Região elege governadores como os petistas Camilo Santana (CE) e Rui Costa (BA); Renan Filho, aliado de Lula, consegue quase 80% dos votos em Alagoas
Por Bernardo Araújo, de O Globo
RIO — Se candidatos como Wilson Witzel (PSC), que surpreendeu e obteve 40% na corrida pelo governo do Rio, e Romeu Zema (Novo), que vai para o segundo turno em Minas Gerais após conseguir 43% dos votos, surfaram na candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência e dispararam nas urnas, contrariando as pesquisas, a guinada à direita não chegou ao Nordeste, desde o começo da campanha tido como um bastião da esquerda, onde se concentrava uma grande fatia de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu partido, o PT. Petistas como Camilo Santana, no Ceará, e Rui Costa, na Bahia, além de nomes de partidos mais à esquerda como Flávio Dino — o único governador do PCdoB, do Maranhão — e Paulo Câmara (PSB-PE) venceram suas eleições no primeiro turno.
Em Alagoas, o governador Renan Filho (MDB) foi reeleito no primeiro turno, com 77% dos votos, quilômetros à frente de Josan Leite (PSL), que teve 10,77%. O filho de Renan Calheiros não é um representante da esquerda, mas sua campanha foi marcada pela proximidade com as ideias do presidente Lula. Renan Filho inclusive recebeu o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, que tratou de “presidente” em uma visita em setembro. Como aconteceu na maioria dos estados nordestinos, Haddad foi o mais votado em Alagoas, com 45% dos votos contra 34% de Bolsonaro.
Dos candidatos do PT, as performances mais impressionantes vieram do Ceará e da Bahia. O cearense Camilo Santana foi reeleito governador de seu estado com quase 80% dos votos, contra apenas 11% do rival mais próximo, o General Teophilo, do PSDB. A vitória foi comemorada inclusive por Ciro Gomes, candidato derrotado do PDT à presidência. Na Bahia, Rui Costa também foi reeleito no primeiro turno, com 75% dos votos válidos, contra 22% de Zé Ronaldo (Democratas). Assim, o PT manteve a cadeira de governador da Bahia, que ocupa desde 2007, com Jacques Wagner. O partido também venceu no Piauí, com Wellington Dias.