Raimundo Benoni: Mobilidade urbana – O que podemos fazer

Foto: Wordpress/Divulgação
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Mês da Mobilidade nos obriga a pensar como deve ser a capacidade de nos deslocarmos, de forma prática e rápida, no dia a dia

Raimundo Benoni / Fundação Astrojildo Pereira

Veio um marquês de uma terra já perdida/

E mais uma vez se fez dono da vida/

Mandou buscar cem dúzias de avenidas/

Pra expulsar de vez as margaridas

Sivuca e Paulinho Tapajós


O Brasil, já predominante urbano, insiste em manter um padrão de mobilidade que estimula (com construções de mais e mais viadutos) e financia (com facilidades bancárias para compra de automóveis e motos) o transporte individual motorizado.

Cidades do interior, principalmente aquelas que se tornaram polos regionais, já vivem problemas típicos de  metrópoles: Maringá, município paranaense urbanizado, tem 430 mil habitantes – e 330 mil veículos cadastrados no Denatran. Isso dá quase 1 carro por morador.

O Sindipeças, que reúne fabricantes de componentes para veículos automotores, estima que a quantidade de carros novos e usados, comerciais leves, caminhões e ônibus já chegue aos 48 milhões – sem falar das 13 milhões de motocicletas em vias públicas.

Os números assustam. Mas há soluções para áreas específicas, desenvolvimento de projetos de mobilidade e acessibilidade, segurança viária, transporte coletivo e, como fenômeno mais recente, a busca sadia de financiamento para uma infraestrutura urbana sustentável.

Já há municípios valendo-se de novas fontes de recursos para o sistema e incentivando a qualidade, a inovação e a eficiência. O WRI Brasil, instituto de pesquisa que busca transformar ideias em ações, estima que 70% de toda a infraestrutura que deve existir nas cidades do mundo em 2050 não foi ainda nem projetada, muito menos construída.

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Setembro é o Mês da Mobilidade, que nos obriga a pensar como está e deva ser a nossa capacidade de se deslocar, de forma prática e rápida, ao trabalho, à escola, aos hospitais, aos parques.

Podemos, por exemplo, estimular a chamada mobilidade ativa, como fazem Berlim ou Nova York, melhorando a circulação urbana (com estímulos a caminhadas e ao uso de bicicletas) e com resultados até mesmo para a saúde.

Podemos tornar nossas cidades ambientes mais seguros e acessíveis, adequando os espaços para as pessoas, não para os carros. A necessidade de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa é real. Então, podemos insistir na promoção de combustíveis  – e carros – mais limpos. E é fundamental qualificar o transporte coletivo e adotar um modelo de cidade conectada, coordenada, agradável, enfim.

Nesta quarta-feira (22/7) é Dia Mundial Sem Carro, movimento que surgiu na França e se espalhou pelo mundo. Faça, se puder, um teste e utilize meios alternativos para se deslocar no dia: vá ao trabalho andando, use o transporte coletivo (metrôs, ônibus e trens) ou pegue sua bike. E peça ao seu prefeito o plantio de mais margaridas, não de viadutos.

*Raimundo Benoni é engenheiro com formação na área de energia pela Fundação Getulio Vargas (FGV), vice-prefeito de Salinas (MG) e diretor da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)

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