Candidatos do centro não decolam porque o passado deles não inspira confiança de uma mudança radical, avalia Baiardi
Por Germano Martiniano
A série FAP Entrevista traz, neste domingo, o professor em Ciências Humanas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Amilcar Baiardi. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal da Bahia e também dirigente da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), Amilcar acredita que os candidatos do chamado centro brasileiro não decolam, pois seus discursos não estão alinhados com aquilo que o “povo gostaria de ouvir”.
“Se candidatos do centro não decolam é porque não dizem o que o povo quer ouvir e porque o passado deles não inspira confiança de uma mudança radical”, disse Baiardi à FAP. A entrevista faz parte da série publicada aos domingos com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, com o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
O que representa, para a sociedade brasileira, a facada que Bolsonaro levou em comício em Juiz de Fora (MG)?
Representa a barbárie, a incapacidade de conviver com a diversidade.
De onde vem essa raiva que está presente no discurso de boa parte da população brasileira?
A gênese do ódio, muito pior que a raiva, tem forte nexo com o discurso de nós e eles, introduzido no Brasil pelo PT.
O senhor acha que atos como esse colocam em risco nossa democracia?
É óbvio que a democracia é colocada em risco porque a intolerância cresce com atos como este. Felizmente que o general Mourão, vice de Bolsonaro, está empenhado em estabelecer um clima de concórdia.
Lula está inelegível e Haddad vem para disputa. O PT conseguirá fazer a transferência de votos esperada? Quem ganha com a inelegibilidade de Lula?
Interesso-me muito pouco pelo que possa acontecer com os votos que deveriam ir para o Lula. Em minha opinião, Lula é um criminoso e o PT uma organização criminosa. Com inelegibilidade do Capo mafioso e a derrota do PT, ganha o Brasil.
Muitas pessoas começam a crer que possa dar em um segundo turno, Haddad versus Bolsonaro. Por que nenhum candidato do centro parece “decolar”?
Se candidatos do centro não decolam é porque não dizem o que o povo quer ouvir e porque o passado deles não inspira confiança de uma mudança radical. Poucos se dissociam da política tradicional que está estigmatizada por grande parcela do eleitorado e associada com corrupção. Imagino que se Doria fosse o candidato do PSDB e do Centrão, o quadro poderia ser outro. De outro modo, se Amoedo contasse com um amplo arco partidário o quadro também poderia ser diferente.
O que o senhor espera do novo presidente do Brasil?
Espero um choque radical de capitalismo que sepulte o que resta de patrimonialismo e patriarcalismo e que enfrente com determinação o corporativismo. Mais mercado e sociedade organizada e menos Estado.