Dois intelectuais brasileiros trabalhavam em diferentes universidades nos Estados Unidos. Cristovam Buarque cruzou o país para falar e caminhar com o amigo Fernando Henrique Cardoso. Dessa longa conversa, surgiu um panorama de nossas conquistas e perplexidades, assim como a experiência valiosa da presença deles na política brasileira. Ambos têm muito o que dizer. Cristovam reafirma sua tese de que a educação é essencial para a democracia brasileira e critica a esquerda por não defender a forma inequívoca de que os pobres devam ter direito a escolas da mesma qualidade dos ricos. Fernando Henrique, por seu lado, além de ter sido senador como Cristovam, foi presidente da República, por oito anos. Ganhou um senso de realismo indispensável para quem ocupa este cargo no Brasil. É preciso negociar com habilidade, é preciso vigilância diante dos interesses articulados para garantir frutos pessoais ou corporativos. Não adianta tanto o discurso de candidato se o vencedor não tiver noção dos labirintos e obstáculos que enfrentará para cumprir, pelo menos parcialmente, seu programa de governo. Impossível não se identificar com a humildade de intelectuais que reconhecem que a história, apesar de previsível em muitos momentos, apresenta situações completamente inesperadas, como curtos-circuitos, assim descrito por Fernando Henrique o Maio de 1968 na França, que o surpreendeu quando era professor em Nanterre. Não só a ele como a todos os teóricos, pesquisadores que supõem conhecer as leis que regem o movimento histórico. Impossível deixar de acompanhá-los na pergunta: nossa geração deixa um legado à altura das anteriores que proclamaram a República e a abolição dos escravos? Fernando Henrique responde de uma forma positiva com o processo que devolve a democracia no Brasil, sem dúvida uma grande vitória.
Descrição
- ASIN : B09JGW3QYL
- Editora : Fundação Astrojildo Pereira (1 janeiro 2021)
- Livro interativo : 115 páginas
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