Reforma pode impulsionar economia, mas está longe de assegurar segundo mandato
O deputado Paulinho da Força (SD) disse algo está na cabeça de outros parlamentares. Em ato do 1º de maio, ele afirmou que o Congresso quer desidratar a reforma da Previdência porque acha que a aprovação de um texto potente vai encher o cofre do governo e “garantir de cara” a reeleição de Bolsonaro.
Líderes partidários foram a público para dizer que a ideia era mentira, doidice, loucura. “Acho que o Paulinho se entusiasmou”, declarou Wellington Roberto (PR).
Não existe nenhum acordo formal nesse sentido, mas alguns deputados acreditam, sim, que a reforma dará ao presidente um cheque em branco que se traduzirá em força política. Apertar o torniquete seria uma maneira de restringir a bolada que cairia nas mãos de Bolsonaro.
No limite, a lógica se assemelha ao método de Eduardo Cunha, que liderou o centrão para aprovar uma pauta-bomba que sangraria o caixa já detonado do governo Dilma e desgastaria ainda mais a presidente.
A aprovação da reforma, contudo, estará longe de garantir a reeleição de Bolsonaro. Ao lançar o alerta, Paulinho disse que um projeto levemente enxugado colocaria R$ 80 bilhões por ano no caixa do governo até o fim de 2022, mas os dados do Ministério da Economia apontam que o alívio nas contas não chegaria a metade disso, nos primeiros anos.
Se o texto passar pelo Congresso como está (o que é impossível), a poupança em 2020 será de R$ 16 bilhões. O valor daria uma folga apenas modesta aos ínfimos R$ 100 bilhões que o governo terá no Orçamento do ano que vem para investimentos e custeio da máquina pública.
O cenário é mais complexo. Em abril, perguntaram a Rodrigo Maia se o Congresso temia que Bolsonaro ficasse forte demais. O presidente da Câmara minimizou a preocupação: “Se ele aprovar a reforma, o Brasil crescer, gerar empregos e recuperar a capacidade de investimento, merece ser reeleito. Por que não?”. O novo governo ainda precisa cumprir muitas outras etapas antes de pensar em um segundo mandato.