Criado em 25 de março de 1922, PCB evoluiu para PPS e Cidadania
Eles eram poucos.
E nem puderam cantar muito alto a Internacional.
Naquela casa de Niterói em 1922.
Mas cantaram e fundaram o partido.
Eles eram apenas nove, o jornalista Astrogildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres, os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio.
E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois.
Em todo o país eles eram mais de setenta.
Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.
Faz sessenta anos que isso aconteceu, o PCB não se tornou o maior partido do ocidente, nem mesmo do Brasil.
Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele.
Ou estará mentindo.
Ferreira Gullar
A fundação do PCB
Cumprem-se hoje 98 anos da fundação do PCB. Naquele dia, um pequeno grupo de delegados, quase todos oriundos do anarquismo, sob inspiração da revolução de 1917 e a liderança de Astrojildo Pereira, fundaram o partido.
Desde então, mesmo com número reduzido de militantes e nas condições adversas da clandestinidade que perduraram por quase toda sua história, o partido foi protagonista de todas lutas por democracia e justiça social no Brasil. Em cada momento relevante, apresentou-se como alternativa política para os trabalhadores e as classes populares, contra a agenda dos grupos dominantes.
Como todos os partidos brasileiros, construiu uma trajetória de erros e acertos. Como poucos, contudo, talvez por ter sido o mais longevo, conseguiu aprender com seus erros e transformar essas experiências em mudanças duradouras na sua trajetória política.
Já em 1958, na esteira da crise provocada pela denúncia do culto à personalidade e dos crimes de Stálin, o partido compreendeu a relevância da questão democrática e defendeu o caminho da democracia, como possível, desejável e necessário para avançar no rumo do socialismo. Logo após o golpe militar de 1964, prosseguiu nesse rumo e formulou o diagnóstico preciso da natureza do regime e o caminho para sua derrota: uma ampla frente democrática, unificada em torno das bandeiras da anistia, eleições diretas e assembleia nacional constituinte.
Conquistada a democracia no Brasil, na década de 1980, foi um dos poucos partidos comunistas do mundo que apoiou, de maneira consequente e resoluta, o esforço, infelizmente abortado, de renovação democrática do socialismo na União Soviética e no Leste Europeu.
Concluiu, logo depois, que o esgotamento do modelo do socialismo real exigia a construção de uma nova plataforma política e de um novo modelo de partido. Com esse objetivo, caminhou, em decisão majoritária, para sua transformação, em 1992, em novo partido, o PPS (Partido Popular Socialista), que, em continuidade ao mesmo impulso de renovação e agregação política, originou, em 2019, o Cidadania.
Uma data para ser comemorada não apenas pelos militantes formados nas diferentes variantes da tradição pecebista, mas por todos os democratas brasileiros.
Fundação Astrojildo Pereira