João Vitor*, equipe FAP
Doutora em História e Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne, na Suíça, Lilia Lustosa afirma que o filme Não olhe para cima, dirigido por Adam Mckay, é um grito de alerta. “Um aviso importante para que paremos para refletir aonde é que tudo isso vai parar”, diz ela em artigo para a revista Política Democrática online de janeiro (39ª edição).
A revista é editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília. A instituição disponibiliza, gratuitamente, em seu portal, todo o conteúdo da publicação mensal, tanto em formato PDF como na versão flip. O longa-metragem é o segundo mais assistido da Netflix. O primeiro é Bird Box (2018).
Lilia diz que o filme é um espelho do que estamos vivendo, levado, naturalmente, ao extremo, com o objetivo de nos alertar sobre o caminho equivocado e perigoso que nossa sociedade está tomando.
“Uma história divertida e, ao mesmo tempo, triste e profunda, que coloca a ciência sob holofotes, copiando a realidade que insiste em desmenti-la por meio de mirabolantes teorias da conspiração, saídas das cabeças de pseudo filósofos e teóricos de botequim”, avalia a autora do artigo.
Segundo ela, tudo em Não olhe para cima beira o artificial, (o céu, o avião voando, o espaço), o caricato, o excesso. “Uma maneira de nos inserir desde o início no universo da ironia, do inverossímil, mas também de nos mergulhar no mundo fake em que estamos de fato metidos”, diz.
A crítica afirma que o longa tem um elenco estelar. “É uma obra nascida em Hollywood, berço por excelência de quase tudo o que é criticado ali no filme”, analisa.
A obra cinematográfica, conforme avalia Lilia, é uma fórmula anti platônica quase perfeita para o desentendimento, o non-sense, a ignorância, a deturpação de ideias e suas consequências macabras para as sociedades contemporâneas.
Em Não Olhe Pra Cima, acompanhamos a saga de dois astrônomos pesquisadores da Universidade do Michigan – a doutoranda Kate Dibiasky (Jennifer Laurence) e seu orientador, o Professor Randall Mindy (Leonardo Di Caprio) –, que após terem descoberto que um cometa gigantesco se encaminha em direção à Terra, tentam, sem êxito, informar às autoridades e à população sobre o iminente fim do mundo.
Lilia escreve que nessa batalha pela verdade, os dois vão contar com o apoio do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), mas vão esbarrar em uma série de obstáculos, passando por índices de rejeição/aprovação da presidente da República Orlean (uma hilária Meryl Streep) que pretende se candidatar à reeleição.
“Sem falar nos militares corruptos, como o que cobra 20 dólares por um lanche que é grátis, nos empresários gananciosos que já tendo conquistado todo o planeta Terra rumam agora à conquista do espaço, ou ainda a imprensa sensacionalista que faz de tudo para não perder audiência, desprezando assuntos relevantes caso esses não deem muito ‘Ibope’”, afirma.
A íntegra do artigo de Lilia Lustosa pode ser conferida na versão flip da revista, disponível no portal da FAP, gratuitamente. A nova edição da revista da FAP também tem artigos sobre economia, cultura e política.
Compõem o conselho editorial da revista o diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado, Caetano Araújo, o jornalista e escritor Francisco Almeida e o tradutor e ensaísta Luiz Sérgio Henriques. A Política Democrática online é dirigida pelo embaixador aposentado André Amado.
*Integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista e editor de conteúdo Cleomar Almeida
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