O economista Stefan Fölster, coautor de A Riqueza Pública das Nações e diretor do Reform Institute, defendeu, durante sua palestra no seminário Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação, a criação de um fundo de riqueza nacional que tenha independência politica e seja gerido por um comitê transparente, escolhido pelo Congresso e não pelo governo, para administrar empresas estatais e a riqueza pública como um todo.
Para ele, o advento da globalização acabou com o monopólio estatal, um fator que é positivo, mas ainda é necessário melhorar a governança em estatais que permanecem monopolizando alguns setores de atuação, como a Petrobras, por exemplo.
Fölster explicou que as empresas estatais, com poucas exceções, têm um desempenho ruim como um todo, especialmente pela influência política direta a que estão expostas e casos de corrupção. “A OCDE mapeou a corrupção nos últimos anos, e as estatais estão envolvidas nos maiores casos”, afirmou.
“Essa governança pouco transparente das estatais, da riqueza pública, prejudica a democracia de diversas formas”, destacou o economista. “A razão mais óbvia é que se o bem público não é gerido de forma transparente, como os cidadãos farão para avaliar os guardiões de sua riqueza? Quando não se tem transparência, surgem oportunidades de corrupção, clientelismo, favorecimento”, complementou.
O economista disse que a renda pública, se mantida nessa forma sombria de governança, cria terreno fértil para o que ele chamou de “Estado soft”, propício para trapaças, negociatas e a corrupção “legal”, onde as empresas estão dentro da lei, mas são exploradas ao máximo, acabando com a confiança da opinião pública nelas. “Isso vira a fraude lícita e gera um custo à sociedade gigantesco, pois as estatais vão perdendo sua capacidade de gerar bem-estar social”.