Pandemia expõe fortes contradições do Brasil, diz Maria Amélia Enríquez

Foto: Alex Pazuello/Semcom
Foto: Alex Pazuello/Semcom

Em artigo na revista Política Democrática Online, economista analisa o país no contexto da crise sanitária global

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

A pandemia do coronavírus expõe fortemente as contradições da sociedade brasileira diante do debate sobre o que é mais importante: vida ou economia. A análise é da economista Maria Amélia Enríquez, professora da UFPA (Universidade Federal do Pará), em artigo que ela publicou na 19ª edição da revista Política Democrática Online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em Brasília.

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“A pandemia e seus efeitos têm provocado um debate, até então pouco aprofundado, do suposto antagonismo entre a defesa da vida e a defesa da economia”, afirma Maria Amélia, que também é conselheira da FAP. Segundo ela, a crise sanitária global tem permitido escancarar as profundas contradições da sociedade brasileira, reveladas pelas péssimas condições sanitárias de 48% da população, sem esgoto e sem saneamento básico.

Além disso, na análise publicada na revista Política Democrática Online, a economista cita a precariedade do trabalho informal de 38,6 milhões de brasileiros, que corresponde a 41% da força de trabalho; os míseros R$ 420,00 com que 52 milhões de brasileiros subsistem e, seu oposto, a extrema concentração da renda, a segunda maior do mundo, em que os 1% mais ricos detém 28,3% da renda total do País.

Na avaliação de Maria Amélia, o falso dilema pressupõe que a esfera econômica está apartada da vida das pessoas e tem existência própria, manifestando-se no mercado financeiro, na bolsa de valores, câmbio, transações bancárias e em números do PIB. “A vida real dos cidadãos e suas famílias, por seu turno, se passa em outra esfera, em seus domicílios e na rotina de seu cotidiano. O desastre econômico desencadeado pela pandemia mostra quão irreal é essa percepção”, afirma.

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