Em artigo na revista Política Democrática online de dezembro, senador aponta que eleição de 2018 foi mais de rejeição
Cleomar Almeida
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que os resultados previsíveis para o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro não permitem otimismo. Ao contrário, segundo ele, insinua-se um período de retrocesso social, cultural, política. A avaliação de Cristovam foi publicada em artigo de sua autoria na revista Política Democrática online de dezembro.
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De acordo com Cristovam, que também é professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), a eleição de 2018 foi mais de rejeição aos perdedores do que de apoio aos vencedores. “Não venceu quem captou mais votos ‘sim’ a seu favor, mas quem jogou mais votos ‘não’ contra seus adversários”, escreveu ele. “Por isso, dificilmente o novo governo vai representar um rumo para o Brasil sintonizar-se com o ‘espírito do tempo’ da história moderna e com os caminhos que ela aponta para a civilização”.
Tudo indica, segundo o senador, que o governo Bolsonaro será do presente, não para o futuro. “Fiel ao ‘não’ aos outros, sem firmeza no ‘sim’ ao Brasil. Isso leva ao pessimismo sobre o governo Bolsonaro, tanto no risco de substituir o populismo de esquerda por populismo de direita, como por deixar o Brasil mais uma vez prisioneiro dos problemas do presente sem enfrentar os desafios para as necessidades do futuro; sobretudo, o principal vetor para a construção do futuro: educação de qualidade para todos, os filhos dos pobres em escola com a mesma quali- dade dos filhos dos ricos”, afirmou.
Em outro trecho do artigo, Cristovam disse que, se é lamentável estarmos entrando em um período de quatro anos sem esperança nas mudanças que permitiriam sintonizar os rumos do Brasil com os rumos previsíveis do mundo, “é lamentável também lembrar que as forças políticas derrotadas estiveram duas décadas no poder e não satisfizeram o eleitor nem conduziram o povo brasileiro à civilização desejada”. “Ainda pior, elas não conseguiram apresentar uma alternativa que indicasse o rumo histórico que empolgasse o povo e seduzisse o eleitor”, ponderou o autor.
No entanto, conforme escreveu o professor, é possível ver que as oposições não estão acenando para se apresentarem como alternativas condutoras do processo histórico brasileiro, no terceiro centenário de nossa formação como nação, independente se o novo governo poderá fazer pequenas correções na situação atual. “Nada permite otimismo nos resultados previsíveis para o governo Bolsonaro; bem ao contrário, insinua-se um período de retrocesso social, cultural, política. Embora o eleitor sempre tem razão ao manifestar sua vontade, mesmo quanto vota por ira e não por esperança, é possível imaginar que ele teve razão, mas errou, logo no primeiro turno”.
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