Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP
Referência na luta pela democracia e pelas causas progressistas do povo brasileiro, Raulino Aquino de Barros Oliveira fica na história como o homem da diplomacia e marcado pela criatividade. Veterano militante do Cidadania, ex-diretor da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e chamado carinhosamente de “velhinho das redes”, ele morreu, aos 77 anos, vítima de câncer, dormindo em casa, acompanhado da família, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (2/2).
Nascido em Jacarepaguá, Raulino é filho de Irene e Miguel, irmão de Miguelzinho, marido da Marusca e pai da Nanda, do Rafa e do Raul. É avô de Juan, Manu, Luisoca, Julinha, Lilica e Quinquim. Tio do Bruno do Migmig e da Alê e de todos os mil sobrinhos da Tia Mara.
“Carioca, flamenguista, ateu, rebelde, democrata, eterno dirigente do Partidão, visionário, amigo, parceiro, palhaço, bagunceiro e muitos outros adjetivos fodas”, escreveu a família de Raulino, em mensagem publicada no perfil dele no Facebook. “A família gostaria que, mais que falar da morte, falem de sua vida e de suas inúmeras histórias”, acrescentou.
Um dos pioneiros do uso de internet no Brasil, Raulino militou no Cidadania desde a época em que ainda era chamado de Partido Comunista Brasileiro (PCB), que depois se tornou Partido Popular Socialista (PPS) antes de chegar à mais recente identidade partidária.
Moderno, ele foi um dos nomes da direção que aprovaram a mudança de identidade partidária, atendendo aos anseios de uma sociedade mais democrática, justa, progressista e igualitária.
A vida de Raulino é marcada por uma larga trajetória. Foi dirigente dos comitês universitário e da saúde, além de integrar a direção nacional e estadual do Partido Popular Socialista (PPS). Ele também assessorou nomes como o do presidente do Cidadania, Roberto Freire, inclusive na campanha para a presidência da República, em 1989.
“Raulino era um inquieto veterano, totalmente ‘antenado’, superinteligente, criativo e bem humorado. Sempre me tratou com enorme carinho. A atenção de um professor carinhoso que ele dedicava a todos. Já está fazendo enorme falta e trazendo saudade. Força aos familiares e amigos para superar esse momento de profunda dor!”, disse o presidente do Conselho Curador da FAP, médico Luciano Rezende.
O diretor-geral da FAP, sociólogo Caetano Araújo, lembrou que sempre encontrava Raulino nas reuniões do partido. Os dois passaram a ter ainda mais contato quando o “velhinho das redes” foi dirigente da fundação, no biênio 2012-2014. Na época, Caetano era presidente do Conselho Curador da entidade.
“Ele estava sempre aberto para dialogar, observar, argumentar. Tinha postura radicalmente democrática. Embarcou com entusiasmo nas tentativas que o regime soviético fez de autorreforma, pois, há muito, já percebia que o caminho era o democrático. Ele também sempre foi entusiasta da modernidade tecnológica. As primeiras reuniões que a diretoria da FAP fez utilizando a internet ocorreram, nessa época, por sugestão dele”, afirmou Caetano.
Integrante da executiva nacional do Cidadania, o jornalista Francisco Almeida também destacou a diplomacia de Raulino. “Não esquentava a cabeça para nada”, ressaltou. Ele também era também muito aberto a novidades. Uma figura diferente”, asseverou.
A família informou que a cremação será no crematório do Caju, capela B, das 13 às 17 horas, na sexta-feira (4/2).