Míriam Leitão:Feitos da equipe do tempo difícil

Equipe econômica trabalhou sob condições adversas e em um governo impopular, mas conseguiu se blindar e deixar legados importantes.
Foto: Banco Central
Foto: Banco Central

Equipe econômica trabalhou sob condições adversas e em um governo impopular, mas conseguiu se blindar e deixar legados importantes

Esta foi uma grande equipe econômica que trabalhou em condições adversas. O resultado fala por si. A inflação caiu e chega ao fim do período de tensão política no centro da meta. O déficit foi reduzido ainda que o rombo deixado pelo PT não tenha sido vencido. A Caixa solucionou seu enorme desequilíbrio através de uma revolução silenciosa. A Petrobras voltou ao lucro e construiu mecanismos de proteção contra a corrupção. O Banco Central tomou decisões com autonomia e levou as taxas de juros ao mais baixo ponto desde o Plano Real.

O candidato do PT diz que não vai mantê-la caso ganhe porque ela é a equipe “que não pensa em geração de emprego, só pensa em lucro pra banqueiro”. Falso e demagógico. A escalada do desemprego começou no governo do PT e os juros pagos pelo Tesouro eram mais altos no governo Dilma. A equipe do candidato do PSL diz que manterá quem se manifestar que quer ficar. Faz, portanto, a proposta com a arrogância dos vencedores de véspera, como se fosse uma concessão, e o faz por oportunismo porque sabe que eles têm boa reputação.

O mérito inicial cabe ao ex-ministro Henrique Meirelles que foi excelente formador de equipe. O ministro Eduardo Guardia agiu discretamente junto com o competente Mansueto Almeida oferecendo aos economistas dos candidatos que os procuraram as informações necessárias sobre a situação fiscal e os desafios econômicos. Jamais polemizaram com as propostas descabidas que surgiram. De forma republicana têm trabalhado pela transição, seguindo o modelo que Guardia aprendeu com seu ex-chefe Pedro Malan na passagem do governo tucano para o PT em 2002.

Ana Paula Vescovi, figura de rara competência, brilhou neste período. Primeiro como secretária do Tesouro e depois como secretária executiva. Discreta e eficiente, ela cumpriu missões quase impossíveis. Refez a credibilidade do Tesouro abalada desde a maluca contabilidade criativa de Arno Augustin e Guido Mantega. Como presidente do conselho de administração da Caixa Econômica solucionou, sem dinheiro do contribuinte, o enorme rombo deixado pela desastrosa condução anterior.

Na gestão petista foi feito o ruinoso negócio da compra do banco quebrado do Silvio Santos. A Caixa foi usada para dar empréstimos a empresários como Joesley Batista. O FIFGTS gerou escândalos com seus créditos negociados por indicados de Eduardo Cunha no governo de Dilma Rousseff e que estão sob investigação do Ministério Público nas operações Greenfield, Sepsis e Cui Bono. Vescovi trabalhou em estreito contato com o procurador da Fazenda Claudio Xavier.

Ela venceu a luta contra as perigosas indicações políticas e recrutou, através de head hunters, quatro vice-presidentes. Eles seriam nomeados, mas houve pressões da candidatura de Jair Bolsonaro junto com a turma da fisiologia do próprio governo Temer para que se deixasse os cargos vagos. Ontem, ele manteve as indicações, mas se voltar o loteamento político, pode ser o primeiro retrocesso. O trabalho de Ana Paula se completaria com a profissionalização da gestão. Se voltarem

Privacy Preference Center