Com prisão de Steve Bannon, lá se vai o guru internacional da direita e dos Bolsonaro
Bem feito para os idiotas que doaram mais de US$ 25 milhões para construir um muro entre os Estados Unidos e o México, ou seja, entre países, pessoas, famílias, humanidade e desumanidade. Pensavam que estavam comprando cimento e tijolos, mas estavam financiando os luxos de tipos abomináveis como Steve Bannon, ex-estrategista de campanha e de governo de Donald Trump e idolatrado pelo presidente Jair Bolsonaro, seus filhos, ministros e puxa-sacos em geral.
Num mundo tão globalizado quanto desigual, é chocante que o presidente e tantas pessoas na maior potência defendam um muro para se isolar de pessoas consideradas menos gente, menos humanas. Deveriam fazer o oposto e doar para famílias, velhos e crianças viverem com dignidade, mas, em vez de contribuir com a igualdade, os doadores incautos do muro aprofundam a desigualdade: eles lá, com sua miséria e sem horizonte; nós cá, com a nossa pujança e egoísmo. Dúvida: quem vai lavar as privadas e cuidar das crianças dos doadores? Mas essa é outra história.
Entre os que fizeram papel de bobos, pode haver americanos de diferentes origens e até imigrantes… latinos. Latinos construindo muro contra latinos. Com uma curiosidade: Donald Trump tem ojeriza a imigrantes, mas é casado com uma eslovena. Logo, a ojeriza não é ao imigrante, é ao pobre, perseguido, desvalido. Branca, bonita e capaz de se imiscuir na elite, aí pode.
Dos doadores para o mais ilustre beneficiário dessa roubalheira, Steve Bannon, que chegou aos píncaros da glória quando Trump foi alçado da condição de anticandidato ridículo e inviável à de presidente do país com mais dinheiro, armas, votos e poder do mundo. A vitória de Trump subiu à cabeça de Bannon, que decidiu expandir seus dotes políticos para o nefasto Brexit no Reino Unido, as eleições de Polônia, Hungria e países da África e… a política brasileira. Como conselheiro do presidente Jair Bolsonaro.
Fogo e Fúria – Por Dentro da Casa Branca de Trump, do jornalista Michael Wolff, editora Objetiva, traça um perfil preciso não apenas do próprio Trump, mas também dos seus principais assessores no poder e do próprio Bannon e sua expertise: manipulação. Dizem que “a esperteza, quando é demais, devora o dono”. E assim ele acabou expelido do círculo íntimo do presidente e do próprio governo. Mas não perdeu a pose.
O documentário The Great Hack, da Netflix, mostra como Bannon surfou na onda da já banida empresa Cambridge Analytica para capturar e manipular corações e almas mundo afora e instalar algo apocalíptico, a dominação do mundo pela direita. Uma extrema-direita muito particular de Steve Bannon, agora preso no seu próprio país por criar uma rede para enganar os trouxas e engordar suas contas pessoais.
Há fotos, posts e informações públicas à vontade comprovando o encanto do presidente Bolsonaro com Bannon. Dele, do ex-quase embaixador em Washington Eduardo Bolsonaro, do chanceler trumpista Ernesto Araújo e do assessor internacional idem, Filipe Martins, com um troféu: a foto do jantar que o presidente brasileiro ofereceu em Washington, com Steve Bannon sentado à esquerda e quem à direita? Olavo de Carvalho. O guru internacional, o guru tupiniquim.
A prisão de Bannon pode abortar o projeto mais grandioso dos Bolsonaros: a criação de um “Foro de São Paulo” à direita. Nem foro de direita, nem o novo partido Aliança pelo Brasil, nem a garantia de reeleição de Trump e, agora, a toxicidade de Bannon. O que o “03” vai fazer com boné “Trump 2020”? A campanha do pai vai de vento em popa no Brasil, mas o bolsonarismo corre o risco de afundar no mundo, junto com Trump, Bannon e tipos assim.