Day: julho 2, 2020
Míriam Leitão: Forças Armadas, para que servem?
Atuação das Forças Armadas na pandemia fica encoberta pela mistura que Bolsonaro faz entre elas e os seus objetivos políticos
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, estava ontem em território Ianomâmi. Foi numa viagem de rotina para acompanhar a operação de atendimento médico e orientação nas aldeias. Os aviões da FAB já deram o equivalente a 11 voltas ao mundo, em três meses, só levando e trazendo material e equipamento médico que antes eram deslocados pela aviação comercial. Sete mil e quinhentos militares foram contaminados com o vírus, exatamente porque eles estão presentes em muitas frentes ao mesmo tempo. Há uma sensação nas Forças Armadas de que seu trabalho no combate ao Covid-19 não aparece em função dos enormes ruídos causados pela discussão política sobre o risco de um novo golpe.
— Estamos apanhando mais atualmente do que nos últimos 30 anos. Assuntos que já estavam resolvidos voltaram com uma força enorme — disse um oficial superior.
O relato do que as Forças Armadas estão fazendo neste momento é interessante porque ilumina exatamente o seu papel no meio de uma pandemia num país continental, com gigantescos desafios. Sendo, como têm que ser, uma instituição do Estado, e não braço de um governo, tudo fica mais fácil de ver e de valorizar. Lá dentro se diz que é nisso que as tropas estão realmente pensando, no seu papel tradicional. Enquanto isso, manifestantes bolsonaristas fazem passeatas pedindo intervenção militar, e o próprio presidente fez constantes ameaças que alimentaram velhas dúvidas e temores. Certos fatos incendiaram ainda mais o debate, como o dia em que o ministro Azevedo sobrevoou com o presidente uma dessas manifestações que pediam o fechamento do Supremo.
Na época das Olimpíadas havia uma grande preocupação com o risco de atentados terroristas. Houve um investimento nas Forças Armadas em treinamento e qualificação para ações de defesa contra ameaças química, nuclear e radiológica. Isso ficou como um legado e foi usado agora no combate ao Covid-19. Militares fizeram mais de duas mil descontaminações de espaços públicos. E até por ser em áreas de muita população essas ações tiveram mais visibilidade. Estiveram em locais de mais difícil acesso, ilha de Marajó, por exemplo, para distribuir cestas básicas. Ao todo, em vários pontos do país, e até aldeias indígenas, em três meses distribuíram mais de meio milhão de cestas básicas.
— Tem um programa que nasceu também na esteira dos Jogos Olímpicos, em que crianças carentes saíam da escola e iam no contraturno para os quartéis para a prática de esporte. Trinta mil crianças nesse programa. De uma hora para outra, as escolas fecharam, e eles não iam mais para o reforço escolar. Ficaram sem duas refeições. O dinheiro foi revertido em kit alimentação para a família dos jovens — conta um oficial.
Um programa entre CNI, Senai e hospitais, para consertar respiradores no Brasil inteiro, foi possível porque os aviões da FAB ou caminhões do Exército ficaram no leva e traz de equipamentos. Foram 1.500 respiradores consertados. Quando os restaurantes à beira das rodovias pararam, o país poderia ter tido um colapso logístico, porque os caminhoneiros não teriam onde se alimentar. Os militares fizeram pontos de parada e distribuição de quentinha para os motoristas.
Médicos militares foram deslocados para alguns hospitais com falta aguda de pessoal. Saíram, por exemplo, do Sul, que estava pouco afetado, para regiões de quase colapso como Macapá, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga.
Porque estiveram em várias frentes de combate o índice de contaminação de militares foi de 2%, considerado alto. Morreram 20 dos 7.500 contaminados, mas já estão recuperados 80%.
— O militar mesmo está com pouco tempo para discussão política. Há pontos no país onde só nós conseguimos chegar com rapidez, uma ONG bem intencionada consegue ajudar, mas as Forças Armadas fazem em grande volume. Isso sem falar em todo o trabalho de sempre, de patrulhamento, de vigilância de fronteira — me disse um oficial.
A politização das Forças Armadas foi evitada durante 30 anos. O presidente Jair Bolsonaro, de forma deliberada, fez uma mistura entre seu governo e o poder que elas têm. Se os militares forem viabilizadores de um governo que estimula o conflito, e que está em crise, será, como tenho dito aqui, um risco para o país e para a própria instituição.
Merval Pereira: Da noite para o dia
Por mais que queira mostrar-se contido, apaziguador, negociador, o verdadeiro Bolsonaro sempre prevaleceu
Além da nomeação do novo ministro da Educação, que teria um perfil técnico, ao contrário do guerrilheiro de direita Weintraub de triste memória, há comentários insistentes em Brasília de que o presidente Bolsonaro, nessa fase de calmaria pós prisão do Queiroz, tiraria do governo outros dois ministros problemáticos, o das Relações Exteriores Ernesto Araujo e o do Meio-Ambiente Ricardo Salles.
Seriam medidas saneadoras, para melhorar a imagem do governo, sobretudo externamente. Bom se fosse verdade. Mas não acredito, simplesmente porque os ministros citados, e outros, não fazem o que fazem por que querem, mas porque representam uma visão de mundo que é de Bolsonaro.
Seria preciso mudar o software que comanda o retrocesso nessas e em outras áreas, não apenas o hardware. Por mais que queira mostrar-se contido, apaziguador, negociador, o verdadeiro Bolsonaro sempre prevaleceu, não dando margem a uma mudança de comportamento por ter sido eleito presidente do Brasil.
Se tivesse capacidade para fazer esse jogo político, Bolsonaro teria pelo menos tentado. Como fez Lula ao ser eleito. Alguém imagina Bolsonaro convidando para sua equipe um ícone da esquerda, como Lula fez ao colocar no Banco Central o banqueiro internacional Henrique Meirelles, que havia acabado de ser eleito deputado federal pelo arqui-inimigo PSDB?
O primeiro governo Lula foi de continuidade do de Fernando Henrique não por convicção pessoal, mas por esperteza. Ele entendeu que, tendo sido eleito pelo centro, não teria espaço para exercer um governo de esquerda radical.Tanto que não colocou no ministério figuras carimbadas do pensamento econômico da esquerda, como Aluizio Mercadante ou Guido Mantega, que só virou ministro no último ano do primeiro mandato, com a saída de Palocci do governo.
Só no segundo mandato, reeleito apesar do mensalão, sentiu-se forte o bastante para colocar em prática, mesmo assim cautelosamente, a política econômica “de esquerda”, que gerou a “nova matriz econômica” de Mantega no governo Dilma, começo do fim do lulismo no poder.
Bolsonaro, ao contrário, não quer entender que se elegeu não porque era um radical de direita, mas porque foi quem conseguiu encarnar eleitoralmente o antipetismo que dominava o eleitorado. Sem que isso signifique que todos os antipetistas sejam radicais de direita. Como se Lula tivesse achado que o Brasil tinha ido para a esquerda com sua eleição.
As escolhas de Sergio Moro para a Justiça, e Paulo Guedes para a economia, serviram para contentar o eleitorado de centro-direita que o elegeu, mas ele quis dar a seu governo a marca do radicalismo em setores fundamentais como Educação, Meio-Ambiente, Relações Exteriores, Cidadania.
Como ele mesmo disse, antes de construir teria que desconstruir. E pôs-se a desconstruir a Educação, procurando confrontar o que considerava “um antro esquerdista”. Nada de programas, nada de projetos para o futuro. Até o momento, só trabalho ideológico de uma direita radical.
Ao mesmo tempo, rebaixou a Cultura a uma secretaria ligada hoje ao ministério do Turismo, e passou a desmontar toda uma estrutura cultural que estaria ligada à esquerda intelectual. Nunca levou em conta a importância econômica da cultura, nem seu papel fundamental no “soft power” brasileiro para a imagem do país no exterior.
Nas Relações Exteriores, nunca essa imagem esteve tão corroída por posições equivocadas e minoritárias num mundo globalizado, tanto pela política externa quanto devido ao Meio-Ambiente. Confrontos com a China, nosso maior parceiro comercial, por questões ideológicas, tão equivocadas quanto as dos governos petistas em relação aos Estados Unidos.
Ser contra a ONU, a OMS e outros organismos internacionais corresponde à visão de mundo de Bolsonaro, que considera o “globalismo” uma esquerdização do planeta.
As ONGs do meio-ambiente seriam uma consequência dessa política planetária que tem por objetivo ocupar a nossa Amazônia. As reservas indígenas seriam territórios a serem usados para essa internacionalização de nossas riquezas naturais.
Isso tudo para dizer que se, por acaso, Bolsonaro colocar pessoas equilibradas e sensatas nesses e em outras ministérios, eles não durarão, assim como não duraram Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich na Saúde. Ninguém muda da noite para o dia.
Maria Hermínia Tavares: Brasil entra na lista de Bachelet
Há correspondência entre a perversidade de Bolsonaro no trato da pandemia e do ambiente e a nossa política externa
Reunido em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas ouviu nesta terça-feira (30) o relatório da alta comissária Michelle Bachelet sobre os efeitos da Covid-19 para a situação dos direitos humanos no mundo.
A ex-presidente do Chile censura de maneira forte e direta a atitude dos governos que, ao negarem o perigo de contágio pelo vírus e ao mesmo tempo apostarem na polarização política, pode agravar a severidade da pandemia. O seu relatório chama pelo nome os países que a preocupam: Belarus, Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia —e, naturalmente, Estados Unidos.
A crítica de Bachelet acrescenta outra demão de desgaste à corroída imagem internacional do Brasil. Agora é o descaso do governo em face da pandemia; nas duas semanas anteriores foi o seu descompromisso com a proteção ambiental. Vinte e nove fundos europeus de investimento e pensão, além de eurodeputados e importantes organizações do bloco empenhadas na defesa do meio ambiente, foram a público denunciar que a conivência de Brasília com o desmatamento criminoso da Amazônia põe em risco o aporte de capitais de risco ao país, nossas exportações de commodities e o futuro do acordo comercial Mercosul-União Europeia.
Todo país constrói sua imagem com boa diplomacia, mas a resposta alheia depende tanto ou mais da percepção do que ocorre dentro de suas fronteiras. A derrubada da hiperinflação e as reformas econômicas do governo Fernando Henrique, o esforço bem-sucedido de seu sucessor Lula para reduzir a pobreza e as desigualdades e o empenho de ambos em fortalecer as instituições democráticas deram lastro à nossa política externa no passado recente.
Os dois presidentes e seus hábeis chanceleres Luiz Felipe Lampreia, Celso Lafer e Celso Amorim lideraram a alta do prestígio do Brasil, uma democracia de massas empenhada em reduzir o atraso e as injustiças, aspirando a maior protagonismo nos foros multilaterais.
Não por acaso, saúde e ambiente foram áreas em que a diplomacia do soft power brasileiro se destacou, tanto na batalha pela quebra das patentes de medicamentos retrovirais quanto na Rio-92 e conferências seguintes do gênero, nas quais o regime internacional de mudanças climáticas foi ganhando vigor e legitimidade. Isso não teria sido possível sem consistentes políticas domésticas de combate à Aids e de proteção ambiental.
Hoje, continua havendo perfeita correspondência entre a perversidade de Bolsonaro no trato da pandemia e da devastação ambiental e a vergonhosa política externa de Ernesto Araújo. E assim fomos parar na lista de Bachelet.
*Maria Hermínia Tavares, professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap.
Ascânio Seleme: Quem são os inimigos?
Extremos devem ser isolados, impedindo-se que cresçam e se espalhem
A índole antidemocrática do presidente Jair Bolsonaro, um extremista de direita e falso liberal, enseja uma discussão entre as forças políticas sobre quem são de fato os inimigos a serem combatidos. A esta altura deve estar evidente para a esquerda e para centro-esquerda que os inimigos não são os seus reflexos com sinal trocado do outro lado do espectro político. Estes são seus adversários. Da mesma forma, direita e centro-direita devem enxergar assim quando olham para o campo antagônico. Os inimigos de verdade residem nos extremos. São os que atropelam leis, desrespeitam outros poderes, ameaçam a democracia, ou os que pregam a ruptura democrática.
De um lado desses extremos estão agremiações como o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Do outro lado, estão partidos por onde trafega Bolsonaro, como o Patriotas e o Partido Social Liberal (PSL). Ao lado destes, os satélites de sempre, que são de direita mas podem ser de extrema direita se levarem alguma vantagem pecuniária com isso. Alguns, bem pagos, já foram até de esquerda. Nem partidos são. Formam uma aglomeração fisiológica e navegam sempre a favor do vento.
Ficou evidente nesses primeiros 18 meses do governo Bolsonaro o perigo permanente que o extremismo representa. Aqueles grupelhos de poucas dezenas de pessoas que começaram a aparecer quase clandestinamente nas manifestações contra o governo Dilma, que carregavam faixas pedindo intervenção militar, se multiplicaram e passaram a ser abraçados em praça pública pelo presidente e alguns de seus ministros. O que parecia uma piada ridícula em 2016 virou um problema desde o início desta administração.
Os brasileiros que consideram a democracia a melhor forma de governo são 75%, segundo o Instituto Datafolha. Eram 69% em outubro de 2018. Um pequeno declínio desse desejo foi captado pelo instituto em dezembro do ano passado, quando a retórica presidencial convenceu alguns desavisados, e o apoio à democracia desceu para 62%. Ainda assim, a maioria absoluta a defendia. O salto positivo visto agora reflete os seguidos atentados cometidos pelo presidente da República contra a própria democracia. O assunto ocupou de tal maneira o noticiário e as redes sociais que teria virado conversa de botequim, se estes estivessem abertos.
Diante desta incontestável realidade, os partidos que não estão nos extremos deveriam começar a trabalhar contra o inimigo comum, sem concessões, e já. É hora de ouvir o Brasil. O entendimento deve incluir as votações de matérias no Congresso Nacional e as eleições municipais deste ano. Respeitadas as diferenças de programa intransponíveis, todos os demais pontos da pauta política podem e devem ser alinhados, debatidos, negociados e viabilizados por PT, PDT, PSB, PSOL, PV, PSDB, Rede, MDB, DEM, Novo, e todos os demais partidos dentro do arco que vai do primeiro ao último desta lista. E juntos devem isolar os extremos, impedindo que cresçam e se espalhem.
Bolsonaro, que deu alguns sinais de apaziguamento nos últimos dias, não é confiável. Obviamente, é possível conviver mais dois anos e meio com ele, desde que se contenha ou seja contido. O problema maior não é o seu governo, são os seus métodos. Estes devem ser combatidos sem trégua pelas forças democráticas brasileiras e por instituições como partidos políticos e entidades representativas da sociedade civil. Todos os instrumentos da democracia devem ser usados para defendê-la. Só assim, um dia poderemos olhar para o passado e ver o governo Bolsonaro com a mesma incredulidade com que hoje vemos a permissão de fumar em avião, que um dia também existiu.
Facebook, o castigo
Depois de Unilever, Coca e Pepsi-Cola, Starbucks, Ford, Adidas e Microsoft, chegou a hora de Itaú, Bradesco, Vale, JBS, Braskem, Oi, CSN e Gerdau deixarem de anunciar no Facebook. Discurso de ódio para valer é aqui mesmo. No Brasil, o golpe é baixíssimo e trafega livremente pelas páginas da rede mãe. E pelos seus filhotes também.
Especialistas e lideranças políticas debatem reflexos da pandemia na vida das mulheres
Série de webconferências chega a sua 18ª edição. A FAP faz a retransmissão em seu site, página no Facebook e em seu canal no Youtube
Pandemia e a crise do ponto de vista das mulheres é o tema da webconferência desta sexta-feira (3/07), às 14h30. O evento faz parte do Ciclo Diálogos, Vida e Democracia, uma série de videoconferências promovidas pelo Observatório da Democracia (OD), que chega a sua 18ª edição. A mesa será coordenada por Jaqueline Moraes, que é empreendedora individual e Vice-Governadora do estado do Espírito Santo. Participam também a deputada federal e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina(PSOL/SP), a presidente da Ação da Mulher Trabalhista, vice-presidente do PDT e vice presidente da Fundação Leonel Brizoal-Alberto Pasqualini, Miguelina Vecchio; a ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff/PT, Eleonora Menicucci e a dirigente nacional do PCdoB, ex-senadora e ex-procuradora da Mulher no Senado Federal, Vanessa Grazziotin.
Ao Vivo!
Os debate estão sendo transmitidos on-line e gratuitamente pelo canal no Youtube do Observatório (clique aqui). Em seu site, na sua página no Facebook e em seu canal no Youtube, a FAP fará a retransmissão da webconferência.
Não é exagero dizer que a pandemia tem causado transtornos maiores na vida das mulheres, que já é difícil numa situação normal, pois elas assumem a maioria das tarefas domésticas, ganham menos ocupando cargos com as mesmas responsabilidades dos homens, assumem os cuidados com idosos e crianças e, além disso, são as maiores vítimas da violência doméstica. Daí a importância da videoconferência A Pandemia do ponto de vista das mulheres, que vai debater as várias consequências trazidas pela tripla crise: política, sanitária e econômica vivida pelo Brasil hoje. Além disso, serão debatidas as propostas de políticas de auxílio às mulheres neste momento. As palestrantes que são mulheres de lugar de fala diversificado, possuem experiência e competência para apontarem rumos num momento em que eles são extremamente necessários.
O ciclo conta com a realização de diversas mesas temáticas feitas por videoconferências, sempre a partir das 14h30. As seguintes acontecerão dia 07/07 (terça-feira) A Pandemia e a crise do ponto de vista dos negros, dia 11/07 (sábado) Meio ambiente e Amazônia: na Crise, qual Sustentabilidade?
O Observatório da Democracia é formado pelas Fundação Perseu Abramo (PT), Fundação João Mangabeira (PSB),Fundação Mauricio Grabois (PCdoB), Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (PSOL), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Fundação da Ordem Social (PROS) e Fundação Claudio Campos e Fundação Astrojildo Pereira (Cidadania).
Serviço
Ciclo Diálogos, Vida e Democracia – Videoconferências
Mesa 18: A Pandemia e a crise do ponto de vista das mulheres
Data: 03/07
Horário: 14h30
Onde: Acompanhe as videoconferências do ciclo Diálogos, Vida e Democracia, no Facebook, pelas páginas das fundações Astrojildo Pereira, Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Perseu Abramo, Lauro Campos e Marielle Franco, Mauricio Grabois e João Mangabeira.
Ou se inscreva no canal do Observatório da Democracia no youtube.
A programação completa pode ser acessada aqui.
Veja vídeos de webconferências anteriores:
Lideranças estudantis e dos trabalhadores debatem a educação em tempos de pandemia
Ex-ministros e gestores avaliam a crise na Educação durante webconferência nesta quinta (25/6)
Videoconferência aborda a pandemia e saídas para a economia
Presidentes de partidos debatem Democracia e política em webconferência
O Mundo do Trabalho e a Pandemia é tema de webconferência
Webconferência discute o valor da C&T e da Inovação como política de Estado
Cultura em tempos de coronavírus é tema de webconferência
Webconferência debate defesa das instituições do Estado democrático
Jornalismo, comunicação e política nas redes sociais é tema de webconferência
Líderes partidários fazem webconferência para discutir o país
Especialistas debatem o coronavírus, isolamento social e saúde pública
Governadores debatem pacto federativo durante pandemia do coronavírus
Fundações partidárias debatem pandemia, recessão e saídas para a crise
Analistas discutem Brasil no contexto mundial da pandemia do coronavírus
Economistas debatem pandemia e alternativas em meio à crise do coronavírus
Luiz Carlos Azedo: Eleições em novembro
“Bolsonaro não deu sinais de que pretende interferir diretamente nas eleições municipais, mas já pululam candidatos bolsonaristas de primeira hora”
A Câmara aprovou ontem, por 402 votos a favor e 90 contra, com quatro abstenções, a emenda constitucional que adia as eleições de 4 e 25 de outubro para 15 e 25 de novembro, em primeiro e segundo turnos, respectivamente. A proposta foi articulada com êxito pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Houve resistência por parte do Centrão, principalmente do PL, com 41 deputados, cujo líder na Câmara, Wellington Roberto (PB), comandou a oposição à mudança. O texto volta ao Senado para promulgação.
O adiamento das eleições era pedra cantada, em razão da pandemia da covid-19. Além do risco de contaminação dos eleitores nas seções eleitorais, existe a dificuldade criada pela situação sanitária do país para preparação do pleito por parte da Justiça eleitoral. O mais importante na discussão sobre o adiamento foi evitar a prorrogação de mandatos de prefeitos e vereadores, como alguns defendiam, inclusive, com propostas de coincidência do pleito com as eleições gerais de 2022. Esse risco foi afastado, embora o texto aprovado tenha um gatilho que permite ao Congresso, caso um município ou estado não apresente condições sanitárias para realizar as eleições em novembro, editar um decreto legislativo designando novas datas para a realização do pleito, tendo como data-limite o dia 27 de dezembro de 2020. A proposta original atribuía essa prerrogativa ao TSE, mas foi modificada.
Com isso, as regras do jogo para as eleições municipais estão finalmente definidas: o prazo de registro das candidaturas foi adiado de 15 de agosto para 26 de setembro; os partidos escolherão seus candidatos entre 31 de agosto e 16 de setembro, por meio virtual. No embalo, a legislação que proibia propaganda institucional das prefeituras no período de 90 dias anteriores ao pleito foi alterada. Atos e campanhas destinadas à luta contra a pandemia do coronavírus poderão ser feitos, mas sob rigorosa fiscalização da Justiça eleitoral, para evitar abusos.
A propaganda eleitoral começa apenas depois de 26 de setembro. Até lá, quem pedir voto antecipadamente ou gastar muito dinheiro em redes sociais corre o risco de ter a candidatura impugnada ou até mesmo ter o mandato cassado, se eleito, por campanha antecipada ou abuso de poder econômico, respectivamente. Expressões como “peço seu apoio”, “conte comigo”, “me dê um voto de confiança” e outras, nas redes sociais, podem servir de prova contra os candidatos.
Cenários
Serão eleições atípicas, por causa da pandemia. Teoricamente, os prefeitos que se candidatarem à reeleição terão a avaliação de sua gestão impactada pela pandemia, talvez mais até do que suas realizações anteriores. Levam a vantagem, porém, de que a campanha terá muito pouco corpo a corpo, o que em eleições municipais era decisivo, principalmente nas cidades de médio e pequeno portes. Mas os que não podem se reeleger e pretendem fazer o sucessor, em contrapartida, terão as mesmas dificuldades com seus candidatos. Além disso, com o fim das coligações proporcionais, haverá maior número de candidatos.
Mesmo nas grandes cidades, que influenciam os destinos da política nacional, como São Paulo, não se sabe ao certo qual será o grau de “nacionalização” da disputa eleitoral. De certa forma, a politização do combate à pandemia protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro é uma realidade, bem como o impacto da ajuda emergencial do governo de R$ 600 (que terão um total de cinco parcelas), principalmente nas periferias dos grandes centros e municípios do sertão. Quanto mais profundo o grotão, maior esse impacto.
O presidente Jair Bolsonaro ainda não deu sinais de que pretende interferir diretamente nas eleições municipais, mas já pululam candidatos que se dizem bolsonaristas de primeira hora. Nas eleições passadas, também não tinha candidatos, com exceção dos filhos Eduardo, em São Paulo, e Flávio, no Rio de Janeiro, e alguns poucos aliados, mas eles apareceram durante a campanha e surfaram a onda da sua eleição, nas disputas de vagas nas assembleias legislativas, na Câmara e no Senado, além de governos estaduais. O nanico PSL, por exemplo, emergiu com a segunda bancada da Câmara; novatos na política se elegeram até a governador, como Wilson Witzel, no Rio de Janeiro. As pesquisas de imagem com resultados negativos para Bolsonaro, por causa da pandemia, podem pôr em xeque essa vinculação, mas isso, ainda, é apenas uma especulação.
Economista Sérgio C. Buarque explica como ‘tirar o Brasil do abismo’
Em artigo publicado na revista Política Democrática Online, analista cita possibilidade de aumento de imposto a partir de 2021
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
“Para tirar o Brasil do abismo, é necessário, antes de tudo, recuperar o cambaleante Estado nacional na sua capacidade fiscal que permita exercer sua função básica de prestação de serviços públicos e de estímulo à reanimação econômica”. A avaliação é do economista Sérgio Cavalcanti Buarque, em artigo publicado na 20ª edição da revista Política Democrática Online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília.
Acesse aqui a 20ª edição da revista Política Democrática Online!
Todos os conteúdos da publicação podem ser acessados, gratuitamente, no site da entidade. De acordo com Buarque, para recuperar a capacidade de investimento público e evitar o descontrole da dívida, é necessário aumentar a receita ou reduzir as despesas. “A elevação de impostos de forma seletiva e concentrados na renda mais alta de pessoa física tem impacto pequeno na compressão da demanda agregada. Mesmo assim, alguns economistas preferem apostar na contração das despesas primárias, entendendo que a carga tributária no Brasil já é excessivamente elevada”, observa.
O tamanho da crise e, principalmente, o grande conflito distributivo que envolve as escolhas políticas exigem, segundo o analista econômico, uma combinação dos dois. “O aumento de impostos a partir de 2021 é tecnicamente mais fácil e politicamente palatável, mas será aceitável apenas se fizer parte de negociação política que inclua a repactuação das enormes distorções das despesas públicas”, diz ele, no artigo.
De acordo com Buarque, outros economistas estimam que seria possível gerar receita adicional de R$ 140 bilhões com taxas adicionais e escalonadas sobre a renda de apenas 11% dos declarantes que detêm metade da renda total declarada. “A criação de um imposto sobre distribuição de dividendos (atualmente isentos), enquanto se aguarda uma ampla reforma tributária, poderia adicionar algo em torno de R$ 60 bilhões”, analisa.
Leia mais:
Olavo de Carvalho é influenciado por Antonio Gramsci, explica Marcos Sorrilha
‘E seu eu acordasse negra?’, pergunta Lilia Lustosa para refletir sobre racismo
Black Lives Matter: Racismo aprofunda desigualdade, mostra reportagem
Eleições 2020: Qual desafio de prefeitos e vereadores eleitos? Veja resposta agora
‘Não creio que Bolsonaro produzirá conflito que leve à ruptura’, diz Nelson Jobim
‘Witzel poderá ser primeiro governador do Rio a sofrer impeachment’, analisa Paulo Baía
‘Não há solução econômica sem solução sanitária’, diz economista Benito Salomão
‘Decisão de organização internacional tem, em geral, caráter recomendatório’
‘Bolsonaro transformou saúde em território de guerra’, diz Alberto Aggio
Bolsonaro é responsável pelo avanço da pandemia no país, diz Política Democrática
Polêmica da intervenção das Forças Armadas é destaque da Política Democrática Online
Veja todas as edições anteriores da revista Política Democrática Online
Vinicius Muller discute ética e política no sexto webinar Reinventar o Rio de Janeiro
Professor vai interagir com internautas, em evento com transmissão no site e página da FAP no Facebook
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Internautas poderão discutir ética e política com o historiador Vinicius Muller, professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) em São Paulo, durante o sexto webinar da série Reinventar o Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (2), das 19h30 às 21h. Aberto a todo o público online, o evento é realizado pelo Cidadania 23 do município com apoio da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília e que é responsável pela transmissão ao vivo do debate em seu site e em sua página no Facebook.
Muller é doutor em história econômica, mestre em economia e bacharel em história. Atua como professor de história, história Econômica, ética e desenvolvimento há mais de 20 anos, com experiência em educação básica, pré-vestibular, ensino superior e pós-graduação. Além da docência, já atuou como autor de material didático e, por muitos anos, como gestor escolar, tanto em coordenação quanto em direção de Instituições de Ensino. Atualmente, além de ser professor de instituições de ensino, é palestrante e colaborador do Blog Estado da Arte, do jornal O Estado de S. Paulo.
Assista ao vivo:
O objetivo da série de webinar Reinventar o Rio de Janeiro é mobilizar lideranças para interferir nas discussões e possíveis intervenções sobre o futuro da cidade maravilhosa. A ideia é manter o comprometimento do partido de buscar sempre melhorias para a cidade, mesmo no período de isolamento social decorrente da pandemia do coronavírus. Webinar evita a aglomeração física de pessoas no mesmo local e possibilita grande participação online de interessados.
Veja vídeos de outros webinars da série Reinventar o Rio de Janeiro:
Raul Jungmann avalia segurança pública em webinar Reinventar o Rio de Janeiro
Danielle Carusi discute desigualdade no quarto webinar Reinventar o Rio de Janeiro
Ligia Bahia aponta desafios da saúde no terceiro webinar Reinventar o Rio de Janeiro
Washington Fajardo discute cidade em webinar Reinventar o Rio de Janeiro
Confira a abertura da série Webinar Reinventar o Rio de Janeiro