Day: agosto 10, 2021
“Giocondo Dias - O Ilustre Clandestino” é tema de podcast
O cineasta Vladmir Carvalho fala sobre a chegada do filme ao NOW, da NET, e da história de vida desse importante personagem da história política do Brasil
João Rodrigues, da equipe da FAP
Sucesso no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2019, o documentário “Giocondo Dias - O Ilustre Clandestino” chegou à disposição do grande público no NOW, da NET, uma das maiores plataformas de streaming do Brasil, nesta semana. O filme retrata a vida do líder comunista baiano Giocondo Dias, militante de esquerda que viveu dois terços de sua vida na clandestinidade e liderou o PCB como secretário-geral.
Além de resgatar um importante personagem da história política do Brasil, sobretudo na resistência à ditadura, o documentário é uma obra notável do cineasta Vladimir Carvalho, convidado desta edição do podcast da Fundação Astrojildo Pereira. O programa conta com perguntas de Caetano Araújo (diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado), Ivan Alves Filho (jornalista, historiador e escritor), Renato Ferraz (jornalista e gerente de Comunicação da FAP), Gilvan Cavalcanti de Melo (editor do blog Democracia Política e novo Reformismo) e Luiz Carlos Azedo (colunista do Correio Braziliense e do Estado de Minas).
Ouça o podcast!
O episódio tem áudios do filme “Giocondo Dias - O Ilustre Clandestino Online”, documentário #MINHABRASÍLIA 60 Candangos e do Canal Curta!, no Youtube.
O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Google Podcasts, Youtube, Ancora, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues. A edição-executiva é de Renato Ferraz.
Confira o documentário no link: www.nowonline.com.br/filme/giocondo-dias-o-ilustre-clandestino/1838586.
Tanques na Esplanada: Forte representação política e histórica
No dia em que a Câmara votará em plenário a PEC do voto impresso, um comboio de blindados militares passará pelo Congresso e seguirá para a Praça dos Três Poderes. Iniciativa inédita é vista no Legislativo como uma tentativa de intimidação
Sarah Teófilo e Renato Souza / Correio Braziliense
No dia em que a Câmara votará a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso — amplamente defendido pelo governo —, um comboio de blindados militares passará pelo Congresso a caminho do Palácio do Planalto. As tropas integram a Operação Formosa, realizada todos os anos pela Marinha, mas que nunca incluiu a Praça dos Três Poderes no trajeto até a cidade goiana.
Outro fato inédito é a participação do Exército e da Aeronáutica, além de a coordenação ficar sob a responsabilidade do Ministério da Defesa. A decisão é vista como uma tentativa de intimidação do Parlamento e provocou críticas de congressistas e ações na Justiça.
No anúncio sobre a passagem pela Esplanada dos Ministérios, a Marinha justificou que a intenção é entregar convite ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Braga Netto, para participarem da cerimônia de abertura do evento no Entorno do DF, marcada para o próximo dia 16.
DESFILE MILITAR - OPERAÇÃO FORMOSA 2021
No Judiciário e no Congresso, a ação é vista como uma tentativa de pressionar os deputados, tendo em vista o cenário de forte rejeição à PEC. Prevendo derrota na Câmara, o governo estaria fazendo uma demonstração de suposta lealdade política das Forças Armadas à escalada autoritária de Bolsonaro.
Com 2.500 militares envolvidos na Operação Formosa, os blindados partiram do Rio de Janeiro, e a expectativa é de que o comboio chegue ao centro de Brasília por volta das 8h. A ação causou surpresa até mesmo a integrantes do alto escalão do Exército, que dizem não terem sido informados com antecedência do evento. Fontes militares consultadas pelo Correio, sob a condição de anonimato, afirmam que a ordem para seguir até o Planalto, passando em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso, partiu do Ministério da Defesa.
Ameaça
A presença de blindados no centro do poder é mais um capítulo em torno de polêmicas provocadas pelo alinhamento de militares com o governo. As imagens da Esplanada com tanques devem ter forte representação política e histórica. A cena é incomum e preocupa o Legislativo.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) chamou o desfile de intimidação e disse que se trata de ação inconstitucional. “Tanques na rua, exatamente no dia da votação da PEC do voto impresso, passou do simbolismo à intimidação real, clara, indevida, inconstitucional. Se acontecer, só cabe à Câmara dos Deputados rejeitar a PEC, em resposta clara e objetiva de que vivemos numa democracia e que assim permaneceremos”, declarou.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) vê ensaio de golpe. “Colocar tanques na rua não é demonstração de força e, sim, de covardia. Os tanques não são seus, pertencem à nação. Quer tentar golpe, senhor Jair Bolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”, frisou.
Por sua vez, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou os gastos de verba pública envolvidos no desfile, que foi avisado com um dia de antecedência. “Pedi à Justiça que impeça o gasto de recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos”, destacou pelas redes sociais.
BOLSONARO - OPERAÇÃO FORMOSA 2021
Vieira protocolou a ação popular na Justiça Federal da 1ª Região. A deputada Tabata Amaral (sem partido-SP) também é signatária do processo. “Está claro que Bolsonaro quer intimidar o Congresso na sessão que vai decidir sobre o voto impresso. É inadmissível esse comportamento do presidente”, escreveu a parlamentar nas redes sociais.
Opinião semelhante foi expressada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). “Há homens fracos e frouxos que usam da força para mostrar poder. Bolsonaro é desses. Em baixa nas pesquisas, traz veículos de artilharia e combate, usados em treinamentos militares, para a Esplanada.
Mais uma vez, usa as instituições militares para impulsionar seu projeto anarquista de poder”, escreveu nas redes sociais. “É um necessário exercício da Marinha, mas que Bolsonaro transforma num espetáculo político, quando o traz pra Esplanada, com a clara intenção de aumentar especulações. Bolsonaro vive de especulações e sobrevive de tensões políticas.”
Após a repercussão, a Marinha emitiu nota negando pressão pelo voto impresso. “Cabe destacar que essa entrega simbólica foi planejada antes da agenda para a votação da PEC 135/2019 no plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”, diz um trecho do comunicado.
Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/08/4942746--imagens-de-tanques-na-esplanada-devem-ter-forte-representacao-politica-e-historica.html
*Título do texto original foi alterado para publicação no portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
Desfile militar dura 10 minutos e termina sem discurso de Bolsonaro
Desfile dos veículos na Esplanada dos Militares provocou reação por ocorrer em um momento de tensão institucional entre os Poderes
Ricardo Della Coletta / Folha de S. Paulo
O desfile desta terça-feira (10) em frente ao Palácio do Planalto reuniu pela manhã dezenas de veículos militares, entre blindados, tanques, caminhões e jipes.
A parada militar, realizada no dia da votação do voto impresso na Câmara dos Deputados e criticada como mais uma tentativa de politização das Forças Armadas, começou por volta de 8h30.
Nesse horário, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já estava na rampa do Palácio do Planalto, acompanhado dos comandantes das três forças. Também estavam diversos ministros, entre eles Walter Braga Netto (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Anderson Torres (Justiça).
No início do desfile, que durou aproximadamente 10 minutos, um militar em traje de combate desceu de um dos veículos, subiu a rampa e entregou a Bolsonaro um convite para comparecer a exercício militar da Marinha programado para agosto.
Durante a passagem dos veículos, um grupo de apoiadores de Bolsonaro se reuniu na Praça dos Três Poderes e entoou gritos em defesa da intervenção militar. Eles gritaram "Eu Autorizo" e "142", em referência a dispositivo constitucional que bolsonaristas dizem justificar uma eventual intervenção fardada.
Um dia antes, em meio à polêmica causada pelo desfile de blindados, Bolsonaro postou em suas redes sociais um convite para que autoridades de Brasília, como os presidentes das Casas Legislativas e do Judiciário, recebam também os veículos militares.
O desfile dos veículos provocou reação por ocorrer em um momento de tensão institucional, além de ser a data prevista para que a Câmara dos Deputados vote a PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso. O presidente já assume a possibilidade de derrota.
Mesmo aliados do presidente reagiram ao evento militar. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que se trata de uma "coincidência trágica" que o desfile dos blindados aconteça no mesmo dia previsto para a votação da PEC.
Após a passagem por Brasília, os veículos militares seguem para Formosa (GO), onde será realizado um grande exercício militar, com a presença de membros não apenas da Marinha como também do Exército e da Aeronáutica.
Embora seja um exercício de adestramento tradicional da Marinha, essa seria a primeira vez que os blindados entrariam em Brasília. Além disso, eles passaram pela Praça dos Três Poderes, em um momento de grande tensão entre os poderes, em particular entre o Executivo e o Judiciário.
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/08/desfile-militar-em-dia-do-voto-impresso-dura-10-minutos-e-tem-bolsonaro-no-alto-da-rampa-do-planalto.shtml
*Título do texto original foi alterado para publicação no portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
Partidos repudiam desfile e acusam Bolsonaro de constranger o Congresso
Em nota conjunta, PT, PDT e demais sete partidos afirmam ser inaceitável que as Forças Armadas sejam usadas em tentativa de constranger o Congresso; para presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, ameaça foi patética
Sofia Aguiar e Daniel Weterman / O Estado de S.Paulo
Nove partidos divulgaram nesta terça-feira, 10, uma nota conjunta de repúdio ao desfile militar ocorrido nesta manhã em Brasília. Segundo o texto, diante das sucessivas acusações do presidente Jair Bolsonaro contra os Poderes e da votação da proposta do voto impresso também nesta terça pela Câmara "o desfile é uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional". Parte dos integrantes da CPI da Covid também reagiram. Para o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), o ato foi "lamentável" e uma tentantiva de "ameaça à democracia".
Aziz, no entanto, minimizou os eventuais efeitos do desfile. "Todo homem público, além de cumprir suas funções constitucionais, deveria ter medo do ridículo, mas Bolsonaro não liga para nenhum desses limites, como fica claro nessa cena patética de hoje. Ela mostra apenas a ameaça de um fraco que sabe que perdeu", disse Aziz ao ler um pronunciamento na abertura da reunião da CPI.
O presidente e diversos ministros acompanharam o desfile sem a presença de representantes de outros Poderes que, apesar de chamados, não compareceram. Tanques e blindados passaram pela Praça dos Três Poderes e pararam diante do Palácio do Planalto para que um oficial entregasse um convite a Bolsonaro para que ele acompanhasse, no próximo dia 16, um exercício tradicional da Marinha, chamado de Operação Formosa.
DESFILE MILITAR - OPERAÇÃO FORMOSA
Durante o evento, um manifestante chegou a entrar na frente do comboio para tentar impedir que os blindados avançassem, mas foi rapidamente retirado pelos agentes que participavam do ato. Para Aziz, um ato foi "lamentável" e não resultará no desejo de Bolsonaro: a aprovação, pelo Congresso, do voto impresso. "Não haverá voto impresso, não haverá nenhum tipo de golpe contra a democracia", disse. O presidente da CPI declarou que toda ameaça à democracia será punida. "Nós, no Senado, não nos curvaremos a arroubos." Para Aziz, a proposta do voto impresso é "superficial, golpista e não leva o Brasil a lugar nenhum".
Durante a abertura de sessão desta terça no colegiado, Aziz afirmou ainda que a comissão continuará mostrando o "desmando" do governo federal na condução da pandemia no Brasil. A investigação aponta para um esquema de corrupção na gestão Bolsonaro e uma demora deliberada na compra de vacinas.
A fala do presidente foi acompanhada por outros membros da CPI, que também criticaram o ato patrocinado pelo governo e a cúpula militar. “O que vimos hoje foi uma cena ridícula, um lamentável espetáculo circense”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O que importa são os esquemas de corrupção que essa comissão está descobrindo.”
Os senadores ainda destacaram que o Senado Federal pretende votar ainda nesta terça uma Lei de Defesa do Estado Democrático, a fim de punir quem ameaça ou incita ataques às instituições brasileiras.
Partidos reagem
Assinada por nove partidos, entre eles o PT, PDT e PSB, a nota conjunta divulgada nesta terça afirma que "estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público".
As siglas dizem ainda que "é inaceitável que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta desta maneira, usada para sugerir o uso de força em apoio à proposta antidemocrática e de caráter golpista, defendida pelo presidente da República".
Na mesma nota, os partidos também repudiam a aglomeração promovida pelo evento em momento de combate à covid-19. "Neste momento em que o Brasil acumula a trágica marca de quase 600 mil mortes, não tem sentido expor pessoas, inclusive os militares, promover aglomeração e gastar recursos públicos com tal atividade", diz o texto.
"O povo não quer ver desfile de tanques de guerra, quer vacina no braço, respeito à democracia e instituições e governantes que trabalhem para gerar empregos e para acabar com a fome no País", acrescenta.
A nota é assinada pelo PSB, PCdoB, PDT, PT, REDE, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular. Confira a íntegra abaixo:
“Partidos repudiam tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional e ao povo"
Um comunicado oficial do Ministério da Marinha anunciou a realização de um desfile de blindados, acompanhado de sobrevoos pela Esplanada, em Brasília, nesta terça-feira, tendo como destino o Palácio do Planalto.
O motivo alegado é marcar a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem um tradicional exercício da Marinha previsto para 16 de agosto, em Formosa (GO).
Em meio às sucessivas declarações golpistas de Bolsonaro, e da votação do projeto do “voto impresso” nesta mesma terça-feira, com previsão de derrota, o desfile é uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional.
Estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público.
Neste momento em que o Brasil acumula a trágica marca de quase 600 mil mortes, não tem sentido expor pessoas, inclusive os militares, promover aglomeração e gastar recursos públicos com tal atividade.
É inaceitável, ainda, que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta desta maneira, usada para sugerir o uso de força em apoio à proposta antidemocrática e de caráter golpista, defendida pelo presidente da República.
O Brasil ainda está em guerra contra o coronavírus, embate agravado pela variante Delta, pelo desemprego e pela fome, o que exige de toda a sociedade compromisso com a defesa dos verdadeiros interesses dos brasileiros.
O povo não quer ver desfile de tanques de guerra, quer vacina no braço, respeito à democracia e instituições e governantes que trabalhem para gerar empregos e para acabar com a fome no país.
Brasília, 10 de agosto de 2021.
PSB, PCdoB, PDT, PT, REDE, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular
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A ordem para a Marinha desviar seus tanques e lançadores de mísseis para um desfile no centro da capital da República, esta terça-feira, 10, horas antes da votação do voto impresso, partiu do Palácio do Planalto e do Ministério da Defesa – e, ao contrário da versão oficial, foi dada na sexta-feira passada. Foi uma ordem política, com relação de causa e efeito com a iminência da derrota do presidente Jair Bolsonaro no plenário da Câmara.
Na sexta-feira, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, desconsiderava a derrota do voto impresso na Comissão Especial e jogava a decisão para o plenário nesta terça-feira, o presidente e o ministro da Defesa, general Braga Netto, determinavam a mudança do roteiro anual do comboio da Marinha para os tanques desfilarem no centro de Brasília antes da votação que Bolsonaro considera de vida ou morte: “Ou fazemos eleição ‘limpa’, ou não teremos eleição”.
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A previsão é de que o comboio atravesse a Esplanada dos Ministérios, contorne o Congresso, passe em frente ao Supremo e vá até o Planalto para entregar ao presidente Bolsonaro e ao ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, o convite do maior exercício militar da Marinha, a Operação Formosa, no dia 16. Os tanques e lançadores de mísseis, portanto, ficarão em frente ao... Supremo, do outro lado da Praça dos Três Poderes.
A conclusão de políticos e militares em Brasília é que, em vez de bolsonaristas de capuzes e tochas nas mãos, jogando fogos de artifício sobre o STF em junho de 2020, o Brasil pode assistir a tanques das Forças Armadas intimidando o guardião da Constituição. O próprio Arthur Lira tomou satisfação do presidente.
Militares discutiam também quem entregaria o convite ao presidente e ao ministro. O comandante do Batalhão, um capitão de fragata? Não faz sentido um oficial de patente média se dirigir às maiores autoridades do País. Então, o próprio comandante da Marinha, almirante de esquadra? Ele estaria no comboio? Dentro de um tanque? Com a reação, a entrega virou “simbólica”.
A Operação Formosa é o maior treinamento da Marinha e ocorre todos os anos, no município com esse nome, em Goiás, desde 1988. Nunca antes, Exército e Aeronáutica participaram, muito menos os tanques de guerra, que saem do Rio rumo a Goiás, desfilaram pelo centro político da capital da República. Só agora, nessa tensão institucional?
Em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação das “Diretas-Já” no Congresso, o comandante militar do Planalto, general Newton Cruz, protagonizou um espetáculo grotesco: num cavalo branco, à frente de tanques e soldados, saiu pela Esplanada dos Ministérios chicoteando carros de quem pedia o fim da ditadura militar. Não demonstrou força, não amedrontou ninguém, só fez um papel ridículo. E desmoralizou de vez o governo João Figueiredo.
O pretexto do general Nini foi o aniversário do Comando Militar do Planalto. Hoje, 26 anos depois, o pretexto para botar os tanques na Praça dos Três Poderes, exatamente no dia da votação na Câmara, é o treinamento anual. Ninguém acredita em coincidências, com o presidente manipulando as Forças Armadas e atacando o Supremo, o TSE e as eleições.
Oficiais das três Forças, principalmente almirantes, estão morrendo de vergonha. Se a intenção é, como naquele 23 de abril de 1984, demonstrar força e amedrontar o Judiciário, o Legislativo e a sociedade civil, vai ser um tiro n’água, um novo ridículo histórico, com um presidente tão absurdo quanto Figueiredo, mas mais ameaçador. O pior, porém, é a submissão das Forças Armadas às pirraças infantis e irresponsáveis de Bolsonaro.
COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA
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