Bruno Boghossian: Crítica ao 13º ajuda PT a surfar na divisão entre ricos e pobres

Declaração de vice de Bolsonaro deve cimentar divisão de classes no 2º turno.
Foto: Exército/Divulgação
Foto: Exército/Divulgação

Declaração de vice de Bolsonaro deve cimentar divisão de classes no 2º turno

Com pouco espaço na propaganda eleitoral, a campanha de Jair Bolsonaro começou a exportar matéria-prima para marqueteiros rivais. Uma sucessão de declarações desastradas sobre economia deixa o candidato do PSL vulnerável a ataques dos adversários e pode cimentar a tradicional divisão de classes que favoreceu o PT em disputas recentes.

Ideias defendidas por aliados de Bolsonaro nos últimos dias passam a impressão de que o deputado prepara um pacote de maldades. Mal explicadas, a proposta de criar um tributo nos moldes da CPMF para substituir outros impostos e a pancada de seu vice no 13º salárioassustam a classe média, a população mais pobre e os trabalhadores em geral.

O risco de contaminação é grande e ameaça aprofundar a oposição entre Bolsonaro e seu provável adversário no segundo turno, Fernando Haddad. O PT se beneficiou por anos de um discurso voltado ao eleitorado de baixa renda e dá sinais de que pretende investir novamente nesse segmento para vencer a disputa.

O ataque de Hamilton Mourão ao 13º ajuda os petistas a surfarem na fratura entre ricos e pobres. Os empresários brasileiros podem até aplaudir alguma mudança no pagamento, mas o vice de Bolsonaro aproxima Haddad dos 46% que recebem o valor extra: assalariados, funcionários públicos e aposentados.

A polêmica parece feita sob medida para o PT. O partido, afinal, usa como linha mestra o discurso de que o governo Michel Temer retirou direitos dos trabalhadores.

O assunto provocou a mais intensa reação pública do candidato do PSL a um aliado até agora. Político profissional, Bolsonaro calculou o tamanho do perigo, disse que a crítica ao 13º é “uma ofensa a quem trabalha” e proibiu o vice de participar de eventos públicos até a eleição.

Adversários ignoraram o esforço. “Campanha de Bolsonaro é contra o 13º salário”, disparou a propaganda de Geraldo Alckmin na TV. O tucano se antecipa aos petistas e tenta tirar uma casquinha do caso para derrubar o rival do segundo turno.

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