‘Números da violência doméstica são assustadores’, diz subsecretária do DF

Irina Storni discute uso da tecnologia como aliada no combate à violência contra a mulher. Ela vai participar de evento online da FAP no dia 13 de maio, às 19h
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Cleomar Almeida, Coordenador de Publicações da FAP

A subsecretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria da Mulher do Distrito Federal (DF)Irina Storni, critica a falta de “precisão de dados” da segurança pública, sugere maior integração de mecanismos de denúncia e ressalta que a tecnologia pode ser uma grande aliada no combate à criminalidade.

Confira o vídeo!

https://www.facebook.com/fundacaoastrojildofap/videos/501789494412238/

“Se os números da violência doméstica no Brasil já eram enormes antes da pandemia, com as medidas de isolamento social, eles se tornaram assustadores”, alerta a subsecretária, em entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP). “Há uma dificuldade enorme em conseguir dados. Isso nos faz acreditar numa subnotificação”, aponta.

O país registrou 105.821 denúncias de violência contra a mulher no ano passado, de acordo com registros do Ligue 180 e do Disque 100. Em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o governo lançou, em março deste ano, campanha de combate à violência contra a mulher em todo o país.

Mais de 14 anos após a promulgação da Lei Maria da Penha e da Lei 13.104/2015, que torna o feminicídio crime hediondo, os índices de violência contra a mulher continuam alarmantes, embora muitos avanços tenham sido alcançados.

Evento virtual

Irina vai discutir o uso da tecnologia como aliada no combate à violência contra a mulher, na quinta-feira (13/5), durante evento online da FAP, sediada em Brasília. O webinar terá início  às 19 horas (veja mais detalhes ao final desta reportagem).

De acordo com a subsecretária, a tecnologia é uma ferramenta fundamental para lidar com o problema, mas, conforme acrescenta, muito ainda deve ser feito para avançar e integrar mecanismos de denúncia a registro automático de boletim de ocorrência, por exemplo.

“Não temos um registro fiel das informações e, muitas vezes, elas não são integradas”, afirma. “Os números de feminicídio deixam claro o tamanho do problema.  Se os canais oficiais de denúncia não são capazes de traduzir, em detalhes, esta realidade, a internet é”, destaca Irina.

O Distrito Federal teve cinco feminicídios registrados apenas nos três primeiros meses de 2021 – mesmo número de 2020 –, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). De acordo com a pasta, 60% dos assassinatos foram motivados por ciúmes ou separação, no período.

Menos ocorrências

No entanto, conforme lembra a subsecretária, levantamento feito em 2020 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostra que os registros de boletins de ocorrência diminuíram na pandemia, o que, segundo ela, reflete a dificuldade de realizar a denúncia durante o isolamento.

Ainda segundo o fórum, em parceria com a empresa de análise de dados e redes sociais Decode, os relatos de brigas de casais feitos pelos vizinhos no Twitter aumentaram consideravelmente. “Frente ao crescente aumento da violência, a tecnologia desponta como uma grande aliada no seu enfrentamento”, ressalta.

Irina lembra, ainda, que a sociedade tem sido cada vez menos tolerante com práticas violentas e criminosas. “O que interpretamos como violência é uma construção social e cultural. Já fomos muito mais tolerantes do que somos hoje. Atitudes que eram normalizadas há tempos atrás hoje isso seria inaceitável”, analisa.

De acordo com a subsecretária, “a Lei Maria da Penha é uma grande conquista”. “Não é só uma lei penal, é quase uma política pública inteira de combate à violência contra a mulher. Ela engloba muitos aspectos – prevenção, medidas protetivas, trabalhos com autores de violência. O grande desafio é sempre o da implementação”, avalia.

SERVIÇO

Webinar | A Tecnologia como aliada no combate à violência contra a mulher
Data: 13/5/2021
Transmissão: a partir das 19h
Onde: Portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Fundação Astrojildo Pereira, em parceria com a Zonal do Plano Piloto do Cidadania.

Observação: O arquivo do vídeo do evento fica disponível para o público nesses canais, por tempo indeterminado

 

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Fonte:

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