Longa A hora e Vez de Augusto Matraga será discutido em live de pré-comemoração ao centenário de arte moderna
João Vitor, da equipe FAP
Em 1965, Roberto Santos dirigiu o filme a Hora e Vez de Augusto Matraga. É uma adaptação do conto “Sagarana”, escrito por Guimarães Rosa. O longa-metragem será discutido nesta quinta-feira (11/11), a partir das 17 horas, em webinar da série de eventos online da Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em pré-comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna.
Premiado na primeira edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 1965, A Hora e Vez de Augusto Matraga é um drama sertanejo dirigido por Roberto Santos.
Assista!
O público poderá conferir o debate com participação do crítico de cinema e professor de comunicação da Universidade Católica de Brasília (UCB) Ciro Inácio Marcondes e do cineasta e documentarista Vladimir de Carvalho, no canal da fundação no Youtube, na página da entidade no Facebook e na rede social da biblioteca.
Doutor em comunicação pela Universidade de Brasília, Marcondes diz que o conto nos arrebata por ser um choque de realidade que acontece no sertão de Minas Gerais. “É um filme que está inserido no meio do cinema novo, tem uma linguagem extremamente moderna que se aproxima da realidade e possui uma grande experimentação de montagens”, avalia o professor.
Ele diz que o conto escrito por Guimarães Rosa tem uma linguagem oblíqua. O que dificultou a adaptação de Sagarana para os cinemas, mas o Roberto Santos acertou na direção e o Leonardo Villar teve grande atuação como Augusto Matraga.
“É um fazendeiro, bruto, impiedoso, violento que tem uma reviravolta por meio da religiosidade”, diz Marcondes sobre o protagonista de A Hora e Vez de Augusto Matraga.
O professor destaca que o filme tem dois momentos chaves. O primeiro é quando marcam Augusto Matraga com ferro em brasa. “É uma violência moral e arriscada do ponto de vista cinematográfico, mas foi importante por simbolizar a submissão. Como se o personagem fosse um gado”, fala o professor.
O segundo momento é quando o Augusto começa a se envolver com o Joãozinho Bem-bem. Interpretado por Jofre Soares, Joãozinho Bem-bem é um valentão que, de acordo com Marcondes, bota Matraga de frente para o espelho.
O conto que fala de redenção através de religião se passa no sertão de Minas Gerais, mais especificamente na região do arraial do Murici. Onde vivia um importante dono de terras. Seu nome era Augusto Matraga. O chamavam também de “Nhô” Augusto.
Além da família, Matraga tinha seus capangas que sob seu mando faziam violentos e desrespeitosos atos no sertão. Contudo, não os pagava e era despreocupado com a esposa e filha. Não à toa, elas e os capangas abandonam Nhô Augusto.
Mesmo em descrédito econômico e político, o personagem interpretado por Leonardo Villar não perde a arrogância e decide, sozinho, recuperar esposa e capangas. Mas é facilmente dominado e espancado pela sua ex-gangue. Porque esses agora tinham um novo patrão que exigiu a morte de Matraga por todos os seus crimes no arraial do Murici.
Já ferido da surra que levou, os agressores marcam Augusto com brasa. Este na intenção de sobreviver, encontra forças para rolar barranco abaixo e escapar da morte.
Assim, o protagonista do filme foi do céu ao inferno e começaria dali a pagar por seus pecados.
Ciclo de Debates: O modernismo no cinema brasileiro
- Webinar sobre o filme A hora e a vez de Augusto Matraga (Roberto Santos, 1965)
- Dia: 11/11/2021
- Transmissão: a partir das 17h
- Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
- Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Vídeos de eventos anteriores
Leia também
Professor Hugo Segawa aponta “área cinza da arquitetura brasileira”
Primeiro filme dirigido por negra, Amor Maldito aborda homossexualidade
Webinar debate o livro Terras do Sem-fim de Jorge Amado
Com canções nacionais, filme Brasil Ano 2000 remete a tropicalismo
Modernismo no cinema brasileiro
Lançado há 50 anos, filme Bang Bang subverte padrões estéticos do cinema
Projeto cultural de Lina e Pietro Bardi é referência no Brasil, diz Renato Anelli
*Integrante do programa de estágios da FAP