Day: março 25, 2022

XP/Ipespe: Lula tem 44%; Bolsonaro, 26%; Moro, 9%; Ciro, 7%

Redação / O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem, neste momento, vantagem de 18 pontos sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo Planalto, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta sexta-feira, 25. No cenário estimulado, o petista aparece com a preferência de 44% dos eleitores, contra 26% do atual chefe do Executivo. 

Lula recuperou parte da vantagem que vinha perdendo nos últimos meses. A distância entre ambos os adversários chegou a 20 pontos na segunda quinzena de janeiro, quando o petista tinha 44%, e Bolsonaro, 24%. No início de março, o ex-presidente liderava com margem de 15 pontos (43% contra 28%). 

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Segundo o último levantamento, Sérgio Moro (Podemos) tem 9% das intenções de voto; Ciro Gomes (PDT), 7%; João Doria (PSDB), 2%; Eduardo Leite (PSDB), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Felipe d’Avila (Novo) empatam em 1%.

No cenário espontâneo, aquele em que os entrevistados expressam sua preferência sem que sejam apresentadas opções, Lula tem 36%, e Bolsonaro, 25%. 

O Ipespe ouviu a opinião de mil pessoas por telefone entre os dias 21 e 23 de março. A margem de erro é de 3,2 pontos para mais ou para menos, o que faz com que Sérgio Moro e Ciro Gomes estejam em empate técnico. O protocolo de registro na Justiça Eleitoral é BR-04222/2022.

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Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisa-xp-ipespe-lula-bolsonaro-ciro-moro-doria-leite-tebet-janones-davila,70004019268


O bolsonarismo saiu do armário, e o petismo precisa descer do salto

Vera Magalhães / O Globo

O leitor desta coluna há de lembrar que escrevi, em 23 de fevereiro, que o presidente se beneficiaria da entrada dos profissionais no comando de sua campanha e da entrada de dinheiro do Auxílio Brasil nas contas dos mais necessitados para dar um salto. E que os riscos que corria de ver estancada essa esperada melhora eram a inflação fora de controle e a rejeição quase impeditiva de uma reeleição.

Os números do Datafolha mostram que Bolsonaro ganhou pontos entre os mais pobres e no Nordeste, reduzindo sua distância para Lula no segmento e na região em que o petista vai melhor. Num país em que a desigualdade e a pobreza só cresceram, a injeção de recursos do Orçamento ainda é um poderoso cabo eleitoral.

Além disso, o silenciamento das atrocidades ditas por Bolsonaro no curso da pandemia, operado pelos profissionais da política, fez com que a classe média que elegeu o capitão em 2018 perdesse a vergonha de sair do armário. E aqui entra um fenômeno de duas mãos importante de analisar: o salto alto que acometeu o entorno de Lula desde que suas condenações nos processos derivados da Lava-Jato foram anuladas.

O que se seguiu àquele momento foi uma euforia narrativa que incluiu desde a exigência de retratação de todos aqueles que apontaram casos de corrupção nos governos petistas até a difusão de uma praticamente certa vitória de Lula no primeiro turno.

Os que diziam procurar por uma alternativa à polarização Lula e Bolsonaro eram apontados praticamente como cúmplices dos desmandos do bolsonarismo.

O PT e os aliados do ex-presidente se perderam num duelo com o ex-juiz Sergio Moro, que nunca chegou a decolar, e deixaram Bolsonaro correr meio sem combate em todo o período posterior à CPI da Covid.

Tanto que iniciativas como o calote em precatórios e a criação do Auxílio Brasil, que certamente reverteriam em recuperação do presidente de seu pior momento nas pesquisas, contaram com o aval da oposição, que ainda silenciou sobre o orçamento secreto, o mais poderoso instrumento de injeção de recursos em bolsões de aliados políticos já criado pelo Congresso.

Tanta certeza na vitória de Lula se amparava na crença de que os desmandos de Bolsonaro em relação às instituições, o engodo liberal que ele vendeu em 2018 e a condução criminosa do país na emergência sanitária haviam afastado definitivamente a classe média do presidente.

Isso, com a revisão das condenações da Lava-Jato operada pelo STF, depois confirmada em cascata por outras instâncias da Justiça, bastaria para que o conjunto da sociedade concluísse que Lula e o PT foram vítimas de um golpe de 2016 em diante.

Acontece que a superação do pior momento da pandemia parece ter apagado cedo demais da mente de uma parcela do eleitorado de média e alta renda as atrocidades cometidas em três anos e três meses de uma gestão marcada única e exclusivamente por retrocessos —mesmo nas áreas de interesse dessa elite mais egoísta, como a imagem do país no exterior, a previsibilidade fiscal e os demais indicadores econômicos.

O Datafolha agora mostra, em números, que havia um antipetismo escondido no armário junto ao bolsonarismo renitente e que ambos foram retirados de lá mais ou menos no momento em que esse eleitor foi autorizado a guardar a máscara na gaveta. Mais de uma máscara foi arrancada, portanto.

Para que a vantagem de Lula sobre Bolsonaro não se estreite ainda mais, o PT tem de engendrar um discurso econômico e político que funcione de antídoto ao antipetismo que Bolsonaro espertamente voltou a explorar — outra contribuição do Centrão à condução até então tresloucada de sua campanha por parte de seus filhos e de seus apoiadores mais fanatizados.

Fonte: O Globo
https://blogs.oglobo.globo.com/vera-magalhaes/post/o-bolsonarismo-saiu-do-armario-e-o-petismo-precisa-descer-do-salto.html


As perdas da Rússia em 30 dias de invasão da Ucrânia

Thomas Latschan / DW Brasil

Quantos soldados russos foram mortos na Ucrânia desde o início da guerra? Dados são difíceis de ser verificados, mas há indicações de que o Kremlin perdeu muito mais militares do que está disposto a admitir.

Um mês se passou desde o início da invasão russa da Ucrânia. A chamada "operação especial" russa que o Kremlin esperava concluir em poucos dias se transformou em uma guerra que já resultou em milhares de baixas em ambos os lados. E dados indicam que o exército russo registrou perdas "inesperadamente altas".

É muito difícil estimar quantos soldados russos perderam suas vidas até agora. As informações são extremamente contraditórias e não podem ser verificadas de forma independente.

Fontes russas em silêncio

O Ministério da Defesa da Rússia divulgou números de baixas em apenas uma ocasião. Em 2 de março, relatou 498 mortos e cerca de 1.600 soldados russos feridos desde o início da guerra. Desde então, a Rússia vem mantendo segredo sobre o número de mortes entre suas tropas.

Na noite do último domingo (20/03), uma reportagem do tabloide russo Komsomolskaya Pravda chamou a atenção. Um texto da versão online do jornal, supostamente citando fontes militares, apontava que até aquele momento 9.861 soldados russos haviam morrido e que mais de 16.000 estavam feridos.

No entanto, depois de apenas alguns minutos, o texto foi tirado do ar. O site se justificou afirmando que se tratava de uma reportagem falsa que teria sido publicada por hackers. Apesar de ter ficado poucos minutos no ar, o texto foi copiado e disseminado pelas redes e continua arquivado em outros sites.

Mapa do avanço russo na Ucrânia

Apesar de os russos evitarem publicar relatórios com baixas, há indicações de que o número de russos mortos e feridos é muito maior do que os número oficial divulgado pelo Kremlin no início do conflito. Há poucos dias, uma reportagem da Radio Liberty de Belarus – uma organização financiada pelos Estados Unidos – apontou que os necrotérios na área de fronteira do país com a Ucrânia estariam lotados de soldados russos mortos. Vídeos mostraram colunas inteiras de veículos russos supostamente trazendo soldados mortos ou feridos para Gomel, em Belarus.

De acordo com a reportagem, corpos de milhares de soldados foram enviados para a Rússia a partir de Belarus. A DW também obteve informações sobre grandes quantidades de soldados russos feridos sendo tratados em hospitais belarussos.

Ucrânia relata mortes de generais russos

O jornal online ucraniano The Kyiv Independent publica regularmente estimativas do Estado-maior ucraniano sobre baixas do inimigo. Estimativas apontam até 15.000 baixas russas, número que inclui soldados mortos, capturados e feridos.

No entanto, esses números também não foram verificados ​​de forma independente. Não há informações sobre a metodologia da pesquisa. É muito provável que o exército ucraniano tenha inflado os números para propagandear uma suposta eficácia em combate e em suas conquistas militares.


Segundo informações que vêm da Ucrânia, seis dos 20 generais russos de alto escalão envolvidos na invasão da Ucrânia morreram nas últimas semanas. O general americano David Petraeus, um veterano da Guerra do Afeganistão, considera um número tão alto como "muito, muito incomum" e aponta que ele pode ser um sinal de que as estruturas de comunicação e comando russas foram severamente afetadas. Um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA abordou os relatos com muito mais cautela.

Pentágono continua cauteloso

O Departamento de Defesa dos EUA também está monitorando de perto a situação na Ucrânia. O Pentágono prepara suas próprias avaliações da situação com base em dados de inteligência, imagens de satélite e tráfego de rádio russo interceptado.

O Departamento de Defesa dos EUA está atualmente divulgando uma estimativa de cerca de 7.000 russos mortos e cerca de duas a três vezes esse número de feridos. Um total de cerca de 150.000 soldados russos estariam envolvidos na invasão. Se os números americanos estiverem corretos, mais de 10% das tropas russas que fizeram parte da primeira leva de ataque não estariam mais operacionais após apenas um mês.

Para efeito de comparação, esses supostos 7.000 militares russos mortos representam um número maior do que o total de soldados americanos que morreram ao longo de 20 anos nas campanhas no Iraque e no Afeganistão combinadas.https://t.me/rferl/754?embed=1

Em seu cálculo das perdas russas, os especialistas militares dos EUA também contam com outras fontes. A plataforma de internet holandesa Oryx, por exemplo, documenta meticulosamente quantos veículos militares russos foram destruídos ou capturados pelo exército ucraniano. Cada um desses veículos é contabilizado com uma foto ou registro de vídeo com data precisa.

Segundo a plataforma, o exército russo perdeu pelo menos 270 tanques, 258 veículos de infantaria e 178 veículos blindados de combate em um mês. Como o espaço para tripulação desses veículos é conhecida, é possível fazer uma estimativa de quantos soldados russos foram tirados de combate após a destruição dos blindados.

Falsificações

No entanto, esses números também devem ser tratados com cautela. A verificação do material às vezes leva um tempo considerável, de modo que os próprios administradores do blog militar já estão apontando não dar conta do grande número de dados recebidos.

Além disso, a proporção de vídeos falsos e material de propaganda manipulado aumentou constantemente desde o início da guerra, o que torna a verificação ainda mais complexa. Isso também torna consideravelmente mais difícil estimar as perdas reais das forças russas.

No entanto, os números de perdas de equipamentos militares pesados ​​já verificados também sugerem que as baixas russas realmente parecem ser muito maiores do que as inicialmente divulgadas pelo Kremlin.

Se o número de mais de 7.000 soldados russos mortos até o momento estiver correto, então, após um mês de guerra na Ucrânia, o exército russo já teria registrado a metade das perdas sofridas pelo Exército Vermelho nos dez anos de intervenção soviética no Afeganistão, entre 1979 e 1989.

Fonte: DW Brasil
https://www.dw.com/pt-br/as-perdas-da-r%C3%BAssia-na-invas%C3%A3o-da-ucr%C3%A2nia/a-61246918