Janeiro descortinou o ambiente no qual o governo recém-empossado trabalhará ao longo do seu mandato. Nos primeiros dias do mês, uma tentativa de golpe de estado, que reuniu, às claras, manifestantes doutrinados por dois meses nos acampamentos e a omissão das forças policiais do Distrito Federal. Nas sombras, indícios da atuação de profissionais da desordem e a cumplicidade de apoiadores civis e militares, em extensão e profundidade ainda não completamente mapeadas.
Poucas horas após o início dos tumultos, a reação do governo se fez presente e a ordem foi restabelecida sobre os destroços provocados pelos golpistas nos palácios de Brasília, símbolos visíveis dos Poderes Constitucionais que sediam. O balanço dos acontecimentos revela, até agora, o isolamento crescente dos partidários do governo anterior, enquanto soma pontos para o novo governo, no quesito manejo da crise, grave, provocada por seus adversários.
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O mês não terminaria, contudo, sem um segundo enfrentamento, desta vez no campo político e institucional. Na disputa pela presidência do Senado Federal confrontam-se, em eleição a se realizar no dia primeiro de fevereiro, seu atual presidente, Senador Rodrigo Pacheco, e dois outros candidatos, alinhados ambos, em graus diferenciados, com a bancada de apoiadores do governo anterior.
Um dos pontos relevantes das diferenças diz respeito justamente à relação que deve prevalecer entre os Poderes Legislativo e Executivo. O atual presidente da Casa posicionou-se, em momentos decisivos, pela defesa das instituições, em particular das decisões tomadas no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Seus adversários, por sua vez, vocalizam as críticas a supostos excessos dos tribunais superiores, levantando inclusive a bandeira do julgamento de ministros.
De certa forma, o país se encontra diante de mais um episódio da batalha eleitoral, após os combates havidos nas campanhas do primeiro e do segundo turno, as expectativas e incertezas que cercaram os atos de diplomação e posse do eleito, assim como na violência aberta praticada contra o patrimônio público no dia 8 passado por grupos de inconformados com o resultado das urnas.
Em breve, o resultado desse embate será conhecido. Seja ele qual for, uma lição se impõe, para o governo e para o campo democrático como um todo: a unidade e cooperação dos democratas é hoje, e continuará a ser por algum tempo, indispensável para o fortalecimento da democracia no país, bem como para o início, exitoso, do processo de reconstrução material e institucional do país.
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