Day: setembro 3, 2015

Roberto Freire: Um governo que já não governa

Como se ainda fosse necessário, a presidente Dilma Rousseff parece se superar a cada dia na dedicada tarefa de apresentar aos brasileiros as credenciais de sua própria incompetência. A mais recente trapalhada de um governo que não tem mais nada a oferecer ao país é a entrega ao Congresso Nacional da peça orçamentária de 2016 com um déficit de mais de R$ 30 bilhões, o que escancara o tamanho do rombo produzido pelo PT nas contas públicas e o total descompromisso do Executivo com suas obrigações.

Além de assumir categoricamente que o governo não tem capacidade sequer de pagar as próprias contas, Dilma não demonstra constrangimento em violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que entrou em vigor durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. O texto legal é claro e não deixa margem para dúvidas: o Executivo tem de dizer de onde vêm as receitas para cobrir as despesas previstas – e entregar ao Legislativo uma proposta de Orçamento equilibrada, e não deficitária.

A desfaçatez lulopetista, além de flagrantemente ilegal, é moralmente inaceitável. Incapaz de realizar os cortes e ajustes que se impõem para o equilíbrio orçamentário, sobretudo depois da farra dos últimos 13 anos que destruiu as contas do país em troca da popularidade fácil e para perpetuar o PT no poder, o governo joga sobre os ombros do Parlamento uma proposta inconcebível e tenta transferir aos congressistas uma prerrogativa exclusiva da presidente da República.

Com todos os seus problemas, é nítido que o Legislativo vem atuando de forma soberana e mais independente em relação ao governo federal do que nas legislaturas anteriores. Neste momento, é fundamental que os parlamentares ajam mais uma vez de forma altiva e devolvam a peça orçamentária ao Executivo para que a presidente resolva um problema criado por ela e por seu antecessor – ao invés de descumprir a lei como vem fazendo, o que pode configurar mais uma das inúmeras razões para a abertura de um processo de impeachment por crime de responsabilidade.

O rombo no Orçamento é o atestado definitivo da incapacidade do governo do PT de conduzir o país em meio a uma das maiores crises de nossa história republicana. A política econômica irresponsável levada a cabo por Lula, com base no incentivo ao consumo exacerbado, levou o país ao chão. A conta que a sociedade paga hoje é altíssima e vem na forma de desemprego, inflação, endividamento e queda da renda das famílias, além da desindustrialização que comprometerá o desenvolvimento do Brasil por décadas.

A conjunção de diversas crises – econômica, social, política e moral – se agrava a cada dia e paralisa o país. A ingovernabilidade se instalou de tal forma que a presidente da República já não consegue comandar coisa alguma, pois perdeu a credibilidade e o apoio parlamentar que lhe dava sustentação no Congresso. O único objetivo de Dilma é permanecer no cargo e concluir o mandato para o qual foi eleita graças às mentiras, aos ataques rasteiros contra os adversários e às irregularidades nas contas de campanha – mas esse desfecho parece cada vez mais improvável diante das enormes dificuldades no horizonte político, o que reforça a tese do impeachment.

O país não aguenta mais três anos de incompetência, desfaçatez e desmantelo. Com Dilma e o PT, estamos condenados a mais do mesmo e não sairemos do buraco. Este governo não sabe o que fazer para enfrentar a crise, não oferece nenhuma perspectiva, não tem futuro. O futuro é nos livrarmos dele, respeitando a Constituição e o calendário eleitoral, e resgatarmos a confiança dos brasileiros no Brasil.

Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Blog do Noblat


O sucesso do filme "Que Horas Ela Volta?", estrelado por Regina Casé, e entrevista a diretora Anna Muylaert

O #ProgramaDiferente, da TVFAP.net, apresenta uma entrevista exclusiva com a diretora de cinema Anna Muylaert. Ela fala sobre cultura, política, educação, preconceito, machismo e o sucesso do filme "Que Horas Ela Volta?", estrelado por Regina Casé e premiado internacionalmente antes mesmo de ter entrado em cartaz no Brasil (estreou em 27 de agosto). Assista.

Há uma semana no circuito nacional, "Que Horas Ela Volta?" já é candidatíssimo a representar o Brasil no prêmio Oscar de 2016. O sucesso é estrondoso, tanto de público quanto de crítica.

A diretora também acabou envolvida em uma polêmica com os cineastas pernambucanos Cláudio Assis ("Amarelo Manga", "Baixio das Bestas" e "Febre do Rato") e Lírio Ferreira ("Baile Perfumado e "Sangue Azul"). Leia no G1, O Globo, Diário de Pernambuco e no próprio facebook dos envolvidos.

Formada em Cinema pela USP, a paulistana Anna Muylaert traz a público, aos 51 anos, uma comédia de costumes que, como tal, extrapola na missão de fazer rir. Com forte crítica social, toca em temas como educação e cultura, além de levar à reflexão sobre afeto, preconceitos e relações familiares (não por acaso, o título internacional do filme é "Second Mother", ou "Segunda Mãe").

Como roteirista de TV, Anna participou das equipes de criação dos programas Mundo da Lua (1991) e Castelo Rá-Tim-Bum (1995), da TV Cultura; Disney Club (1998), do SBT; e Um Menino Muito Maluquinho (2006), da TVE Brasil.

Em 2005, foi roteirista da série Filhos do Carnaval, da HBO, e do filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, ambos dirigidos por Cao Hamburguer. Também colaborou nos roteiros da série Alice, direção de Karim Ainouz, e do filme "Quanto Dura Um Amor?", entre outros trabalhos.

Como diretora realizou vários curta-metragens, como Rock Paulista (1988) e A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti (1996). Também dirigiu os longas Durval Discos (2002), prêmio de melhor filme e melhor diretor no Festival de Cinema de Gramado, com Ary França, Marisa Orth, Letícia Sabatella e Etty Fraser, e É Proibido Fumar(2009), com Gloria Pires e Paulo Miklos. Em 2012 dirigiu Chamada a Cobrar.

No filme "Que Horas Ela Volta?", Regina Casé interpreta Val, uma mulher humilde que sai do interior de Pernambuco, onde deixa uma filha pequena, Jéssica, para trabalhar como empregada doméstica em São Paulo.

Na casa da classe alta paulistana, Val é considerada "praticamente" de casa e "praticamente" uma segunda mãe para Fabinho (vivido na adolescência por Michel Joelsas). A doméstica sente-se culpada por ter "abandonado" a filha Jéssica (Camila Márdila). O reencontro acontece quando a garota resolve prestar vestibular em São Paulo. A partir daí, revela-se um novo mundo para todos, além das aparências, das convenções e das conveniências.

Pela atuação, Regina Casé e Camila Márdila já ganharam o prêmio especial do júri como melhores atrizes em filme estrangeiro no Festival de Sundance. O filme também ganhou o prêmio da Mostra Panorama no Festival de Berlim e o prêmio CICAE Art Cinema, da International Confederation of Art House Cinema, júri independente do festival.