Steve Bannon foi o principal estrategista da campanha que levou Donald Trump à Casa Branca. O ideólogo mostrou como usar as redes para disseminar ódio e desinformação. Ajudou a transformar um magnata folclórico em fenômeno eleitoral.
Trump ganhou votos com promessas mirabolantes, como a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México. A ideia não saiu do papel, mas ajudou Bannon a ficar mais rico. Ontem ele foi preso, acusado de desviar dinheiro de uma vaquinha virtual. Arrecadou US$ 25 milhões a pretexto de erguer a barreira contra imigrantes.
No livro “Os engenheiros do caos”, o italiano Giuliano Da Empoli conta como o propagandista transportou lições dos videogames para a política. Aoatuar na indústria de jogos eletrônicos, Bannon descobriu a existência de comunidades digitais com milhões de participantes. Seus fóruns eram terreno fértil para difundir boatos e teorias conspiratórias.
Com a ajuda de algoritmos, os ambientes foram replicados para turbinar a campanha republicana. Atraíram eleitores que se sentiam desprezados pelo sistema e excluídos do banquete da globalização. Era uma massa invisível para os políticos e os institutos de pesquisa, que apostaram na vitória de Hillary Clinton.
O triunfo do bufão alçou Bannon ao estrelato mundial. No primeiro mês de governo, ele foi parar na capa da “Time”, apresentado como “O Grande Manipulador”. Empolgado com a fama, começou a articular uma Internacional da extrema direita. Aproximou-se de populistas como o britânico Nigel Farage, o italiano Matteo Salvini e o húngaro Viktor Orbán.
O propagandista rompeu com Trump, mas continuou a ser visto como guru por uma legião de impostores. Em 2018, ele foi procurado por Eduardo Bolsonaro para dar conselhos à campanha do pai. Depois escalou o deputado como líder do seu movimento nacional-populista na América Latina.
Após a prisão de ontem, Trump tentou se distanciar do ex-aliado picareta. Em Brasília, a família presidencial preferiu o silêncio.