Liderar a Câmara é um cargo de moderação e equilíbrio
Quem lê o título acima pode até se assustar com essa defesa. Aqui e ali há tentativas de gourmetizar o chamado centro da política brasileira. Em reportagens e em manifestações nas redes sociais, algumas tentativas buscam abrandar o termo, como é o caso do “centro democrático”, do “novo centro”, entre outros novos apelidos para o bloco único de deputados e partidos que partilham muita coisa em comum.
Desde a Constituinte, com o objetivo de conciliar ideias para o Brasil, o Centrão mantém e continuará a relacionar esse conjunto de parlamentares, até mesmo aqueles que tentam disfarçar-se de outra coisa. O que se provou na formulação na Constituição, o centro mostra, na prática, o trabalho que estamos fazendo pelo bem do país.
Foi esse bloco que se solidificou para defender as prerrogativas do Parlamento no início do ano passado, que se uniu em torno de Rodrigo Maia nas duas últimas eleições para presidente da Casa e que fez andar as reformas trabalhista e da Previdência — vistas como essenciais para o equilíbrio fiscal e para dinamizar a economia. Sem falar na aprovação do teto de gastos — uma rigorosa linha de defesa fiscal que manteve de pé a credibilidade com investidores.
Isso é um pouco do que o Centrão fez nos últimos anos. E há muito por fazer diante da imperiosa retomada econômica e do desenvolvimento social no pós-pandemia.
Centrão ou centro gourmet, pergunto-me onde está a diferença. Despir-se da capa de Centrão só vale na hora da entrevista ou do tuíte? Aliás, fica aqui o registro de que, na Plataforma Radar do Congresso, os partidos PSL, DEM, Novo e MDB apresentam índices de votação a favor do governo acima dos 80%. Se o disfarce de uma dita oposição não cola, a diferença do candidato de Rodrigo Maia será o jeito de conduzir o dia a dia da Casa. Pelo visto, primeiro vai ter que decidir o que é.PUBLICIDADE
Falamos de independência do Congresso. Eu a defendo dando voz a cada colega, previsibilidade para a pauta e compromisso com a palavra dada. Eu não mudo nem tergiverso de acordo com o interlocutor: sou, sim, um dos representantes do pensamento de centro na Câmara dos Deputados. É essa franqueza e transparência que quero levar para a presidência da Câmara e que demarca a diferença fundamental do projeto que defendo, construído com um conjunto de lideranças e parlamentares.
Liderar a Câmara é um cargo de moderação e equilíbrio, que exige ouvir as minorias, seguir o regimento ao pé da letra e promover discussões acaloradas, porém respeitosas. Isso significa ouvir, colocar as comissões para funcionar, dar espaço para o bom debate e deixar que, no jogo democrático do Legislativo, a maioria vença. Independentemente de ser contra ou a favor deste ou daquele governo.
Nos últimos anos, o dia a dia dos deputados lembrava aquele jogo de meninos no playground: a bola só rolava quando o dono deixava. Queremos mudar isso. Meu compromisso sempre foi de tocar a bola com os outros 512 deputados federais, sem birra, sem surpresas. Comigo, todo mundo joga e tem espaço.
Arthur Lira é deputado federal (PP-AL)