Day: janeiro 24, 2022
Um longo caminho até as eleições, avalia editorial da Política Democrática online
Editorial / Revista Política Democrática online
Começa o ano eleitoral, e os grandes campos em que se divide a política brasileira arriscam, com cautela, os primeiros passos nos caminhos que desaguarão no pleito de outubro.
Enquanto os expoentes do governo experimentam, ao que parece, uma recidiva nas diatribes contra a vacina, focada agora na vacinação das crianças, e na apologia da cloroquina, o candidato do PT, em posição favorável nas pesquisas, avança, paulatinamente, vencendo resistências, internas e de aliados históricos, na senda do diálogo com seus antigos adversários tucanos.
Ou seja, governistas optam pelo cultivo do eleitorado radical e fiel, em detrimento das parcelas mais amplas e volúveis de eleitores, propensos a mudar de posição sob o impacto dos efeitos da crise sobre seu consumo e renda. Procuram, assim, assegurar a presença no segundo turno, confiantes na vitória, na guerra de rejeições que se seguiria, principalmente no caso de o oponente vir a ser o candidato do PT.
Não está claro ainda, por outro lado, o alcance e a profundidade do movimento petista em direção ao centro. Trata-se simplesmente de espantar o fantasma da rejeição ou o objetivo é plantar a semente de um diálogo amplo com a totalidade das forças de oposição? A costura procurada seria exclusivamente eleitoral ou também política e programática? São dúvidas procedentes, até porque já se ouvem manifestações à esquerda de apoio a uma chapa petista ampliada, desde que o candidato a vice permaneça no seu papel decorativo de substituto eventual do titular.
O problema, nesse caso, parece ser de conceito. A terceira via, se houver, não poderá ser construída apenas por um processo de subtração, ou da adição de duas rejeições. Alternativas políticas são construídas por meio da adição, da construção de acordos programáticos em torno das grandes agendas da sociedade. Não haverá um terceiro candidato competitivo sem acordos mínimos e conhecidos em torno de uma agenda econômica e social capaz de superar a pobreza e a desigualdade; de uma agenda ambiental suficientemente radical para retardar e reverter o processo de mudança climática; e de uma agenda democrática firme, que contemple tanto a defesa do estado democrático de direito quanto os avanços institucionais necessários para afastar os riscos do autoritarismo.
Título original: Ainda há muito a percorrer
Cristovam Buarque: Mesma falta de indignação no Brasil, 200 anos depois
Guilherme Casarões: O xadrez internacional das eleições de 2022
Sob Bolsonaro, desmonte da política ambiental do país foi inclemente
Sérgio C. Buarque: Em ano eleitoral, política de emprego ou assistência social?
Sergio Leo: Após 16 anos, mudou a liderança europeia; e nós com isso?
Karin Kässmayer: Após a COP-26, o que esperar das promessas do Brasil
Luiz Gonzaga Marchezan: A propósito de “A mão de Deus” (2021)
Henrique Brandão: ‘O Canto livre de Nara Leão’ mira no passado e acerta no presente
Lilia Lustosa: Não olhe para cima, não saia da caverna
Ricardo Marinho: Histórias que precisamos contar de um passado distante e recente
André Amado: Uma visão criativa da Segunda Guerra Mundial
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Crítica diz que Não olhe para cima, da Netflix, é um grito de alerta
João Vitor*, equipe FAP
Doutora em História e Estética do Cinema pela Universidade de Lausanne, na Suíça, Lilia Lustosa afirma que o filme Não olhe para cima, dirigido por Adam Mckay, é um grito de alerta. “Um aviso importante para que paremos para refletir aonde é que tudo isso vai parar”, diz ela em artigo para a revista Política Democrática online de janeiro (39ª edição).
A revista é editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília. A instituição disponibiliza, gratuitamente, em seu portal, todo o conteúdo da publicação mensal, tanto em formato PDF como na versão flip. O longa-metragem é o segundo mais assistido da Netflix. O primeiro é Bird Box (2018).
Lilia diz que o filme é um espelho do que estamos vivendo, levado, naturalmente, ao extremo, com o objetivo de nos alertar sobre o caminho equivocado e perigoso que nossa sociedade está tomando.
“Uma história divertida e, ao mesmo tempo, triste e profunda, que coloca a ciência sob holofotes, copiando a realidade que insiste em desmenti-la por meio de mirabolantes teorias da conspiração, saídas das cabeças de pseudo filósofos e teóricos de botequim”, avalia a autora do artigo.
Segundo ela, tudo em Não olhe para cima beira o artificial, (o céu, o avião voando, o espaço), o caricato, o excesso. “Uma maneira de nos inserir desde o início no universo da ironia, do inverossímil, mas também de nos mergulhar no mundo fake em que estamos de fato metidos”, diz.
A crítica afirma que o longa tem um elenco estelar. “É uma obra nascida em Hollywood, berço por excelência de quase tudo o que é criticado ali no filme”, analisa.
A obra cinematográfica, conforme avalia Lilia, é uma fórmula anti platônica quase perfeita para o desentendimento, o non-sense, a ignorância, a deturpação de ideias e suas consequências macabras para as sociedades contemporâneas.
Em Não Olhe Pra Cima, acompanhamos a saga de dois astrônomos pesquisadores da Universidade do Michigan – a doutoranda Kate Dibiasky (Jennifer Laurence) e seu orientador, o Professor Randall Mindy (Leonardo Di Caprio) –, que após terem descoberto que um cometa gigantesco se encaminha em direção à Terra, tentam, sem êxito, informar às autoridades e à população sobre o iminente fim do mundo.
Lilia escreve que nessa batalha pela verdade, os dois vão contar com o apoio do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), mas vão esbarrar em uma série de obstáculos, passando por índices de rejeição/aprovação da presidente da República Orlean (uma hilária Meryl Streep) que pretende se candidatar à reeleição.
“Sem falar nos militares corruptos, como o que cobra 20 dólares por um lanche que é grátis, nos empresários gananciosos que já tendo conquistado todo o planeta Terra rumam agora à conquista do espaço, ou ainda a imprensa sensacionalista que faz de tudo para não perder audiência, desprezando assuntos relevantes caso esses não deem muito ‘Ibope’”, afirma.
A íntegra do artigo de Lilia Lustosa pode ser conferida na versão flip da revista, disponível no portal da FAP, gratuitamente. A nova edição da revista da FAP também tem artigos sobre economia, cultura e política.
Compõem o conselho editorial da revista o diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado, Caetano Araújo, o jornalista e escritor Francisco Almeida e o tradutor e ensaísta Luiz Sérgio Henriques. A Política Democrática online é dirigida pelo embaixador aposentado André Amado.
*Integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista e editor de conteúdo Cleomar Almeida
Cristovam Buarque: Mesma falta de indignação no Brasil, 200 anos depois
Guilherme Casarões: O xadrez internacional das eleições de 2022
Sob Bolsonaro, desmonte da política ambiental do país foi inclemente
Sérgio C. Buarque: Em ano eleitoral, política de emprego ou assistência social?
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Ivan Alves Filho: Uma cidade chamada Colônia
Ivan Alves Filho
Cheguei à Alemanha, mais precisamente à cidade de Colônia, em 1973, onde fui acolhido por Samuel Yavelberg, uma das melhores figuras que conheci na vida e valoroso opositor à ditadura militar que ensanguentava, então, o Brasil. Samuca era irmão de Yara Yavelberg, a companheira de Carlos Lamarca.
Fiquei em sua casa quase um ano, enquanto trabalhava, em Colônia e arredores, nos mais diversos tipos de emprego (operário em uma gráfica, lavador de pratos, professor de português). O trabalho em fábrica era particularmente extenuante, senão massacrante: eu entrava ali às seis da tarde e só saía às seis da manhã do dia seguinte. Éramos cerca de 600 operários, trabalhando naquela gráfica, manipulando esteiras que lembravam aquela famosa cena de Charles Chaplin em Os tempos modernos. Enlouquecedor. A socialdemocracia vista do chão das fábricas era para lá de complicada. Os operários eram todos estrangeiros, os chamados gastarbeiter ou trabalhadores convidados. O chefe do serviço era um alemão e o subchefe holandês. Era assim que a banda tocava.
Mais tarde, o saudoso Oswaldo Peralva, ex-representante do Partido Comunista Brasileiro no Cominform, que sucedeu, a partir de 1947, à Internacional Comunista formada por Lênin e seus companheiros, em 1919, me repassou seu apartamento e lá permaneci por alguns meses, até ir para a França. Isso se deu, creio, no início de 1974 (a nossa memória, às vezes, falha). O apartamento era uma encantadora água-furtada e também fui muito feliz ali.
No eixo Colônia-Bonn havia um número razoável de brasileiros. Todos bons de papo e com uma bonita história de vida. Além do Samuel e do Peralva, desejaria recordar figuras como Leandro Konder, Aparício, Arthur Poerner, Clemens, Ida, Paulão, Wambier, Júlio Medaglia, Marschner, este último correspondente do jornal O Estado de São Paulo, o Estadão. Quase todos havíamos sido tocados do Brasil pela ditadura militar. Eu mesmo vinha de uma passagem traumática pelo DOI-Codi, no Rio de Janeiro.
Era a época do ditador Garrastazu Médici e as notícias que chegavam até nós eram as piores possíveis: torturas, desaparecimentos de pessoas, repressão generalizada aos trabalhadores, à intelectualidade e aos artistas. Ásperos tempos aqueles. Nós procurávamos nos organizar para denunciar aqueles crimes todos. Dávamos entrevistas à televisão alemã, mantínhamos contato com a Anistia Internacional, participávamos de encontros com os companheiros do Partido Comunista Português e do MPLA de Angola.
Eu estudava alemão na Universidade, para melhor me integrar à vida local. Idioma um tanto quanto difícil para nós - as declinações, em particular, embolavam um pouco o nosso aprendizado -, o alemão nos impressionava sobretudo por sua precisão. Aliás, praticamente toda a Alemanha se pautava pela organização quase perfeita de sua vida social. Colônia, em particular, era uma cidade limpíssima, concebida em escala humana, com as ruas apinhadas de pedestres. O espaço para os automóveis era muito pequeno, devido à excelente qualidade do transporte público, assegurado por bondes, e aos seus calçadões.
Eu tinha, então, uma necessidade tremenda de entender a Alemanha e a aventura hitlerista. Como um povo tão culto se deixara arrastar para a aventura nazista? Como um país economicamente desenvolvido entrara naquela esparrela? Como? Eu frequentava a fantástica Cinemateca de Colônia, onde assistia aos documentários do período hitlerista, tentando entender aquilo. Anos depois, eu chegaria a uma conclusão: o nazismo era uma doença, um movimento construído em torno de um agrupamento de milicianos, e seus principais dirigentes estavam envolvidos com o crime organizado. A lógica do nós contra eles predominava, revelando que a exclusão e o extermínio estavam no comando e não a negociação, algo próprio da política. Só marginais enveredavam pela lógica da destruição.
Pretendo finalizar esta pequena nota, lembrando que Colônia era a cidade onde Karl Marx fizera sua iniciação política, praticamente, dirigindo o jornal A Gazeta Renana. O grande revolucionário e filósofo viveria ali, em 1848 e 1849, período em que redigiria, com seu companheiro Friedrich Engels, o Manifesto do Partido Comunista.
Decididamente, ninguém passa impunemente por Colônia.
*Ivan Alves Filho é jornalista, historiador, autor de várias e importantes obras, das quais a última é Os nove de 1922
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Hamilton Garcia: Ciro e a rebeldia da esperança
Hamilton Garcia
Ciro é uma candidatura que nos traz esperança. Não só porque nos apresenta um Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que tem feito muita falta nestes 41 anos de semi-estagnação, que nos colocou no patamar de decadência e crise onde hoje nos encontramos. Mas porque tem a coragem de indicar os culpados por este resultado: o pacto político-econômico (democraticamente) instituído desde Collor, passando por FHC e Lula, até Bolsonaro, calcado no desmonte da indústria nacional em proveito do aumento do consumo das famílias, por meio de um câmbio distorcido (pró-importação) que prejudica as condições de competitividade dos produtos brasileiros e destrói nossos melhores empregos.
A perversa mágica funcionou graças ao êxito do Plano Real, que conteve a inflação, junto às políticas de amparo aos miseráveis, à valorização do salário mínimo – sem contrapartida no aumento da eficiência do trabalho. O exponencial aumento do crédito privado também teve papel relevante, não obstante o endividamento dos cidadãos, que Lula alavancou, via crédito consignado à juros altos, denunciado por Ciro em 2018.
Iludida a maioria da população, que nunca pôde consumir tanto, viajando até para o exterior, o que chancelou as seguidas vitórias eleitorais de PSDB e PT, o modelo tratou de agravar nossas disparidades de renda, não obstante as “bondades” aos pobres. O empresariado brasileiro também teve seu quinhão com isenções tributárias bilionárias, ineficazes e prejudiciais ao Tesouro Nacional. Fechando o pacote, ainda tivemos as regalias da aristocracia burocrática dos Judiciários, Ministérios Públicos, Legislativos e setores do Executivo, sem esquecer os privilégios da elite política — da União ao Município – e os trilhões do Orçamento Nacional entregues aos grandes grupos financeiros credores da dívida pública.
A resultante disto tudo foi representada pelo candidato ao comparar o PIB per capita do Brasil e da China nos anos 1980, quinze vezes ao nosso favor, com o resultado de hoje, abaixo de 80% do nível alcançado pelos chineses. Transcorridas quatro décadas, a China, em parte inspirada em nossa trajetória passada, quando éramos campeões em crescimento econômico, não só se transformou numa nação próspera, por meio do trabalho e da educação, no lugar da mera compensação de renda e oportunidades, como despontou como potência econômica, já superando os EUA.
Ciro, com sua candidatura, nos presta um grande serviço, embora ainda pague o preço por ter se mantido por tanto tempo próximo ao lulopetismo e seu projeto de distribuição de renda populista, sem trabalho e sem educação. Talvez pudesse diminuir o tempo/espaço perdido e aumentar suas chances com a classe média, se reconhecesse os méritos da operação Lava-Jato – não obstante os inevitáveis erros cometidos no contexto de um país campeão em impunidade e privilégios.
A política, porém, é assim mesmo: feita de maneira aleatória e anárquica, quase sempre separando aquilo que deveria andar junto, para se obter melhor resultado. Em nosso caso, uma política de desenvolvimento articulada à libertação do Estado, aprisionado por parasitas e demagogos que se alimentam da corrupção institucionalizada.
A grave crise brasileira, que Ciro teve a honestidade de colocar no centro do palco eleitoral, como outrora fizera Brizola, todavia, tende a forçar a convergência que as consciências teimam em renegar pelos efeitos da condição humana. É só uma questão de tempo para que a Rebeldia da Esperança encontre seu verdadeiro caminho.
*Hamilton Garcia é cientista político (UENF/DR)
Fonte: Folha da Manhã
https://opinioes.folha1.com.br/2022/01/22/hamilton-garcia-ciro-e-a-rebeldia-da-esperanca/
Sérgio Moro: ‘Destempero de Bolsonaro abalou economia do País’
Lauriberto Pompeu e Felipe Frazão / O Estado de S.Paulo
O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) avalia que as intenções de “golpe” do presidente Jair Bolsonaro prejudicam a economia brasileira e afugentam investidores estrangeiros do País. “Muita gente atribui essa escalada gigante do dólar no ano passado e por consequência a elevação da inflação do preço dos alimentos e combustíveis a esse destempero verbal do presidente”, diz.
Moro também não economiza críticas a Lula e ao PT. Segundo ele, o partido deveria reconhecer erros passados em investigações sobre corrupção e também na condução da economia. “Sou muito diferente de Bolsonaro e de Lula. Absolutamente incompatível”, afirma o ex-juiz, prometendo “arrebentar a polarização”.
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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do atual governo não quis se antecipar e revelar sua remuneração no setor privado, alvo de questionamentos no Tribunal de Contas da União (TCU), e se esquivou de responder se aceitaria trocar de partido.
Na sua primeira entrevista como juiz da Lava Jato, em 2016, o senhor disse ao Estadão que ‘jamais’ entraria na política. O que aconteceu?
Houve uma total mudança de contexto. Fui ao governo (Bolsonaro), convidado, principalmente porque eu tinha um projeto de consolidação do combate à corrupção. Sempre me vi mais como um técnico. Passei todo o ano de 2021 olhando para ver se apareceria algum nome com a capacidade de romper a polarização e infelizmente não apareceu. Então resolvi colocar meu nome à disposição, entendo até em uma espécie de missão.
Qual a chance de o senhor, recém-filiado ao Podemos, já trocar de partido para o União Brasil?
Tem muitas especulações. O que existe de concreto é que nós estamos construindo um projeto, com um grupo de especialistas capitaneado pelo Affonso Pastore, e construindo alianças políticas a partir do Podemos. Estamos fortalecendo o próprio Podemos, com o ingresso de componentes do Movimento Brasil Livre (MBL).
O MBL vai ser seu exército na guerrilha virtual com o bolsonarismo? O senhor já adotou até um verbo ao estilo deles, “arrebentar” a polarização…
O MBL é muito hábil nesse debate virtual, mas essa expressão “arrebentar a polarização” é de fato minha, vou registrar como trademark. E vamos arrebentar a polarização. Nós estamos estruturando a parte de comunicação da pré-campanha, desde logo existe esse debate nas redes sociais e nós precisamos de parcerias, de aliados. No fundo isso surge de uma maneira muito orgânica, não usamos ou utilizaremos jamais mecanismos artificiais, robôs, por exemplo, nossa ideia é agir pelo convencimento das pessoas. Infelizmente vivemos em um mundo de verdades alternativas, se é que essa expressão é válida para a tal das fake news, e o debate público acaba sendo obscurecido por conta disso.
O senhor é ex-ministro de Bolsonaro, tem o apoio de vários ex-bolsonaristas. É correto dar razão a quem diz que o senhor quer ser uma versão melhorada do presidente?
Sou muito diferente de Bolsonaro e de Lula. Absolutamente incompatível. Aceitei o convite porque entendi que havia uma chance de dar certo e que a minha pauta era desejada pelo País de combate à criminalidade, não só corrupção, mas violência e crime organizado. Logo percebi que essa pauta tinha sido sabotada pelo próprio presidente da República e preferi deixar o governo. Outros abandonaram o governo antes, ao perceber que as promessas não eram reais, mas ninguém se torna cúmplice do Bolsonaro por ter querido realizar seus sonhos, que na verdade são sonhos para o País também.
Se arrepende de ter assumido cargo no governo?
De forma nenhuma. No governo, eu permaneci fiel ao meu projeto, princípios e valores. Tenho muito orgulho de ter deixado o governo, foi a melhor decisão que eu tomei.
O senhor ficou tempo demais?
Eu tinha razões para permanecer. Não podia deixar o governo antes de o projeto anticrime ser votado. A Câmara inseriu modificações que pioraram o projeto e resolvi ficar até o veto presidencial. Foi um dos momentos no qual o presidente traiu o País e deixou de vetar alterações desse projeto que eram contrárias às suas promessas eleitorais. Algumas das modificações da Câmara, com todo respeito, enfraqueceram o combate à criminalidade e à corrupção. Já naquele momento o presidente havia feito movimentos para interferir na Polícia Federal e eu falei, inclusive expressamente, ao diretor da polícia que eu havia nomeado, mais ou menos os seguintes termos: “Não tenhamos ilusão, o governo não tem compromisso com essa pauta, mas agora nosso dever é permanecer para proteger a Polícia Federal”. Toda a minha permanência a partir de dezembro se explica principalmente por esse motivo. A Polícia Federal em mãos erradas pode ser utilizada em detrimento da população. Quando o presidente passou por cima de mim e trocou o diretor, acabaram as razões que justificavam a minha permanência e eu saí.
Houve uma série de demissões suspeitas na PF. Um caso notório é do delegado Alexandre Saraiva, demitido do cargo após uma operação envolvendo o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. A PF está hoje subserviente ao governo?
A Polícia Federal não tem hoje a mesma autonomia que tinha na época da Lava Jato. Tanto que as operações de investigação por crimes de corrupção caíram abruptamente e praticamente não se vê mais ninguém sendo preso. Isso por conta em parte do presidente da República, que não dá essa autonomia, e porque há esse clima desfavorável de investigações de corrupção, um clima de intimidação, que vem de parte de outros Poderes, por exemplo, o Congresso, que aprovou uma lei de abuso de autoridade, e, do outro lado, parte da cúpula do Judiciário, que tem sido refratária a essas operações.
Críticos e alvos da Lava Jato sempre alegaram interesses políticos por parte do senhor e integrantes da operação. A entrada do senhor e de Deltan na política não macula de certa forma o trabalho da Lava Jato e dá razão a eles?
Tem um adágio famoso: fatos são coisas teimosas. Durante o governo do PT você teve os dois maiores casos de corrupção da história, o mensalão e o petrolão. Esses casos foram investigados, contêm provas robustas, esses casos foram expostos à imprensa e à opinião pública brasileira, que sabe que os fatos são verdadeiros e quem são os culpados pelos crimes. Nós fomos apenas juiz, promotor, policial, apenas veículos da revelação desses fatos. Esse é o ponto objetivo. Outro ponto objetivo: o Brasil avançou no combate à corrupção durante a Lava Jato, o que é um passo civilizatório. O sistema político reagiu para impedir novas investigações e novos processos contra grande corrupção. Toda vergonha disso reside não em quem lutou contra a corrupção, mas exatamente contra quem agiu para desmantelar o combate à corrupção no País. Os culpados por isso não devem ser procurados lá nos procuradores e juízes, mas exatamente em que aprovou leis que enfraqueceram o combate à corrupção, no presidente da República, que liderou o País nesse processo de desmantelamento, e, infelizmente, com todo respeito à instituição, em parcela do Judiciário, que vem anulando condenações por corrupção por motivos meramente formais e injustificáveis.
O senhor subiu o tom contra Lula, depois de ele lhe chamar de canalha. Até então isso era incomum. O tom será esse daqui para a frente?
Foi uma reação a uma agressão. Não vamos tomar as atitudes dos nossos adversários, inclusive, por exemplo, em relação ao trato à imprensa. Tanto Lula quanto Bolsonaro agem como uma espécie de inimigos da imprensa, defendendo controle, censura ou até recorrendo à ofensa pura e simplesmente. Precisamos reagir a agressões quando o candidato à Presidência, Lula, mente dizendo que não houve corrupção na Petrobras, ofendendo a Lava Jato, que combateu a corrupção e salvou a Petrobras das garras do PT. Essas reações, provavelmente, infelizmente persistirão, porque não se vê o PT abandonando essa narrativa de mentiras. O que eu acho que o PT deveria fazer. Faça a lição de casa, reconheça os seus erros, é a única forma de dar a volta por cima. Se não faz isso, se simplesmente nega a realidade, nega os fatos, está fadado a repeti-los.“Não se vê o PT abandonando essa narrativa de mentiras. Se não faz isso, se simplesmente nega a realidade, nega os fatos, está fadado a repeti-los.”
Bolsonaro costuma dizer que não há corrupção no governo dele. O senhor, que foi ministro da Justiça dele por mais de um ano, consegue confirmar isso?
Não vejo hoje a Polícia Federal com condições de autonomia suficientes para realizar grandes operações contra a corrupção, assim fica muito fácil afirmar que não existe corrupção dentro do governo federal. Conhecemos esses casos que afetam a família e o próprio presidente, da rachadinha, que é peculato, que no fundo é uma espécie de corrupção, apropriação de dinheiro público. Do outro lado, o presidente abraçou a política fisiológica, tem aceitado indicações para estatais provenientes de uma pessoa que já foi condenada por corrupção, no caso do mensalão. O Centrão, esse centro que tem até ali em alguns partidos, pessoas boas, mas que se notabilizou por práticas de fisiologismo, tem novamente dado as cartas e gerado esse loteamento político dos cargos públicos. As mesmas condições que geraram os grandes escândalos de corrupção do PT estão de volta no nosso tabuleiro. Aliado a isso nós vemos esse orçamento secreto, que foi tão bem revelado pelo Estadão, que é a apropriação de dinheiro público sem a devida transparência e favorecendo uma relação não muito salutar entre Poder Executivo e Congresso. As velhas práticas estão de volta em um governo que havia prometido superá-las. Esses dias vi uma notícia de nomeação pelo presidente do cargo de dirigente de uma estatal financeira a pedido do Valdemar Costa Neto, que não tenho nada contra pessoalmente, mas é alguém que foi condenado por suborno.“O presidente Bolsonaro abraçou a política fisiológica e o orçamento secreto. As velhas práticas estão de volta.”
Se eleito, vai tentar acabar ou manter o orçamento secreto? Se sim, como faria isso, já que o Congresso tem uma força política grande e resiste a abrir mão da prática?
Me parece clara a necessidade de rediscutir o papel do Executivo e do Congresso em relação ao orçamento público. Há espaços, sim, para emendas parlamentares, como é da nossa tradição e também existe em outros países, mas isso tem que ser feito com absoluta transparência. Um efeito deletério em relação a essa prática tem sido a pulverização do investimento público. Ao invés de concentrar os poucos recursos que o governo tem, dadas as despesas obrigatórias e não discricionárias, ao invés de concentrar em obras ou em projetos que gerem grande eficiência e aumento do bem estar geral, você vê uma pulverização desses recursos através dessas emendas parlamentares, o que foi agravado com essas emendas do relator. Você tem projetos paroquiais, que não deixam de ter sua relevância, mas que acabam comprometendo a eficiência do todo.
Defende alguma mudança no teto de gastos?
É clara para nós a necessidade de se ter uma âncora fiscal que restaure a credibilidade do País, que deixe claro que a dívida pública brasileira não vai sair do controle. Só assim você consegue reduzir a inflação a patamares menores e com isso consegue também reduzir os juros para retomar o crescimento econômico. A discussão dessa âncora fiscal é imprescindível, vai estar no nosso programa, seja restaurando o teto, seja dando uma nova forma para evitar o descontrole da dívida pública. Qualquer outra proposta é ilusão. O crescimento econômico depende principalmente do elemento confiança e essa confiança foi rompida, tanto pelos discursos erráticos do presidente da República em matéria econômica, como por exemplo relativas à interferências arbitrárias no mercado ou mesmo ao planejamento, no ano passado, de uma espécie de golpe de Estado, como também por essa alteração abrupta do teto de gastos que foi realizada pelo Executivo no Congresso. Seja empresário interno ou investidor externo você coloca seus recursos onde tem segurança, previsibilidade e confiança.
Quando Bolsonaro tentou um golpe de Estado?
Não que ele tenha tentado, mas passou o ano passado inteiro falando em questionar a legitimidade das eleições, em realizar movimentos agressivos contra as instituições. O abalo que isso trouxe à credibilidade do Brasil e igualmente a nossa economia… Muita gente atribui essa escalada gigante do dólar no ano passado, a elevação da inflação, do preço dos alimentos e dos combustíveis a esse destempero verbal do presidente. Imagine você sendo investidor lá fora e olhando no Brasil o presidente falando que não vai reconhecer eleições, apoiadores falando em invadir o Supremo Tribunal Federal. São situações absolutamente intoleráveis e têm um impacto econômico sim.
Lula acena aos trabalhadores com a revisão da reforma trabalhista. Há correções a serem feitas?
A prioridade é gerar empregos e formalizar as relações de trabalho porque eles são de maior qualidade. Uma discussão necessária a esse respeito é por que há tão poucos incentivos de formalização dos contratos de trabalho. Normalmente isso está relacionado a problemas envolvendo impostos sobre a folha salarial. Temos que discutir fórmulas que possam estimular essa formalização. A discussão central é exatamente essa e não está relacionada à pretensão do PT de revogar a reforma trabalhista.
A desoneração não é permanente. Precisamos reformular? De onde viria a receita?
Isso está sendo discutido dentro do programa, não posso emitir juízo nesse momento. Quero ressaltar que a prioridade de aumentar empregos passa mais por esse tipo de discussão do que por essa tentativa do Partido dos Trabalhadores de voltar ao passado. O PT está insistindo em fórmulas que não deram certo e vão gerar muito desemprego. Antes de tomar a decisão de colocar meu nome à disposição (para a Presidência), muita gente me aconselhou a esperar 2026, porque se o PT ganhasse seria um desastre econômico. Estamos vendo, pelas propostas que o PT apresenta, que isso é um quadro provável. Mas acho que o Brasil não pode esperar mais quatro anos. É um risco de deterioração institucional que gera danos irreversíveis.
O governo negocia uma solução com o Congresso, com renúncia de receitas, zerando impostos, para controlar a alta dos combustíveis. Qual seria a sua proposta?
O culpado pelo valor dos combustíveis é o governo. Isso está associado diretamente à cotação do dólar, que está acima do que deveria, pelos fundamentos econômicos do País, mas que é gerada pela falta de confiança que o mundo tem hoje no Brasil, especialmente pelo abandono da responsabilidade fiscal e pelos arroubos retóricos do nosso presidente. Essa é a causa principal. O governo tenta remediar através de propostas em parte artificiais e temporárias, joga-se uma conta lá para adiante, e que não resolvem o problema de modo permanente. Tem que resolver a causa do problema, que é retomar o controle sobre a inflação, para baixar os juros, fomentar o crescimento econômico. O que realisticamente faz com que os preços caiam chama-se competição.
Em um governo Moro, os 6 mil militares em cargos civis vão voltar para os quartéis?
Essa acaba sendo uma falsa questão em alguns aspectos. Sendo militar da reserva, não há impeditivo legal em participar do governo. O que é inapropriado é a tentativa do atual presidente de utilizar as Forças Armadas como uma carta dentro do debate político, sem que elas tenham dado essa sinalização favorável. Existe uma manipulação da opinião pública pelo presidente tentando colocar as Forças Armadas como apoiadoras dele, em qualquer circunstância. Esse é o erro, o verdadeiro problema. Filiamos o general Santos Cruz, um militar elogiadíssimo, participou de ações de combate efetivas, não só no Haiti, mas no Congo. Na filiação dele, fez questão de colocar que ele tinha essa folha de serviços que orgulhava o País, mas que as FFAA não estavam vindo ao Podemos. Queria deixar clara minha diferença com o Bolsonaro nesse tema.
Seus aliados no Congresso defendem a revisão dos supersalários, comuns no Judiciário e no Ministério Público. Se eleito, o senhor vai mobilizar sua base a favor dessa discussão?
Nosso projeto é absolutamente contrário a qualquer forma de privilégio. A classe política tem que começar dando exemplo. Se não cortar na própria carne seus privilégios, como pode pedir sacrifícios para os demais servidores e cidadãos em geral?
O senhor esteve de acordo com a política ambiental do Bolsonaro? Qual seu projeto para as reservas ambientais, cuja exploração causa pressão internacional sobre o País?
Jamais concordei com a política de meio ambiente do governo Bolsonaro. A Polícia Federal continuou, enquanto eu ali estava, atuando com autonomia em relação a seus trabalhos de repressão, mas sozinha não consegue fazer o trabalho, mesmo a repressão. Tem que ser acompanhada pelos órgãos administrativos. No fundo, a preservação envolve muito mais, tem que ter fomento, incentivo e estratégias de desenvolvimento sustentável. Tem uma população na Região Norte, na Amazônia Legal, que precisa de oportunidade de trabalho e rendimento, em consonância com a preservação da floresta amazônica. Tem uma capacidade de atrair investimentos para esses projetos ou para a própria economia do Brasil. No setor privado, ouvi de muitos fundos internacionais que era difícil trazer dinheiro para o Brasil porque tinha que explicar muito. E uma das coisas era a falta de política ambiental adequada, o Brasil sendo colocado como vilão ambiental, o que a gente sabe que não é verdadeiro. Mas o governo com falta de política adequada e com discursos absolutamente equivocados sobre o tema afugenta até oportunidades de investimento.
O senhor vai retomar a demarcação de terras indígenas, paralisadas por Bolsonaro?
Tem que ser tratado caso a caso. Eu não concordo com essa política de simplesmente travar todas as demarcações, mas era uma decisão do presidente e aí o ministro da Justiça não tinha como vencer essa barreira, infelizmente. Vão surgir situações de oposição de interesses e isso não se resolve com solução abstrata, demarca tudo ou não demarca nada. É fundamentalmente importante em relação à política indigenista buscar encontrar oportunidades de desenvolvimento sustentável para os povos indígenas. Eles não querem permanecer, como alguns se encontram, infelizmente, dependentes de auxílio estatal. Os povos indígenas querem e têm direito a prosperar. O governo federal pode ajudar.
O TCU apura a relação do senhor com a consultoria Alvarez & Marsal, contratada por empresas alvo da Lava Jato. Por que o senhor não revela publicamente qual era o seu salário?
Eu vou revelar meu salário, vou apresentar meu imposto de renda, declarar todos meus ganhos. Não mudei meu domicílio tributário do Brasil. Vou inclusive, no registro da futura candidatura, apresentar as declarações no TSE, em transparência ativa. Agora, não me curvo ao abuso. E esse processo no TCU é parte de uma fantasia, sobre algo que não existe. Na minha relação privada, nunca prestei serviços a nenhuma empresa envolvida na Operação Lava Jato. Meu contrato, aliás, proibia isso. Eu não enriqueci nem no setor público e tampouco no privado. Não tenho nada a esconder. Essas informações vão ser apresentadas às autoridades competentes.
E aos eleitores em geral?
Esses dados acabam ficando disponíveis.
O senhor não quer aproveitar essa entrevista então e dizer quanto era a remuneração ou a ordem dela?
Aí estamos entrando numa questão privada. Quanto você ganha como jornalista? São questões inapropriadas. Seria uma forma de eu ceder a esses reclamos equivocados do TCU. Posso lhe assegurar, tanto como juiz, como ministro ou dentro do setor privado, que meu trabalho sempre foi, além de lícito, em favor da integridade. No setor privado meu trabalho não era defender empresa, era dar consultoria para empresas adotarem políticas antissuborno, compliance, due diligence, investigação corporativa interna. Posso lhe assegurar: jamais prestei qualquer serviço a Odebrecht ou qualquer empresa relacionada à Lava Jato. A Alvarez & Marsal é uma consultoria internacional renomada. A relação (com a empreiteira) precede à minha ida e não tem nenhuma relação com defesa da Odebrecht em casos de corrupção. É administradora da recuperação judicial, está a serviço do juiz que a nomeou e dos credores da Odebrecht. Essa hipótese do TCU além de fantasiosa é absurda.
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Fonte: O Estado de S. Paulo
https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,sergio-moro-destempero-de-bolsonaro-abalou-economia-do-pais,70003958864
Eduardo é escanteado por campanha de Bolsonaro para evitar crise na eleição
Camila Zarur / O Globo
BRASÍLIA - Enquanto Flávio e Carlos já ocupam espaço de destaque nos esforços para a reeleição do pai, o presidente Jair Bolsonaro, Eduardo está afastado das estratégias para reconduzir o mandatário ao Palácio do Planalto e ainda não recebeu qualquer atribuição dentro do comitê de campanha. Segundo aliados do presidente, o motivo para isso não é à toa: o deputado federal é visto como o mais radical dos irmãos e pode inflamar Bolsonaro durante as eleições.
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No grupo que concentra os esforços para a reeleição do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é apontado como o principal estrategista do pai e coordena os trabalhos junto ao presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, do PP.
Redes sociais
Vereador pelo Rio, Carlos Bolsonaro (Republicanos), por sua vez, continuará tomando conta das redes sociais do presidente durante toda a campanha, assim como fez em 2018. Mesmo que Bolsonaro contrate um marqueteiro, acatando o desejo de seu comitê de campanha, a supervisão de suas plataformas virtuais se manterá sob responsabilidade do 02, como é conhecido entre os irmãos.
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A Eduardo restou o papel de ser o grande puxador de votos de correligionários do pai e de aliados. Ele disputará a reeleição à Câmara por São Paulo e espera repetir o feito de 2018 de ser o deputado federal mais votado do país. Na época, o parlamentar se elegeu com 1,84 milhão de votos.
No entorno do presidente, há um receio de que a participação de Eduardo na campanha do pai inflame os discursos de Bolsonaro e aumente ainda mais sua rejeição com parte do eleitorado. Isso porque o deputado é próximo do ideólogo de direita Olavo de Carvalho e de aliados do ex-presidente americano Donald Trump, além de outros membros da ala conservadora do governo.
Eduardo tinha uma relação próxima, por exemplo, com o ex-ministro Abraham Weintraub (Educação) e com seu irmão Arthur, ex-assessor da Presidência. O deputado continuou interagindo com os dois mesmo após a demissão de Abraham, motivada por atritos com o Supremo Tribunal Federal (STF). Na última semana, no entanto, criticou os irmãos, dizendo que engolia sapos para ver se ambos “se corrigiam”, mas que “nada foi feito”.
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O deputado federal também é próximo do ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e do assessor da Presidência Filipe Martins. Os três, juntos, foram responsáveis por formular a política externa no início do governo, com foco nas relações com os Estados Unidos e outros países com presidentes conservadores. Entretanto, Araújo foi demitido e Martins perdeu força dentro do governo.
Apesar da perda de influência, Eduardo é apontado dentro do governo como um dos incentivadores da viagem que Bolsonaro fará para a Hungria em fevereiro. O país é presidido pelo direitista Viktor Orbán. A viagem foi vista com estranheza porque ocorrerá meses antes da eleição no país; há o temor de que Bolsonaro seja vinculado a uma possível derrota de Orbán.
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Além disso, foi Eduardo quem fez a ponte entre o pai e aliados do ex-chefe da Casa Branca, apresentando-o ao ideólogo americano Steve Bannon, ex-assessor de Trump. Essa proximidade influenciou a postura bélica de Bolsonaro em atacar instituições e jornalistas, disseminar notícias falsas, questionar a lisura das eleições e minimizar a gravidade da pandemia da Covid-19 — assim como o então presidente americano fez em sua fracassada tentativa de reeleição em 2020.
Eduardo também mantém contato com o empresário americano Mike Lindell, adepto às teorias conspiratórias de que Trump só teria perdido as eleições por causa de uma fraude na votação — o que foi provado falso pelos tribunais do país, após uma série de ações judiciais movidas pelo republicano questionando o pleito. Na véspera da invasão ao Congresso americano, que pretendia impedir a sessão que certificava a eleição do democrata Joe Biden à Presidência, o deputado esteve com Lindell, segundo o próprio afirmou.
Segundo aliados de Bolsonaro, é dessa postura bélica que querem manter o presidente afastado para não prejudicar o caminho para ser reconduzido à Presidência.
Três partidos do Centrão controlam mais de R$ 149,6 bilhões do governo Bolsonaro
Dimitrius Dantas, Daniel Gullino e Bruno Góes / O Globo
BRASÍLIA - Na reta final do mandato do presidente Jair Bolsonaro, o Centrão conquistou sua influência mais decisiva sobre os cofres públicos. Um levantamento feito pelo GLOBO aponta que os três principais partidos do bloco — PP, PL e Republicanos, esteios da campanha de reeleição de Bolsonaro — comandam ao menos 32 postos-chave na administração federal e têm sob gestão mais de R$ 149,6 bilhões. Além disso, deputados e senadores dessas legendas foram beneficiados com ao menos R$ 901 milhões do orçamento secreto, mecanismo de distribuição de verba parlamentar de forma desigual e sem transparência.
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A cifra de quase R$ 150 bilhões é maior do que o orçamento total estimado para este ano dos ministérios da Defesa (R$ 116,3 bilhões) e da Educação (R$ 137 bilhões). O Ministério da Saúde tem um pouco mais: R$ 160 bilhões.
No comando da Casa Civil, o PP tem 16 indicados entre os levantados pelo GLOBO. PL e Republicanos, por sua vez, têm oito nomes em posições de chefia na máquina pública (veja infográfico abaixo). Dentre esses cargos mais cobiçados está o da presidência do Banco do Nordeste (BNB), ocupada interinamente na semana passada por um apaniguado do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, legenda à qual Bolsonaro se filiou em novembro. Embora tenha um orçamento de R$ 144 milhões, a instituição financeira, que protagonizou escândalos de corrupção, administra R$ 65 bilhões em ativos.
Orçamento do Centrão no governo Bolsonaro
Poder irrestrito
Outro órgão importante sob a administração de expoentes do Centrão é o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), presidido por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil. O FNDE tem um orçamento previsto para este ano de R$ 37 bilhões. Já o diretor de Ações Educacionais do fundo é Garigham Amarante Pinto, próximo de Valdemar. O FNDE é responsável por fazer repasses de recursos destinados a estados e municípios de todo o Brasil.
Superintendências e outros órgãos regionais não têm orçamento próprio, estando vinculados à administração central. Entretanto, um levantamento feito pelo gabinete do senador Alessandro Vieira (Cidadania-RE) e dos deputados Filipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP) mostra que 16 dos órgãos comandados por indicados do Centrão empenharam R$ 1,1 bilhão em 2021.
Embora tenha sido eleito em 2018 pregando contra a política tradicional, Bolsonaro abriu cada vez mais espaço à ala que costuma compor o governo independentemente de quem ocupa a cadeira mais importante da República. Reunidos mais pelo pragmatismo político do que pelas orientações ideológicas, dirigentes do Centrão receberam do presidente os ministérios da Casa Civil (comandada pelo PP), da Secretaria de Governo (PL) e da Cidadania (Republicanos). Os dois primeiros são responsáveis pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso — e por definirem tanto a distribuição de cargos públicos quanto a liberação de verbas parlamentares. Já o terceiro, cujo orçamento é de R$ 108,7 bilhões, cuida do Auxílio Brasil, um dos principais programas sociais do país. Na prática, segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, a cúpula do Centrão passou a ter o poder na caneta para tirar recursos das veias da máquina pública, sem passar por intermediários.
— Pelo menos em tempos de redemocratização, não há precedentes (de um cenário como este). Não tenho memória do governo Lula, Dilma ou Fernando Henrique fazerem isso com recursos orçamentários com tanta explicite e em um volume tão significativo — diz o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas.
Gil Castello Branco, economista e fundador da Associação Contas Abertas, avalia “que nunca houve uma apropriação do orçamento tão intensa como essa do Centrão”:
— Com o presidente fragilizado, com popularidade em queda livre, o preço do apoio político está subindo. De fato, a cópia da chave do cofre foi entregue ao Ciro Nogueira.
Orçamento secreto
Pela primeira vez na história recente o Centrão ocupa o ministério da Casa Civil, considerado o mais importante da máquina pública federal. Passam pela pasta praticamente as principais decisões do Executivo. Além disso, recentemente um decreto de Bolsonaro enxertou ainda mais poder nas mãos de Ciro Nogueira, ao determinar que ações como abertura, remanejamento ou corte de despesas precisam agora ter aval do presidente licenciado do PP — antes, era uma decisão apenas do Ministério da Economia. O efeito prático dessa mudança ficou perceptível durante as negociações do Planalto com o Congresso para elaborar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para tentar reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica, atacando o principal desafio do governo na campanha: a inflação. As conversas foram encabeçadas pela Casa Civil, de Ciro, e não pela equipe econômica.
Em outro levantamento, publicado em dezembro, O GLOBO revelou uma lista de 290 deputados e senadores — em sua maioria, próximos ao Palácio do Planalto — que, sem transparência, foram beneficiados com emendas de relator e distribuíram recursos para as suas bases eleitorais. Os valores rastreados foram empenhados em 2020 e 2021 e chegam a R$ 3,2 bilhões, uma amostra dos R$ 36 bilhões que compuseram as emendas de relator no período. Desses recursos com destinação conhecida, R$ 901 milhões foram para PP, PL e Republicanos.
Um exemplo ilustrativo de como as engrenagens de cargos e verbas se movem a favor de aliados governo ocorreu em Alagoas. À frente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no estado, está João José Pereira Filho, primo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O superintendente do órgão administra um caixa de R$ 83,9 milhões de emendas do relator apadrinhadas por Lira — e os repasses desses recursos já tiveram como destino, por exemplo, Barra de São Miguel, governada pelo pai do deputado, que nega qualquer irregularidade.
Com o apoio do governo Bolsonaro, em fevereiro do ano passado, Lira foi eleito presidente da Câmara e, pouco tempo depois, ganhou o poder de controlar o direcionamento de R$ 16 bilhões das chamadas emendas de relator. Até então, essa responsabilidade ficava com o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre. É com esse poder na caneta que Lira vem beneficiando aliados em seu partido e negociado o apoio em diversos projetos de interesse do governo no Congresso.
— Isso desequilibra a democracia. Quem tem esse volume de recursos na mão tem capacidade de galgar apoio e ter capilaridade eleitoral que nenhum outro partido ou pessoa tem. E, para além disso, há uma questão primária: parlamentar não foi eleito para fazer papel de Executivo — diz Teixeira.
O cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), avalia que o poder crescente do Centrão foi uma espécie de seguro feito pelo presidente contra um impeachment no Congresso e de olho nas eleições deste ano:
— Qual o raiz desse problema? A escolha que o presidente fez: a crítica que se faz é o tanto de poder que o presidente Bolsonaro tem dado a esse tipo de força. O Centrão é um conjunto de forças intensamente fisiológico, com pouco compromisso com combate à corrupção e redução de desigualdade.
Ministros que serão candidatos nas eleições têm de deixar cargo até 1º de abril
Com o Orçamento da União já comprometido e uma série de restrições impostas aos gestores em ano eleitoral, a próxima reforma ministerial ainda consegue atrair a atenção dos partidos, mas sem o mesmo interesse de quando estão em jogo a destinação de verbas e a ocupação de cargos na administração federal.
Com base na legislação eleitoral, os ministros que pretendem ser candidatos devem se desincompatibilizar de seus cargos até seis meses antes das próximas eleições, ou seja, até 1º de abril.
No último dia 8, o presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que até 12 ministros deverão deixar o governo para disputar o pleito. Na ocasião, o titular do Planalto disse esperar que todos fiquem nos cargos até o último dia do prazo de desincompatibilização.
“Gostaria que eles saíssem somente um dia antes do limite máximo, para não termos qualquer problema. Já começamos a pensar em nomes para substituí-los, e alguns estão mais que certos. A maioria será por escolha interna, até mesmo porque seria um mandato-tampão até o fim do ano”, disse o presidente.
Na ocasião, ele evitou falar em nomes prováveis para ocupar os ministérios, com o objetivo de “evitar ciumeira”. Porém, não há, até o momento, uma disputa acirrada entre os partidos por mais espaços no governo.
Orçamento
Líder da bancada da bala, o deputado Capitão Augusto (PL-SP) deixa claro que reforma ministerial só é interessante para os políticos quando a máquina pública pode ser usada para levar benefícios aos respectivos redutos eleitorais.
“A reforma ministerial não é algo assim que eu vejo tão importante neste momento. Por quê? Porque é um mandato-tampão, teria de assumir quem não vai ser candidato. O Orçamento já está definido, os ministros, quando deixarem os seus ministérios, a peça orçamentária, inteirinha, estará comprometida”, argumenta o parlamentar. “Então, não concebo como algo tão interessante, tão atraente. Sinceramente, nos bastidores, não vejo uma corrida atrás desses cargos, não”, acrescenta.
Capitão Augusto prevê que, de um modo geral, os ministérios passarão a ser comandados, após a reforma, pelos respectivos secretários-executivos, que, atualmente, ocupam a segunda posição na hierarquia das pastas. É o caso do Ministério da Infraestrutura, chefiado por Tarcísio Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo. Situação semelhante deve ocorrer no Ministério do Turismo, de onde Gilson Machado (PSC) sairá para se candidatar a deputado, senador ou governador de Pernambuco.
Trocas
O vice-líder do governo na Câmara, Evair de Melo (PP-ES), confirma a tendência. “Essa é a intenção do presidente, ele tem manifestado esse desejo, de assumirem os secretários-executivos, indicados pelos próprios ministros”, frisa o parlamentar. “Em tese, não vai haver nenhuma surpresa, não tem nenhuma negociação política de partido A ou B condicionando a ocupar uma vaga em ministério para poder manter governabilidade. Vai ser sem emoção essa reforma. É só uma acomodação. É um período muito curto, um mandato-tampão.”
Melo observa que, mesmo assim, é provável que parlamentares também venham a assumir ministérios. Caso do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que abriu mão da disputa pelo governo do Rio Grande do Sul em favor do atual ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni (DEM). Segundo o vice-líder do governo, Heinze, que ainda tem cinco anos de mandato parlamentar pela frente, deverá ocupar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, substituindo Tereza Cristina (DEM), cuja intenção é concorrer a uma vaga no Senado pelo Mato Grosso do Sul.
O vice-líder do governo ressalta, também, como devem ficar os ministérios das Comunicações, comandado por Fábio Faria (PSD), e do Desenvolvimento Regional, liderado por Rogério Marinho. Como neste ano haverá apenas uma vaga para o Senado em cada unidade da Federação, Marinho, segundo ele, continuará no ministério, em favor da candidatura de Faria a senador pelo Rio Grande do Norte.
A assessoria de Marinho, no entanto, contesta essa informação e afirma que o ministro "não autorizou qualquer deputado a falar em seu nome". Também destaca não ter sido procurada pela reportagem. Informa, ainda, que "a decisão sobre a disputa ao Senado no Rio Grande do Norte será tomada em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro".
Segundo Evair de Melo, também há a hipótese de ministros trocarem de pasta. Como é o caso do secretário-geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, que deve retornar ao comando da Secretaria de Governo após a saída de Flávia Arruda (PL) — a ministra concorrerá ao Senado pelo Distrito Federal. Nas últimas semanas, circulou o nome de Célio Faria Junior como provável substituto dela na pasta. Com histórico de cargos na Marinha, ele é chefe de gabinete do presidente.
Ainda segundo o vice-líder do governo, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), que concorrerá ao governo da Bahia, deve dar lugar ao atual secretário-executivo da pasta ou a outro nome indicado pelo presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP).
Restrições
Os que comandarão os ministérios após a reforma de Bolsonaro terão de respeitar restrições impostas pela legislação eleitoral. Nos três meses que antecedem as eleições, por exemplo, não poderão fazer transferências voluntárias de recursos da União a estados e municípios. Só será possível autorizar o repasse de “recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública”.
Também estão proibidos de, nos três meses que antecedem o pleito, fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo poder público. Além disso, nesse período, a legislação veda nomeação, contratação, demissão sem justa causa, transferência ou remoção de servidor público.
Doze ministros devem sair do governo para tentar se eleger em outubro.
Veja alguns deles:
Tarcísio de Freitas
Ministro da Infraestrutura
Disputa: governo de São Paulo
Onyx Lorenzoni
Ministro do Trabalho e Previdência
Disputa: governo do Rio Grande do Sul
João Roma
Ministro da Cidadania
Disputa: governo da Bahia
Fábio Faria
Ministro das Comunicações
Disputa: Senado
Tereza Cristina
Ministra da Agricultura
Disputa: Senado
Flávia Arruda
Ministra da Secretaria de Governo
Disputa: Senado
Gilson Machado
Ministro do Turismo
Bolsonaro sanciona Orçamento com reajuste de R$ 1,7 bi para servidores
Mayara Oliveira, Mariana Costa e Flávia Said / Metrópoles
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou, com vetos, o Orçamento de 2022. O ato foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (24/1). A receita da União para o exercício financeiro de 2022 é de R$ 4,8 trilhões. Do total, R$ 1,8 trilhão será destinado ao refinanciamento da dívida pública.
De acordo com a publicação, o chefe do Executivo federal concedeu reajuste de R$ 1,7 bilhão para servidores públicos. A peça orçamentária não define quais categorias devem ser beneficiadas ou como os recursos devem ser aplicados.
Os recursos precisam ser confirmados em um projeto específico a ser enviado pelo governo posteriormente.
Clique no link e confira a publicação no DOU.
A ideia inicial do governo era direcionar os recursos para agentes da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A equipe econômica era contra a medida e argumentava que a concessão de reajuste poderia gerar pressões de outros setores do funcionalismo.
O colunista do Metrópoles Igor Gadelha apurou que o presidente deve aguardar o retorno dos trabalhos do Congresso Nacional, no início de fevereiro, para decidir se concederá ou não reajuste salarial para carreiras policiais.
Bolsonaro: “Vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?”
De acordo com Guedes, o governo precisa “ficar firme”. “Sem isso, é como Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos, até explodir a barragem e todos morrerem na lama”, disse o ministro sobre o assuntoFábio Vieira/Metrópoles
Gastos com pessoal
Bolsonaro vetou R$ 3,18 bilhões em despesas aprovadas pelo Congresso Nacional para recompor gastos com pessoal. O valor inclui as emendas RP 2 e RP 8, que são respectivamente, emendas de bancadas e emendas de comissões. Já as RP 9, conhecidas como emendas de relator, não foram vetadas pelo mandatário.
Os cortes ficam abaixo do valor inicialmente calculado pelo Ministério da Economia. O montante de recursos vetado foi articulado pela Casa Civil, que tem como chefe Ciro Nogueira, um dos principais caciques do Centrão.
Na última semana, o presidente editou um decreto que diminui o poder do Ministério da Economia sobre as decisões relacionadas ao orçamento do Executivo e transfere as definições dos recursos federais para a Junta de Execução Orçamentária (JEO), que está sob o guarda-chuva da Casa Civil.
O ato, que delega ao Ministério da Economia a competência para determinadas ações orçamentárias, é publicado a cada ano. Essa foi a primeira vez, no entanto, que foi acrescentado um trecho determinando que a prática desses atos estará “condicionada à manifestação prévia favorável do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República”.
A Casa Civil também terá mais controle sobre as mudanças solicitadas pelo Congresso na execução das emendas de relator, o que antes era concentrado nas mãos da Economia.
Distribuição de recursos por área
Com a sanção, veja como os recursos devem ser alocados:
- Saúde: R$ 139,9 bilhões;
- Educação: R$ 62,8 bilhões;
- Auxílio Brasil: R$ 89,06 bilhões.
Fonte: Metrópoles
https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/bolsonaro-sanciona-orcamento-com-reajuste-de-r-17-bi-para-servidores