ceticismo pode ser disfuncional em momentos de turbulência em que se pede exatamente fé. Mas o otimismo da vontade, para não se perder em delírio, precisa se alimentar de evidências. As recentes mandam é prestar atenção ao sinal amarelo.
E assim chego, para ser sumário, a uma única nota sobre a terceira impressão, a do fantasma de um “segundo turno sangrento” contra um Bolsonaro politicamente vivo e provocando agitações golpistas. Quando vejo esse cenário pelas frestas de uma pesquisa atual surge a seguinte cogitação: se Bolsonaro tentar um golpe contra as urnas, desafiando a probabilidade de fracasso, será por ter percebido que perderá as eleições. Correremos riscos institucionais, sim, mas há precedentes a indicar que ele será derrotado nesse terreno também, além de perder nas urnas. Já se ele apostar firme nelas porque terá chances reais de vitória e se ela ocorrer, aí sim, o sinal estará fechado para os democratas. A reeleição custará mais caro que uma tentativa frustrada de invadir nosso Capitólio. E ela só poderá vir como fruto da orfandade de uma faixa de eleitorado ao qual a centro-direita não ofereceu uma opção competitiva e distinta do bolsonarismo e ao qual Lula não se dirigiu a sério, por ter se enredado em uma teia de interesses temperada na sua cozinha.
* Cientista político e professor da UFBa
Fonte: Democracia e Novo Reformismo
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/03/paulo-fabio-dantas-neto-sinais-amarelos.html