Rubens Bueno: O perigo reacionário

Vivemos um momento de crescimento do reacionarismo no mundo e esse movimento, que se alastra a cada dia, precisa ser enfrentado com firmeza sob pena de vermos, nos próximos anos, a derrubada de conquistas históricas.
Reprodução/Google
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Vivemos um momento de crescimento do reacionarismo no mundo e esse movimento, que se alastra a cada dia, precisa ser enfrentado com firmeza sob pena de vermos, nos próximos anos, a derrubada de conquistas históricas.

Na mira desses grupos radicais estão os direitos humanos, o direito de livre escolha, a liberdade de circulação das pessoas, a arte e até mesmo a política. Não é à toa que recente levantamento do Instituto Paraná pesquisas apontou que 43,1% dos brasileiros defendem a volta da intervenção militar no Brasil. Outros 51,6% são contra e 5,3% não sabem ou não responderam.

A pesquisa reflete a onda reacionária que tem se proliferado não só no Brasil, mas no mundo inteiro, e também o desconhecimento histórico, por parte de parcela da sociedade, sobre as atrocidades praticadas durante a ditadura militar no Brasil. A junção do desencanto com a política, falta de conhecimento e busca por um salvador da Pátria acaba desaguando em resultados como esse. E, perigosamente, abre um corredor para o crescimento de políticos que se utilizam do populismo radical e do discurso messiânico para alavancarem suas candidaturas.

Trata-se de um processo mundial que tem como sua maior exemplificação a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Esse mesmo movimento também vem crescendo na Europa, em países como a França e Alemanha, e em outras regiões do planeta.

No Brasil esse radicalismo cresceu com a série de escândalos de corrupção dos últimos governos e com a incapacidade das forças progressistas de enfrentar e resolver gargalos como o aumento da violência, a geração de emprego e a melhoria da qualidade de vida da população. O Brasil é hoje um país em desencanto e todo esse processo deixou o cidadão descrente da política.

Nesse cenário muitas pessoas acabam embarcando em movimentos erráticos. Uma parcela grande da população que não viveu a ditadura e não conheceu o retrocesso que ela trouxe para o país é levada a acreditar que uma intervenção militar resolveria os problemas do país. Pelo contrário, a situação se agravaria e as liberdades, conquistadas após tanta luta pela democracia, estariam em risco.

A pesquisa divulgada, e outras que apresentam resultados semelhantes, servem de alerta para o meio político que precisa urgentemente mudar as suas práticas viciadas.

A manutenção da velha política acabará por reforçar as forças retrógradas que querem ver nosso país de novo sob a mordaça do autoritarismo e do famoso bordão “prendo e arrebento”. É hora de agir, de fazer o contraponto ao discurso reacionário, e de deixar de fingir que não há uma ameaça ao nosso redor.

Nossa crise precisa ser resolvida por meio da democracia e a melhor arma para mudar o futuro do país não é o fuzil, mas o conhecimento e o voto.

 

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