Federações partidárias: saiba quais são as negociações em andamento

Pedro Araujo / O Globo

RIO — As negociações entre PT e PSB para a  criação de uma federação foi enterrada de vez, mas outros partidos continuam as tratativas para adotar esse novo modelo de aliança. De acordo com a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dois ou mais partidos políticos poderão se unir em uma federação que irá atuar como sigla única por, no mínimo, quatro anos. O longo período é um dos desafios para se chegar a um acordo, pois nesse tempo as legendas devem lançar candidaturas majoritárias conjuntas e apresentar um programa em comum, com a mesma orientação para votações no Congresso.

O prazo para a formalização das federações se esgota em maio, e as legendas correm contra o tempo para tentar acertar as arestas e fazer um acordo.

PT, PCdoB e PV

Com a saída do PSB das negociações, o  PT continua a negociar com o PCdoB e PV. As conversas ainda estão em andamento, e os partidos ainda precisam oficializar a federação. A ausência do PSB, no entanto, não deve afetar a filiação de Geraldo Alckmin ao PSB e nem a candidatura dele a vice na chapa do ex-presidente Lula, tida como “praticamente certa”.

Rede e PSOL

Na contramão do exemplo pessebista, Rede e PSOL avançaram nas conversas e parecem estar perto de um acordo definitivo para formar uma federação. A iniciativa divide opiniões internamente em ambos partidos. Enquanto psolistas se preocupam com um “distanciamento ideológico” com as ideias do futuro aliado, figuras marcantes da Rede, como a fundadora do partido Marina Silva – ex-PT–, demandam que possam apoiar outros candidatos à Presidência que não o ex-presidente Lula que é preferência entre parlamentares do PSOL.

A união no entanto já é tida como certa e tem grande apoiadores como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que vê a aliança como uma grande oportunidade para impulsionar candidaturas e a sobrevivência de ambas as siglas.

PSDB e Cidadania

Outra união que já é tida como encaminhada é a federação entre PSDB e Cidadania. O diretório nacional do Cidadania já aprovou a federação com os tucanos, o que representou o fim da negociação da legenda com o PDT e com o Podemos. Falta ainda o PSDB oficiailizar o acordo.

Como só poderá ter um candidato à Presidência, a nova federação deverá optar entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que venceu as prévias tucanas, e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que foi lançado pelo Cidadania. As duas pré-candidaturas estão mantidas até o momento e o "pacto de candidatura única" deve se delinear nos próximos meses.

Com a decisão, o Cidadania sofreu algumas baixas, como a senadora Leila Barros, que optou por se desfiliar do partido após a federação ser aprovada.

MDB

Não foi só o PSB que desistiu de constituir uma federação. Após negociações com o União Brasil e PSDB, o MDB também optou por seguir de maneira solo durante o próximo quadriênio, sem se aliar em nenhuma federação partidária. O presidente nacional do partido, o deputado Baleia Rossi, usou suas redes sociais no início de março para anunciar que o partido não irá integrar nenhuma federação para as eleições de outubro. Rossi, porém, não descartou a possibilidade de conversas com outros partidos para impulsionar a candidatura à Presidência da senadora Simone Tebet, defendida pelo partido como melhor nome para a chamada “terceira via”.

União Brasil

O União Brasil, partido fruto da junção entre PSL e Dem, que negociava uma federação com MDB e PSDB acabou ficando sozinho após ambos partidos optarem por caminhos diferentes.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/federacoes-partidarias-saiba-quais-sao-as-negociacoes-em-andamento-25428269


Senadores relatam ameaças por oposição ao 'PL das Armas' no Senado

Dimitrius Dantas / O Globo

BRASÍLIA — Um grupo de senadores afirmou nesta sexta-feira, por meio de um comunicado, ter sofrido ameaças por causa de seu posicionamento contra o PL 3723/2019, conhecido como PL das Armas. A proposta flexibiliza diversos dispositivos do Estatuto do Desarmamento, facilitando a distribuição de armas. Em fevereiro, um levantamento feito pelo GLOBO identificou a presença de certificados que permitem a posse de armas em integrantes de milícias e grupos de extermínio, além de armeiros de facções do tráfico.

Os senadores relatam que estão sofrendo pressão de clubes de tiro e da indústria de armas. Na úiltima quinta-feira, as senadoras Eliziane Game (Cidadania-MA) e Simone Tebet (MDB-MS) receberam e-mails com ameaças. As duas eram chamadas de "cadelas" nas mensagens.

Leia também: Deputados debatem imunidade parlamentar nas redes sociais, item do projeto das fake news

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) fez uma representação nesta sexta-feira na Polícia Legislativa. Assim como elas, Girão também está recebendo ameaças em seu e-mail. Outro senador que afirmou estar sendo pressionado, segundo o comunicado, é Fabiano Contarato (PT-ES).

"É crucial que contrabalancemos essa pressão, enviando e-mails principalmente para os senadores hesitantes ou faltosos, defendendo o controle de armas e o Estatuto do Desarmamento, e repudiando a liberação de armas para os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) prevista pelo PL 3723", diz o comunicado.

Entrevista: 'Eu me sinto traída', diz ex-presidente do PTB sobre Roberto Jefferson

Existe a previsão de que a votação do projeto ocorra na Comissão de Constituição e Justiça na próxima quarta-feira.

Na sessão de quinta-feira, as senadoras Eliziane Game e Simone Tebet também alertaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre as ameaças.

— Eu recebi no meu e-mail e nas redes sociais várias ameaças. Eu nem vou ler, Presidente, porque não vale a pena, e há palavras até impronunciáveis aqui. Portanto, eu não vou ler. Agora, citam o meu nome e o nome da Senadora Simone Tebet, falam claramente contra o Senador Contarato e contra vários outros Parlamentares que lutaram para que nós pudéssemos, na verdade, retardar a aprovação de um projeto que nós entendemos que é nocivo para a sociedade brasileira — afirmou.

Na ocasião, Pacheco condenou a pressão sofrida e os e-mails recebidos pelas senadoras.

— É intolerável qualquer tipo de ameaça ou de intimidação através dessa covardia de pessoas que se escondem atrás de redes sociais. Quando essas pessoas compreenderem que é muito mais eficaz para o propósito delas de exercício arbitrário das próprias razões usarem argumentos em vez de força, de ameaça, de intimidações ou de constrangimentos, talvez elas possam ter mais sucesso para poderem ter o exercício do convencimento ao Parlamento.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/senadores-relatam-ameacas-por-oposicao-ao-pl-das-armas-no-senado-1-25429704


Servidores se preocupam com violência e intolerância em dias de votação

Gabriela Bernardes e Maria Eduarda Angeli* / Correio Braziliense

Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) solicitou na última terça-feira (8/3) uma audiência com o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para discutir sobre a segurança dos servidores e dos cartórios eleitorais no pleito de 2022.

O ofício foi assinado pelos coordenadores Edson Borowski, Leopoldo de Lima e Thiago Duarte. Segundo a Federação, as eleições de 2022 foram discutidas no Encontro Nacional de Servidores e Servidoras da Justiça Eleitoral (Eneje), realizado em agosto do ano passado. “A segurança sanitária, e até física, nas eleições deste ano foi um dos temas do encontro, uma vez que servidoras e servidores estarão expostos a todo tipo de violência devido aos reiterados ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e à democracia”, salienta a Fenajufe.

Segundo os servidores, o Brasil passa por um momento de intolerância política muito grave e de ameaças ao sistema eleitoral".

Edson Borowski explica que a Justiça Eleitoral tem uma estrutura espalhada em todo o país, com mais de 2,6 mil cartórios eleitorais. Por isso, a Federação quer levar à Presidência do TSE a necessidade de elaboração de um plano de segurança para as eleições de 2022. “Durante os últimos anos tivemos várias manifestações em frente a prédios da Justiça Eleitoral, relacionadas a questionamentos quando a lisura das eleições, pelo voto impresso”, diz. “A Fenajufe representa os servidores da Justiça Eleitoral em todo o Brasil, é importante que o presidente abra espaço para esta representação”, afirma.

“Temos preocupações quando a eventuais eventos violentos nos prédios e contra os servidores na próxima eleição. Iremos solicitar ao presidente que dialogue com os Tribunais Regionais Eleitorais para estudos preventivos para o dia da eleição. Já tivemos eventos violentos em outros países, como a Bolívia em 2019, e, claro, o mais grave, nos EUA em 2020, com a invasão do Capitólio — estamos prevendo uma eleição muito acirrada e os servidores têm muita preocupação com sua segurança”, descreve Borowski.


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Em reunião no início de fevereiro com o então diretor-geral do TSE, Rui Moreira de Oliveira, a Fenajufe levou pautas de extrema importância para os servidores eleitorais: além da alteração do critério de escolaridade para ingresso na carreira de técnico (NS) e recomposição salarial, a unificação dos valores assistência médico-odontológica, auxílio-alimentação, saldo de horas extras de 2020 trabalhadas no período pós-eleitoral e passaporte vacinal para ingresso nos tribunais.

O ministro Fachin tomou posse no dia 22 de fevereiro e será responsável por conduzir as questões relativas à preparação das eleições, mas, a dois meses do pleito, deixará o TSE após completar sua passagem máxima de quatro anos.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/03/4992320-servidores-se-preocupam-com-violencia-e-intolerancia-nas-eleicoes.html


Filhos de Bolsonaro associam MTST ao PT para dizer que imóveis serão invadidos no governo Lula

Pedro Araujo / O Globo

Após a divulgação de um vídeo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradece o apoio do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e promete que a organização não será “apenas coadjuvante" e sim “sujeito da história” em eventual novo governo do petista, os filhos do presidente Jair Bolsonaro usaram as redes sociais para associar o petistas a invasão de residências. Essa não é a primeira vez que essa associação vem à tona. Várias vezes, em ano eleitoral, os adversários do PT afirmam que o governo vai liberar as invasões a imóveis, como o MTST. No entanto, os governos do PT nunca estimularam qualquer tipo de invasão, e o Movimento dos Trabalhadores dos Sem Teto só ocupa imóveis abandonados e sem uso, em protesto por uma política de moradia para toda a população.

Pelo Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) postou um vídeo editado com imagens de um escracho, forma de protesto com pichações, feito na última segunda-feira, contra o Projeto de Lei do Veneno, na sede da secretaria do deputado federal General Girão (União Brasil-RN) por membros do MST, em Natal (RN). Girão votou a favor do projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos no Brasil e é um dos políticos investigados no inquérito sobre financiamento de atos antidemocráticos.

Ainda que o vídeo de Lula mencionasse o MTST, Eduardo divulgou um vídeo editado que unia a fala do ex-presidente com as imagens do protesto do MST no gabinete de Girão. Na publicação, Eduardo diz: “Este é o tipo de gente que terá protagonismo num eventual governo do presidiário.” 


O senador Flávio Bolsonaro também usou as redes sociais para falar sobre o apoio de Lula ao movimento social. Pelo twitter, Flávio afirmou que “O ladrão de nove dedos vai tirar sua arma, sua casa e sua liberdade”. 


 O vereador Carlos Bolsonaro, também se juntou aos irmãos e ironizou ”Aproximação inédita seria a carteira de trabalho e o líder do MTST!”. 


O próprio presidente Jair Bolsonaro, mencionou a aproximação de Lula com o movimento social em sua live semanal. Na transmissão, o presidente afirmou que trabalhou em três frentes para coibir o avanço do MTST: "tirar dinheiro de ONGs (Organizações Não Governamentais)", ampliar a posse de armas no Brasil e "titulação de terras". Bolsonaro, no entanto, também se confundiu em momentos da live ao mencionar "invasões" de fazendas. O MTST não atua em áreas rurais, mas somente em urbanas. O líder do MTST, Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL ao governo de São Paulo disse que vai processar o presidente por "espalhar a velha fake news de invasão de casa".

Ontem, Boulos rebateu as críticas feitas pelos filhos do presidente. Em resposta, o líder do MTST disse para Eduardo "lavar a boca para falar do MTST" e o chamou de "moleque" e "bananinha".

O perfil oficial do MTST se posicionou através das redes ironizando os ataques bolsonaristas: "Ficamos sabendo que gente da direita deu um piti com o Lula por nossa causa".


Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/filhos-de-bolsonaro-associam-mtst-ao-pt-para-dizer-que-imoveis-serao-invadidos-no-governo-lula.html


Alon Feuerwerker: O resultado está aí

Alon Feuerwerker / Análise Política

O Brasil está em plena “janela partidária”, em que o político pode trocar de agremiação sem perder o mandato. Há desta vez uma peculiaridade: o prazo para formar as federações partidárias, nacionalmente verticalizadas e vinculantes, ultrapassa a data-limite para as filiações com vista à próxima eleição. O político se filia ao partido e está sujeito a, mais na frente, descobrir que entrou numa coalizão estável de quatro anos e com a qual não concorda.

É apenas mais um detalhe estranho nos mecanismos de uma fidelidade partidária já meio fantasmagórica. Pois vale para mandatos proporcionais (vereadores, deputados) mas não para cargos decorrentes de escolha majoritária (prefeito, governador, senador, presidente). O “argumento” é que neste segundo lote o político não depende dos demais para se eleger. Argumentos úteis são o que não falta na folclórica política brasileira.

Principalmente quando o Judiciário precisa, ou quer, abrir exceções. Pois ninguém é de ferro.

Por falar em tribunais, a recente decisão do Supremo ao homologar a frondosa anabolização do fundo eleitoral sugere uma reacomodação do “sistema”. De repente, a explosão das verbas públicas para partidos e candidatos deixou de provocar indignação, e no novo clima os ministros sentiram-se confortáveis para declarar alto e bom som que seria um absurdo o Judiciário meter-se excessivamente nos assuntos da alçada do Legislativo.

Sim, é isso mesmo que você acabou de ler.

Se conectarmos os dois pontos abordados acima, notar-se-á que o cofre cheio para campanhas eleitorais não deixa de ser, ao menos na teoria, um belo fator de atração de quadros na janela de trocas. O financiamento empresarial está proibido, o privado só rende uns caraminguás, então quem tem mais dinheiro público para investir na eleição tem mais argumentos para atrair gente boa de voto. Também aqui funcionam as leis de mercado.

Na política, a pergunta-chave sempre é “quem detém o poder?”. Os anos recentes assistiram à profusão de leis e decisões judiciais supostamente inspiradas pela vontade de aperfeiçoar a democracia. E qual é a resultante? Uma estrutura orgânico-monetária controlada de modo absolutista pelos presidentes de partido, figuras abarrotadas de dinheiro proveniente dos impostos, mas que não precisam prestar contas políticas a ninguém.

Pois a montanha de recursos para as legendas não vem acompanhada de exigências relacionadas à democracia interna. Não precisam fazer prévias para escolher candidatos. Podem ficar a vida inteira no cargo. Podem ir tocando o partido só com base em comissões provisórias, sem diretórios. Podem manter a estrutura partidária na coleira indicando apaniguados para os cargos-chave. E podem decidir que candidatos recebem mais dinheiro.

Eu dizia que cada escândalo dos últimos anos foi uma janela de oportunidade para todo tipo de gênio propor mais uma fornada de leis e regimentos para “aperfeiçoar o modelo”. Foi também a deixa para juízes legislarem, “devido à omissão do Legislativo”. O resultado está aí.

*Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação

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Publicado na revista Veja de 16 de março de 2022, edição nº 2.780

Fonte: Análise Política
http://www.alon.jor.br/2022/03/o-resultado-esta-ai.html


Fernando Abrucio: MBL e bolsonaristas são muito similares

Fernando Abrucio / Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

A história humana é repleta de eventos paradoxais. Um dos mais comuns é a existência de momentos marcados pela busca do novo, que, ao final, resultam em retrocessos. A Revolução Francesa gerou Napoleão Bonaparte; a Russa, o totalitarismo de Stalin. No Brasil, multidões foram às ruas em junho de 2013 para pedir a renovação da política brasileira. Apostou-se muito no que viria daquele movimento cívico de massas. Porém, os principais grupos surgidos daquele episódio demonstraram ser o inverso do que diziam: só representam o retrocesso de tudo que o país conquistou desde a redemocratização.

Na verdade, nunca nutri grande esperança no discurso presente naquelas jornadas de junho de 2013, especialmente quando ouvia as soluções propostas para os problemas do país. Estava na avenida Paulista no dia 20 de junho, saindo do trabalho, e ouvi grupos gritando: “Sem partido”, frase que me lembrou a Marcha sobre Roma comandada por Mussolini em 1922. Parecia mais com a metáfora do ovo da serpente, para citar o famoso filme de Ingmar Bergman sobre as origens do nazismo. Pressenti tempos sombrios e, infelizmente, eles vieram.

Não se trata de criticar uma parte da agenda de problemas apresentados pelas ruas, como a necessidade de melhorar os serviços públicos, mas sim o ideário vencedor desse processo político. Ele se baseava num discurso agressivo, tanto na forma como no conteúdo, contra a velha política e as instituições sociais mais relevantes, em nome de uma mistura mal combinada de um ultraliberalismo quase infantil com um conservadorismo moral modernizado pela linguagem das redes sociais. Havia um sentimento de superioridade muito grande naquelas lideranças, quase todas muito jovens, que imaginavam que sabiam tudo e que podiam se contrapor aos seus adversários de forma desrespeitosa e pouco democrática.

Passados quase dez anos, as consequências do movimento de junho de 2013 foram a ascensão do bolsonarismo e a perda completa de rumo daqueles que colaboraram para a chegada de Bolsonaro ao poder, mas que depois procuraram se desvencilhar do monstro que criaram. A ignorância histórica de Kim Kataguiri em relação ao nazismo e as frases machistas e preconceituosas de Arthur do Val, o Mamãe Falei, sobre as refugiadas ucranianas são apenas parte desse processo, porque é mais fácil condenar esses episódios grotescos. Mais complicado é entender o caldo de cultura que gerou esse retrocesso político que vai muito além do MBL e que continua com mais força no bolsonarismo.

Vale ressaltar que, embora mais recentemente tenham se colocado em lados opostos do poder, MBL e bolsonaristas são filhos do mesmo movimento que eclodiu em 2013. Mais do que isso: seu modelo mental e de forma de atuação política são muito similares. O que os diferencia mais é que um deles, o bolsonarismo, está no poder e se aliou com aqueles que podem mantê-lo lá às custas da destruição dos cofres públicos brasileiros e das bases republicanas do país: o Centrão. O outro grupo perdeu o poder, mas a maneira histérica como critica e faz oposição a outros governos, como o de João Doria em São Paulo, prenuncia a forma como os bolsonaristas se colocariam contra qualquer outro governante que conquiste o Palácio do Planalto nas próximas eleições.

O entendimento do ideário vencedor das jornadas de junho de 2013 é importante porque ele abarca, em maior ou menor medida, uma série de grupos neoconservadores que ascenderam politicamente nos últimos anos. Cinco elementos principais os caracterizam. O primeiro é o nítido despreparo de suas lideranças, com pouca formação universitária e sem grande destaque em algum campo de saber. Não por acaso uma grande parte deles procurou gurus, sendo o mais famoso o autointitulado filósofo Olavo de Carvalho - que estava mais para mago e astrólogo desbocado. Esse grupo valorizava o autodidatismo na internet e nenhuma dessas lideranças foi capaz de escrever algo sólido sobre os problemas brasileiros.

Não se sabe claramente, para além de frases de efeito, quais soluções propõem para questões complexas do país, como educação, meio ambiente, questões urbanas e desigualdade. Na verdade, preferem o voluntarismo e a tentativa de desconstruir o adversário. Como parte majoritária desse grupo, os que chegaram ao poder no plano federal produziram um governo que é um deserto de ideias na maior parte das políticas públicas. Pior: diante da incapacidade de seus membros, algo nítido pela leitura do currículo de seus ministros, caminham cada vez mais para propostas populistas em aliança com uma elite política oligárquica e patrimonialista. Ou seja: prometeram o futuro e estão entregando o passado, com o coronelismo e tudo mais.

O segundo elemento é o uso de uma estratégia política claramente antidemocrática. A falta de tolerância contra as ideias alheias é marcante, normalmente acompanhada por uma linguagem e ações agressivas. Seus líderes ficaram famosos por tentarem destruir a reputação de várias lideranças políticas e sociais usando o modelo de humilhação e cancelamento das redes sociais, como fizeram com o padre Júlio Lancellotti, que há décadas luta pela população de rua de São Paulo. Qual o conhecimento e o engajamento desses eternos moleques em relação a esse problema?

Quem começou o obscurantismo no plano da cultura não foi o bolsonarista Mario Frias, mas as ações de jovens do MBL. Não se pode esquecer a aliança que fizeram com Eduardo Cunha, então chefe de uma máfia parlamentar e envolvido em vários escândalos desde o governo Collor. Afinal, o que importava era atacar a corrupção dos outros e chegar ao poder. Os ataques ao Supremo também não começaram com a chegada de Bolsonaro ao poder, e a ideia jacobina de que as ruas deveriam substituir as instituições tornou-se um mote desde 2013, algo que os faz parecidos, ironia da história, com os chavistas.

Pouco afeitos às práticas verdadeiramente democráticas, essas novas lideranças também têm pouca sensibilidade social. Eis aqui o terceiro elemento que explica as razões de menosprezarem o papel do Estado num país tão desigual como o Brasil. Para bolsonaristas, MBL e afins, a pobreza é causada pelos próprios pobres. Basta haver liberdade econômica, e isso será resolvido. Não se atentam para o número gigantesco de negros mortos nas periferias do país, não entendem a realidade do enorme contingente de mulheres chefes de família cuja batalha pela sobrevivência é dificílima, não sabem o quão duro é a meritocracia para quem não tem as condições adequadas para estudar.

Desdenharam o quanto puderam do Bolsa Família, até que o Congresso Nacional os obrigou a engolir o Auxílio Emergencial para salvar o país do caos em meio à pandemia de covid-19. Dali para diante, os bolsonaristas pelo menos ficaram mais espertos do que os outros conservadorismos nascidos das ruas de 2013: descobriram que precisam dos votos dos pobres, embora não façam nada estrutural contra a desigualdade. Talvez esse seja o lance mais hipócrita do governo Bolsonaro, que se gaba de criar um Auxílio Brasil que não tem nenhuma conexão com o restante das políticas sociais.

Um quarto elemento congrega os conservadorismos que cresceram com as jornadas de junho de 2013: a visão reacionária em relação a várias questões emergentes do século XXI, sendo a mais importante a questão ambiental. O meio ambiente é um tema decisivo para o Brasil nas próximas décadas. O que fizermos nessa seara definirá nosso lugar no plano internacional, se teremos mais investimentos externos, se comprarão nossos produtos e se seremos respeitados pelo mundo. Errar aqui é condenar o país ao isolamento e ao atraso. Na verdade, a visão de capitalismo desses neoconservadorismos, com destaque para o bolsonarismo, é do século XIX: predatória, sem preocupação social - “a ESG é uma bobagem anticapitalista”, já ouvi de um desses pseudoliberais - e pouco antenada com as novas necessidades do planeta.

O corolário desse ideário é um conservadorismo moral de tipo quase medieval, alimentado pela velha e longa tradição patriarcal brasileira. Um exemplo disso está na questão do lugar da mulher na sociedade. O presidente Bolsonaro é claramente um exemplo de quem não acredita na igualdade de gênero - aliás, fez um seminário no Dia Internacional da Mulher sem participação feminina entre os palestrantes. Ele já xingou e humilhou jornalistas, parlamentares e lideranças sociais - e seu filho, Eduardo Bolsonaro, já colocou em dúvida a utilidade de uma engenheira numa obra. Nesse sentido, as frases cretinas do deputado Arthur do Val comungam do mesmo machismo do presidente da República.

Obviamente o Brasil tinha em 2013 muitos problemas, e a sociedade precisa lutar pelos seus direitos. Mas o discurso e a prática que venceram trouxeram muitos retrocessos e, pasmem, hoje estamos piores do que naquela época. Se quisermos mudar o país para termos um futuro melhor, a renovação não pode se pautar pelo despreparo, pela visão pouco democrática, pela insensibilidade social, pela falta de ligação com o mundo contemporâneo e pelo moralismo hipócrita representados pelo MBL e pelo bolsonarismo. Como o país vai precisar ser reconstruído, precisaremos de ideias e propostas melhores para os próximos anos.

*Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP e professor da Fundação Getulio Vargas

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/eu-e/coluna/fernando-abrucio-mbl-e-bolsonaristas-sao-muito-similares.ghtml


Pedro Doria: Feita por dopamina, a política do MBL não tem como durar

Pedro Doria / O Estado de S. Paulo

Mais que afundar a carreira política do deputado estadual paulista Arthur do Val (sem partido), o impacto das mensagens em áudio que ele gravou e foram vazadas traz lições importantes. Algumas são lições bastante antigas, bastava ter lido qualquer guia derivado de Maquiavel que se proponha à autoajuda do político iniciante. Mas outras não são tão triviais. Tratam dos limites do tipo de ação política digital usado pelo MBL, pelo bolsonarismo e mesmo pelo que alguns chamam de neobolchevismo digital. Arthur foi abatido pelas armas que sempre usou. Mais: por causa das armas que sempre usou.

É bom antes definir que arsenal é esse. É tratar política de forma histérica. Tudo é escândalo, e nunca há possibilidade do diálogo. O objetivo é manter o giro do conteúdo das redes sociais, um conteúdo que mobilize, deixe os seguidores sempre alertas. Como o escândalo de anteontem é sempre esquecido, é preciso se manter no ataque. É uma política movida a altas doses de dopamina. O neurotransmissor surgiu no processo evolutivo para nos deixar em estado de alerta quando há risco de vida, também regula o prazer, por isso mesmo é aquele jorro fugaz. A dopamina ativa aquilo que o viciado sente. Explode, aí passa rápido.

Quando toda a sua comunicação política exige estar constantemente incitando os centros de alerta e prazer do eleitorado, voltando-o contra os adversários, a estratégia é de guerra permanente. É só ataque e nenhum diálogo. Afinal, o diálogo exige temperança. É incompatível com quem dedica seu tempo a mobilizar uma massa acéfala a bombardear com toda a agressividade, via redes sociais, políticos da oposição. Esses ataques incessantes doem. Por isso não são esquecidos.

Na esquerda, o discurso é que o Movimento Brasil Livre (MBL), que tem em Arthur um de seus líderes, sempre foi assim. Mas isso é apenas parcialmente verdade. Tendo contribuído para tornar histérica a política brasileira e, no rastro, apoiado a eleição de Jair Bolsonaro, os parlamentares do MBL tentaram mudar a forma de ação. Fizeram um mea-culpa público, reconhecendo sua contribuição para piorar o ambiente do debate. Assinaram com a esquerda o principal pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PL). E trabalharam para fazer uma grande mobilização nacional respondendo às manifestações golpistas promovidas pelo bolsonarismo em 7 de setembro.

O ato do MBL foi um fracasso. Um dos motivos é que boa parte da esquerda decidiu que sua rivalidade com o movimento era mais importante que reunir toda a oposição pelo objetivo comum do impeachment. Afinal, a política movida a dopamina não é privilégio da direita. Além disso, ora, os ataques que tiram sangue virtual são lembrados no mundo real. Mas há outra razão. Ao tentar mudar seu método de ação e se afastar do bolsonarismo, o MBL descobriu que não conseguia mais mobilizar sequer a própria militância. Porque o MBL não formou pessoas que refletem sobre o Brasil, conjuntos de líderes futuros dedicados à arte bem mais complexa da construção de consensos. Formou, isto sim, tropas de assalto viciadas no jorro da dopamina.

Pois, aí, o MBL voltou a ser o que era. E, voltando a ser o que era, encontrou conforto e reencontrou parte de seu público. Mas quem só ataca não faz aliados, e a política é a arte de brigar sem nunca romper. Quem rompe quando está por cima é esquecido quando cai. E todo mundo cai uma hora. A política feita por dopamina pode congelar um país por alguns anos. Pode mobilizar uma minoria. Mas não tem como durar no arco do tempo.

Em algum túmulo, John Locke se revira. Afinal, dele nasceu o liberalismo justamente para que tivesse voz quem oligarcas viam como “fáceis por ser pobres”.

Fonte: O Estado de S. Paulo
https://link.estadao.com.br/noticias/geral,feita-por-dopamina-a-politica-do-mbl-nao-tem-como-durar,70004004649


Reinaldo Azevedo: Além de não ter derretido, Bolsonaro é competitivo e pode vencer

Reinaldo Azevedo / Folha de S. Paulo

Chegamos a meados de março, e a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição não derreteu como muitos previam. Nunca apostei nessa possibilidade, como sabem os que me acompanham aqui e alhures. Ao contrário: escrevi, e mantenho a avaliação, que ele deve chegar competitivo ao segundo turno.

Subestimá-lo, ignorando a arena sanguinolenta das redes sociais em que também se trava a disputa, foi o erro mais tolo cometido em 2018. Por "competitivo", entenda-se: o presidente pode ser reeleito.

Lula parece ter a mesma avaliação. Em encontro com lideranças femininas na manhã desta quinta (10), foi direto: "A luta não será fácil. Não existe essa do ‘já ganhou’. Eleição, a gente só sabe o resultado depois da apuração".

A fala do petista apela ao risco real da derrota para justificar as alianças, inclusive com quem defendeu o impeachment. O provável vice na chapa, Geraldo Alckmin, foi escolhido antes que este definisse o partido em que vai ingressar.

Não é o PSB a indicar a disposição de Lula de fazer uma frente tão ampla quanto possível pela governabilidade, mas a própria figura do ex-governador de São Paulo, que não tem como se confundir com a caricatura de um radical. Se a empreitada der certo, ele não será um mero adorno no Palácio do Jaburu.

Lula nunca acreditou que Bolsonaro seria tragado ou pela ruindade do seu governo ou por vagas de opinião. Poucos políticos têm um ouvido aguçado como o seu para ouvir a voz das ruas —mesmo a das ruas virtuais de hoje em dia.

O petista deve ter percebido uma evidência sobre a qual a nossa sociologia até agora não se debruçou: a direita brasileira nunca deu à luz uma personagem com as características do atual presidente. Assim como a esquerda, antes, nunca tinha produzido um... Lula.

Em muitos aspectos, os embates ideológicos brasileiros, e assim foi até a redemocratização, eram um confronto de elites mais ou menos letradas. Lula foi o primeiro esquerdista brasileiro cuja linguagem era realmente compreendida pelo chamado "chão da fábrica", como se dizia ao tempo em que emergiu como liderança. Não cabem aqui as minudências, mas o marxismo nativo das décadas de 70 e 80 torcia o nariz para ele e para o que considerava suas "simplificações".

Tanto o conservadorismo como o reacionarismo brasileiros, que entendo distintos —mas as diferenças são irrelevantes para o que vou apontar—, sempre foram um tanto envergonhados. Esse pudor, é certo, poupava os ouvidos mais sensíveis das barbaridades que Bolsonaro engrola, mas a delicadeza do discurso era só a máscara suave da truculência.

Alguém duvida de que Gama e Silva teria engulhos caso ouvisse um discurso do "Mito"? Ele não teve, no entanto, nenhuma dificuldade de redigir o AI-5, o monstrengo legal que punha em letra impressa a "ditadura escancarada".

Ainda que ambos possam repudiar o paralelo —se acontecer, é sinal de que não terão entendido o texto, e Padre Vieira diria que a culpa também pode ser minha—, a verdade é que Lula ainda é o político brasileiro que traduz com mais clareza as aspirações de justiça social, de redenção dos oprimidos, de uma vida mais digna para os pobres.

Bolsonaro, sua nêmesis, conseguiu dar expressão popular à voz da reação porque, goste-se ou não, consegue falar para os simples. Quer dizer que são iguais, mas em campos opostos? Não. Isso explica por que tem faltado povo à tal "terceira via".

Olhemos a pauta do atual presidente e as figuras que já se alinham em defesa do seu segundo mandato. Há ali, com raras exceções, um Brasil primitivo, alheio à ciência e às urgências do mundo moderno, muito especialmente às ambientais. São o seu suporte material, mas sua resiliência não vem daí. Bolsonaro ainda pode vencer uma eleição democrática porque conseguiu dar expressão popular ao ódio à democracia.

Convenham: isso, até agora, não foi devidamente compreendido pelo processo político. Se a democracia sobreviveu a seu primeiro mandato, é improvável que resistisse a um segundo. E ainda há quem repudie uma política de alianças ou que insista na farsa de que Lula e Bolsonaro são males opostos, mas combinados. Uns e outros não entenderam nada.

Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldoazevedo/2022/03/alem-de-nao-ter-derretido-bolsonaro-e-competitivo-e-pode-vencer.shtml


Organização denuncia à OCDE retrocesso do Brasil no combate à corrupção

Marlen Couto / O Globo

RIO — A Transparência Internacional Brasil denunciou retrocessos no combate à corrupção no país em um relatório enviado nesta quarta-feira à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O documento foi divulgado pelo movimento e, entre outros pontos, cita "perda de independência" e crescimento da "ingerência política" por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro sobre órgãos como a Procuradoria-Geral da República (PGR), Polícia Federal, Receita Federal e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

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Em janeiro, o Brasil recebeu um convite oficial da OCDE para negociar sua adesão à entidade, o que foi visto pelo governo Bolsonaro como uma vitória diplomática. O processo de adesão deve ser concluído em um período de três a cinco anos, segundo fontes envolvidas no tema. Junto com o país concorrem a uma vaga Argentina, Peru, Romênia, Bulgária e Croácia.

"Há preocupação de que o convite venha em um momento de desmantelamento contínuo das estruturas instaladas, ao longo últimos anos, para combater a corrupção, promover direitos, preservar o meio ambiente e, em última análise, proteger a democracia do país", alerta a organização.

O combate à corrupção e a proteção do meio ambiente estão entre os pontos que serão avaliados para a eventual entrada do Brasil na OCDE. O documento foi entregue ao Grupo de Trabalho Antissuborno (WGB) da organização, que se reúne esta semana em Paris. A ingerência sobre órgãos de controle na área ambiental também aparece com destaque. Segundo a Transparência Internacional, eles "vêm sofrendo um verdadeiro desmanche, com graves consequências no enfrentamento de crimes ambientais e violações de direitos humanos".

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No relatório, a Transparência Internacional pede que o secretário-geral da OCDE considere os retrocessos na legislação e no arcabouço institucional anticorrupção, ambiental e de proteção dos direitos humanos no Brasil durante o processo de adesão do país. "O conselho deve garantir que o Brasil não apenas se compromete, mas demonstra efetivamente capacidade e boa vontade para implementar, de forma permanente, as políticas e boas práticas recomendadas pela OCDE, para que uma eventual adesão não signifique a aprovação de práticas incompatíveis com a suas próprias diretrizes", diz o texto.

A Transparência Internacional também traz denúncias sobre os ataques de Bolsonaro e outras autoridades a organizações da sociedade civil, academia e jornalistas investigativos. Para a organização, além de enfraquecer o controle social da corrupção, os episódios deterioram gravemente a democracia brasileira.

O relatório aponta ainda retrocessos no Congresso Nacional, na PGR e no Judiciário brasileiros. No legislativo, os principais pontos de crítica são a falta de transparência do processo legislativo, principalmente com o chamado Orçamento Secreto na gestão do presidente Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a Lei de Improbidade Administrativa, aprovada no ano passado. A norma modifica o entendimento sobre atos ilícitos contra a administração pública e condiciona a punição à comprovação de dolo.

Sobre a atuação do procurador-geral da República, Augusto Aras, a organização ressalta que Aras foi reconduzido após dois anos no cargo e que o período foi marcado por críticas pela falta de independência, principalmente pela inação sobre episódios envolvendo o governo Bolsonaro na pandemia, e pelo desmantelamento de operações de combate à grande corrupção.

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No Poder Judiciário, o documento destaca a decisão do STF que retirou da Justiça comum e transferiu para a Justiça Eleitoral a competência para julgar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e outros, quando houver associação destes com crimes eleitorais. De acordo com a Transparência Internacional, a medida "está resultando em dezenas de casos graves anulados e prescritos, além do impacto extremamente negativo na capacidade do país de processar e punir grandes esquemas de corrupção, já que os tribunais eleitorais têm muito menos estrutura e capacidade técnica para lidar com a complexidade desses crimes".

Em dezembro de 2020, a OCDE criou um grupo permanente de monitoramento sobre o combate à corrupção no Brasil. A decisão foi tomada diante do que a entidade viu como um recuo no combate à corrupção no país.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/organizacao-denuncia-retrocesso-do-brasil-no-combate-corrupcao-em-relatorio-para-ocde-1-25427243


Para Greenpeace, PL da mineração será mais um desastre ambiental de Bolsonaro

Rosana Hessel / Correio Braziliense

Em nota divulgada nesta quinta-feira (10/3) sobre essa tramitação, a entidade declarou que o PL da mineração é “mais um absurdo do atual governo que, se aprovado, afetará diretamente 43 povos indígenas isolados na Amazônia brasileira”.  Após a entrada em votação do regime de urgência do PL 191/2020, ontem, foi criado um grupo de trabalho que dispensou a tramitação da proposta em comissões temáticas e minou qualquer debate junto à sociedade civil. Foram 279 a favor, 180 contrários e três abstenções. A expectativa da base governista é de que a votação ocorra na primeira quinzena de abril.

De acordo com a entidade, Bolsonaro alega que uma grande mina de potássio localizada na região de Autazes (AM) já poderia estar sendo explorada se não fosse a atual legislação, que proíbe a exploração de minérios dentro de áreas protegidas no Brasil. “Assim, o presidente se aproveita da guerra na Ucrânia para justificar a exploração em Terras Indígenas. Para ele, isso reduziria a dependência do país sobre a importação do insumo da Rússia e também de Belarus”, acrescentou.

Na avaliação do porta-voz do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, a tentativa de apressar a votação do PL 191/2020 utilizando-se do contexto de guerra, além de demonstrar o desprezo do governo para com os direitos dos povos indígenas do Brasil, demonstra também sua incompetência para lidar com os desafios criados pela política que nos tornou e nos mantém reféns da exportação de commodities para o mundo:

“Não é de hoje que o lobby da mineração sujeitou a ação parlamentar aos interesses das corporações milionárias, em desfavor do interesse público e, sobretudo, dos direitos e garantias fundamentais da população brasileira. Hoje são os direitos indígenas, amanhã será o de todos nós”, afirmou, em nota.

A entidade ressaltou que, além de se a exploração do mineral ser um processo longo e que levaria anos para tornar o Brasil independente neste sentido, a exploração mineral em terras indígenas ocasionaria ainda mais destruição para o meio ambiente e danos para as populações locais.  “Se aprovado, o PL 191/2020 vai aumentar o desmatamento na Amazônia e liberar a mineração e o garimpo em terras indígenas, indo na contramão do combate à crise climática e desrespeitando a Constituição Federal”, complementou.

O PL 191 é mais um absurdo do atual governo que, se aprovado, afetará diretamente 43 povos indígenas isolados na Amazônia brasileira. Bolsonaro alega que uma grande mina de potássio localizada na região de Autazes (AM) já poderia estar sendo explorada se não fosse a atual legislação, que proíbe a exploração de minérios dentro de áreas protegidas no Brasil. Assim, o presidente se aproveita da guerra na Ucrânia para justificar a exploração em Terras Indígenas. Para ele, isso reduziria a dependência do país sobre a importação do insumo da Rússia e também de Belarus.


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De acordo com o porta-voz do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, a tentativa de apressar a votação do PL 191/2020 utilizando-se do contexto de guerra, além de demonstrar o desprezo do governo para com os direitos dos povos indígenas do Brasil, demonstra também sua incompetência para lidar com os desafios criados pela política que nos tornou e nos mantém reféns da exportação de commodities para o mundo: “Não é de hoje que o lobby da mineração sujeitou a ação parlamentar aos interesses das corporações milionárias, em desfavor do interesse público e, sobretudo, dos direitos e garantias fundamentais da população brasileira. Hoje são os direitos indígenas, amanhã será o de todos nós.”

No entanto, além de se tratar de um processo longo e que, portanto, levaria anos para tornar o Brasil independente neste sentido, a exploração mineral em terras indígenas ocasionaria ainda mais destruição para o meio ambiente e danos para as populações locais. Se aprovado, o PL 191/2020 vai aumentar o desmatamento na Amazônia e liberar a mineração e o garimpo em terras indígenas, indo na contramão do combate à crise climática e desrespeitando a Constituição Federal.

Fonte: Correio Braziliense
https://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/para-greenpeace-aprovacao-do-pl-da-mineracao-sera-mais-um-desastre-ambiental-da-gestao-bolsonaro/


Reforma ministerial: Bolsonaro planeja trocas de olho em militares, ruralistas e Centrão

Daniel Gullino / O Globo

BRASÍLIA —Com dificuldade de atrair novos partidos para o projeto de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro prepara uma reforma ministerial voltada aos núcleos mais próximos: ruralistas, militares e Centrão. O governo planeja ainda contemplar o Senado, onde enfrentou os maiores desgastes dos três anos de mandato, e amarrar o apoio do Republicanos, que vem ameaçando deixar a base aliada. A expectativa é que dez ministros deixem os cargos até o início do mês que vem para se candidatarem aos Executivos estaduais e vagas no Congresso — há também a possibilidade de um titular da Esplanada ser o companheiro de chapa de Bolsonaro em outubro.

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Dois desses ministérios que ficarão vagos são considerados centrais na nova composição: Cidadania e Trabalho e Previdência. Seus atuais titulares, João Roma (Republicanos) e Onyx Lorenzoni (União), são pré-candidatos aos governos da Bahia e Rio Grande do Sul, respectivamente. Bolsonaro gostaria de usar os cargos para recompensar ao menos dois senadores de um grupo de parlamentares que faz parte da sua tropa de choque no Congresso: Marcos Rogério (PL-RO), Marcio Bittar (União-AC) e Eduardo Gomes (MDB-TO).

Um deles deve ficar com o Ministério do Trabalho. Na Cidadania — responsável pelo Auxílio Brasil, principal programa social do governo —, há um impasse. O governo pretende manter a pasta com o Republicanos, que indicou Roma, mas desde que o partido mantenha o apoio à reeleição. A sigla ainda discute a possibilidade de ficar neutra, e o presidente da legenda, deputado Marcos Pereira (SP), dá sinais nas duas direções: criticou Bolsonaro por preterir o partido em negociações eleitorais e depois compareceu ao evento em que o presidente reuniu líderes evangélicos — o parlamentar é bispo da Igreja Universal. Além disso, o presidenciável do Podemos, Sergio Moro, tem buscado pontes com o Republicanos.

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Outro partido que pode ser beneficiado é o PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. A sigla deve ganhar o Ministério da Ciência e Tecnologia, no lugar de Marcos Pontes, que avalia concorrer a uma cadeira de deputado federal.

O Ministério da Agricultura também deve entrar no cálculo eleitoral. Há o desejo de negociar o cargo em troca da manutenção do apoio de ruralistas. Uma opção discutida no Palácio do Planalto é pedir uma indicação do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), próximo ao setor, mas com a garantia de que ele dará palanque a Bolsonaro no estado. A ministra Tereza Cristina, no entanto, quer definir seu sucessor. O mais cotado é o secretário-executivo da pasta, Mauro Montes. O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo Melo Filho, também é uma opção. Antes de comandar o órgão, ele foi assessor de Onyx Lorenzoni, à época titular da Casa Civil.

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Apesar de usar parte dos ministérios para agradar a aliados, Bolsonaro também deve optar por soluções internas. Na Secretaria de Governo, o favorito para substituir Flávia Arruda (PL), que vai concorrer ao Senado pelo Distrito Federal, é o chefe de gabinete da Presidência, Célio Faria Júnior. Homem de confiança do presidente, Faria tem experiência no trato com parlamentares por ter trabalhado 20 anos na área de Relações Institucionais da Marinha.

Pelo novo desenho, a ideia é que o ministro Ciro Nogueira foque na articulação política, enquanto o futuro ocupante da Secretaria de Governo ficaria responsável pela distribuição de emendas e cargos. Na virada do ano, a repartição de verbas gerou atritos entre Nogueira e Flávia.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, também pode ser “promovido” a ministro. Ele é cotado para assumir o Desenvolvimento Regional no lugar de Rogério Marinho, que pretende se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Presença constante nas “lives” presidenciais, Guimarães chegou a ser cotado para substituir Paulo Guedes no Ministério da Economia. Caso a ida do executivo para o ministério não se concretize, o plano alternativo do governo é deixar a pasta nas mãos de um dos senadores da tropa de choque.


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Em alguns casos o substituto pode vir da equipe da própria pasta. Na semana passada, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, indicou que espera que seu secretário-executivo, Marcelo Sampaio, fique em seu lugar. Tarcísio vai concorrer ao governo de São Paulo.

No Turismo, o ministro Gilson Machado estuda concorrer ao Senado por Pernambuco. Seu sucessor pode ser o atual presidente da Embratur, Carlos Brito. Ontem, Bolsonaro confirmou que a chapa no estado terá Machado e, na condição de candidato ao governo, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que pode disputar o Senado pelo Amapá, tem o desejo de indicar uma outra mulher para ficar em seu lugar.

Indecisão na defesa

Uma das situações mais indefinidas é a da Defesa, cujo comando pode ficar vago caso Braga Netto seja escolhido para o posto de vice na chapa de Bolsonaro, como o presidente já indicou que deseja. O comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teve o nome sugerido para a vaga, mas a intenção de Bolsonaro é manter a pasta com o Exército, por considerá-la a principal Força.

Por isso, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, pode ser o escolhido. Entretanto, pesa contra ele o fato de estar há pouco menos de um ano no cargo. Há o temor de haver um desgaste com uma nova mudança no comando em pouco tempo. Outras possibilidades entre os militares da ativa são os chefes do Estado Maior das Forças Armadas, general Laerte de Souza Santos, e do Exército, Marcos Antonio Amaro dos Santos.

Os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) também são opções. Ramos, contudo, é visto entre os militares como um nome com viés político. Caso Heleno seja escolhido, haveria uma dança de cadeiras, e Ramos iria para o GSI.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/reforma-ministerial-bolsonaro-planeja-trocas-de-olho-em-militares-ruralistas-centrao-1-25427795


Pandemia de Covid completa 2 anos em meio a tsunami de infecções

Phillippe Watanabe e Diana Yukari

Era uma quarta-feira, dia 11 de março, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a Covid-19 era uma pandemia —em meio a algumas críticas de que a entidade havia demorado para chegar a essa conclusão. Dois anos depois, mesmo com vacinas disponíveis, pelo menos para parte do mundo, o planeta vê as maiores médias móveis de casos de toda a pandemia e ainda níveis grandes de mortes associados à superinfecciosa variante ômicron.

Em janeiro deste ano, a ômicron levou à média móvel mundial de casos a inimagináveis 3,4 milhões de pessoas infectadas por dia. Em dezembro de 2021, a variante já tinha elevado o patamar de infecções para mais de 1,3 milhão de casos. Os maiores valores anteriores ficavam na casa das 700 mil ou 800 mil infecções diárias, como em abril e maio de 2021.

A boa notícia em meio ao tsunami de infecções é a quantidade um pouco menor de pessoas mortas pela doença. No pior momento da ômicron (até aqui), a média móvel de mortes pela Covid no mundo ficou pouco acima de 10 mil óbitos por dia. Em janeiro, abril e maio do ano passado, os valores ficavam próximos às 15 mil mortes por dia.

O Brasil, por exemplo, no primeiro semestre de 2021, era acossado pela variante gama, com mais de 70 mil casos por dia e médias de mortes acima de 2.000 e até 3.000, além dos colapsos de sistemas de saúde.

Já em 2022, mesmo com recorde absoluto de média móvel de casos, que chegou a 188.451 por dia em 31 de janeiro, a média de óbitos não chegou a cruzar a linha das 900 vidas perdidas por dia —um número de perdas, porém, ainda elevado.

A lição que fica é a das vacinas, afirma Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Elas mostram, mais uma vez, como são capazes de reduzir a carga da doença", diz o especialista. "Como estaríamos se não tivéssemos as vacinas fazendo esse papel?"

Kfouri afirma que é possível dividir a pandemia em dois períodos.

Um antes da vacina, no qual se aprendeu, basicamente, como lidar com os pacientes, quais drogas funcionam ou não e a necessidade de medidas não farmacológicas para tentar frear a disseminação da Covid.

Esse período, no Brasil, foi recheado de desinformação e politização dos assuntos médicos relacionados à pandemia, relembra Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

cloroquina foi, talvez, a principal droga abraçada e propagandeada por Jair Bolsonaro (PL), apesar das consecutivas evidências de que ela não funciona contra a Covid. Até mesmo as máscaras foram motivo de fake news por parte do presidente e de seus apoiadores.

"Medidas simples de controle viraram um objeto de disputa política", afirma Maciel.

A epidemiologista diz que o país sempre teve uma política de saúde verticalizada, com a esfera federal atuando inicialmente para só depois as instruções chegarem aos municípios. Na pandemia, segundo ela, houve uma desestruturação disso, o que pode ter sido problemático principalmente para cidades que não tinham corpos técnicos adequados para tomadas de decisão.

"Quando o governo passa a não tomar decisões ou tomar decisões que batem de frente com a ciência, aí começa algo que a gente ainda não tinha visto no Brasil", diz Maciel.

Até mesmo as vacinas viraram motivo de politização, com Bolsonaro desincentivando a imunização.

E foi graças às vacinas que começou o segundo período da pandemia, afirma Kfouri. Mas nem mesmo elas foram capazes de frear definitivamente a pandemia, em parte pela concentração de doses em países desenvolvidos e pela falta de imunizantes e baixa cobertura vacinal em outros locais, como no continente africano e em alguns países do leste europeu.

A ômicron, por exemplo, surgiu na África do Sul, em novembro do ano passado, em um momento em que o país lutava para uma melhor distribuição das vacinas contra a Covid.

variante surpreendeu a todos. "Nunca se viu um vírus se espalhar no planeta como a ômicron se espalhou", afirma o infectologista.

Até mesmo vacinados —inclusive com doses recentes— não foram poupados pela ômicron, que atualmente domina o mundo. O escape vacinal era um perigo constantemente alertado pelos pesquisadores, que reforçavam a necessidade de uma maior equidade na distribuição de vacinas para evitar novas variantes (quanto maior a transmissão descontrolada, maiores as chances de novas cepas).

Apesar de ser tornarem mais fracas para evitar casos leves, as vacinas continuaram cumprindo muito bem o papel de proteção contra a gravidade da Covid e óbitos.


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Agora, mesmo em meio à elevada quantidade de casos dos últimos meses, começam conversas e até mesmo ações para tirar o caráter pandêmico da Covid, algo precipitado para o momento, segundo pesquisadores.

Afinal, ao sair da pandemia, iniciaríamos um momento em que se tem uma certa previsibilidade da quantidade de casos e mortes da Covid, saberíamos o que esperar. O que ainda parece uma realidade não factível para as infecções por Sars-CoV-2. E isso fica muito claro ao olharmos para os últimos poucos meses.

No Reino Unido, as restrições caíram quase totalmente. O país, porém, já começa a ver sinais de uma nova alta de casos.

No Brasil, a obrigatoriedade das máscaras já está caindo em diversos estados, o que especialistas afirmam fazer sentido para os ambientes abertos. Não haver obrigação de proteção facial em áreas fechadas, porém, preocupa os pesquisadores.

De toda forma, Kfouri afirma que os próximos meses devem ser de calmaria e lua de mel para o Brasil e para os demais países, devido a uma grande imunidade global adquirida, seja por vacinação ou por infecções recentes.

Porém, sabe-se que isso deve ter um prazo de validade: até a próxima onda.

Os pesquisadores apontam que um fim ainda não está no horizonte, ou seja, não se pode declarar ainda que a Covid é uma endemia (como é o desejo de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde). Em primeiro lugar, porque a pandemia é um evento mundial, sobre o qual só a OMS poderia decretar o fim.

Além disso, lembra Kfouri, a carga de mortes e infecções da Covid é muito elevado, no Brasil por exemplo, com mais de 500 óbitos por dia, para se considerar a doença como endêmica.

Segundo Maciel, resta saber com quais níveis de mortalidade e contaminação estaremos confortáveis para declarar que a Covid, finalmente, está em um nível aceitável.

Enquanto isso, a OMS continua alertando continuamente que a pandemia ainda não acabou.

Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/03/pandemia-de-covid-completa-2-anos-com-maiores-medias-moveis-de-casos.shtml