El País: Votaram em Bolsonaro e começaram 2019 otimistas. Voltamos a eles para saber o que pensam agora

O El País volta a entrevistar, um ano depois, eleitores de quatro cidades que ajudaram a eleger o presidente. Também conversamos com a família de Manaus que não escolheu o mandatário, assim como quase metade do país.
Foto: TANIA MEINERZ / VÍDEO: EPV
Foto: TANIA MEINERZ / VÍDEO: EPV

O El País volta a entrevistar, um ano depois, eleitores de quatro cidades que ajudaram a eleger o presidente. Também conversamos com a família de Manaus que não escolheu o mandatário, assim como quase metade do país

Naiara Galarraga Gortázar, Naira Hofmeister, Joana Oliveira, Afonso Benites e Liege Alburquerque, do El País

São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Brasília, Manaus

“Temos uma grande nação para reconstruir, e isso faremos juntos”, proclamou há um ano, ao assumir a Presidência, o militar reformado Jair Bolsonaro, 64 anos, que conseguiu capitalizar o desejo de mudança, a raiva em relação à classe política e o cansaço com a corrupção no Brasil. Aquele apelo à unidade não deu em nada. Como presidente, Bolsonaro continua instalado no sectarismo, põe à prova as instituições democráticas com frequência, a polarização cresce e sua popularidade não para de diminuir, mas a economia se recupera lentamente e os assassinatos caíram. No início de seu mandato, o EL PAÍS foi às ruas para sentir o clima do Brasil de Bolsonaro (leia aqui). Entrevistamos, em várias cidades, brasileiros que votaram nele para ilustrar quais eram suas expectativas em relação aos pilares do seu programa (economia, segurança, corrupção, valores) e também ouvimos uma família que não votou no ultradireitista. Voltamos a visitá-los para saber se estão satisfeitos ou não e qual deve ser a prioridade do presidente Bolsonaro em 2020.

Porto Alegre (Economia)

Ereni Azevedo no recém-construído segundo andar de sua casa.

Ereni Azevedo no recém-construído segundo andar de sua casa.TANIA MEINERZ

Ereni Azevedo: “Espero que os preços dos produtos baixem”

O ano de 2019 foi próspero para os Prado Neves. A casa da família, no Morro da Cruz, nos arredores de Porto Alegre, tem agora um andar superior com vista panorâmica. A matriarca, Ereni Azevedo do Prado, 55 anos, que contribuiu com seu voto para a vitória de Bolsonaro, conseguiu fazer a reforma, apesar do desempenho frustrante da economia: cresceu 1%, embora a expectativa de um ano atrás fosse de 2,5%. “Para mim, o ano foi muito bom!”, celebra na cidade com a segunda cesta básica mais cara do país.

A reforma da casa era uma necessidade para a família, que cresceu em 2018 com a chegada da terceira neta. A avó vive com sua filha, de 30 anos, e três netos. A escada para o andar superior é um orgulho familiar. Quando Bolsonaro autorizou os trabalhadores a retirar 500 reais do FGTS, Azevedo do Prado investiu na escada. “Esse dinheiro chegou para mim num hora muito boa”, afirma. Com os outros 500 reais que pode sacar pretende pagar a dívida de energia elétrica, que antes ele tinha graças a uma ligação irregular.

Ela paga a obra em parcelas, mas não quer que se prolongue. Espera acabar em fevereiro. E, para isso, além de seu emprego (com carteira assinada) como cuidadora de uma idosa, aumentou os ganhos extras: faz limpeza para outros e conserta roupas.

O salário fixo, sozinho, não era suficiente para a reforma: “O salário tá baixinho e não podemos nos contentar com pouco. Quando a gente trabalha bastante, merece ganhar bem”, defende. Por isso, pede ao presidente da República que se preocupe mais com a classe trabalhadora, não só em termos econômicos. “Temos sim uma crise na saúde. E a educação está muito ruim”, diz. Seu filho Anriel, 25 anos, acrescenta a segurança entre as prioridades: “Não adianta ter serviço se eu não consigo chegar ao trabalho porque o risco de ser assaltado é grande”.

O jovem se mudou em meados de 2019 para Santa Catarina para trabalhar como motorista. “É um trabalho autônomo também, só que aqui é bem melhor dou que no Rio Grande do Sul, tudo é mais barato, a vida é melhor.” Como os impostos estaduais são menores, tudo, da gasolina à cerveja, é mais barato. A carne subiu muito em todo o Brasil devido à demanda chinesa, mas outros produtos também aumentaram. “Eu pensei que as coisas não iriam subir tanto [no Governo Bolsonaro]. Um quilo de arroz, que antes era um real e pouco, hoje está dois reais e pouco, até três reais. O feijão também, o açúcar, material de limpeza, combustível… tudo subiu”, critica. “Espero que a economia se estabilize e aí que os preços dos produtos baixem um pouco.”

Mas a família apoia a ideia defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que é mais importante ter algum trabalho, mesmo que seja precário, do que ter direitos trabalhistas. “Eu acho que só não tem trabalho quem não quer. Nunca fiquei sem trabalhar, independentemente da carteira”, afirma a matriarca da família. Está a um ano de se aposentar, mas trabalhou tão duro no ano passado que nem teve tempo de verificar se a reforma da Previdência afeta seus planos.

Salvador (Segurança)

A representante farmacêutica Rita Paim e o design gráfico Sérgio Pretto, em Salvador.

A representante farmacêutica Rita Paim e o design gráfico Sérgio Pretto, em Salvador.MATHEUS LEITE

Rita Paim: “Tenho notado mais policiamento nas ruas, e me sento mais segura”

Para Rita Paim, uma representante farmacêutica de 52 anos, e Sérgio Pretto, um designer gráfico de 60 anos que também trabalha como motorista de aplicativo, esta “ação rápida” da polícia evidencia que o presidente Jair Bolsonaro obteve bons resultados. “Se a polícia puder agir, vai fazer seu trabalho. Infelizmente, quando acontece algo assim, às vezes a própria comunidade não favorece a ação dos policiais, fica pedindo direitos humanos quando um delinquente faz algo errado. Mas a polícia precisa agir, senão a gente não consegue botar ordem nas coisas. Não estou dizendo que tem que sair matando, não é isso”, explica ela, quase um ano depois da primeira entrevista.

O casal, que vive em um bairro de classe média alta da capital baiana, em um apartamento decorado com figuras religiosas, é parte da minoria que votou em Bolsonaro em Salvador, onde o Partido dos Trabalhadores arrasou. A Bahia é o Estado com o maior número de mortes por armas de fogo, segundo o último Atlas da Violência.

Ao final do primeiro ano do capitão reformado do Exército no cargo de presidente, o casal considera que seu projeto de segurança está “muito avançado”. “Tenho notado mais policiamento nas ruas, mais justiça, e me sinto mais segura. Os crimes continuam ocorrendo, mas os números mostram que foi reduzido o índice de criminalidade”, diz a representante farmacêutica enquanto acaricia seu cão yorkshire. É uma das conquistas que Bolsonaro mais exibe. Os homicídios caíram 22% entre janeiro e setembro, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sérgio Moro. São 6.900 vidas preservadas. Diminuíram também os estupros, roubos de carros, assaltos a bancos… Por outro lado, a letalidade policial não para de crescer desde 2013: naquele ano, 2.212 pessoas foram mortas por agentes públicos em todo o Brasil, mas a cifra quase triplicou em 2018, quando 6.220 pessoas morreram em decorrência de uma intervenção policial, segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2019, primeiro ano do Governo Bolsonaro, a tendência de aumento continuou: dados preliminares do Monitor da Violência do portal G1, do qual o Fórum faz parte, mostraram que as mortes cometidas por policiais aumentaram mais de 4% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 2018.

“O Governo Bolsonaro está fazendo o que tem que ser feito, aos trancos e barrancos, mas o cara não vai resolver tudo em um ano. Não vai solucionar todos vos problemas que, sem querer colocar nome de ninguém, fizeram nos últimos 16 anos no Brasil”, comenta ele, referindo-se aos Governos do PT.

O discurso do casal parece ainda mais alinhado com o do presidente do que há nove meses. O designer gráfico sustenta que “o Rio de Janeiro, por exemplo, está uma bandalheira. Já tentaram fazer uma coisa mais agressiva [a intervenção federal na segurança pública], mas aí a própria população chia, os oponentes gritam dizendo que não pode ser assim, vêm com aquela velha história dos direitos humanos. Mas você não vê ninguém dos direitos humanos indo na casa de um policial que foi assassinado por bandido. A gente só ouve eles defendendo os bandidos”.

Sua prioridade é a educação: “Para resolver qualquer problema hoje pensando em daqui a 20 anos, a solução é o foco em educação. Com um povo educado e com saúde, a violência tende a acabar”.

Brasília (corrupção)

O dentista e profesor Adalcyr Luiz da Silva, em Brasília.O dentista e profesor Adalcyr Luiz da Silva, em Brasília.CADU GOMES

Adalcyr Luiz da Silva: “Esperava medidas contra a corrupção mais contundentes”

Quando lhe perguntaram, no início do 2019, por que votou em Bolsonaro, o ortodontista de 55 anos e professor universitário Adalcyr Luiz da Silva Júnior ressaltou que estava cansado de ver o sistema corrupto estabelecido por Governos anteriores. Agora diz que é muito cedo para lamentar seu voto, mas não está contente com a luta contra a corrupção. “Eu esperava que as medidas fossem mais contundentes”, diz. “É cedo para falar que estou insatisfeito, mas não estou completamente satisfeito como eu gostaria.”

Uma de suas queixas é a falta de manifestações contundentes em apoio à Operação Lava Jato, que levou à prisão de dezenas de empresários, branqueadores de dinheiro, lobistas e políticos, incluindo o principal antagonista de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Do Bolsonaro para cá, o que se falou da Lava Jato, por exemplo? Se existia alguma política ali [no Governo], era para diminuir o poder da Lava Jato”, afirma. Também reclama da suposta proteção do presidente ao seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, investigado por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.

O professor, que se declara contrário a qualquer radicalismo, vê semelhanças claras entre a administração de Bolsonaro e as de seus antecessores. “O que mudou do Bolsonaro para os outros Governos foi que um tem um pensamento direitista e outros, esquerdista. Porém, o resto está muito parecido.”

A política econômica, por outro lado, é do seu agrado. “Gosto do Paulo Guedes e vejo que ele está fazendo um bom trabalho. A taxa Selic está baixa, alguns empregos estão sendo criados. Só falta o dólar baixar”, afirma. Também confia na boa vontade de Bolsonaro para “fazer com que as coisas funcionem” e ainda tem certa admiração pelo ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro: “Ele precisa ser o superministro que disseram que seria. Mas ainda acho que dá tempo de ele assumir esse papel”.

O ortodontista dá nota quatro para a atuação do Governo. A razão é o que considera uma falta de compromisso para conduzir e defender assuntos de interesse nacional perante o Congresso. “Acho que esse negócio de lavar as mãos, dizendo que é o Congresso quem tem de resolver, fez parte de outras administrações. A minha esperança é de um Governo mais atuante.”

Ele espera que o Executivo realmente intensifique suas políticas anticorrupção e, principalmente, invista em educação, com uma melhor distribuição de recursos entre as instituições de ensino fundamental, médio e superior, e sem ideologia nem partidarismo. “Eu não credito na escola como a extensão da casa, a extensão da família. Não faz parte do papel da escola tentar direcionar a cabeça dos jovens.”

Já não discutem tanto em família sobre política, embora seus filhos tenham votado em outros candidatos. “Não sou bolsonarista. Uma coisa é certa, eu não gostava do Governo anterior. Ele para mim foi uma alternativa de mudança. Mas também não idolatro. Se está dando errado, eu começo a me manifestar de maneira contrária.” A crítica já começou.

São Paulo (Valores)

O pastor evangélico Marcos Galdino, em São Paulo.O pastor evangélico Marcos Galdino, em São Paulo.LELA BELTRÃO

Pastor Galdino: “Satisfeito com o presidente, insatisfeito com os outros poderes”

O pastor evangélico Marcos Galdino Júnior, 35 anos, é categórico: “Estou satisfeito com o presidente e insatisfeito com o Legislativo. Porque o presidente está remando com muita força, mas o Senado, o Congresso e o Supremo o freiam”, explica ele na sede da igreja que lidera em São Paulo, uma filial da Assembleia de Deus com 100.000 fiéis. Galdino, casado, pai de três filhos, ecoa uma opinião muito compartilhada no núcleo duro do bolsonarismo, que considera desmedido o poder do presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, para organizar a agenda legislativa. A irritação com o Supremo Tribunal Federal também é profunda. “É uma piada, ela quer legislar!”, lamenta.

Apesar de os protestos de rua de bolsonaristas contra os outros poderes do Estado terem causado preocupação institucional, embora não ao Governo, e inquietado a ONU, Galdino afirma que “deve haver equilíbrio de poderes. O Brasil não voltará a ter uma ditadura militar”.

Que Bolsonaro “desideologize as escolas”. Essa era, há um ano, sua prioridade dentro da agenda de valores prometida na campanha. Galdino está contente porque, para ele, o presidente e sua equipe “estão removendo a ideologia de esquerda” da educação e “repassando o dinheiro que era destinado a outras coisas para o ensino básico, sem ideologia”.

Foi precisamente a essa questão —a ideia de que o ensino de valores é tarefa da família, não da escola— que Bolsonaro dedicou, neste 2020, um dos vídeos divulgados em suas redes sociais para milhões de seguidores. Como não gosta do retrato que os grandes veículos de comunicação fazem de sua gestão, cria sua própria narrativa e a entrega diretamente aos seus seguidores. “Graças a Deus existem as redes sociais, porque se acreditássemos no que dizem muitas vezes na televisão, estaríamos acreditando em fábulas”, diz Galdino.

Apesar de suas referências frequentes a Deus e da defesa da família tradicional, Bolsonaro não impulsionou neste primeiro ano algumas mudanças legislativas prometidas, como dificultar o direito ao aborto —legal em três casos no país— e combater o ensino da igualdade de gênero, que ele chama de “ideologia de gênero”.

O que Bolsonaro fez foi prometer nomear ao menos “um juiz terrivelmente evangélico para o Supremo”. O pastor diz preferir que seja “terrivelmente técnico, pode ser católico. O que adianta ser evangélico se não for técnico!”. Acrescenta que “setorizar os poderes não é bom”. Agradece ao chefe do Executivo por bloquear uma tentativa de obrigar as Iglesias a pagar impostos sobre as doações, uma questão crucial que envolve enormes somas de dinheiro, porque os evangélicos costumam dar pelo menos o dízimo. Considera a medida “inconstitucional, porque seria uma segunda tributação” da renda do trabalho.

Para Galdino, não há dúvida de que a segurança deve ser a prioridade presidencial a partir de agora. Ele cita um exemplo próximo para explicar o motivo. E isso que vive em São Paulo, o Estado mais seguro do Brasil. “No domingo, mataram um frequentador da igreja. Estava com sua mulher, tentaram roubar seu carro. Era professor de matemática”, contou, em meados de dezembro. “O que esperam para endurecer as leis? A solução não são mais policiais. A lei tem que ser mais dura para que não cometam crimes”, sentencia. O pastor já pensa em uma reeleição de Bolsonaro.

Em Manaus, a família que não votou em Bolsonaro

Os empresários Ana Cláudia Chaves e Allan Kardec Filho, em Manaus.Os empresários Ana Cláudia Chaves e Allan Kardec Filho, em Manaus.ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

No ano passado, Ana Cláudia Chaves, 39 anos, previu que o Governo Bolsonaro não duraria um ano. O Gabinete sofreu várias crises, mas está aí. “Está desgastado, mas infelizmente não houve levante nem impeachment de Bolsonaro. E o boneco do Paulo Guedes continua falando suas asneiras para distrair a mídia e continuar com a destruição de tudo o que o país avançou no social, e também da economia mais justa das últimas décadas”, afirma a empresária. Ela e seu marido, Allan Kardec Filho, 38 anos, que vivem com suas duas filhas, dois cães e três gatos em Manaus, no coração da Amazônia, não votaram no ultradireitista, como quase metade do Brasil. Sua análise é ainda mais pessimista do que naquela época.

“Veja a questão do meio ambiente, que virou piada internacional, com um presidente entreguista e belicista, com um ministro processado com multas ambientais. Querem explorar [comercialmente] as terras indígenas. Além disso, o Governo acabou com todos os conselhos da sociedade civil e governa como um ditador.”

Eles se mostram muito preocupados com a influência da desinformação. “Acho que a mídia devia entrar mais firme para desmascarar fake news nesse Governo. As agências de fact checking não estão chegando aos grupos por onde eles espalham as notícias falsas, os dados mentirosos”, afirma Allan Kardec. Ele não tem dúvida de que Bolsonaro faz toda essa “pantomima” para desviar a atenção da mídia da reforma da Previdência e da planejada reforma fiscal. “Mas acho difícil passar, e me surpreende que a única resistência a Bolsonaro hoje não é a oposição esfacelada, é o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia”, assinala.

Ana Cláudia Chaves diz que a oposição deve procurar se unir antes que o caminho de Bolsonaro para a reeleição comece a se consolidar. Embora celebre a liberação de Lula, ela acredita que é hora de uma mudança: “Ele já fez muito pelo país, é hora de novas lideranças serem alçadas, como [o candidato à presidência em 2018 Fernando] Haddad no PT”, defende.

A empresária acredita que só se fosse demonstrada uma conexão entre a família Bolsonaro e grupos criminosos é que o presidente seria afetado. “Enquanto ele estiver na presidência, não vejo perspectiva de melhora, porque não há humanidade no Governo e nem empatia”, afirma. “Tudo está e vai continuar pior do que imaginávamos, especialmente na questão dos direitos humanos. Bolsonaro estimulou e potencializou a questão da violência, do preconceito contra a mulher, contra os indígenas e agora também explícito contra os negros.” Seu marido teme os efeitos do discurso polarizador de “eles contra nós”. E conclui: “Bolsonaro plantou a semente e estimula seu crescimento, uma semente de ódio que vai demorar anos para a gente derrubar”.

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