FAP promove curso sobre obra de William Shakespeare nos dias 13 a 16 de março

A complexa obra do dramaturgo inglês será abordada durante quatro dias de aulas pelo professor universitário Martin César Feijó.
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A complexa obra do dramaturgo inglês será abordada durante os dias  13 a 16 de março pelo professor universitário Martin Cézar Feijó

Por Germano Martiniano

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realiza, de 13 a 16 de março, o curso “Shakespeare em Sete Lições”, que vai tratar da obra de William Shakespeare, um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. As aulas vão ocorrer no revitalizado Espaço Arildo Dória, no Conic, em Brasília e será ministrado pelo escritor e professor universitário Martin Cézar Feijó, que há dois anos vem realizando eventos com essa temática em São Paulo (SP).

“Em primeiro lugar Shakespeare é um clássico, o maior dramaturgo de todos os tempos, e ser um clássico nos indica tanto a importância que ele teve na época original em que escreveu como também pertencer a qualquer época”, informa Feijó, sobre o conteúdo do curso.

De acordo com Feijó, a complexa obra de Shakespeare será abordada durante os quatro dias de aulas: Introdução a Shakespeare -13/03; A Natureza do Mal e A Mulher em Shakespeare – 14/03; Mil Vezes Mais Justo e o Amor em Shakespeare – 15/03; As Idades e a Velhice e a Inteligência – 15/03. Segundo Feijó, Shakespeare é “atemporal”. Com isso será possível traçar um paralelo de sua obra com os temas que acometem a sociedade atual.

Quem foi Shakespeare?
Shakespeare nasceu em 1564 na Inglaterra e faleceu aos 52 anos na mesma cidade de nascimento, Stratford-upon-Avon. Foi poeta, ator e dramaturgo. Entre seus principais trabalhos estão: Romeu e Julieta, Hamlet, Rei Lear, Macbeth e a Megera Domada. Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas permanecem vivos até os nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura.

Confira, a seguir, alguns dos trechos da entrevista com o professor Martin Cézar Feijó:

Qual a motivação de ministrar um curso sobre Shakespeare em parceria com a FAP?
A FAP me fez um convite, pois sabia que eu ministrava esse curso em algumas entidades em São Paulo. Há dois anos tenho lecionado sobre a complexidade da obra de Shakespeare. Em primeiro lugar Shakespeare é um clássico, o maior dramaturgo de todos os tempos, e ser um clássico nos indica tanto a importância que ele teve na época original em que escreveu como também pertencer a qualquer época. Portanto, é neste sentido que a FAP, que é uma fundação que se dedica às atividades culturais, teve interesse em discutir alguns aspectos da obra do poeta inglês.

Um dos temas do curso é a Mulher em Shakespeare. Em tempos que muito se discute o papel da mulher na sociedade, até mediante a recente polêmica entre as feministas norte-americanas, do movimento “Me Too”, com as ativistas francesas, como se pode traçar um paralelo entre a época do dramaturgo inglês e atual?
Primeiramente, Shakespeare trata a mulher de uma maneira muito digna e muito diversificada, desde a mais inteligente que é Julieta, perpassando por Catarina, da peça A Megera Domada, que se caracteriza por ser “domável”, até a mais vinculada ao mal que é Lady MacBeth, da tragédia MacBeth. Veremos em aula que as mulheres de Shakespeare têm muito a ver com a mulher na contemporaneidade e com suas lutas pela liberdade e respeito por sua identidade.

Sobre o amor, o filósofo Bauman, já falecido, nos diz que vivemos em épocas de “amores líquidos”. Como poderíamos fazer essa leitura a partir de Shakespeare?
Algumas pessoas dizem que Shakespeare inventou o amor romântico. Por exemplo, na peça Romeu e Julieta o amor é retratado de uma maneira sincrônica e diacrônica. Ao mesmo tempo em que reflete uma critica ao contexto patriarcal, na qual ela foi escrita e montada, ela reflete também uma norma do amor romântico em que os amantes são livres para escolherem seus parceiros e, de certa forma, a partir de uma espiritualidade que garanta a eternidade, mesmo sendo uma peça que se passe em cinco dias. É impressionante a concentração de questões que envolvem o amor nesta peça. E o amor não é liquido, ele é sólido, profundo, espiritual, carnal, ele é completo, por isso o fascínio que causa ainda no mundo todo.

“As Idades e a Velhice” é o último tema que será abordado e que faz uma relação com a questão temporal, com o tempo. Vivemos numa sociedade que as pessoas vivem mais, porém em que a velhice não é totalmente aceita. Muitas pessoas buscam a jovialidade eterna. O senhor concorda com isso? E como seria o tempo para Shakespeare?
Em Shakespeare a experiência humana é tratada de uma maneira completa, e como ela é completa, ele retrata tanto de personagens jovens, como Romeu e Julieta, como personagens maduros como A Megera Domada e, finalmente, O Rei Lear que é um personagem já velho para os padrões medievais e que precisa transmitir o trono para as filhas. Todo o drama está na decomposição da idade, da velhice, no fim da vida. É neste sentido que a questão das idades é muito bem tratada na peça Como Gostais (As You Like It), ou seja, quando ele compara os estágios da vida. Isso será tratado em nossas aulas e faremos um paralelo com Leonard Cohen, músico canadense, que escreveu uma música que trata dessa questão do tempo.


*Taxa de inscrição: R$ 25,00

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