Day: fevereiro 29, 2016
Gestão Dilma é reprovada por 64%, diz Datafolha
• Pesquisa revela que 60% dos entrevistados defendem aprovação do impeachment pela Câmara
- O Globo
Pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal ‘ Folha de S. Paulo” mostrou que 64% dos entrevistados avaliam o governo da presidente Dilma Rousseff como ruim e péssimo. Os que consideram o governo regular somaram 25% do total, enquanto 11% o avaliam como ótimo ou bom. Segundo o instituto, Dilma atingiu o pico de desaprovação em agosto, quando chegou a 71% . A avaliação negativa recuou nas últimas pesquisas — em dezembro, a reprovação era de 65%.
A aprovação, por outro lado, caiu um ponto percentual. Na última pesquisa, realizada em dezembro, 12% dos entrevistados consideravam a gestão de Dilma ótima ou boa. O Datafolha realizou o levantamento nos dias 24 e 25 de fevereiro. As somas podem passar ou ficar abaixo dos 100% por conta de arredondamentos, informou o instituto.
Os entrevistados também foram questionados sobre o impeachment. Indagados se, com o pedido de impeachment da presidente aceito pela Câmara, os deputados deveriam votar pelo seu afastamento, 60% responderam que sim. Para que o processo siga para o Senado, onde o caso será julgado, é preciso que dois terços dos 513 deputados votem pela abertura do impeachment.
Do total, 33% responderam que não; 4% se disseram indiferentes e 3% responderam que não sabem.
A pesquisa, ao sondar se os entrevistados entendem que Dilma deveria renunciar, constatou que 58% responderam sim. As respostas negativas ficaram em 37%, enquanto responderam que não sabem.
O instituto também questionou os entrevistados sobre se, na opinião deles, a situação econômica do país melhorou, piorou ou ficou como estava nos últimos meses. Para 80% dos entrevistados, a economia piorou e apenas 5% consideram que houve melhoria na situação econômica do país e 14% acham que ficou como estava. (Com G1)
Fonte: gilvanmelo.blogspot.com.br
Mauricio Huertas: Coxinha, acarajé e enroladinho
Tem acarajé, tem coxinha, tem enroladinho de sobra. Nada a ver com essa nova onda gourmet, mas com o prato requentado e indigesto da política brasileira com tempero petista. Para completar, tem chefe marqueteiro preso e o pessoal da cozinha do Lula afirmando que o ex-presidente é achincalhado por coxinhas. Então, de estômago embrulhado, resolvi sair do armário. Pensei muito, respirei fundo e decidi assumir. Tomei coragem e vou gritar para todo mundo ouvir: EU SOU COXINHA!
Sou daqueles que a ministra Cármen Lúcia traduziu no voto do STF: “Na história recente de nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 (mensalão) e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo.”
Eu votei quatro vezes no Lula (1989, 1994, 1998 e 2002), botei estrelinha no peito, cantei Lula-lá, xinguei o Collor e a Globo pela edição manipulada do último debate daquela primeira eleição direta, mas agora estou reagindo contra o cinismo e o escárnio. Eu sou coxinha.
Sou fã do Sergio Moro, do Joaquim Barbosa, do Ministério Público e de uma turma de ex-petistas: Luiza Erundina, Marina Silva, Fernando Gabeira, Cristovam Buarque, Heloisa Helena, Soninha Francine, Helio Bicudo, Marta Suplicy.
Leio a Veja antes da Carta Capital, assisto Danilo Gentilli e Marcelo Adnet na “mídia golpista”, tuíto com o Lobão, assino a Folha e… Preciso confessar com um certo constrangimento: eu me identifico mais com o movimento do Kim Kataguiri do que com o do Guilherme Boulos.
Tenho asco por políticos como Bolsonaro e Feliciano, blasfemo contra o Malafaia e o Edir Macedo, mas (vou falar!) fui pra rua nas manifestações pelo impeachment da Dilma. Aliás, voltei às ruas, onde estreei ainda criança, nas diretas-já, permaneci adolescente como cara-pintada e, velho de guerra, agora divido espaço com o boneco Pixuleco.
Eu ajudo a combater o preconceito contra negros e minorias, contra a intolerância, contra o ódio nas redes, contra o machismo, contra a homofobia. Eu quero um mundo melhor para a minha filha, defendo a justiça social, a sustentabilidade, a igualdade de oportunidades, o fim do alistamento militar obrigatório e a liberação da maconha (apesar de não fumar). Sou reformista e milito numa sigla que teve origem no Partido Comunista (sem ser comunista, óbvio). Mas sou coxinha.
Não frequento a Oscar Freire, debocho das dondocas dos Jardins que se julgam politizadas por terem posado de verde-e-amarelo para a Caras no último domingo ensolarado de protestos ou saído uma noite em caravana para o sopão dos moradores de rua. Ao contrário delas, sei que Costa e Silva não é apenas o nome de um viaduto. Faço compras, sem nenhum constrangimento, em liquidação de loja de departamentos no shopping. Grife, tanto faz. Tem um xing ling legal lá na Vinte e Cinco. Mas sou coxinha.
Vibro com essa história de reocupar o espaço público, com o fechamento da Paulista e do Minhocão. Sou amplamente favorável às ciclovias, apesar de não andar de bicicleta para não chegar suado e extenuado no trabalho. Economizo menos água do que deveria porque tomo dois banhos diários. Uso carro. Ônibus, muito pouco. Metrô, às vezes para ir ao centro ou assistir o Corinthians no Itaquerão. Mas acho a gestão Haddad uma ruindade. Então, sou coxinha.
Tenho casa própria. Aliás, um “apertamento” que precisa de uma reforminha (Alô, Odebrecht! Alô, OAS!). Defendo parques, áreas verdes e mananciais contra a ocupação de movimentos de moradia. Contribuo como voluntário para criança carente, velhinho e o hospital do câncer. Pego da rua animais abandonados para cuidar. Admiro o trabalho da Luisa Mell e do Luciano Huck.
Eu sou coxinha. Será um caso perdido? Em busca da resposta, nessa minha jornada interior (sem nenhuma pitadinha do charme da Julia Roberts em Comer, Rezar, Amar), recorro novamente ao já histórico voto da ministra do STF: “Quero avisar que o crime não vencerá a Justiça”. Agradeço pelo alimento que coloca na nossa mesa. Um minuto de silêncio pela alma dos petralhas. Amém.
Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor-executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e apresentador do #ProgramaDiferente
Quem somos nós?
Este artigo é uma boa reflexão sobre a corrida para presidência norte americana. Sob o olhar de um cidadão norte americano, Thomas L. Friedman, especialista em negócios estrangeiros, globalização e tecnologia, podemos observar as varias facetas de alguns candidatos a Casa Branca. Não dividimos a opinião do autor, que enaltece a posição norte-americana de país mais forte e mais rico do mundo através do capitalismo. Entretanto, ele acentua algumas questões imprescindíveis quando analisamos a eleição para presidência nos EUA e também o quadro político internacional: a questão imigratória, empreendedorismo e o respeito às instituições.
Quem somos nós?
Penso que a eleição norte americana para presidência tem sido bizarra, se me fosse dada uma folha de papel em branco e me pedissem que escrevesse as três maiores fontes de força dos EUA eu escreveria: “ética do pluralismo”, “cultura do empreendedorismo” e “qualidade das nossas instituições que governam”. No entanto, até agora ouvi todos os candidatos destruindo todas essas premissas.
Donald Trump está correndo contra o pluralismo. Bernie Sanders mostra o menor interesse em empreendedorismo e diz que os bancos de Wall Street que fornecem capital para tomadores de risco estão envolvidos em "fraude", e Ted Cruz fala de nosso governo, da mesma forma como o fanático anti-imposto Grover Norquist, que nos diz que deve encolher o governo de tal forma que seja possível arrastá-lo para o banheiro e afogá-lo na banheira."
Não me lembro de uma eleição em que os pilares de força dos EUA eram tão atacados e que ganhava tamanha notoriedade entre os mais jovens.
O famoso slogan do republicano Trump diz: "Faça América grande novamente”. Este slogan se baseia em um ataque constante aos imigrantes, que segundo o candidato têm ocupado postos de trabalho que pertencem aos norte americanos. Entretanto, como fazer América grandiosa novamente dizendo aos imigrantes: “saia ou fique longe”? Ou acusando os mesmos de estupradores ou terroristas?
Não podemos aceitas políticas segregacionistas, a sociedade norte America é pluralista com o pluralismo. Síria e Iraque, por sua vez, são sociedades pluralistas sem pluralismo. São países comandados por punho de ferro.
Só para lembrar mais uma vez: temos duas vezes eleito um negro cujo avô era um muçulmano. Quem faz isso? Isso é como uma fonte de força como um ímã para os melhores talentos do mundo. No entanto Trump, ao realizar sua “caça” aos imigrantes, tem procurado minar essa singularidade ao invés de celebrá-la.
Sobre o democrata Sanders, tenho ouvido apenas o candidato “berrar” sobre quebrar os grandes bancos, porém não tenho escutado-o dizer sobre de onde vêm os empregos. Se você quer estimular o emprego, você precisa de mais empregadores, e não apenas de estimulo do governo.
A Comissão Milstein sobre Empreendedorismo e Trabalhos de Classe Média 2015, relatório produzido pela Universidade de Virginia observa: "A identidade da América é intrinsecamente empresarial [consagrados] pelos fundadores, popularizado por Horatio Alger, encarnado por Henry Ford... Com o suficiente trabalho duro qualquer um pode usar o empreendedorismo para pavimentar o seu próprio caminho para a prosperidade e fortalecer suas comunidades através da criação de postos de trabalho e crescimento da economia local”.
Em suma, não somos socialistas! E o relatório citado acima serve como material para promover o empreendedorismo nos EUA através, basicamente, do aumento da desregulamentação estatal, que permitiria o aumento do empreendedorismo.
Ao contrário de Sanders, Ted Cruz, outro candidato republicano, não tem uma boa alma e denigre cada vez mais a imagem das instituições americanas. O perigo desse candidato é a situação atual mundial, pois enquanto o mundo fica mais rápido e mais interdependentes, a qualidade das instituições é imprescindível. Cruz envolve-se em uma bandeira americana e cospe em todas as instituições que a representa.
Os EUA não se tornaram o país mais rico do mundo, praticando o socialismo, ou o país mais forte, denegrindo seus órgãos de decisão, ou o país mais cheio de talento, alimentando o medo dos imigrantes.
Fonte: www.nytimes.com
Edição e tradução de texto: Germano Martiniano