Editorial / Revista Política Democrática online
Pesquisas eleitorais são como termômetros. Medem o momento presente e inflexões súbitas acarretam preocupação. Esse foi o efeito no debate político da divulgação de pesquisa recente que indicou, novidade, leve aumento das intenções de voto no Presidente da República.
A persistir a tendência, os esforços do grupo de candidatos que reivindicam uma posição de terceira via no primeiro turno das eleições parecem baldados. Afinal, ao invés da redução lenta gradual e segura da candidatura Bolsonaro, teríamos a reposição simples da situação vivida em 2018, num cenário de recuperação e avanço das forças governistas.
Nessa hipótese, toda a movimentação em curso dos candidatos da terceira via não teria passado de um desvio prolongado para chegar, com mais esforço e barulho, ao ponto inicial do processo. A política teria caminhado em círculo.
Essa situação, com as dúvidas que levanta, revela com clareza a encruzilhada da chamada terceira via. O primeiro caminho, seguido até agora pelos postulantes desse campo, é a oposição simultânea e simétrica aos dois nomes com melhor desempenho nas pesquisas até agora. Essa receita, até o momento, mostrou-se inoperante, talvez porque a maioria dos eleitores demande desses candidatos credenciais oposicionistas mais robustas
O segundo caminho é a perseguição imediata e simultânea das estratégias eleitorais adequadas para os dois turnos da eleição. Fazer campanha para o primeiro turno exige explicitar, por meio da crítica política, todas as diferenças que justificam o lançamento de cada candidato. Fazer campanha para o segundo turno implica anunciar claramente que nele haverá unidade em torno do candidato da oposição democrática, seja ele qual for, bem como uma campanha de contraposição firme ao candidato da situação.
Claro que o trabalho concomitante nos dois planos da campanha exige conversas, acordos e pactos entre os diversos candidatos da oposição. Pelo menos três pactos básicos devem ser firmados, com vistas à vitória eleitoral e política. O primeiro, de unidade de ação no segundo turno em torno de qualquer candidatura de oposição. O segundo, de convivência civilizada, nos limites do decoro democrático, nos embates políticos do primeiro turno. O terceiro, de construção imediata de uma agenda mínima para a reconstrução institucional do país após as eleições. Uma agenda desse tipo, para ser implementada com sucesso, exige unidade entre as forças democráticas do país, tanto aquelas situadas no governo futuro quanto na oposição a ele.
Não é fácil avançar nesses acordos. A tarefa exige responsabilidade de todos os atores do campo democrático, além da sabedoria necessária para limitar a competição às divergências políticas, todas legítimas, que convivem nesse campo.
Para apresentar uma candidatura competitiva no primeiro turno a terceira via deve incorporar de imediato o embrião da frente democrática do segundo turno.
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