Um problema vultoso ou não
Sabia-se que o deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, havia recebido em 2014 do Grupo JBS e por meio de caixa 2 o que Lula chamaria de titica – R$ 100 mil. Descoberto, ele devolveu a metade e prometeu devolver a outra mais tarde.
Descobre-se agora que em 2012, como presidente da seção gaúcha do DEM, Lorenzoni recebeu do mesmo grupo mais R$ 100 mil. Como ele reagiu? Em pronunciamento inflamado, disse tratar-se de uma “denúncia requentada”, mas não explicou por que uma vez que não se sabia dela.
À moda de Lula, acrescentou que poucos políticos ou talvez nenhum tenha se batido tanto contra a corrupção como ele. E que ao ser atingido pela denúncia de 2014, fez em seguida o que “uma pessoa certa” faria: devolveu o dinheiro. Uma “pessoa certa” não teria recebido, mas em todo caso…
O juiz Sérgio Moro, ministro da Justiça escolhido pelo presidente eleito, já havia perdoado Lorenzoni no caso da denúncia mais antiga. Até o elogiou. No caso da denúncia mais nova, ainda não foi ouvido a respeito. Mas Bolsonaro foi ouvido. E respondeu assim:
– É muito difícil você pegar alguém que não tenha alguns problemas, por menores que sejam. Os menores nós vamos ter que absorver. Se o problema ficar vultoso, você tem que tomar uma providência.
Duas denúncias de caixa 2 contra um ministro que ainda nem assumiu o cargo configuram um problema vultoso? Esqueceu-se de perguntar a Bolsonaro.
Bolsonaro com pena dos cubanos
Para acabar com a crueldade do PT
À falta de um porta-voz, cabe muitas vezes aos filhos de Jair Bolsonaro explicar as suas decisões. Assim fez, ontem, no Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a propósito da volta dos médicos cubanos ao seu país. Foi um ato humanitário do pai, segundo o filho.
Ele escreveu: “Imagine você receber seu salário e o governo lhe tributar em 70% na fonte. Some a isso um longo período sem poder ver seus filhos. Imaginou? Essa é a realidade dos médicos cubanos. Isso é humano? Claro que não. Jair Bolsonaro quer combater essa crueldade instalada pelo PT”.
São 8.500 os médicos cubanos que deverão deixar o Brasil até o próximo dia 31 de dezembro. Não há de ser nada. O futuro governo certamente já sabe como o que fazer para não deixar na mão os brasileiros atendidos pelos cubanos em 2.885 cidades. Em 1.575 delas, só havia os cubanos.
Em breve, uma vez que o Ministério da Saúde lançará edital para a contratação de quem queira substituir os cubanos nas regiões mais pobres e remotas do país, deverá chover médicos brasileiros interessados. Foi por falta deles que os cubanos vieram. Mas tudo mudará. Deus seja louvado.