Bela Megale / O Globo
A equipe econômica encabeçada pelo ministro Paulo Guedes segue trabalhando firme contra o subsídio para resolver a crise dos combustíveis. O principal argumento levado ao presidente Bolsonaro é que a medida tem o potencial de enterrar sua reeleição.
A ideia de criar um fundo de R$ 120 bilhões com dividendos e royalties da Petrobras para amenizar a alta do petróleo no preço de combustíveis durante a guerra é fortemente rechaçada por Guedes e seus auxiliares. A cifra é apontada como “colossal” pela equipe econômica e com capacidade de “explodir a candidatura de Bolsonaro”. Isso porque, segundo fontes do ministério, furaria o teto de gastos, quebraria a lei de responsabilidade fiscal, faria o dólar subir mais ainda, assim como os juros e a inflação, um dos pontos que mais preocupam a campanha do presidente.
A equipe de Guedes defende a redução de impostos aprovada no Congresso como o melhor caminho e vai avaliar os efeitos da medida nos próximos 30 dias. O tema coloca, mais uma vez, o ministro Paulo Guedes e integrantes da pasta da Economia em embate com a ala política, em especial os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), que veem o subsídio como um caminho para cobrir a flutuação do diesel e da gasolina.
Nos bastidores, Paulo Guedes não esconde sua irritação e diz que essa saída asseguraria não só a derrota de Bolsonaro, mas também dos ministros. Onyx vai concorrer ao governo do Rio Grande do Sul e Marinho, ao Senado, pelo Rio Grande do Norte.
Como a coluna informou, a cúpula do Ministério da Economia acredita que a decretação do estado de calamidade pública pelo governo devido à guerra deve ser a última cartada para enfrentar a crise dos combustíveis. Se o conflito entre Rússia e Ucrânia sofrer uma escalada, porém, a pasta vê o estado de calamidade como uma saída que abre espaço para medidas emergenciais, por meio de um Projeto de Emenda à Constituição (PEC), nos moldes do que aconteceu na pandemia.