Vera Magalhães: Com exoneração de Valeixo, Moro deve mesmo sair

Com a exoneração, pelo Diário Oficial da União, do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, deve se concretizar a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, disseram ao BRPolítico nesta manhã pessoas próximas às negociações entre o ex-juiz e o presidente.
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

Com a exoneração, pelo Diário Oficial da União, do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, deve se concretizar a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, disseram ao BRPolítico nesta manhã pessoas próximas às negociações entre o ex-juiz e o presidente.

Ele marcou um pronunciamento às 11h desta sexta-feira, informou a assessoria de imprensa do ministério. Nessa fala, deve concretizar seu pedido de demissão, segundo a expectativa.

Depois de tentativas, vindas principalmente da parte dos generais que integram o ministério, de contemporizar a situação e evitar a saída de Moro, cessaram as conversas, ainda na noite de quinta-feira.

Diferentemente do que consta do DOU, a exoneração de Valeixo não foi assinada pelo ministro, como informou a Folha, e fontes confirmaram ao BRP. Outra informação falsa da exoneração é que a saída de Valeixo se deu “a pedido”.

O método da demissão, na marra e falseando informações, deve ser a cereja do bolo para a decisão de Moro de deixar o governo. Além da intervenção de Bolsonaro na PF, pesam para isso a aproximação do presidente com o Centrão, inclusive com pessoas condenadas e que foram presas, como Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto (esse por sentença do próprio Moro na Lava Jato) e a conduta de Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus.

Pessoas que acompanham desde quarta-feira a crescente indisposição entre Bolsonaro e Moro dizem que nem o ministro entende a forma como Bolsonaro agiu no caso de Valeixo. A razão seria a contrariedade com o inquérito, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que apura uma rede de fake news para destruir reputações de inimigos do bolsonarismo.

Conforme noticiei na minha coluna no Estadão na quarta-feira, ele está avançado em identificar empresários que financiam essa rede, e deve servir de base para a nova investigação a respeito da ida de Bolsonaro a atos golpistas no último domingo. Informações de outros veículos dão conta de que ele está a um passo de comprovar a participação de Carlos Bolsonaro no comando do esquema.

“Acho que não tem mais jeito”, me disse nesta manhã uma pessoa que acompanha a crescente crise entre Moro e Bolsonaro. Segundo pessoas próximas ao ministro, sua demissão deve se concretizar ainda nesta sexta.

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