Day: dezembro 14, 2015

O #ProgramaDiferente analisa a crise do petismo e debate o parlamentarismo como possível alternativa a partir das eleições de 2018

Neste momento de grave crise política, o #ProgramaDiferente, da TVFAP.net, entrevista Breno Altman, um jornalista com histórico de militante petista, amigo pessoal de Lula e José Dirceu (mas crítico da política econômica e social do governo Dilma), e debate com Eduardo Jorge e Roberto Freire a adoção do parlamentarismo como alternativa futura (a partir das eleições de 2018) ao saturado e combalido presidencialismo brasileiro. Assista.

Aliás, o programa lembra os dez anos da primeira prisão do então ministro José Dirceu, no episódio do mensalão. Ou seja, como ele teve os direitos políticos cassados por uma década, desde dezembro de 2005, poderia voltar a se candidatar, se não tivesse sido preso novamente (dessa vez na Lava Jato) e caído em desgraça, abandonado agora até por velhos companheiros.

Essas prisões motivaram uma piada nas redes. Preso três vezes, José Dirceu já teria direito a pedir música no Fantástico. Mas o assunto é sério. Não é piada. Na primeira vez, nos anos 60, José Dirceu foi preso como líder estudantil, na militância política contra a ditadura.

A prisão mais recente foi na Operação Lava Jato, em agosto de 2015, como reincidente em crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Entre essas duas está a prisão da foto do punho cerrado (ao lado de Breno Altman), uma tentativa marqueteira de vitimização para atenuar sua ação criminosa no Mensalão. José Dirceu permaneceu preso de novembro de 2013 a março de 2015. Ficou solto cinco meses e voltou para a cadeia.

O #ProgramaDiferente é exibido na TVAberta de São Paulo todos os domingos, às 21h30.

Na internet, está disponível na TVFAP.net e em programadiferente.com na íntegra.


O Gramsci que “conhecemos” e o que ele inspirou

Gramsci é, no Brasil, um autor bastante conhecido e com um número estável de leitores. A primeira edição dos Cadernos do Cárcere é da década de 1960 e foi reeditada no final a década seguinte, num contexto de luta contra a ditadura. Uma nova edição dos Cadernos, que mescla a edição temática dos anos sessenta com a edição crítica publicada na Itália a partir de 1975, veio à luz nos últimos anos do século passado, com vários dos seus volumes já reimpressos. Há tempos registra-se uma difusa assimilação do pensamento gramsciano. As teorias de Gramsci se tornaram de uso comum e identificáveis por meio de conceitos como “hegemonia”, “guerra de posições”, “revolução passiva”, “transformismo”, “americanismo” e outros. O pertencimento de Gramsci à história do marxismo e do comunismo é patente, ainda que ele seja reconhecido, mas não generalizadamente, como um pensador político original. Desde o final da década de 1970, a progressiva difusão do pensamento gramsciano contribuiu e alimentou um novo “programa de ação” para a esquerda brasileira: organizar a luta contra o autoritarismo. Além de Gramsci, outros pensadores animaram esse movimento, como Norberto Bobbio, Hannah Harendt e Jürgen Habermas. Mas foi com Gramsci que se instituiu no universo de reflexão da esquerda as temáticas e as visões críticas da história brasileira a partir de uma perspectiva de longa duração. Com a difusão e a assimilação de Gramsci se começa a pensar o Brasil tomando como referência a Alemanha e a Itália, países que não chegaram à ordem burguesa por meio do percurso revolucionário francês. Por meio das referências gramscianas, se passa a reconhecer que o país era “ocidental” e que se havia estruturado como um país moderno pela via autoritária, sobretudo a partir de 1964. Isso requeria da esquerda uma nova leitura da democracia. Sem ela, a esquerda não seria capaz de se tornar um ator relevante na luta contra o autoritarismo e lhe faltaria uma “grande política” que pudesse lhe guiar numa nova situação democrática.

Naquele contexto, o Gramsci que conheceríamos não seria aquele da luta operária, mas o Gramsci inspirador de uma luta política geral, cuja tradução política se exprimia na ideia de que, para combater o autoritarismo, era necessário “fazer política” e construir alianças que objetivassem a conquista da democracia. O Gramsci dos intelectuais, da hegemonia e da guerra de posição se encontrava então em campo aberto, em diálogo com outras correntes de pensamento, em particular as liberais, jogando a esquerda para dentro do debate público sobre as questões do pluralismo como horizonte político-cultural: um diálogo que nem a esquerda nem os liberais estavam acostumados. Em síntese, a difusão das ideias de Gramsci contribuiu para amadurecer na esquerda brasileira uma perspectiva crítica a respeito da sua história precedente, de forte matriz golpista e autoritária, pouco afeita aos temas decorrentes da política democrática.

No contexto de luta pela democracia no Brasil, o mais importante ensaio de corte gramsciano foi, sem dúvida, A democracia como valor universal, de Carlos Nelson Coutinho (1979), que representou um marco divisório na cultura política da esquerda brasileira, sobretudo no que diz respeito à revalorização da democracia. O ensaio tem muitos méritos e foi extremamente influente. Embora Carlos Nelson Coutinho valorizasse temáticas como a “ampliação do Estado”, ajudando a esquerda a compreender a natureza “ocidental” da sociedade brasileira, entendia que não se deveria cogitar nenhuma “leitura mais complexa” do conceito gramsciano de revolução passiva. No ensaio de 1979, as formulações a respeito da realidade brasileira aparecem inteiramente subordinadas ao enfoque leninista, assim sintetizada no subtítulo do seu segundo item: “o caso brasileiro: a renovação democrática como alternativa à via prussiana”. A ênfase não era irrelevante e nem foi esporádica. Em diversos textos posteriores, Carlos Nelson Coutinho se empenhou em definir a transição brasileira à modernidade capitalista identificando revolução passiva a uma “contrarrevolução prolongada” (a expressão é de Florestan Fernandes), por definição reativa à mudança social.

Este é um tema importante na discussão sobre Gramsci no Brasil: se admitirmos que o conceito de “via prussiana” descreve uma situação histórica na qual está anulada a possibilidade do ator da antítese ao capitalismo de assumir, pela política, um papel afirmativo no processo de modernização capitalista, a pergunta que emerge naturalmente é se a categoria de “revolução passiva”, elaborada por Gramsci, pode ser compreendida no sentido de se admitir um novo protagonismo do ator da antítese no interior do processo de modernização capitalista. Luiz Werneck Vianna, em seu livro Revolução passiva: americanismo e iberismo no Brasil (1997), responde afirmativamente a esta pergunta, esclarecendo que na revolução passiva se pode desenvolver a ação de um ator que represente uma “antítese vigorosa” e empenhe de maneira intransigente todas as suas potencialidades (p.78). A revolução passiva, como critério de interpretação de processos históricos, é útil ao ator que se invista da representação de portador das mudanças, “capacitando-o, a partir de uma adequada avaliação das circunstâncias que bloqueiam seu sucesso imediato e fulminante, a disputar a hegemonia numa longa ‘guerra de posições’, e a dirigir o seu empenho no sentido de um transformismo ‘de registro positivo’, assim desorganizando molecularmente a hegemonia dominante, ao tempo em que procura dar vida àquela que deve sucedê-la”. (...) “A exploração do transformismo de ‘registro positivo’ é indicada em processos societais novos na sociedade brasileira, muito especialmente depois da institucionalização da democracia política em meados dos anos 80” (p.09). A revolução passiva é, portanto, um critério de interpretação “que poderia servi-lo no sentido de mudar a chave da direção do transformismo: de negativo para positivo”. Graças a esse conceito, Gramsci cria “a possibilidade de uma tradução do marxismo como uma teoria da transformação sem revolução ‘explosiva’ de tipo francês”.

Como se sabe, a história brasileira nunca protagonizou uma revolução de tipo “jacobino”. As grandes transformações históricas do país foram moleculares ou caracterizadas por uma “dialética sem síntese”, no interior da qual os elementos de novidade e de modernidade foram introduzidos, no mais das vezes, por grupos sociais anteriormente contrários à modernização. Os ciclos da longa “revolução passiva á brasileira” (L. W. Vianna) vão da fundação do Estado Nacional até o recente processo de democratização vivido pelo país, passando pelo período Vargas, pela democracia de 1946 e pelo autoritarismo das décadas de 1960 e 1970. Neste longo período histórico, Estado assume o papel de agente modernizador e condutor das transformações históricas, em geral sem a participação da sociedade civil, estabelecendo a lógica de conservar-mudando. Essa lógica faz com que as transformações históricas no Brasil ocorram sem abalos violentos, o que ajuda a conservar a precedente hegemonia dos grupos sociais mais atrasados.

Nos dias que correm, contrariando as enormes esperanças, os governos do PT, desde 2002, não se constituíram numa alternativa ao longo processo da "revolução passiva à brasileira". Ao contrário, no governo, o PT conduziu a modernização associando-se às elites agrárias e industriais, abrigando-as no seio de um enorme Estado, inteiramente dependente do Poder Executivo. O alargamento do poder de consumo das classes populares fez parte dessa estratégia e a figura de Lula passou a ser essencial a esse tipo de transformismo. Manteve-sedirigismo estatal, o patrimonialismo e o corporativismo ao invés de se estabelecer um nexo renovador entre democracia, autonomia, mercado e bem-estar. Nascido do moderno parque industrial paulista, isto é, da face americanista mais visível do país, o PT no governo foi derivando progressivamente para a velha tradição ibérica de supremacia do Estado sobre a sociedade que havia marcado a história brasileira. O PT é, como já se disse, uma monografia particular do Brasil, articulada por uma síntese de americanismo e iberismo, na qual o Estado continua a contrapor-se à sociedade civil, controlando molecularmente as transformações, obedecendo à lógica do conservar-mudando, e impedindo consequentemente o desenvolvimento autônomo da sociedade civil.

Mudar as relações entre a sociedade civil e o Estado e fazer com que a mudança dirija a conservação, não significa adotar uma espécie de antirrevolução passiva, instalando um processo de rupturas de corte jacobino. Transformar o caráter recessivo da “revolução passiva à brasileira” demanda a construção de uma cultura política republicana, que contribua para a geração de uma sociedade civil autônoma, capaz de associar-se politicamente para a condução dos destinos do país. É esse o desafio que está colocado: buscar, com realismo, as balizas e os parâmetros de uma grande reforma da política, de caráter republicano, que reverta os termos da atual modalidade de “revolução passiva à brasileira” e ao mesmo tempo recomponha a confiança do país em continuar vivenciando e ampliando a democracia política.

O pensamento de Gramsci apresenta-se hoje no Brasil essencialmente por meio de uma disjuntiva. De um lado, o Gramsci da “política democrática”, ou seja, da política-hegemonia, enquanto “hegemonia civil”. De outro lado, temos o Gramsci como expressão da “política revolucionária”. Na primeira "leitura", a revolução não é mais o centro da elaboração política e a perspectiva se deslocou no sentido de exercitar o conceito de revolução passiva até seus limites, isto é, acionar permanente e intransigentemente a política democrática no interior da perspectiva de "rovesciare" a longa revolução passiva à brasileira, de marca autoritária e excludente, e lhe dar finalmente outro direcionamento. Essa perspectiva implica compreender que Gramsci se descolou da sua originária demarcação revolucionária, distanciando-se assim de um marxismo que ainda tem como referência uma época histórica de revoluções. De outro lado, a perspectiva de um "outro Gramsci" se desdobrou gradativamente em "outros Gramsci", mantendo-os, contudo, no universo diversificado da noção de "representação", agora num duplo sentido: representação de classe, com o fora anteriormente, e portanto numa perspectiva revolucionária, e, noutro sentido, representação como conservação e difusão de um imaginário revolucionário, no qual se quer resguardar os signos e significados de uma época revolucionária terminada há décadas.

Por: Alberto Aggio

Alberto Aggio é historiador e professor da UNESP, presidente do Conselho Curador da FAP.

* Essa é a versão em português do artigo que apareceu no L’Unità em 7 de dezembro de 2015, com o título “Studiavamo Gramsci nel Brasile senza libertà” (http://www.unita.tv/opinioni/studiavamo-gramsci-nel-brasile-senza-liberta/) e que corresponde a uma súmula da palestra realizada na Fondazione Istituto Gramsci de Roma, em 25 de novembro de 2015.


ONU apoia participação de indígenas nas sessões de direitos humanos em Genebra

Reuniões ocorrerão entre abril e junho de 2016. O prazo é dia 5 de janeiro de 2016.

O Fundo Voluntário das Nações Unidas para os Povos Indígenas está recebendo candidaturas para a participação deste segmento da população nas sessões do Conselho de Direitos Humanos, da Revisão Periódica Universal (UPR) e do tratado, na sede da ONU em Genebra. Estas reuniões ocorrerão entre abril e junho de 2016. O prazo é dia 5 de janeiro de 2016.

Informações em inglês: http://bit.ly/1bdviZa; em espanhol: http://bit.ly/1lAJIgk; e em francês:http://bit.ly/1lAJF4f

Fonte: Nações Unidas


Brasileiros saem às ruas pelo impeachment de Dilma em todo Brasil

De verde e amarelo, caras pintadas e com bandeiras do Brasil, os brasileiros foram para as ruas neste domingo, 13/12/2015, pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, contra a crise econômica e a corrupção no governo do PT.

Em Brasília, o Fora Dilma reuniu mais de 8 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional, conforme avaliação da Polícia Militar.

A manifestação no DF contou com carros de som do MBL (Movimento Brasil Livre) e do Vem pra Rua. A concentração do MBL ocorreu em frente ao Museu Nacional de Brasília e depois percorreu a Esplanada do Ministérios até as imediações do Congresso Nacional, onde o carro de som do Vem pra Rua estava estacionado.

Por volta das 12 horas, os manifestantes pró-impeachment cantaram o Hino Nacional e uma carta com 10 motivos para o afastamento de Dilma foi lida por integrantes dos movimentos sociais que organizaram o ato. Houve também o enterro simbólico do PT no gramado do Congresso.

O PPS do Distrito Federal marcou presença na manifestação. Além de militantes, o presidente do partido no DF, Chico Andrade, e o secretário nacional de Comunicação do PPS, Adão Cândido, acompanharam o ato. O deputado federal Izalci (PSDB-DF) também participou do protesto Fora Dilma.

Por: Assessoria do PPS